quarta-feira, 31 de julho de 2013

ALEMANHA, 2013

Pode ser que lá nas terras banhadas pelo Reno, ninguém saiba, ou queira saber, ou sequer se preocupe com gentinha como Passos Coelho, Paulo Portas, Maria Luís Swaps ou Cagarro Sil, perdão, Cavaco Silva.
Mas interessam-se por um génio da literatura portuguesa, criador multifacetado, incomparável e único, incluindo a nível mundial, do qual nos devemos orgulhar, e que transporta o nosso nome e a nossa língua para outras paragens: Fernando Pessoa, como nesta livraria de Colónia
Já agora.... Coelho, Portas, Albuquerque, sr. Silva e um tipo de óculos que usa o pseudónimo de secretário de Estado da Cultura, sabem o que representa Fernando Pessoa?

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!
 Valete, Fratres. 

("Quinto / Nevoeiro", da Parte III - Os Tempos, do poema "Encoberto" de "A Mensagem", Fernando Pessoa)


terça-feira, 30 de julho de 2013

BANDALHEIRA - PARTE 8 (DOS HOMENS E DAS CAGARRAS)

BANDALHEIRA : Acção de bandalho; baixeza; indignidade; situação de grande confusão e desordem.
BANDALHO: Pessoa sem pundonor; indivíduo esfarrapado; trapo grande.
(Sinónimos retirados da Infopédia, Dicionários Porto Editora.
CAGARRA: Ave indígena das Ilhas Selvagens, completamente inocente desta bandalheira


Ora veja lá V.Exª.
Anda uma pessoa 7 dias fora deste torrãozinho natal, lá fora ninguém nos liga, não aparecemos nas notícias (o Cristiano Ronaldo e a Erica Fontes não contam...), e quando aterra na Portela, caoticamente remodelada (?), apanha nas trombas com um novo Governo, num brinquinho de se lhe tirar o chapéu, com permissão de V.Exª.
Mas ó V. Exª., se era para este desfecho, porque raio andou você a cagarrar o país com o folclore da exigência de um compromisso de "salvação nacional" à pressão, assim a modos que uma União Nacional bafienta, recauchutada e cagarrada, sabendo de antemão que só havia duas alternativas: ou o Passos remendado e cagarrado pelo Portas, ou eleições, como quase toda a gente, incluindo os seus sacrossantos "mercados", já desejava e antecipava.
Pois, a gente sabe, V.Exª., na vossa infinita sabedoria (ou chico-esperteza!) contou que o timorato e inseguro Seguro cagarracuasse e assinasse o papelinho, todo cagarrado.
Só que o homem, antes que os colegas de partido o cagarrassem para fora, bateu o pé e mandou a União às cagarras!
E V.Exª. entalado como uma cagarra anilhada!
Assim, assobia-se para o ar, varrem-se três semanas perdidas para baixo do tapete, esquece-se a cagarração do Governo e da proposta de remodelação, e envia-se um cagarrado SMS ao Coelho.
Quis V.Exª. cagarrar o Portas, mais o Coelho, mas este é que cagarrou V.Exª., com o Portas pela trela.
Depois disto, V.Exª. continua a dizer que é uma espécie de presidente da República.
Talvez...
Mas, mais do que nunca, está completamente cagarrado e cagarracuado.
Bem parecia que V.Exª. é apenas um cagarrote!
Já agora, V.Exª. podia fazer-nos um favor: volte para as Ilhas Selvagens e fique por lá, a auto-anilhar-se.
Pelo menos não incomoda as cagarras, pobres bichos!  
 
(Este buraco deve ser porreiro para esconder a salvação nacional. Se houver espaço também me enfio...)

  

