quarta-feira, 28 de maio de 2014

ELEIÇÕES EUROPEIAS (?) - II - A EUROPA ESTILHAÇADA

O resultado das eleições europeias de 25 de Maio último foi, de facto, um terramoto político.
Os europeus mostraram, de facto, estar cansados de uma União(?) autista, burocrática, cega, surda, muda, que se entregou nos braços de uma potência dominante, a Alemanha.
Em Portugal, o poder vigente é quase varrido, mas um inseguro Seguro não consegue capitalizar o descontentamento, enquanto um populista Marinho e Pinto arrebata votos de protesto, sob a capa, sempre extremamente perigosa, do anti-partidarismo, da ausência de ideologia, o que não deixa de ser uma posição ideológica onde se pode acolher toda a demagogia e todo o potencial golpismo anti-democrático.
Alguém que se intitula sem ideologia é potencialmente mais pernicioso do quem assume o seu credo, seja de direita ou de esquerda.
E como classificar que 1/4 dos franceses, da Pátria da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade, do Maio de 68, se entreguem a quem, dentro da União, a combate, prega o chauvinismo, a xenofobia, o isolacionismo, sob a bandeira da Frente Nacional?
E os assomos fascizantes e nazis na Dinamarca, Alemanha, Hungria?
Salve-se o Syriza na  Grécia, pátria da civilização e da democracia.
Disto tudo sai uma União Europeia esfrangalhada, decadente, numa encruzilhada na qual, voluntariamente, meteu o pescoço.
A Europa era visto como um continente de solidariedade, entre-ajuda, fraternidade, progresso.
Com Reagan e Thatcher os mercados deixam de ser controlados, a desregulação é total. Todo o poder aos capitais e à sua libérrima circulação e influência.
E a Europa, especialmente depois de Maastricht,1992, vai na onda.
O Estado social europeu começa a ser atacado, não por falta de recursos para o sustentar, como arengam Camilos e Ferreiras lacaios, mas porque a transferência, cada vez em maior escala, dos recursos produzidos, do trabalho para o capital produz essa artificial escassez de financiamento, crescendo exponencialmente a acumulação capitalista não produtiva.
E quando os fundadores da Europa renegam o seu passado, a crise acentua-se, e os povos da Europa vêem-se órfãos e sem alternativas.
Especialmente quando os partidos da chamada Internacional Socialista, e mesmo alguns Partidos Comunistas recusam o seu ADN, seja ele Marx, Engels, Lenine, Jaurès, Proudhon ou até Keynes, e adoptam a acéfala "Terceira Via", adaptando ao seu discurso a narrativa ultra-liberal de direita, para quem os mercados são o Deus e a Igreja (e a direita mandando às malvas a chamada "doutrina social da Igreja"...).
No fundo, e essencialmente, é essa descaracterização da esquerda, que parece complexada depois de Gorbachev e da queda do Muro de Berlim, aliada às decisões ineptas da União, designadamente uma mal arquitectada União Monetária, uma inexistente política externa comum (vejam-se as asneiras praticadas na ex-Jugoslávia e, agora, na Ucrânia), a ausência de políticas comuns no âmbito financeiro, fiscal, bancário, social, que precipita a Europa no abismo, nos braços de quem mais se aproveitou da situação (a Alemanha), e os europeus no regaço daqueles que, dissimuladamente, pegam nas bandeiras que a esquerda deixou cair para, posteriormente, as transformar no domínio das teses ultra-liberais, do autoritarismo, da extinção progressiva da democracia, que será transformada num empecilho para o completo domínio do capital, e da aniquilição de qualquer política social.
Amargamente, a Europa resvala para o precipício, a menos que se torne, de facto a Europa dos povos.
E não será com pessoas que enterram a cabeça na areia como Barroso, Rompuy ou Ashton que conseguirá renascer. São demasiado medíocres e incompetentes para tal.
Os povos europeus terão de lutar de novo pela sua emancipação, e a ideologia retomar o lugar que nunca deveria ter perdido, especial, e fundamentalmente, a que construiu a Europa Social, porque sem um estado social, e cultural, não há democracia nem um nível de vida decente, humano e sustentável, como já provou sê-lo.
Definitivanente, não foi por e para esta actual Europa que os nossos avós morreram nas praias da Normandia... 



