sexta-feira, 31 de outubro de 2014

PELO SADO E ALENTEJO

 
(Ponte da EN253, em Alcácer do Sal, sobre o Sado)

Terras do Sado, terras de Alcácer do Sal, cidade das mais antigas da Europa, fundada por fenícios cerca de 1.000 A.C., aquela que foi a capital da província de Al-Kassr, dos tempos da permanência árabe, em que os crentes de Alá e de Deus conviviam à beira do rio, à beira das águas então límpidas e à beira das gaivotas, e o tempo andava na cadência certa dos dias e das noites.

(O castelo de Alcácer, debruçado sobre a cidade e o Sado)

Terra do grande matemático Pedro Nunes, e onde, tal como há séculos, ainda se continua a deambular preguiçosamente pelas margens do Sado, junto ao qual, num banco de jardim, se topa um residente de respeito:

(Gato em Alcácer. Será que é um parente afastado dos "Gatos" de Fialho de Almeida, primos do Alentejo ali ao lado, e que encimam o túmulo do escritor em Cuba?)

E de Alcácer ao Torrão vai-se num pulo, bem, num pulo talvez não seja, que a estrada é tipicamente do interior desolado, do interior ignorado, como o alentejano Torrão, que melhores olhos o viram, com quase metade da população de há 40 anos, ali abandonado, protegido pela torre da Matriz.

(Igreja Matriz do Torrão)

Terra do contista, poeta e dramaturgo popular Manuel Vicente Rodrigues, da escritora Maria Rosa Colaço, ou do amigo Sr. José Pimpão que, em S.Pedro de Sintra, ainda trabalha a arte alentejana do ferro.
E é também a vila que viu nascer Bernardim Ribeiro, que colaborou no "Cancioneiro Geral", de Garcia de Resende, e que nos deixou, entre outras obras, a novela "Menina e Moça", que começa assim:

"Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe. Que causa fosse então a daquela minha levada, era ainda pequena, não a soube. Agora não lhe ponho outra, senão que parece que já então havia de ser o que depois foi. Vivi ali tanto tempo quanto foi necessário para não poder viver em outra parte. Muito contente fui em aquela terra, mas, coitada de mim, que em breve espaço se mudou tudo aquilo que em longo tempo se buscou e para longo tempo se buscava. Grande desaventura foi a que me fez ser triste ou, per aventura, a que me fez ser leda. Depois que eu vi tantas cousas trocadas por outras, e o prazer feito mágoa maior, a tanta tristeza cheguei que mais me pesava do bem que tive, que do mal que tinha."

(Bernardim Ribeiro, descansando no largo principal do Torrão)

E, falando de menina, e de moça, e nestes campos do Alentejo, abala-se do Torrão com uma moda tradicional, que o Vitorino Salomé, ele também alentejano dos quatro costados, do Redondo, popularizou e que nos deixa o perfume dessa vasta, bela e sofrida terra que nos desafia para além do Tejo.

 
(Vitorino, "Menina Estás à Janela")

 


HALLOWEEN!!!!

 
Hoje vai ser a noite de Halloween!
Mas não pensem nos zombies da fotografia, nem tenham pesadelos com esses estarolas.
Com tudo o que fizeram e prometem fazer, com a mentira da viragem que é logo ali, entre outras tretas diariamente vomitadas, até conseguem dar mau nome aos zombies...
Tal como certos zombies bètinhos de certas séries de TV...
Que, no entanto, fazem menos estragos e produzem menos terror que aquela rapaziada.
Querem zombies a sério?
Fiquem-se com o melhor video-clip de sempre (opinião pessoal): "Thriller", de Michael Jackson, John Landis e...Vincent Price. (versão longa)



quinta-feira, 30 de outubro de 2014

INFANTILIDADES...