AS SANDÁLIAS DO PESCADOR

 
No início, e no fim, da visita papal ao Brasil, tivemos a oportunidade de ver um homem vestido de branco, sorridente e afável, carregando uma pasta preta, como qualquer contabilista, administrativo ou secretário.
Era Jorge Maria Bergoglio, eleito a 13/03/2013 como 266º. Papa da Igreja Católica, com o nome de Francisco, como S. Francisco de Assis.
Até agora, e tendo em conta o que  tem sido o papado nos últimos anos, o trajecto deste homem não deixa de surpreender.
Humilde, modesto, extremamente comunicativo, nas Jornadas da Juventude, no Rio de Janeiro, terá revelado facetas para muitos inesperadas.
Apelou aos bispos para que não se comportassem como "príncipes autoritários", aliando, também, à palavra "príncipe" as noções de poder, riqueza e ostentação.
Aos jovens, para além de pedir de deixassem de perseguir sonhos "provisórios", com tudo o que de volátil o consumismo e o capitalismo selvagem convidam a possuir.
Para além do mais, afirmou que "Os jovens nas ruas querem ser actores de mudança. Por favor, não deixem que sejam os outros os actores da mudança. Não fiquem à margem da vida. Não foi (à margem) que Jesus permaneceu. Ele comprometeu-se. Comprometam-se tal como Jesus".
Estas palavras foram proferidas na América Latina, no Brasil, onde se verificou e verifica um grande surto de contestação e  convulsão social. Brasil que foi pioneiro da Teologia da Libertação, cujo principal teólogo, o ex-padre Leonardo Boff, não se coibiu de elogiar este Papa.
Leonardo Boff que tinha sido condenado pela Congregação para a Doutrina da Fé, presidida por um sinistro Joseph Ratzinger, pelas suas opções teológicas e sacerdotais.
Mais adiante, e referindo-se à comunidade "gay", Francisco diria que "Os gays não devem ser julgadpos nem marginalizados", mas sim "integrados na sociedade".
E, numa frase digna do Evangelho, remataria, "Se uma pessoa que procurou Deus de boa vontade, e é gay, quem sou eu para a julgar?". Apetece acrescentar que quem estiver isento de culpas que atire a primeira pedra.
Salvo melhor opinião, parece que Habemus papa.  
Francisco, o homem da pasta preta, é bem digno de calçar as sandálias do pescador, do pescador Pedro, o primeiro Papa.   

 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

ALEMANHA, 2013

A Lua cheia sobre a Catedral de Colónia.
Noite de verão, de sonho, de poesia, de romantismo...
A Alemanha não é só Angela Merkel ou Schlaube...
É, acima de tudo, Goethe e Schiller, Bertolt Brecht e Gunter Grass, Bach e Beethoven!


ZORBA, O GREGO

Hoje completa 86 anos o grande compositor grego, e activista político, Mikis Theodorakis.
Que viva a Grécia. Livre e eterna!
(com um abraço, também, ao inesquecível Anthony Quinn, amigo da Grécia e de... Amália Rodrigues!)



domingo, 21 de julho de 2013

MAIS BANDALHEIRA (SÁ DA COSTA)


BANDALHEIRA : Acção de bandalho; baixeza; indignidade; situação de grande confusão e desordem.
BANDALHO: Pessoa sem pundonor; indivíduo esfarrapado; trapo grande.
(Sinónimos retirados da Infopédia, Dicionários Porto Editora).


A centenária Livraria Sá da Costa, ali para as bandas do Chiado, ponto de encontro de poetas, romancistas, dramaturgos, cronistas, leitores, vai encerrar portas no próximo dia 22 de Julho.
Talvez isto não diga nada ao Sr. Silva das Cagarras,
Ou ao Sr. Coelho, defensor dos pobrezinhos do Norte da Europa,
Ou à Luizinha dos Swaps,
Ou ao Portas das birras infantis,
Ou ao Seguro alternativo,
Ou ao Jerónimo patriótico e de esquerda,
Ou ao Berloque bicéfalo,
Ou aos srs. e sras. deputadas ou membras e membros do des-governo.

Mas diz muito, diz tudo, da situação de um país que desdenha a sua cultura, como se dela se envergonhasse.
Diz tudo de quem governa ou-desgoverna.
Em plenas horas difíceis da Batalha de Inglaterra, quando a fúria nazi parecia engolir a pátria de Shakespeare e de Dickens, Winston Churchill proibiu que se desviasse um único penny do orçamento da cultura, justificando que, então, não teria sentido tudo aquilo porque lutavam. 
Era a afirmação da Cultura contra a barbárie.
Mas Churchill era um estadista.
Não um anilhador de cagarras!
 
Para memória futura...   

IN MEMORIAM

O Carlos Pedro tinha um coração onde cabiam todas as amigas e todos os amigos.
às vezes até cabiam quem não deveria caber.
Mas o Carlos Pedro era um homem bom, algarvio de boa cepa, terra do poeta Aleixo.
Era e será, sempre, um grande e inesquecível amigo.
Que nos surpreendia, de vez em quando, no seu estilo um pouco boémio, um pouco Bairro Alto, mas sempre atento e interveniente, dizendo-nos poesia. Como estas, de Bocage, o génio tantas vezes difamado e incompreendido, da nossa literatura:

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... A santidade
Manchei!... Oh! Se  me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!
 
 
Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:

Dido foi puta, e puta dum soldado;
Cleópatra por puta alcança a c'roa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado:

Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques, pois, oh Nise, duvidosa
Que isto de virgo e honra é tudo peta.

E entre o sério e o brejeiro, lá íamos na companhia do Carlos.
Estejas onde estiveres, algarvio marafado, bebe um copo do teu apreciado "Monte Velho" tinto em honra dos que tiveram o privilégio de te contar como Amigo.
 
