sábado, 30 de maio de 2015

VASCO UVA, OBRIGADO!

 

De acordo com o que está previsto, hoje pelas 14 horas GMT, em jogo da selecção nacional de rugby (Os "Lobos") contra o Quénia, em Nairobi, Vaso Uva atingirá a sua 100ª. internacionalização.
A partir desta data, o eterno "Grande Capitão" pertencerá a um grupo restrito dos grandes artistas desse jogo único, maravilhoso, fascinante, emotivo, leal, honesto, que é o Rugby.
Grupo encabeçado pela lenda irlandesa Brian O'Driscoll (141 selecções, 133 pela Irlanda e 8 pelos British & Irish Lions) e donde constam nomes míticos com o o neo-zelandês Richie McCaw (138), o australiano George Gregan (139), o francês Fabien Pelous (118) ou o italiano Sergio Parisse (112).
Vasco Uva, nascido a 15/12/1982,  estreou-se nos "Lobos" a 16 de Fevereiro de 2003 contra a Geórgia (vitória por 34-30. Ainda se ganhava à Geórgia...).
Sempre jogou pelo seu clube de sempre, o Grupo Desportivo de Direito, com excepção de um breve período em 2008, quando alinhou em França pelo Montpellier .
Também em 2008, no mês de Novembro,foi convidado para fazer parte da selecção por convites, os Barbarians, que em Plymouth defrontaram uma selecção das forças armadas britânicas.
Montpellier e Barbarians, decerto resultados da inolvidável presença dos "Lobos" no Mundial de 200, em França, onde escreveram uma das mais belas páginas do desporto português, sendo Vasco Uva o Capitão de equipa, que foi considerado o Homem do Jogo no encontro que Portugal perdeu perante a Escócia por 56-10.
Fica desse Mundial a memória do Nova Zelândia-Portugal, ainda hoje mundialmente recordado, e citado, como o melhor exemplo do espírito desportivo do Rugby.
Pela sua atitude em campo, pela sua entrega, pelo seu exemplo, pela dinâmica que desenvolve e faz desenvolver, pela técnica, Vasco Uva é um exemplo do desportista completo e íntegro, e um exemplo e inspiração para todos, especialmente os que adoram o Rugby.
Na senda de outros exemplos, como Xavier de Araújo, Vasco Pinto de Magalhães, Nobre, Raul Martins, os irmãos Lynce, Pedro Ribeiro, César Pegado, Queimado Marques, os Durão, e tantos outros.
E nunca esquecendo aquele que trouxe para o Rugby gerações de jogadores e de espectadores, o dedicado "Mestre" Serafim Cordeiro Marques, "Cordeiro do Vale" que, pelos ecrãs da RTP divulgou e ensinou esse desporto quase perfeito (a perfeição absoluta é algo ainda a alcançar).
E na senda de todos eles, enorme, talvez o melhor jogador português de rugby de todos os tempos, o grande Vasco Uva, paradigma do Capitão, do Jogador, do Fair-Play.
100 internacionalizações!
Obrigado, Vasco Uva!

NOTA: Vistas as cenas dignas de um "O Padrinho" rasca, vividas no seio da FIFA, a World Rugby e todos os que jogam e amam este desporto, devem estar, ainda a estas horas, a rebolar-se de riso...




  