 
Com o alto patrocínio da União Geral de "Trabalhadores" (?), o dito primeiro-ministro foi convidado para o aniversário da dita agremiação (com mais uma catrefa de ministros e secretários de Estado...) e abriu a boca.
Ora quando o Coelho abre a boca, já por cá se sabe: ou entra mosca ou sai asneira!
Num momento em que, até no coração da União Europeia se discutem a austeridade e o crescimento, bastando para tal citar o discurso de posse de Juncker, o que nos vem dizer o rapaz de S. Bento?
Que o debate sobre austeridade e crescimento é...um debate infantil!
S. Exª perorou e deu-lhe para ali...
Infantil?
Pelos vistos, para ele e para a sua camarilha, o progresso ou o afundamento da Europa e dos europeus é uma questão....infantil!
Mas não sejamos muito exigentes.
No fundo, é um raciocínio de rapazola, num bando de gandulos.
Como o miúdo Crato, armado em intelectual, lidos todos os manuais do Tio Patinhas, que chumba em aritmética básica e lança o caos e o desespero na Educação Uma traquinice, enfim...
Ou a Cruz da Justiça, de soquetes e sainha rodada, sapateira a tocar rabecão, como qualquer bétinha mimada desata, depois da monumental incompetência técnica e política, a fazer queixinhas de uns quaisquer pobres bodes expiatórios...
Ou o Branco da Defesa, voltando aos tempos do aeromodelismo do Júlio Isidro (com todo o respeito para este), divertido a lançar drones borda fora. Bué da fixe!
Ou a Luisinha, sempre com aquele ar de que é a vedeta da turma, intocável, lacada, pose de diva, a enrolar o novelo do BES, que nos há-de apertar até faltar o ar, a rasteirar os colegas, a aldrabar, a confundir e, quando ninguém a vê, talvez a suspirar pelo Tony Carreira, ou coisa do género. 
Mas, no fundo, o que é que queriam?
Transformaram este País no Portugal dos Pequeninos, e o conselho de ministros não é mais que um Jardim Infantil.
E não se lhes pode dar umas reguadas?


    

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

VIOLENCIA DOMÉSTICA - 27 MULHERES MORTAS!

27 Mulheres mortas desde o início deste ano!
27 vidas ceifadas, violentadas, destruídas!
27 sonhos desfeitos, vilipendiados, insultados!
27 vezes vergonha sobre nós todos!
27 vezes por muitos voltarem a cara para outro lado.
27 vezes porque não há educação, cultura, sociabilidade.
27 vezes porque esta sociedade mete a cabeça na areia.
27 vezes porque também a crise em que nos mergulharam multiplica esta chaga.
27 vezes que são demais.
Mas que, sabe-se, não ficará por aqui.
Até quando, já que
Uma vez é demais!


ASTÉRIX - 55 ANOS

Há 55 anos, a revista "Pilote" começava a publicar as aventuras de Astérix, o Gaulês.
Verdadeiro embaixador da França, satirizando os hábitos e idiossincracias dos habitantes do hexágono, Astérix tornou-se mundialmente conhecido, as suas histórias atravessaram países e continentes, sendo a mais famosa personagem da BD europeia.
Infelizmente para ele e para nós, esta Europa esfrangalhada não vai lá, nem com poção mágica.
Como diria o bom Obélix: "Estes europeus são loucos!"

PREGUIÇOSO E PATÉTICO!

 
Exmº. Senhor
Dr. Pedro Passos Coelho
Digmº. Primeiro Ministro do Governo de Portugal