domingo, 25 de maio de 2014

BI-CAMPEÃO EUROPEU : JOHNNY WILKINSON


Ao bater ontem, em Cardiff, os Saracens de Inglaterra por 23-6 (13 pontos de Wilkinson), o Toulon, de França venceu, pela segunda vez consecutiva, a Heineken Cup, troféu que está para o rugby como a Liga dos Campeões para o futebol.
O capitão de equipa foi Johnny Wilkinson, médio de abertura inglês, um dos maiores nomes do rugby de todos os tempos, e que hoje completa 35 anos.
No próximo sábado, em Paris, frente ao Castres Olympique, o Toulon tentará erguer a taça de campeão de França.
Será, também, o último jogo oficial de Johnny Wilkinson.
Para trás ficam 91 jogos pela selecção inglesa e 6 pelos British & Irish Lions.
1246 pontos marcados em jogos pelas duas equipas, marca apenas ultrapassada pelo neo-zelandês Daniel Carter, dos míticos All Blacks.
Wilkinson detém, ainda, o record de pontos do torneio das 6 Nações (249) e da Taça do Mundo de rugby (277).
Jogador inteligente, com rápida leitura e visão de jogo, desequilibrador no momento do passe, pontapeador nato, líder incontestável da sua equipa, leal, honesto, que respeita e é respeitado, tudo o que um jogador de rugby pode ser e, acima de tudo, participante activo de um jogo colectivo onde não há lugar para vedetismos ou exibicionismos, Johnny Wilkinson escreveu das páginas mais empolgantes desse extraordinário desporto e, agora que se vai despedir, deixa uma lacuna imensa, difícil de preencher e muitas saudades.
Good luck, Wilko!
( E com este "drop", Wilkinson oferece à Inglaterra o título Mundial em 2003, frente à Austrália)

JOSÉ MÁRIO BRANCO, EH COMPANHEIRO!


("Eh Companheiro" - José Mário com Carlos do Carmo e António Vitorino d'Almeida)

José Mário Branco nasceu no Porto a 25 de Maio de 1942, frequentou o curso de História na Universidade de Coimbra, e interrompeu os estudos, em 1963, fugindo à guerra colonial e exilando-se em Paris.
Talvez seja injusto para muita gente, mas pode dizer-se que há uma música de intervenção em Portugal antes de José Mário, e outra depois.
Até 1969, e desde os finais dos anos 50, que o canto político é associado à balada (Zeca Afonso, Luís Cília, Adriano, entre outros distintos músicos), acompanhada geralmente por guitarra. É o chamado tempo dos "baladeiros" (sem qualquer carga depreciativa), que seria consagrado nesse programa fracturante da RTP que, em 1969, deu pelo nome, ainda inesquecível, de "Zip-Zip".
Em 1971, surge, vindo de Paris, o álbum "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades", de José Mário Branco, que agitou, definitivamente, as águas das canções de intervenção.
("Perfilados de Medo", poema de Alexandre O'Neill, música de José Mário, do álbum "Mudam-se os Tempos...")

Ao canto de intervenção pressente-se que já não bastam a qualidade da música e do poema. É preciso orquestração, instrumentos, arranjos, harmonias, vestir as músicas para as transformar em Canções. 
José Mário Branco, já então dotado de enorme bagagem técnica, a nível da composição, regência de orquestra e orquestração, é o grande responsável por esse salto qualitativo dos "baladeiros".
Nesse mesmo ano de 1971 produz e colabora no primeiro disco de Sérgio Godinho ("Sobreviventes", lançado em Portugal em 1972) e, acima de tudo, veste as grandes músicas e poemas de José Afonso, e presenteiam-nos, também em 1971, com "Cantigas do Maio" que, ainda hoje, para muitos músicos e críticos, continua a ser o expoente máximo da música portuguesa e do qual, por exemplo, "Coro da Primavera" justifica porque já é parte da Grande Música:
 