 
 


 

sábado, 20 de julho de 2013

O HOMEM PISOU A LUA!

 

A frase que dá título a este escrito foi exclamada por Eurico da Fonseca (1921/2000), cientista e autodidacta, aos microfones da ex-Emissora Nacional, logo após, no dia 20/07/1969, o astronauta Neil Armstrong ter enviado para a Terra, após o primeiro passo na superfície o lunar o famoso comentário : "É um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade".
E como nestas coisas de viagens, mesmo 44 anos depois da 1ª. alunagem, há sempre portugueses pelo meio, dê-se lugar à nossa poesia e à nossa música, a propósito do evento:

Poema do Astronauta (Poema doHomem Novo) - António Gedeão

Neil Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade inteira saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.
Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até os pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.
A cobrir tudo, enfim, como um balão de vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones,
e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.


 
Numa cama de rede, pendurada
da parede do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.
Cá de longe, na Terra, num borborinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falavam
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.
Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.
Caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,
os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.
Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.
Mais um passo.
Mais outro.
Num sobrehumano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho.

Fala do Velho do Restelo ao Astronauta - poema de José Saramago, musicado por Manuel Freire
 



BANDALHEIRA - PARTE 6

BANDALHEIRA : Acção de bandalho; baixeza; indignidade; situação de grande confusão e desordem.
BANDALHO: Pessoa sem pundonor; indivíduo esfarrapado; trapo grande.
(Sinónimos retirados da Infopédia, Dicionários Porto Editora.

António José Seguro fez ontem o que talvez poucos esperariam, mas que foi, apenas, a confirmação do que deve ser um partido de oposição: apresentar alternativas e não alinhar num caudilhismo perigoso, tipo "cozido à portuguesa", onde cabe tudo, incluindo o suicídio das ideologias que se devem manifestar e confrontar. Por isso, e talvez inesperadamente, honra lhe seja.
Ao vincar a palavra "alternativa", a consequência, para quem o ouviu, só poder uma: eleições antecipadas sem mais demora.
Para o des-governo interiorizar que a sua política fracassou com estrondo e sangue, e que pode e deve ser mudada;
Para a restante esquerda trabalhar construtivamente, em colectivo de eus e não molhos de tus, tentando construir uma plataforma dinâmica de convergências e acções concretas;
Para o Sr. Silva, mestre das cagarras, tentar perceber que há mais mundo que "união nacional" em volta de um des-governo em coma assistido (pelo Sr.Silva), e, se não souber, comprar um dicionário e compreender o sentido da palavra "alternativa";
Para que a Europa e a troika percebam que, neste país, existem pessoas e não meros números sem rosto, sem cérebro e coluna vertebral, vergados e cúmplices de diktats externos;
E para que o povo possa escolher entre projectos e ideologias antagónicas, e decida, por si, o seu futuro.
Mesmo que não vote nas alternativas de António José Seguro.
Mas que vote, e escolha!


sexta-feira, 19 de julho de 2013

BANDALHEIRA - PARTE 5

BANDALHEIRA : Acção de bandalho; baixeza; indignidade; situação de grande confusão e desordem.
BANDALHO: Pessoa sem pundonor; indivíduo esfarrapado; trapo grande.
(Sinónimos retirados da Infopédia, Dicionários Porto Editora.


"Cavaco elogia luta contra ratos e coelhos que destruíram a riqueza" (Diário de Notícias, 19/07/13).
Como se vê, S. Exª., presidente de Belém, Desertas e Selvagens, d'aquém e d'além mar nas Cagarras, de vez em quando lá acerta uma, e agora elogia quem trava luta contra os destruidores da nossa riqueza, citando mesmo "coelhos".
Afinal, S. Exª. descobre que é legítima a vontade de substiuir os coelhos que des-governam e destroem o país.
Claro que, como sempre, não se pode elogiar a criatura, pelo que logo a seguir o sr. Silva bota asneira e diz que há forças (obscuras, claro!) que não querem o compromisso de "salvação nacional" e utilizam "todos os meios" para que o mesmo não se concretize.
Isto é, o sr. Silva não gosta de confronto ideológico, de esgrimir argumentos, de clarificar posições, de utilizar todos os meios legitimamente democráticos ao dispor, no fundo, de dar a palavra ao maior interessado na situação que é o povo português.
Como já aqui se escreveu, quer-se "salvação nacional" ou... "União Nacional" ?   
Sr. Silva, fique-se a anilhar as desgraçadas cagarras que o tiveram de aturar.
Ninguém tem saudades de si!
 
(Se não assinas o compromisso torço-te o PeScoço...)