Excelência,

Disse V.Exª. há poucos dias, zurzindo façanhudamente, que alguns críticos, comentadores e/ou jornalistas, eram preguiçosos e patéticos.
Que gente que se diz independente tem dificuldade em assumir que errou, que foi preguiçosa, que não leu, que não estudou, não comparou, que não se interessou.
Que, no fundo, só quiseram causar uma boa impressão de "Maria vai com as outras", frase esta, de V.Exª, fulcral importância para o debate, até porque, V.Exª o afirma, todos o dizem porque fica bem.
E que, esses tais, são preguiçosos, repete-o, e orgulhosos!
E que, no debate público, têm-se dito inverdades como punhos.
E terá V.Exª. toda a razão para, às punhadas, desancar nessa gente.
Mas estaria V.Exª. a pensar, por exemplo,
Em apertar o pescoço a um venerando, obrigado, serviçal, lacaio Camilo Lourenço?
Ou seviciar com o látego cortante a iluminada sapiência de um curvado José Gomes Ferreira?
Ou, sacrilégio dos sacrilégios, espancar as beatas faces do beatífico César das Neves?
É que esse era o desejo de V.Exª, parece algo injusto para quem tão denodadamente, e ideologicamente formatado, tem apoiado cegamente a sua governação.
No fundo, se V.Exª. quer flagelar preguiçosos e patéticos, tem muito mais por onde escolher.
Se aceita sugestões, V.Exª. pode olhar para o seu lado, o mais próximo possível, e, por exemplo,
Ver a preguiça e as patetices do seu Crato Ministro da Educação, que espalhou o caos nas escolas, nos estudantes, nos professores, nos pais, na sua cruzada ideológica de implodir, destruir a escola pública.
Ou como preguiçosa e patética foi a teimosia da Cruz Ministra da Justiça, com um mapa judiciário sem sentido, destruindo a informação informaticamente relevante, atazanando a paciência a juízes, advogados, funcionários, destruindo a justiça, pateticamente.
Tem, também, e se V.Exª. assim o quiser, o seu Machete dos Negócios Estrangeiros, com preguiça mental suficiente para não perceber que, pateticamente, de uma penada, apontou a dedo, bufou, as arrependidas do tal Califado, condenando-as a potenciais mártires de "causa".
Como V.Exª. pode comprovar, por estes exemplos, matéria não lhe faltará para espumar a sua raiva para com preguiçosos e quejandos.
Ou, talvez, e melhor, olhe V.Exª. para si mesmo.
Não tem mais com que se preocupar.
Tem em si
Um preguiçoso, que não lê, não estuda, não compara, não se interessa.
Enfim, V.Exª. é mesmo uma "Maria vai com as outras".
Mas, faça-se justiça, não é patético.
Não tem arcaboiço para tal.
Fique-se por Pateta!

De V.Exª.,
Sem qualquer atenção,
Mas com muitos protestos!   

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

LAPSUS LINGUAE

 
("Malandreco, andas a jogar Mortal Combat com os sôtores..".)

E, como é costume, o rapazola Coelho não é capaz de estar calado, e, vai, daí, disse do bombista Crato: "...Que nunca evitou lavar as mãos...".
Pois, é daquelas coisas que se atiram para o ar sem pensar, como é costume desta malta, e como diria o povo, apesar de tudo, fugiu-lhe mesmo a boca para a verdade...
Mais intelectualmente, cometeu um "lapsus linguae"...
Lapso que o Crato comete há meses, há anos.
Ele é a colocação desastrosa dos professores, ele é a redução do orçamento da Educação em 704 milhões de euros, ele é o corte na investigação, no ensino superior...
Não, isto não são lapsos.
Isto é premeditado.
Isto é a destruição (implosão, não é Nuninho?) da escola pública, o financiamento descarado do ensino privado, que não sofre cortes.
É uma opção de classe, que destina o ensino só para elites.
A grande maioria do povo não precisa.
Basta-lhe saber escrever, contar, ler.
Para salários de miséria.
Sem qualificação.
Embaratecer o trabalho, cortar as pernas ao protesto, à revolta.
Ou trabalhas por tuta e meia (até abaixo do salário mínimo...), ou vais para o desemprego, e aí amansas logo.
E mesmo aqui, enquanto se baixa o IRC que só beneficiará as grandes empresas, fixa-se um texto para as prestações sociais não contributivas, como o subsídio de desemprego, o rendimento social de inserção, o complemento solidário para idosos, o abono de família e até aquilo que a rapaziada denominou por "subsídio social de doença", que não existe. É o que se chama competência e conhecimento dos dossiers...
Tecto para aquilo que ainda alivia a pobreza?
Talvez para que cada vez mais tenham de deixar o tecto e encher o Túnel do Marquês ou as arcadas da Ribeira...
Privilegiar o Capital e, cada vez mais, extorquir o Trabalho é, sem qualquer dúvida, opção de classe.
E venham lá dizer que a luta de classes passou à História...
Não, eles sabem muito bem o que fazem.
É rodear-nos de medo, de angústia, de desesperança, de frustração, de pavor do fim do mês, do terror das notícias pelo correio ou mail, é obrigar-nos a dobrar a espinha, porque não sabemos o dia de amanhã, ou daqui a bocado.
Incerteza, incerteza permanente...
E inquietação, inquietação todos os dias, todas as horas.
E, se mais não houvesse, só por isso não merecem perdão!
("Inquietação" - José Mário Branco)
 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