Antes do 25 de Abril, em 1973, José Mário ainda grava "Margem de Certa Maneira".
Com o regresso à Pátria natal após a Revolução dos Cravos, profundamente empenhado na dinamização política e cultural permitida por esse dia "inicial, inteiro e limpo", José Mário Branco é um dos fundadores do Grupo de Acção Cultural-Vozes na Luta que, durante perto de três anos, anima colectividades, cidades, aldeias, campos, fábricas, bairros, publica quatro álbuns (os dois últimos já sem José Mário), desperta consciências e vontades adormecidas, e utiliza a arma que melhor conhece: A cantiga.

 
("A Cantiga É Uma Arma" - G.A.C. - Vozes na Luta)

Mas o trabalho de José Mário não se restringe ao GAC ou ao trabalho a solo realizado posteriormente.
Colabora activa e militantemente (é o termo!) em trabalhos de companheiros das cantigas, como Sérgio Godinho, Fausto, Gaiteiros de Lisboa, Amélia Muge, Janita Salomé, Camané, José Jorge Letria, Carlos do Carmo ou o sempre jovem José Afonso, até ao seu último alento.
Compõe para cinema e teatro, realiza espectáculos pelo país e pela diáspora.
Em 2004 publica o que, até à data, é o seu último trabalho, "Resistir é Vencer", especialmente dedicado ao povo de Timor-Leste, e, como curiosidade, diga-se que em 2006 completou a licenciatura em Linguística, na Faculdade de Letras de Lisboa.
Se ainda há muito a esperar do imenso talento deste homem da nossa Cultura, o facto é que parece que a Grande Música do nosso país lhe deve uma homenagem e um respeito mais do que merecido.
José Mário Branco é uma figura incontornável desta terra que é nossa e, como diria o poeta José Fanha, continua sempre com o mês de Abril a voar-lhe dentro do peito.
  
 
("Eu Vim de Longe", do álbum "Ser Solidário", de 1982)

   

sexta-feira, 23 de maio de 2014

ELEIÇÕES EUROPEIAS (?)

 
Começaram ontem (Holanda e Reino Unido), e prolongam-se até domingo, as eleições que irão escolher os 751 deputados para o Parlamento Europeu, quinquénio 2014/19.
Eleição relevante?
Pelos vistos, tendo em atenção a indigente campanha eleitoral portas adentro, onde, por exemplo, as diatribes de Rangel e Melo roçaram a mais boçal desonestidade intelectual, parece que, de facto, o que menos interessa é o Parlamento Europeu.
Que é como quem diz, a Europa.
Com efeito, e tirando declarações pontuais, a Europa esteve ausente...da Europa.
Nem em Portugal, nem em qualquer outro país da União Europeia, aparentemente, ninguém sentiu um arrepio quando, em entrevista ao jornal "Leipziger Volkszeitung", Ângela Merkel, cândidamente, admitiu que o seu partido e o parceiro da coligação, o SPD, partido "social-democrata" alemão, iam chegar a um consenso para...escolher os membros da Comissão Europeia.
Então não nos dizem que é o Parlamento Europeu que vai eleger o Presidente da Comissão Europeia?
É a Alemanha que o escolhe?
80 milhões de eleitores decidem por 340 milhões?
E ninguém diz nada, ninguém discute, ninguém exerce o contraditório, como peroraria Rodrigues dos Santos?
Neste assunto, como em muitos outros, silêncio absoluto!
A Fortaleza Europa não quer discussões, abomina a polémica, ignora os povos.
Quem discute as atribuições do Parlamento Europeu?
Ou do Conselho Europeu?
Ou os poderes da Comissão Europeia, que já teve um presidente como Jacques Delors e que, com Durão Barroso, se transformou na correia de transmissão de Berlim.
E quais as competências do Banco Central Europeu e os seus poderes para modificar a arquitectura disfuncional do Euro, que prejudica os mais fracos, em vez de se diluir n um suicidário "deixa andar"?
E o caminho para, já que, erradamente, se começou por uma União Monetária, tentar corrigir o erro com uma verdadeira União Financeira, Fiscal e Bancária?
E o que dizer da ponderação entre nações "fortes" e "fracas", com tudo o que de injusto e subjectivo tal acarreta, no seu peso relativo nas decisões da União?
E, finalmente, quais as hipóteses concretas, e os esforços para que tal suceda, para abrir, de par em par, as portas da Europa a TODOS os europeus, Europa fraterna, solidária, inteligente, dinâmica, como os seus Pais Fundadores desejaram e escreveram?
Nem por acaso, 12 dias depois das eleições, comemoram-se 70 anos da heróica gesta do desembarque aliado na Normandia, a 6 de Junho de 1944.
Talvez se nós, e muitos cérebros "inteligentes" da Europa burocrática, calcorreássemos esses sagrados areais, de Ste.Mère-Église a Oeste, a Ranville a Leste, teríamos, decerto, a sensação de vislumbrar vultos na névoa, de fardas e camuflados, armas na mão, imagens fantasmagóricas, que nos gelariam o sangue, os olhos fixos em nós, e um ensurdecedor murmúrio, transformado em grito:
"Não foi para esta Europa que morremos nas praias da Normandia!".

