sábado, 28 de dezembro de 2013

Ó TEMPO VOLTA P´RA TRÁS

 
O CDS tem, na sua sede, um relógio.
Perdão, o CDS não tem, porque não existe.
Recomecemos!
Paulo Portas tem, na sua sede, um relógio.
Perdão, Portas não tem sede.
Recomecemos outra vez!
Paulo Portas tem, no seu gabinete particular, um relógio.
Que conta, decrescentemente, os meses, dias, horas, minutos, segundos,
Para o dealbar do ano de 1640,
Isto é, para o fim do protectorado,
Que é como quem diz,
Para a troika se despedir, levando consigo os despojos da batalha.
Mas o relógio de Portas não mede todo o tempo que o tempo tem-
O relógio de Portas mediu o tempo que levou a despedir
609 trabalhadores dos Estaleiros de Viana do Castelo?
Ou o tempo que demorou a rapinagem e traficância de influências no BPN?
Ou os minutos que tomaram para decidir "ir mais além da troika"?
Ou quanto tempo foi necessário para, por exemplo, as Confecções Ladário falirem?
Qu quanto demorou o embarque, empurrado, de 120.000 emigrantes com alta preparação académica?
Ou as horas breves que bastaram para reduzir Salários e Pensões,
Subsídios, Complementos e Reinserções?
Ou os meses, ou segundos apenas, para o alastrar da mancha de pobreza e desesperança, nestes anos de chumbo?  
O relógio de Portas parece andar, rapidamente, para trás, para o negrume.
O relógio de Portas é o kitsch do ano.
É demagogo,
Intelectualmente desonesto e indigente.
Afinal, talvez não seja um relógio.
Talvez seja um mero espelho.
Onde Portas se mira e fremira, como Narciso.
Irrevogavelmente.  

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