DIA INTERNACIONAL PARA A ERRADICAÇÃO DA POBREZA


Mais um dia internacional, hoje
Mais discursos,
Mais profissões de fé,
Mais juras,
Mais promessas para não cumprir,
Mais pretextos para jonéticas caridadezinhas.
Quando a taxa de intensidade da pobreza,
Em Portugal, 
Era de 22,7% em 2009, e
de 27,3% em 2012!
Falar de pobreza,
Quando se cortam salários,
Pensões, reformas, prestações sociais,
Quando se despedem, homens, mulheres,
Famílias.
Quando se condena um povo à pobreza,
por NUNCA ter vivido acima das possibilidades.
Pobreza material,
pobreza alimentar,
pobreza moral,
pobreza de qualificações, quando,
Com mais empobrecimento, e é paradigmático,
Se tirem 700 milhões de euros à educação.
Menos aulas, menos professores, menos alunos, menos escolas.
Menos cultura, preparação, qualificação.
Salário menor, mínimo, abaixo de mínimo.
Mais pobreza.
Lutar contra a pobreza?
Não nos atirem mais poeira para os olhos...
Temos que os ter bem abertos!

(Zeca Afonso - "O Que Faz Falta")

domingo, 12 de outubro de 2014

PRÉMIO NOBEL DA EDUCAÇÃO

 
(Kailash Satyarthi e Malala Yousafzai)

Todos nós sabemos das implicações políticas inerentes ao Prémio Nobel da Paz.
Quem se esquece do prémio atribuído ao "pacifista" Obama?
No entanto, o Comité Nobel, por vezes, tem golpes de asa.
Como este ano em que, no entanto, a mensagem política é evidente.
Premiados um hindu e uma muçulmana.
Dois campos que se ensanguentaram aquando da independência da Índia e Paquistão, ´nações saídas do Império Britânico.
Agora, de mãos dadas por uma causa comum.
A da educação, a da cultura.
Educação e cultura que libertam mulheres, que libertam trabalhadores infantis.
Educação e cultura que abrem fronteiras e espaços para o desenvolvimento.
Educação e cultura, que são base para a emancipação.
Para a dignidade humana.
Malala e Kailah são seus porta-vozes, por direito próprio, pela sua luta, pelo seu exemplo, pela sua coragem.
Educação e Cultura.
Por vezes é mesmo preciso coragem para as afirmar.
E para impedir a sua extinção.
Contra fanatismos, discriminações, preconceitos, incompreensões, ignorâncias, austeridades, sebentas, cratos.
(Pink Floyd - "Another Brick In The Wall")

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

DIA MUNDIAL CONTRA A PENA DE MORTE

 
Celebra-se hoje o Dia Mundial Contra a Pena de Morte.
Pena de morte que é uma barbárie.
Que nada tem de "património cultural".
Embora defendida por "jihadistas" fanatizados
E congressistas americanos analfabetos.
Mas o defensores de tal "produto cultural" não se ficam por estas aberrações.
Também a defendem quem condena à morte, seres inocentes, pacíficos, como os touros.
A tourada, com ou sem morte na arena, não é mais, nem menos, que uma bárbara condenação à morte. Antecedida de enorme e inimaginável sofrimento, infligido a quem não se pode defender.
Neste mês, em que foi aprovada, neste país, uma lei que penaliza o abandono e maus tratos a animais...de companhia (notar esta "pequena" ressalva...), mais urgente se torna mobilizar opiniões e vontades para a completa abolição dessa terrível pena de morte que é a tourada, que nada tem de culto ou cultural.
É cruel, bárbaro, analfabeto, bronco, prepotente, impotente!
Não é só a dignidade dos animais que está em causa.
É o nosso próprio direito a sermos dignos!

(Morrissey - "The Bullfighter Dies")

  

ORSON WELLES - O CINEMA A SEUS PÉS!

 
(Welles em "O Mundo a Seus Pés")
 