domingo, 18 de maio de 2014

DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS

 
("Painéis de São Vicente" -Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa)

Celebra-se hoje o Dia Internacional dos Museus.
Apenas mais um pretexto para visitarmos esses lugares que nos remetem para a memória,
Ou para o futuro,
O nosso, o de quem nos antecedeu, o de quem nos sucederá,
Como nos seis painéis ditos de São Vicente, acima inseridos,
Onde está toda uma Nação e, mais do que isso, um Povo,
Que nos fita, demorada e interrogativamente,
"O que fizeram do nosso passado, e do nosso futuro, e do vosso passado e do vosso futuro, e da nossa e da vossa vida?",
Num espaço de um museu,
Museu e Museus que nos obrigam a contemplar o interior, bem como o exterior,
A percorrer a civilização, as conquistas, as derrotas, os progressos, os retrocessos,
Que nos ligam em contínuo àquilo que construímos e ao que podemos sonhar,
Que fazem parte integrante da nossa cultura e, logo, da nossa vivência,
E sem os quais perderíamos memória, passado, pontes e amarras para o futuro,
Não nos dando as ferramentas para a resposta às questões que nos colocam.
Mas, infelizmente, para aqueles que do analfabetismo e da degradação humana fazem lei,
Chamem-se Passos, Portas, Cavaco, Lourenço ou Gomes Ferreira,
Os museus são inutilidades, despesismo serôdio, pó envelhecido, lixo.
Não têm a economia da alpergata ou da rolha de cortiça.
Porque, para eles, na sua mesquinhez, na sua morte interior, os seres não são humanos,
São números,
O que, a ser-lhes aplicado, os transformaria em
Zeros,
Absolutos!
Nem para peças de museu servem,
Porque os museus são seres vivos, que produzem e reproduzem. 
Que vivam os Museus!