quinta-feira, 28 de maio de 2015

28 DE MAIO

 
A 28 de Maio de 1926, um golpe de estado militar punha fim, violentamente, à I República, instaurada a 5 de Outubro de 1910.
República que, com todos os defeitos e contradições, tinha lançado as bases para uma melhor educação, melhor saúde, mais direitos para os trabalhadores, incluindo os de protecção social não caritativa ou assistencialista, separação entre a Igreja e o Estado, começo do respeito pelos direitos das mulheres, etc. E, acima de tudo, a instauração das liberdades de expressão e associação, de entre a instauração, constitucionalmente garantida, das liberdades básicas e universais.
Para lá de, repete-se, todos os erros cometidos ou contradições insanáveis.    
Com o 28 de Maio, estabelece-se a ditadura, o modelo social repressivo, copiado do fascismo italiano de Mussolini, o fim das liberdades, a censura, a extinção dos partidos, a governamentalização dos sindicatos, a repressão policial, a prisão e assassinato de adversários políticos.
É o triunfo da grande burguesia, especialmente da grande burguesia rural, católica e retrógrada, e dos grandes industriais que surgiam numa indústria ainda incipiente.
Iniciou-se um ciclo de retrocesso civilizacional e económico, de que ainda hoje se sentem múltiplas repercussões.
E, como desculpa, o controlo orçamental...
Pois....
Só que neste século XXI, nesta Europa do euro, já não são precisos golpes de estado violentos p+ara domesticar os povos.
Basta um simulacro de democracia, quanto baste, e deixar que o mercados funcionem e manipulem os cidadãos.
É fácil.
Basta acenar com "privilégios injustificados", "viver acima das suas possibilidades", "temos de empobrecer", "não sejamos piegas"...
Assim, despedem-se trabalhadores "excedentários", forçam-se a emigrar quadros qualificados cujas habilitações "não servem as empresas", cortam-se prestações sociais, reduzem-se os orçamentos da Saúde e Educação, eliminam-se gastos "supérfluos" com  Ciência,. a Inovação, a Investigação, e vendem-se empresas a esmo, tirando o diabolizado Estado de tudo quanto mexa.
E, com a ameaça de cortar, ou não, salários, pensões, estabilidade no trabalho, provocam-se os sentimentos mais básicos das pessoas, como a própria sobrevivência, dependente da sobrevivência do emprego, do salário, seja este qual for, desde que exista. Com "comunicadores" que, vendendo-se por um prato de lentilhas, matraqueiam nas rádios, televisões e jornais, a narrativa única do poder.
E fomenta-se a desvalorização do trabalho, transferindo-se, assim, milhões e milhões de euros para o capital.
E se alguém, ou um país, ousarem erguer a voz, metem-se na ordem, amedrontam-se, acenam-se com mais despedimentos, mais cortes, menos regalias, a bancarrota, a falência total e irreversível.
E o medo é tão basicamente humano...

("Perfilados de Medo" - José Mário Branco, poema de Alexandre O'Neill)
 
 

quarta-feira, 27 de maio de 2015

O MINISTRO ENFADONHO

 
Pires de Lima e o seu grupo excursionista, em mais uma romaria ao estrangeiro, desaguou desta feita em Espanha, para, pensam eles, cativar investidores.
Para comprarem mais alguma empresa portuguesa, a pataco. Como a TAP, que o mesmo Pires de Lima, e o seu governo até pagam para ser privatizada de qualquer modo e feitio.
E, no meio disto tudo, com o seu habitual talento para a palavra fácil, entre outras coisas afirmou que "Portugal é um país politicamente previsível, até um bocadinho enfadonho...".
Bela maneira de se referir ao seu país!
Em qualquer dicionário, se descobre que "enfadonho" é equivalente a tédio, em que há monotonia ou cansaço, que aborrece, que incomoda.
Portanto, em piresdelimês, quando se quer captar investimento, quando se quer dinamizar a economia, vejam lá, não sejam dinâmicos, não vale a pena, o país é um enfado, é aborrecido, é monótono, deixem-no vegetar.
Só que não é só Pires de Lima. É o Governo de que faz parte.
Eles sim, todos, é que são um grande enfado.
Por favor, já que não se pode exigir muito, ao menos quando representam Portugal, tenham decoro na linguagem, nas opiniões.
E se não sabem, como parece evidente, aprendam a ler e a escrever.
Em cadernos de duas linhas.
Se quiserem, até pode ser entre duas bejecas...

("Ai Portugal" - Jorge Palma)

terça-feira, 19 de maio de 2015

O MARQUÊS É VERMELHO!!!