Deixou-nos, neste dia há 29 anos, e era impossível contornar a memória.
Orson Welles é o sinónimo do cinema dos nossos dias.
Este jovem, que aos 22 anos encenava e interpretava peças de teatro, que aos 23 sobressaltou a crédula América com a versão radiofónica, sentida, emocionante, realista, de "A Guerra dos Mundos" de H.G.Wells, aos 26 abria, de par em par as portas da modernidade cinematográfica com uma das grandes obras-primas com que o celulóide nos presenteou: "O Mundo a Seus Pés" ("Citizen Kane"), de 1941, do qual foi actor, realizador, produtor e co-argumentista.
Novidades como os ângulos em plongée ou contra-plongée, exploração do campo e do contra-campo, com total aproveitamento das virtualidades do filme a preto e branco (o que resulta numa goleada em "Avatares" e quejandos...), uma narrativa não-linear, com consequente edição e montagem sofisticadas para a época.
Mas, para além disso, Welles demonstrou uma coragem pouco habitual para a época: desafiou poderes estabelecidos e retrata, no filme, a ascensão, vida e decadência de um magnata da imprensa, e todos os vícios colaterais.
Muitos viram ali o retrato fiel do multi-milionário da comunicação, William Randolph Hearst.
Como consequência, foi perseguido pela imprensa, atacado por estúdios e produtores, e viu as salas de cinema recusarem-se a exibir os seus filmes, particularmente o "Kane".
Candidato a 9 Óscares, viria  receber o galardão, apenas, para melhor argumento original.
Muitos viram aí a vingança dos "donos" de Hollywood, muito embora se acrescente que o grande vencedor desse ano foi outra obra-prima "O Vale Era Verde", de John Ford.  
Para ultrapassar o boicote corporativo, trabalhou, sempre com brilho, como actor em dezenas de filmes, garantindo a subsistência.
André Bazin nos "Cahiers du Cinéma" não hesita em dizer que Welles representa um renascimento e uma revolução no cinema americano. 
Para além de "Kane", convirá ainda destacar, pela qualidade, outras obras por si realizadas como "O Quarto Mandamento" (1942), "A Dama de Xangai" (1947), "Otelo" (1952), "A Sede do Mal" (1958), ou "O Processo" (1962).
Orson Welles, sempre a visitar ou revisitar, tal como "O Mundo a Seus Pés".

("Citizen Kane" - até o trailer é original!)

terça-feira, 7 de outubro de 2014

DIA EUROPEU DOS PAIS E DAS ESCOLAS

(Pum!)

Dia Europeu dos Pais e das Escolas!
Porreiro, pá!
E Crato, o implodido ministro do implodido ministério, da por si implodida educação, já comemora!
Erra grosseiramente na fórmula aplicada ao concurso!
Troça dessa nobre profissão que é o professor,
O que nos segura nas mãos e nos põe a caminhar na vida,
Em frente, sempre, como um clube de poetas vivos,    
Mas Crato tem uma missão e um objectivo a cumprir,
Deixa escolas sem professores!
Professores sem escolas!
Alunos sem escolas e sem professores!
Pais preocupados! (nem muito, estranha-se o silêncio das respectivas associações...).
Caos regabofeado e completo!
E pede desculpa a meia voz e sem convicção.
Ah, pois. ninguém será prejudicado.
Baralha e volta a dar.
O caos fica mais caótico.
Professores sumariamente despedidos!
Pelo Ministério, mas quem teria que dar a cara seriam os directores das escolas.
Despesas inúteis gastas, com que sacrifícios, por professores e suas famílias.
Deslocações de centenas de quilómetros gastas sem necessidade.
Filhos e filhas aos baldões, maridos e mulheres
Estão mal, queixem-se aos tribunais.
Crato e o ministério lavam as mãos.
O objectivo está a ser cumprido.
Implode-se não só o Ministério.
Implode-se a Escola Pública.
Implode-se a Educação, tal como constitucionalmente previsto.
Implode-se a segurança no trabalho.
Implodem-se as relações entre os próprios professores,
Às vezes colegas dentro da mesma escola.
Impõe-se a insegurança, o individualismo, o egoísmo, o medo.
O medo acima de tudo!
E a partir daqui, tudo é possível, tudo, e todos, terão o seu preço, terão a espinha quebrada!
Assim vai o eduquês português...  
(Patxi Andión - "El Maestro")

ÉBOLA

 
Ébola, nome de guerra, de invasão, de terror.
Morrem 500 em África,
Coitadinhos,
Pobrezinhos,
Morrem 1.000 em África
Desgraçadinhos,
Pretinhos,
Morrem 2.000 em África
Vivem malzinho,
Desnutridinhos,
Sem médicozinhos,
Morrem 3.000 em África
É a vidinha,
Mandam-se uns valentinhos
Da AMI, dos Médicos sem Fronteiras,
Invente-se um jonético Banco de Pensos Rápidos,
Muito pobrezinhos,
Conformem-se....tadinhos.
Ébola chegou à Europa,
Arregimentem-se médicos,
Equipem-se hospitais,
Mobilizem-se recursos,
Inteligências, Experiências, Práticos,
Proteja-se a população, a economia,
Distribuam-se medicamentos experimentais!
Planeie-se, investigue-se, fechem-se as portas e janelas!
Tudo pela Europa!
Nada para África...
Em verdade vos digo,
Nem nas Doenças e na Morte somos iguais...
(José Afonso - "Menino do Bairro Negro" *)