sábado, 17 de maio de 2014

17 DE MAIO: É HOJE! É HOJE! O RELÒGIO DO PAULO MARCA A HORA!



Isto hoje aqui no bairro vai numa corrida e numa barafunda, o gaiato Paulo, de pochette cor-de-rosa debaixo do braço, não pára de correr, aos pulos, a berrar "é hoje! é hoje!", até parece que andou a fumar uns drunfos, está eufórico, parece que uns danados pindéricos que dão pelo nome de troica vão bazar, e nem trocos nos dão, vai fermoso e bem seguro, bem, seguro talvez não, que este não é do bairro, da malta de cá é o Coelho da toca do dito, que quer preparar uma reunião da família dele, até foi desencaminhar uns marujos camones ao Cais do Sodré, perdidos de bêbedos, que, diz ele, é para os bifes da estranja saberem que "é hoje", até rebocou para a festa o chinoca Barroso, que anda lá por fora a ser o rafeiro dos boches, "é hoje que reconquistamos a independência", ou o catrino ou o camandro, seja lá o que for, bifes talvez não, que ele diz que no bairro não há possibilidade de viver de acima dos bifes, só carapaus alimados, e vivó Silva, o tal Silva dos pastéis, a gente anda à cata dele, parece que se perdeu na loja do chinês, enfim é com ele, que não diz coisa com coisa, e depois quem perde é o Benfica, a propósito o meu papá ainda não acordou do desgosto, ainda está de borco, a ressonar como um porco, em cima das cervejas, com uma cardina do tamanho da dívida, na tasca da Assunçãozinha, a tal que quis convidar uma bruxa para a festa, lá coisas do além, ou dos santinhos, quer-se dizer, a gente também queria o Jesus para a festa de "é hoje!", mas ele disse-nos "tu tens de ver que não têramos tempo para festa, têramos de ganharmos a Taça, tá", e deu de frosques, felizmente fica-nos o puto Dálmata Rangido e peludo, que com o Melo que tem a mania que é fino e não passa de casca grossa, já  estão a comemorar desde ontem, já se alambazaram com meia dúzia de espumantes, é para a festa, quer-se lá saber da economia a minguar, o que a gente quer é futebol e festa, e "é hoje! é hoje!", o Paulo delicado e deliciado, até diz que o máximo vai ser quando o relógio dele, o tal que marca a hora como o Tony de Matos (sei lá quem é!) bater as doze horas na torre do alambique do São Dinis das ferragens, vai ser foguetório, porque "é hoje! é hoje!", é baril, o máximo, bué da fixe, graças ao Paulo, ao Coelho, ao Silva, a cambada toda, seja lá o que for, que de há três anos a esta parte ainda não cheirei népia, até dizem que vão atirar gente pelas janelas, como fizeram há anos a um tal Vasconcelos, eu cá não sei é verdade, mas gostava de ver o Paulo, o Coelho e o Silva voarem por aí, mas aqui no bairro ninguém liga puto, ainda acaba tudo entornado e feliz no Marquês de Pombal, e eu vou aproveitar, topam, digo, ao Pombal, baixinho, para o bairro não ouvir: "Marquês, vem cá abaixo que eles estão cá outra vez!".
E prontxo!!
("Portugal na CEE" - GNR - enfim, algo sério) 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

CHINESICES....


 
Sua Excelência, Silva de Belém, encontra-se em viagem de Estado à República Popular da China para, diz a criatura, promover o emprego e o crescimento...
Só se for o emprego para pilotos chineses e companhias aéreas do Império do Meio, para a tal ligação aérea directa entre Lisboa e Beijing.
E para isto é preciso ir S.Exª. e mais 100 amigos e amigas?
Para quê tanto estendal, se já há 3 anos o místico Paulo Futre já adivinhara que "vão vir charters carregados de chineses". Belém contratava o homem e talvez ficasse mais barato...
Enfim, chinesices...
Sua Alteza também perorou sobre a economia nacional e, diz ele, que os sinais económicos "são encorajadores". Pudera não!
Ainda hoje INE (o chato do INE, outro obstáculo ao progresso.) divulgou que, no primeiro trimestre desta ano, a economia portuguesa encolheu 0,7%.
Que importa! É francamente animador!
Isso e, em mais uma proposta de transferir rendimentos do trabalho para o capital, ver o seu Governo do coração propôr a redução em 3-anos-3 o prazo de caducidade da contratação colectiva!
Que bom....Deve ser para encorajar a economia. E que se lixe a concertação social e os sindicatos.
Chinesices...
E, no meio de tudo isto, ainda teve tempo para desejar boa sorte ao Benfica, para a final da Liga Europa frente ao Sevilha.
Mas ninguém lhe diz para estar calado?
Veja-se o lindo resultado da profecia cavaquista....
Mas já agora que está na China, e que a Sra. D. Maria deve querer visitar a Grande Muralha, fique-se por lá, Sr. Silva de Belém.
Talvez lhe arranjem um cargo à sua altura, nem que seja arrumador de carros num parque de estacionamento ali ao lado da Muralha.
Desde que saiba qual é o lado direito e o lado esquerdo....
Seria o seu Grande Salto em Frente!
O que poderia alarmar os pobres habitantes da China!
Chinesices....  
 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