MAIS MEMÓRIAS POÉTICAS

 


A 19 de Julho de 1886 morria, vítima de tuberculose, aos 31 anos, o poeta Cesário Verde, poeta de Lisboa e do campo que a cerca, com tons de realidade, naturalista, roçando, também, o impressionismo, decerto influenciado pela poesia de Rimbaud, Baudelaire e Verlaine, e os quadros de Monet e Renoir.
Retratista das vivências de Lisboa e do campo, nada melhor que o poema seguinte para ilustrar o talento desse poeta ainda demasiado desconhecido, mas que talvez influenciasse o heterónimo pessoano de Álvaro de Campos e obrigasse Alberto Caeiro, outro heterónimo, a citá-lo.
É graças ao seu amigo Santos Silva que hoje podemos ler "O Livro de Cesário Verde", editado postumamente em 1901.

 DE TARDE
Naquele piquenique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos
E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas

 

 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

ANIVERSÁRIOS

Hoje, uma grande senhora faz 90 anos.
E o grande Madiba (Nelson Mandela) completa 95.
Acima de tudo, celebremos!

terça-feira, 16 de julho de 2013

BANDALHEIRA - PARTE 4 (O ANIVERSÁRIO)


S. Exª., o sr. Silva de Belém, completou ontem 74 anos.
Com que então, caiu na asneira de fazer anos a uma segunda-feira?
Não se assuste, isto é baseado num texto de Fernando Pessoa que, caso não saiba, já que não é dado a grandes leituras, é um dos grandes poetas da Humanidade, português nascido, ele e os mais de 60 heterónimos.
Mas já que fez anos, parabéns, sr. Silva.
Parabéns por tudo quanto não fez enquanto primeiro ministro, designadamente desaproveitando a maré de fundos comunitários para uma efectiva reforma do estado. Mas fez o contrário. Criou o monstro.
Parabéns pela qualidade dos correlegionários com que se rodeou, designadamente os Duarte Lima, Oliveira e Costa, Dias Loureiro. Tudo gente acima de qualquer suspeita. São todos homens nobres diria o Shakespeare, dramaturgo inglês. Não, sr. Silva, não escreveu teatro de revista. Escreveu umas peçazitas representadas por esse mundo fora.
Parabéns pela sua visão abrangente, especialmente quando não defende o regular funcionamento das instituições democráticas, como se comprometeu, ao ampliar escusadamente uma crise já de si grave.
Parabéns por querer balizar as normas eleitorais, forçando consensos, impondo agendas espúrias, destilando vingançazinhas pessoais e exibindo uma mesquinhez de carácter de todo dispensável.
Parabéns, sr. Silva, também, por amparar um governo moribundo e já em adiantado estado de decomposição, ao contrário do desejado pelos seus queridos "mercados", que já tinham interiorizado eleições antecipadas.
Parabéns por ter sempre passado para o lado as suas responsabilidades, delegando-as em terceiros, ou desculpando-se com eles, incluindo a sua obrigação de arbitrar conflitos e não jogar por uma das equipas.
Parabéns, por fim, sr. Silva, e dê-nos uma prenda, ou seja, demita-se, que só está a desacreditar a Presidência da República.
"Que um fraco rei faz fraca a forte gente", já o escrevia Camões, sabe, aquele poeta zarolho que está ali ao pé do Chiado, esse mesmo. Medite, sr. Silva, e em vez de rei escreva "presidente" e veja-se ao espelho!
Mas, para si, talvez melhor seja adaptar as palavras de Almada Negreiros ("Manifesto Anti-Dantas"), que era poeta do Orpheu, futurista e tudo, enfim, areia a mais para quem não tem dúvidas e raramente se engana:
"Morra o Cavaco, morra! Pim!"

domingo, 14 de julho de 2013

VIVE LA FRANCE!

Hoje, 14 de Julho, celebra-se o dia nacional da França.
Liberté, Égalité, Fraternité!


sábado, 13 de julho de 2013

ROCK!

Hoje, dia 13 de Julho, comemora-se, na sequência da iniciativa Live Aid, de 13/07/1985, o Dia Mundial do Rock!
Assim, let's rock and roll!!!