 
Não basta, desde que foi eleito ver o governo do Syriza ser violentamente atacado pelo que chama "União" Europeia, numa chantagem inadmissível e clara falta de respeito pela vontade do povo grego expressa nas urnas, chantagem reforçada pela clara sabotagem económica do Banco Central Europeu (o programa de "quantitative easing" não contempla as obrigações gregas...), sob a batuta alemã.
Não, para alguns iluminados, qualquer cedência, ou ajustamento, protagonizado pelo Syriza é "traição à classe operária", pelo que urge derrubar esse Governo.
Talvez para dar lugar à sinistra Aurora Dourada ou, até, a um golpe militar.
Que alegria! Social-fascismo no seu melhor!
Para esses revolucionários de sofá e whisky, que se masturbam a ler Marx e atingem o orgasmo a reler Lenine, seja na Grécia, Espanha, Portugal ou até Vanuatu, todos os partidos de esquerda ou da social-democracia existentes, mas todos mesmo, são revisionistas, traidores, que sabotam o pujante movimento operário e as massas trabalhadoras, seja lá o que isso lhes queira dizer.
Ler, e aprender, com Marx e Lenine é fundamental.
Como fundamental é compreender que estamos no século XXI e não no XIX ou no início do século XX.
Não compreender a evolução da História, da correlação entre as diversas forças sociais, da alteração das relações de produção, da sofisticação do capitalismo, é pseudo-intelectualismo retrógrado e, no limite, perigoso por bloquear possíveis alternativas de esquerda e abrir o caminho para o mais negro liberalismo autoritário, mesmo de fachada "democrática". Como é o caso da UE.
Não esquecer que a última grande e criativa revolução na Europa explodiu em França em Maio de 1968, e veja-se como foi "reciclada"...
E quando se fala em "vanguarda da classe operária", fala-se de quê? Que um escravo de call-centers, a receber menos que o salário mínimo, a trabalhar 12 horas por dia, é um "pequeno-burguês" tendencialmente reaccionário, e um trabalhador da Auto Europa, a ganhar quatro ou cinco vezes mais é um operário bacteriológica e revolucionariamente puro, porque sim?
Com "amigos" destes, quem deseja inimigos?
E já que gostam de livros antigos, recomendam-se leituras como "Radicalismo Pequeno-Burguês de Fachada Socialista", escrito por Álvaro Cunhal em 1970, ou, melhor ainda, "Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo", escrito por Lenine entre Abril e Maio de 1920 e publicado como panfleto em Junho desse ano.
Porque "gloriosos" movimentos de massas sob o estandarte vermelho, nos nossos dias, só uma vez por ano, no Marquês de Pombal, e é preciso que o Benfica ganhe o campeonato!   
Como diria o poeta, "tudo o mais são tretas"!
 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

"ABORTO" ORTOGRÁFICO? NUNCA, OBRIGADO!

 
Não se sabe bem se é milagre de Fátima, ou pelo contrário, mas o facto é que, segundo rezam as crónicas deste pachorrento país à beira-mar plantado, a partir de hoje será obrigatório seguir a norma contida no Acordo Ortográfico de 1990.
Por acaso, Portugal é, nesta data, o único país da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (que inclui a lusofoníssima Guiné Equatorial....) que o vai aplicar.
Quanto a "Acordo", estamos conversados...
No que ao fundo da questão diz respeito, julgo que não passa pela cabeça de ninguém com bom senso que uma língua materna, seja qual for, se mude por decreto.
Uma língua evolui graças a quem a fala e a quem a escreve.
Acaso existe problema em ler o português brasileiro de Jorge Amado, o português angolano de Luandino Vieira, o português moçambicano de Mia Couto, o português português de Eça de Queirós?
Não se está a valorizar a língua, muito pelo contrário, está-se a rebaixá-la, a manietá-la, a cercear-lhe a criatividade, a beleza, a cortar a possibilidade de a moldar, de a cinzelar, de a lapidar como jóia que é.
"A minha pátria é a língua portuguesa", como escreveu Pessoa, é a língua de luz, de música, de cor, de mar, adaptável nas praias onde desagua, burilada pelos falantes e pelos criadores que a trabalham.
Aqui, no Brasil, em África, em Timor.
Não por decreto, mas pela vida vivida.
E falada.
E escrita.
Por aqui, nunca entrará o dito "Acordo" nem a "língua" entaramelada que quer impor.
Mas sim, e sempre, a Língua Portuguesa.
Incluindo o "português com açúcar", como Eça designava, brilhantemente, o português do Brasil.
 
("Língua" - Caetano Veloso)