E ALEGRE SE FAZ TRISTE....


Parabéns Manuel Alegre, poeta da Liberdade, poeta de Abril.
São 78 anos de idade, são e serão muitos mais de poesia.
Poesia de esperança, nos tempos do negrume,
Mas também de desesperança pela clara madrugada que nunca mais chegava,
E fazia Triste o Alegre,

("E Alegre se Fez Triste" - canta Adriano Correia de Oliveira)

Mas a trova que via o vento a passar,
Fez-se hino, 
Rompeu a noite,

"Que o poema seja microfone e fale/
uma noite destas de repente às três e tal/
para que a lua estoire e o sono estale/
e a gente acorde finalmente em Portugal".
(excerto de Poemarma, de 1964, incluído no livro "Praça da Canção", 1965) 


E fez nascer o dia inteiro e limpo,
E rir e chorar o poeta,
E todos e cada um e uma de nós,
E fazer voar o sonho,


"Abril de Abril
Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.
Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.
Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.
Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.
Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.
Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas."

E nesta nova hora de amargura, desesperança, medo,
De novo a poesia nos sacia a sede e a dor,
De novo o poeta chicoteia os vendilhões,
Nos devolve a esperança,
Com Alegria Alegre.

"Cassandra e a Troika
Então Cassandra apareceu na rua
trazia um cartaz para entregar à Troika
saúde educação dizia ela. E havia
em seu olhar a cólera e a beleza
ela era a filha de Príamo aquela
por quem Apolo se apaixonou
nos seus ouvidos passaram as serpentes
e por isso ela ouvia o que ninguém ouvia
tinha vindo para avisar que a Troika
é o novo cavalo falso dentro da cidade
os seguranças rodearam-na mas ela falava
seus longos cabelos soltos sob o sol de Lisboa
clamava por justiça e dignidade
ouvissem ou não ouvissem ela era a sibila
e apontava o cavalo dentro da cidade."
("Cassandra e a Troika "- inédito de 2013)

("Canção Tão Simples" - outra vez Adriano)

sexta-feira, 9 de maio de 2014

MANDELA : 20 ANOS!

Foi há 20 anos.
Já?
A 9 de Maio de 1994, Nelson Mandela era eleito Presidente da República da África do Sul.
Nesse dia, tornava-se o primeiro presidente negro da Nação do Arco-Íris.
A História tinha virado mais uma página gloriosa.
O apartheid, regime odioso de quase 70 anos, chegava ao fim.
Anteontem, 7 de Maio, uma geração já nascida em liberdade, exercia, pela primeira vez, o seu direito de voto nas eleições legislativas daquele país.
20 anos depois, está tudo bem? Claro que não, mas há progressos, de facto.
Falta imenso a fazer, a trabalhar, a mudar mentalidades, preconceitos.
E para o realizar, é preciso que todos os agentes políticos, seja qual for a cor, o credo, a ideologia, apenas sigam o exemplo desse Homem único do nosso tempo: Nelson Rolihahla Mandela.
Nkosi Sikeleli' iAfrika!