sexta-feira, 12 de julho de 2013

MAIS MEMÓRIAS POÉTICAS




Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

A 12 de Julho de 1904 nascia um dos maiores poetas da riquíssima literatura latino-americana, o chileno Pablo Neruda, Prémio Nobel da Literatura de 1971.
Poeta e diplomata, com extensa obra que vai de 1923 a 1973, a sua poesia é de uma riqueza extraordinária, reflectindo a vivência e os anseios diários do seu povo e dos povos americanos.
Marxista convicto, não hesitou em apoiar a candidatura do socialista Salvador Allende à presidência do Chile, que se concretizou em 1970.
O seu governo foi derrubado em 11 de Setembro de 1973 pelo golpe de estado sanguinário de Augusto Pinochet, tendo Pablo Neruda morrido a 23 do mesmo ano, oficialmente por cancro da próstata.
No entanto, o seu corpo foi este ano exumado, para se investigar a hipótese de assassinato pela Junta Militar de Pinochet.
Prestigiado a nível mundial, recebeu em 1965 o doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Oxford.
Recomenda-se a leitura de "Cartas de Amor" (D. Quixote), "Vinte Poemas de Amor e uma canção desesperada" (Relógio d'Água) e a autobiografia "Confesso que Vivi", publicada postumamente  em 1974 (Europa-América).
Sugere-se também que seja visto o belissimo filme de 1994, de Michael Radford, "O Carteiro de Pablo Neruda", que entre nós esteve em exibição durante mais de um ano.
Não esquecer, também, os inúmeros poemas de Neruda objecto de tratamento musical, por intérpretes tão díspares (aparentemente), como a alemã Ute Lemper ou a norte-americana Madonna, o grego Mikis Theodorakis ou o chileno Victor Jara, assassinado na sequência do golpe de 11 de Setembro.

E, como curiosidade, diga-se que Neruda dedicou um poema a Álvaro Cunhal, quando este estava preso em Peniche, intitulado "A Lâmpada Marinha" (1954), e inserido na campanha internacional para a sua libertação, que, entre outros, também incluía o grande escritor brasileiro Jorge Amado :

BANDALHEIRA - PARTE 3

BANDALHEIRA : Acção de bandalho; baixeza; indignidade; situação de grande confusão e desordem.
BANDALHO: Pessoa sem pundonor; indivíduo esfarrapado; trapo grande.
(Sinónimos retirados da Infopédia, Dicionários Porto Editora.


"Não podemos permitir que os nossos carrascos nos criem maus costumes".
Esta frase de Simone de Beauvoir foi dirigida aos carrascos e torcionários nazis, durante a ocupação da França em plena II Guerra Mundial.
A mesma frase foi ontem, 11/07, aplicada pela presidente da Assembleia da República e 2ª. figura do Estado, Assunção Esteves, referindo-se aos manifestantes que estavam nas galerias da Assembleia.
Desde já convém distinguir entre uma pessoa com a estatura moral e intelectual de Simone de Beauvoir e Assunção Esteves, que não tem qualquer estatura.
Com medo de novas formas de protesto, esta até sugeriu que as normas de acesso ao plenário deveriam ser revistas.
Ora a Assembleia da República, tal como todos os Parlamentos de todas as nações democráticas são, pela sua natureza e simbolismo, as verdadeiras "Casas do Povo".
Por alguma razão, uma das primeiras acções de Hitler, logo que eleito chanceler, foi mandar incendiar o Reichstag, o parlamento alemão.
A atitude da 2ª. figura da República Portuguesa é, aliás, idêntica à da 1ª. figura, o Sr. Silva.
No fundo, é um idêntico desprezo e medo da vontade popular.
Encerra-se o parlamento com medo da reacção daqueles que são atingidos por leis iníquas;
Encerram-se as eleições porque o pobre povo só pode "escolher" um único programa, que é o da troika, que o Sr. Silva quer impor ad aeternum ao país;
Encerram-se os debates ideológicos entre as forças políticas, porque o pensamento deve ser único, deve ser, não a salvação nacional, mas a "União Nacional";
Encerra-se a Presidência da República, nomeando-se uma "figura de prestígio" para moderar compromissos, fugindo das responsabilidades e atribuições presidenciais;
No fundo, bem lá no fundo, o que se quer é encerrar a Constituição, a Democracia, o Direito (e os direitos) para, durante décadas, não só continuarmos a ser um protectorado económico e financeiro da troika, de Bruxelas, da Banca, dos "Mercados", e das classes dominantes que ali dominam mas, também, um protectorado ideológico.
O desejo profundo do Sr. Silva e sequazes.
Porque, mais uma vez, é de uma batalha ideológica e de luta de classes que se trata.
Mas isso é areia a mais para a camioneta inculta e iliterata desta gente abandalhada.
Para incluir um pouco de dignidade, aqui e agora, recorda-se que, há 50 anos, no Mosteiro de S.Jorge de Milreu, em Coimbra, José Afonso, esse sim um exemplo de hombridade e dignidade, gravava uma canção que viria a ser uma pedrada num outro charco de bandalheira e marasmo e que, passados estes anos, mantém-se actualissima, dir-se-ia mesmo, cruelmente actual: "Os Vampiros".
  


quinta-feira, 11 de julho de 2013

BANDALHEIRA - PARTE 2

BANDALHEIRA : Acção de bandalho; baixeza; indignidade; situação de grande confusão e desordem.
BANDALHO: Pessoa sem pundonor; indivíduo esfarrapado; trapo grande.
(Sinónimos retirados da Infopédia, Dicionários Porto Editora).