* - Ao contrário do que o título poderia sugerir, a canção não tem a ver com a negritude da cor da pele. Zeca Afonso inspirou-se na extrema miséria, especialmente das crianças, que observou no Bairro do Barredo, no Porto. Menino do bairro negro diz respeito a todas as crianças exploradas, e a que se refere o sociólogo brasileiro Josué de Castro na sua obra-prima "Geopolítica da Fome".

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

DIA MUNDIAL DAS ALIMÁRIAS

No passado dia 4 de Outubro comemorou-se o Dia Mundial do Animal, o dia que consagra os nossos melhores amigos.
Então, porque não instituir um Dia das Alimárias, para consagrar alguns dos nossos piores inimigos?
Como o Crato, o matemático da Inducação que não só conseguiu implodir todo o sistema de colocação de professores, como, mais grave, depois de desculpas hipócritas, permite-se brincar com a dignidade, a segurança, a vida de centenas de profissionais, gerando uma completa onda de desespero e medo.
Que se saiba, a Educação é um pilar para o regular funcionamento das Instituições...
Ou a Paula Teixeira, dita ministra da Justiça, que conseguiu a façanha de, há mais de um mês, paralisar completamente o funcionamento dos tribunais, com todos os prejuízos que daí advêm para advogados, juízes, trabalhadores da Justiça e, essencialmente, para as populações, em constante insegurança e confusão.
Há quem diga que a Justiça é também um dos pilares do Estado Democrático, e cujo regular funcionamento deve ser assegurado...
Ou o dito primeiro-ministro, embrulhado nas meadas da Tecnoforma e de uma ONG manhosa, e das quais não se consegue desenvencilhar, nem convencer ninguém da sua remediada santidade.
O país suporta um primeiro-ministro que mente? Onde é que já se ouviu isto?...
Depois também, para variar, há os bobos da corte, como um tal de Marinho Pinto, que trai um partido para criar outro (PDR, PRD, seja o que for...), que vai combater a partidocracia com novo partido, que diz que ganha demasiado mas não se desabotoa, que o Parlamento Europeu é inútil mas não despega, enfim, um populista, demagogo, perigosamente sem ideologia, contraditório, pés pelas mãos, e, acima de tudo, com um ego maior que o universo, e uma ambição que suplanta a sua pequenez.
Assim como na história da rã e do touro, só que ele mais parece um sapo mal enjorcado.
E, como ramalhete do bando, o sr Silva de Belém, grande responsável por quase tudo o que de mal nos tem atingido nos últimos 35 anos, rodeado de ilustres figuras como Dias Loureiro ou Oliveira e Costa, e que, com ar beato, destilando a sua hipocrisia, mesquinhez, ileteracia e desonestidade intelectual, se permite dar palpites, sacudindo sempre as suas responsabilidades, omitindo as suas asneiras, esquecendo os tais pilares da Justiça e Educação, e apelando, seraficamente, ao consenso, à "união nacional", que seria a sua "união nacional", sem debate, contraditório ou alternativa, e que se resumiria ao actual plano seguido nos últimos três anos, com frieza calculista:
Empobrecimento forçado, exército de desempregados como tropa de choque, virar velhos contra novos e vice-versa, empregados do público contra o do privado, e vice-versa, transferência de recursos e fundos do Trabalho para o capital, desqualificação profissional, fim do Estado Social, especialmente na Educação, Saúde, Justiça, Ciência.
Submissão do país (e de outros países) e do seu povo às "regras" ditadas pelos mandantes alheios, os detentores do capital e dos meios de produção, e dos seus autómatos políticos em Berlim, Bruxelas ou Frankfurt.
E, acima de tudo, instilar o medo e o receio de mudança, a aceitação do "antes isto que pior", o baixar dos braços, a desesperança.
É urgente abafar a serpente no ovo! 