Sua Excelência, o Sr. Silva, lá para os lados de Belém, acabou de deitar gasolina na fogueira.
Anda o homem tão preocupado com os mercados, a credibilidade, a estabilidade, o compromisso, o interesse nacional que, ontem, lavou as mãos disso tudo, assobiou para o ar e passou a bola para o espectro partidário.
Todo? Não, dois partidos que representam ainda cerca de 20% do eleitorado (PCP e Bloco), foram desde logo excluídos pelo magnânimo raciocínio de S.Exª. É evidente que, antecipadamente, se adivinhariam as respostas dos dois quanto aos "pilares" presidenciais. Mas a democracia não pode excluir ninguém.
Por outro lado, e face ao descalabro do actual des-Governo e à situação caótica da coligação no poder, vamos chamar ao compromisso o PS, também subscritor do famigerado memorando de entendimento, PS que foi sistematicamente excluído de qualquer entendimento nos últimos dois anos, enxovalhado publicamente por S. Exª. a 25 de Abril. Só se António José Seguro fosse o inseguro que, de facto, aparenta, poderia cair em tal armadilha.
Restam os dois da coligação. O recurso a uma personalidade de reconhecido prestígio, e assim de caras, parece mais um pastor que irá reunir o rebanho tresmalhado (PSD e CDS), com recauchutagem das respectivas lideranças, muito designadamente Paulo Portas, cujo exacerbado narcisismo, frio maquiavelismo e insaciável ambição de poder poderão ter enganado o ignorante Passos Coelho, mas não o mesquinho e vingativo Silva, que terá visto uma excelente ocasião para se vingar dos editoriais do "Independente".
O compromisso a que o Sr. Silva quer amarrar o PS também refere que eleições antecipadas só depois de Junho de 2014, e resultantes do chamado compromisso. Isto é, os partidos substituir-se-ão numa decisão que é soberana da Presidência da República. Mais uma vez, o passar as responsabilidades para outros.
No fundo, o Sr. Silva quer "Salvação Nacional" ou "União Nacional"?
E o povo português assiste a estes jogos sem perceber as razões para tal, vendo autênticos bandalhos a gozarem à sua custa!
Os argumentos do Sr. Silva são um balão vazio!
Os ditos "mercados" nunca se oporiam a eleições antecipadas em Setembro, não só porque o actual governo é um factor de instabilidade, como o provável vencedor de tais eleições ( o PS) é um dos subscritores do tal "memorando", Além disso, um país soberano(?), se as circunstâncias a tal o obriguem, pode realizar eleições quando entender. Os mercados entenderam tal, mais inteligentemente que o Sr. Silva.
E quanto a mercados, veja-se o que hoje (11/07) está a suceder, após a "lúcida" verborreia do Sr. Silva!
No que à aplicação do programa de ajustamento, um governo  legitimado por eleições, teria uma capacidade de actuação e de negociação muito maior do que o actual des-governo, humilhado, desacreditado, partido, disfuncional, apesar de S.Exª. dizer que o mesmo mantém a plenitude de funções.
Um governo saído de eleições a realizar, possivelmente, em Setembro, e em situação de emergência, como S.Exª. gosta muito de repisar, poderia tomar posse em Outubro e, desde logo, preparar o Orçamento de Estado para 2014, o qual poderia estar pronto para ser aplicado a partir de 1/02/2014, assim S.Exª. o aprovasse com a mesma presteza com que aprovou a trituração do subsídio de férias.
Também este novo governo estaria muito melhor preparado para enfrentar as 8ª. e 9ª. avaliações da troika.
E quanto à famigerada "crispação política" a que as eleições poderiam conduzir, estamos conversados. Quer S. Exª. maior crispação que o milhão de desempregados, que os milhares que emigram, sem perspectivas de futuro, que a queda brutal da procura interna e do investimento, que o corte brutal de ordenados e prestações sociais?  
S.Exª. quer reunir urgentemente com os tais "partidos do arco da governação", para tentar o compromisso do "governo de salvação nacional"...Então as reuniões com os partidos, os parceiros sociais, o senhor do Banco de Portugal (só faltou o Patriarca...), que ocorreram nos últimos dias (à excepção do sacrossanto fim de semana)? Serviram para quê?
Para S.Exª. querer balizar a democracia e os seus intervenientes?
Para querer forçar um partido da oposição a branquear a "governação" de Pedro e Paulo?
Para delegar as suas responsabilidades e culpas próprias em terceiros?
Para passar para o lado e, depois, dizer que "em bem avisei" e fugir?
Ou para criar uma cortina de fumo e, sob a capa de "personalidades de prestígio" remendar a coligação, sabendo-se da posição até agora assumida pelo PS, e dos "recados" que chegam de Bruxelas e Bona, em descarada ingerência? Quase certo que este des-governo não aguentaria muito tempo (até ao orçamento?) e S.Exª. seria confrontado, de facto, com a necessidade de eleições inadiáveis. Por razões de credibilidade e interesse nacional!
S.Exª., de facto, não acerta uma e, mais do que uma vez, aliás como sempre, não assume as suas responsabilidades.  
Como, de resto, a União Europeia não assume nem quer assumir, e aqui quase tudo começa a tomar forma, a forma de destruir a Europa.
E nós a vê-los e a topá-los. E a raiva, e também a frustração, a crescerem...
Tudo isto seria para rir, se não fosse o nosso futuro que estivesse em jogo.
É uma tragédia. 
Grega! 
Irrevogavelmente!
Estamos entregues aos bichos...(sem ofender estes últimos, claro!)


terça-feira, 9 de julho de 2013

MEMÓRIAS POÉTICAS

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
A alguns deles não procuro, basta saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida...mas é delicioso que eu saiba e sinta que eu os adoro, embora não declare e os procure sempre...
Vinicius de Moraes
 
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de Moraes


Nestes dias, em que os vermes assomam à superfície, repelentes, nojentos e irrevogáveis, banhemos os sentidos e a alma bem fundo na Poesia.
Passam hoje 33 anos sobre a morte do grande poeta brasileiro Vinicius de Moraes, cujo centenário também este ano se comemora (nasceu a 19/10/1913).
Diplomata (afastado na sequência do golpe de estado de 1964), dramaturgo, poeta de génio, boémio, Vinicius marcou para sempre a cultura brasileira e mundial.
 
Vinicius de Moraes passou longas temporadas na Europa, sendo visitante assíduo de Portugal, onde protagonizou diversos espectáculos ao lado de nomes como Baden Powell ou Nara Leão.
Autor de vasta obra poética (em Portugal, infelizmente, estão esgotadas a "Antologia Poética" e a "Nova Antologia Poética", ambas da Companhia das Letras, tente-se "Operário em Construção", da Leya, de Maio de 2009), grande parte da qual musicada por autores como António Carlos Jobim, Edu Lobo, Toquinho. Chico Buarque, tornou-se um dos grandes responsáveis pela extraordinária explosão melódica da música brasileira e que seria conhecida por Bossa Nova, sendo co-autor, com Jobim, do disco "Canção do Amor Demais", de Elizeth Cardoso. Desse disco, "Chega de Saudade", com o contributo daquele que, na altura (1958), era o jovem João Gilberto:

   
De músicas e poesias também se falou, cantou e recitou, em Dezembro de 1968, quando, em casa de Amália Rodrigues, e na véspera de este partir para Roma, Vinicius se juntou à Diva do Fado, a David Mourão Ferreira, Natália Correia, José Carlos Ary dos Santos, Alain Oulman e aos guitarristas Fontes Rocha e Pedro Leal se juntaram para um serão único, que passaria a disco: "Amália/Vinicius", editado em 1970, e tornando-se num dos poucos discos de Amália a ser proibido pela Censura (1971).

Destaque-se ainda a obra teatral de Vinicius, designadamente "Orfeu da Conceição", de 1954, que subiria ao palco com arranjos musicais de um jovem compositor então desconhecido, de seu nome António Carlos Brasileiro de Almeida Jobim.
"Orfeu da Conceição" seria transposto para o cinema (1959) por Marcel Camus, tendo ganho a Palma de Ouro do Festival de Cannes, desse ano, o Oscar de 1960 para o Melhor Filme em Língua Estrangeira, e idêntico Globo de Oiro.
Mas a divulgação deste grande poeta deve-se, sobretudo, à sua associação com Tom Jobim, e a Bossa Nova, que mostrou ao mundo o Brasil.

Mas, falando de Bossa Nova, nada se comparou ou compara, a uma simples melodia, uma das mais belas obras musicais da História, classificada pela Biblioteca do Congresso Americano como uma das maiores 50 grandes obras musicais da Humanidade, verdadeiro hino à beleza, ao amor, a todos os sentidos: "Garota de Ipanema" (aqui em duas versões):
 


 
  

domingo, 7 de julho de 2013

MEMÓRIAS MUSICAIS

Para amenizar um pouco ests dias de calor, de vergonha, de opróbio, de prostituição intelectual e humana, de baixeza sem limites, sabe bem limpar a alma e recordar que,
A 6 de Julho de 1971 morria um dos maiores, ou talvez o maior dos ícones do jazz, Louis Armstrong.
Um mundo maravilhoso abre-se quando o recordamos e ouvimos.