(José Afonso - "Coro da Primavera")
       

sábado, 4 de outubro de 2014

DIA MUNDIAL DOS ANIMAIS

 

"...Vilaça costumava dizer que lhe lembrava sempre o que se conta dos patriarcas, quando o vinha encontrar ao canto da chaminé, na sua coçada quinzena de veludilho, sereno, risonho, com um livro na mão, o seu velho gato aos pés. Este pesado e enorme angorá, branco com malhas louras, era agora (desde a morte de Tobias, o soberbo cão são-bernardo) o fiel companheiro de Afonso. Tinha nascido em Santa Olávia, e recebera então o nome de Bonifácio: depois, ao chegar à idade do amor e da caça, fora-lhe dado o apelido mais cavalheiresco de «D. Bonifácio de Calatrava»: agora, dorminhoco e obeso, entrara definitivamente no remanso das dignidades eclesiásticas, e era o «Reverendo Bonifácio»..." - Eça de Queirós - trecho de "Os Maias"
"A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como o seus animais são tratados" - Mahatma Gandhi

"O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos. Eles sabem o que precisam saber. Nós não" - Fernando Pessoa

"Eu digo muitas vezes que o instinto serve melhor os animais do que a razão a nossa espécie" - José Saramago.

("A Dama e o Vagabundo" - da Disney)

Hoje é o Dia Mundial do Animal
Dia Mundial que é todos os dias
Que tem de ser todos os dias,
Lutando pela sua dignidade, pela sua integridade,
Contra crueldades, abandonos, espectáculos degradantes,
Perseguições, massacres, extermínios lucro fácil e sujo.
Montras de "corajosas" cobardias, impotências e degradações.
Haja coragem de olhar os animais olhos nos olhos.
Não há amigos mais sinceros e fiéis.
Aveludam-nos a alma e o coração ao afagarmos o seu pêlo,
Lambem-nos o rosto e o coração, saram-nos feridas.
Sempre disponíveis
Sempre leais, mesmo depois de o nosso tempo passar.
Porque quando o deles passa, vemos mais uma estrela no céu,
E imaginamos uma escada sem fim para podermos estender a mão,
E afagá-los, apertá-los.
Eternamente,
E com alegria infinda.
E muito amor.
("Born Free)

 


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

SALÁRIO MÍNIMO, VERGONHA MÁXIMA!

 
Apressadamente, embora com a solenidade do salão de festas do Conselho Económico e Social, foi assinado o acordo, "negociado" em sede de Concertação Social, que "aumenta", a partir de 1 de Outubro de 2014, o Salário Mínimo Nacional (SMN), para €505,00 euros, e com vigência até 31 de Dezembro de 2015.
A partir dessa data, a evolução do SMN irá depender da evolução da...produtividade (!).
Por outro lado, a Segurança Social, que governo e patrões dizem estar em completa ruptura, financiará o novo montante, através da redução da TSU para as empresas que venham a aplicar o novo salário!
Que patrões e os nabos do Governo aplaudam, compreende-se.
Agora os "dignos representantes" dos trabalhadores?
Vamos lá colocar os pontos nos ii:
-O ´SMN é fixado pelo governo, é uma referência, para patrões e trabalhadores, indicando que qualquer remuneração abaixo daquele valor é ofensivo da dignidade de quem trabalha.
Mais do que um referencial estatístico, é um referencial de decência, humanidade e, lá está, Dignidade!
Daí, não poder nunca depender da evolução da produtividade. Se esta for negativa o SMN volta a baixar?
Ora parece que é esse o entendimento dos "rafeiros" da troika, que já torceram o nariz ao acordo e afirmam, para quem os queira ouvir, que a medida é "temporária".
Ou seja, para esta gente, que quer continuar a mandar no país, a dignidade é "temporária".
E ninguém se levanta e dá um murrro na mesa!
Por aí, podemos estar "descansados"...Quando a França e a Itália, muito justamente, reclamam a flexibilização das metas do défice, e uma leitura mais favorável das medidas do tratado orçamental, acomodando políticas de crescimento e emprego, o que faz Portugal?
Abanando o rabo e salivando abundantemente, vem deitar-se aos pés da Alemanha e das suas teses austeritárias de domínio na Europa, criticando aquelas duas nações.
Com gente desta, sem coluna vertebral, nem à esquina chegamos, quanto mais dobrá-la.
(José Afonso - "Os Eunucos")