 

E a 7 de Julho de há 73 anos nascia o senhor Richard Starkey, que o mundo viria a conhecer por Ringo Starr, o rapaz dos Beatles escondido atrás da bateria, mas que foi solista em "A Little Help from My Friends".



sábado, 6 de julho de 2013

BANDALHEIRA

BANDALHEIRA : Acção de bandalho; baixeza; indignidade; situação de grande confusão e desordem.
BANDALHO: Pessoa sem pundonor; indivíduo esfarrapado; trapo grande.
(Sinónimos retirados da Infopédia, Dicionários Porto Editora.
 
(Ou de como a Brigada do Reumático ainda estrebucha, 39 anos depois de 14/03/1974)

1. Gaspar trata o rapazola Coelho abaixo de cão, imputa-lhe falta de liderança, incapacidade de coordenar o jardim infantil que dá pelo nome de Governo da República e, ao confessar por escrito a sua incompetência, e a de outros afins, bate com a porta. a Portas que, num acesso de birra pré-adolescente, não gostou da cerimónia da Brigada do Reumático, vulgo tomada de posse da Luisinha (na feliz expressão de Capitão Ferreira, Diário Económico), e escreve que sai irrevogavelmente, afirma que Passos nunca irrevogavelmente ouvia o CDS, pelo que irrevogavelmente agarrem-me senão eu mato-o.
Estava o senhor Aníbal em sossego, naquele encanto de alma ledo e cego contemplando fotografias das vacas da Graciosa, quando tudo isto lhe cai em cima.
Perante a avalanche de incompetência, irresponsabilidade, manipulação baixa, feira de vaidades que inundava a mansão de Belém; perante esta peixeirada a desenrolar-se à frente de milhões de portugueses, cansados, exangues, roubados até à medula, desempregados, sem perspectivas de futuro, sem esperança, desesperados, sem tempo nem disposição para birras de miúdos mal educados; perante o triste e sabujo episódio do avião de Evo Morales, em que mais parecíamos um posto de fronteira de chicanos às ordens dos gringos; perante as pressões impudicamente assumidas por certos serventuários do poder acoutados na comunicação social; perante a descarada intromissão em assuntos internos quer de Bruxelas, Bona, Eurogrupo, agências de rating e toda a parafernália dos que, a todo o custo, querem manter este status quo, o que fez o Sr. Silva? Lavou as mãos, deu um envergonhado raspanete aos putos, e disse para se sentarem no recreio da escola, conversarem, trocarem cromos (ministérios), e ter juízo, que para a próxima ficavam sem sobremesa, porque vinha o papão das Eleições e comia-os.

2. E Passos e Portas sentaram-se, conversaram, riram alarvemente sobre o sacrifício de todo um país, eh pá desculpa lá qualquer coisinha, porreiro pá, isto até acagaçou o povinho todo e, escutando atentamente os lacaios da comunicação social, as ordens dos gauleiter de Bruxelas e Bona, a encenação dos mercados com a farsa dos juros, a diabolização das eleições, que só são boas se formos nós sempre a ganhar, senão é um desperdício de uma pipa de massa (despudoradamente, e poucos se referiram a isso, a troika até cuspiu viperinamente que as autárquicas poderiam agravar o défice...Para bom entendedor...), os putos chegaram a acordo, irrevogavelmente. Trocaram os berlindes (ministérios), irrevogavelmente, e, perante um país perdido no meio deste telenovelístico turbilhão, irrevogavelmente acordaram que a coligação, irrevogavelmente, estava de boa saúde e, irrevogavelmente, o Governo estava para lavar e durar, Com Passos, Portas e Luisinha, irrevogalmente. E Aníbal, prazenteiro. Irrevogavelmente.

3. O triste espectáculo a que assistimos, talvez o mais confrangedor desde o início da Democracia e da tomada de posse deste des-Governo, revela bem a falta de respeito que essa gente tem pelo povo a quem, todos os dias, todas as horas se pedem sacrifícios e sobre quem, todos os minutos, é cometido o maior dos crimes, que é roubar-lhe a esperança.
O irrevogável é revogável, por que tal é ser patriota! Os fins justificam tudo, por patriotismo! Eleições nunca, porque é anti-patriótico! Vamos sacrificar-nos a continuar no Governo por patriotismo!

Coitados...Na sua imensa ignorância e falta de cultura, mal sabem que o seu patriotismo é o último refúgio dos cobardes!