9 DE MAIO : DIA DA EUROPA

 
9 de Maio foi declarado o Dia da Europa e, em extensão, Dia da União(?) Europeia.
Nesse dia, em 1950, Robert Schuman apresentou a Declaração que leva o seu nome (que pode ser lida abaixo), e que é considerado o embrião da Comunidade Europeia, actual União Europeia.
Nesses dias, posteriores ao cataclismo 1939/45, sonhava-se com uma Europa  solidária, de nações entreajudando-se entre si, colaborando mutuamente, de cada um conforme as suas possibilidades, a cada um conforme as suas necessidades.
64 anos depois, o que se constata?
Uma União(?) desfeita, com todos contra todos, com o estigma de classificar os europeus entre os de primeira e os de segunda, com um Presidente do Conselho que ninguém sabe para que serve, com uma Alta Representante para a Política Externa ineficaz e ausente, com uma Comissão Europeia ao serviço dos mais ricos, obedecendo bovinamente aos mercados especulativos, dócil obediente de Berlim.
Berlim que trata a Europa como um mero tabuleiro onde os outros são peões da sua estratégia de domínio imperial sem fronteiras.
Olhemos para os Balcãs, a Ucrânia, a periferia sul da União...
Joguetes dos joguinhos que devastam a Europa.
(Arcade Fire, "Games Without Frontiers", de Peter Gabriel)  

"DECLARAÇÃO SCHUMAN

Declaração de 9 de Maio de 1950
A paz mundial não poderá ser salvaguardada sem esforços criativos à altura dos perigos que a ameaçam.
O contributo que uma Europa viva e organizada pode dar à civilização é indispensável para a manutenção de relações pacíficas. Ao assumir-se há mais de 20 anos como defensora de uma Europa unida, a França teve sempre por objectivo essencial servir a paz. A Europa não foi construída, tivemos que enfrentar a guerra.
A Europa não se fará de uma só vez, nem numa construção de conjunto: far-se-á por meio de realizações concretas que criem primeiro uma solidariedade de facto. A união das nações europeias exige que seja eliminada a secular oposição entre a França e a Alemanha: a acção deve envolver principalmente estes dois países.
Com esse objectivo, o Governo francês propõe actuar imediatamente num plano limitado mas decisivo:
«O Governo francês propõe subordinar o conjunto da produção franco-alemã de carvão e de aço a uma Alta Autoridade comum, numa organização aberta à participação dos outros países da Europa.»
Colocar em comum as produções de carvão e de aço garantirá imediatamente o estabelecimento de bases comuns de desenvolvimento económico, primeira etapa da federação europeia, e mudará o destino de regiões durante muito tempo condenadas ao fabrico de armas de guerra, das quais foram as primeiras vítimas.
A solidariedade de produção assim alcançada revelará que qualquer guerra entre a França e a Alemanha se torna não só impensável como também materialmente impossível. A criação desta poderosa unidade de produção aberta a todos os países que nela queiram participar permitirá fornecer a todos os países que a compõem os elementos fundamentais da produção industrial em condições idênticas, e lançará os fundamentos reais da sua unificação económica.

Esta produção será oferecida a todos os países do mundo sem distinção nem exclusão, a fim de participar na melhoria do nível de vida e no desenvolvimento das obras de paz. Com meios acrescidos, a Europa poderá prosseguir a realização de uma das suas funções essenciais: o desenvolvimento do continente africano.
Assim se realizará, simples e rapidamente, a fusão de interesses indispensável à criação de uma comunidade económica e introduzirá o fermento de uma comunidade mais vasta e mais profunda entre países durante muito tempo opostos por divisões sangrentas.
Esta proposta, por intermédio da colocação em comum de produções de base e da instituição de uma nova Alta Autoridade cujas decisões vincularão a Alemanha, a França e os países aderentes, lançará as primeiras bases concretas de uma federação europeia indispensável à preservação da paz.
A fim de prosseguir a concretização dos objectivos assim definidos, o Governo francês está disposto a iniciar negociações nas seguintes bases.
A missão atribuída à Alta Autoridade comum consistirá em assegurar, a breve trecho: a modernização da produção e a melhoria da sua qualidade; o fornecimento, em condições idênticas, de carvão e de aço aos mercados alemão, francês e dos países aderentes; o desenvolvimento da exportação comum para outros países; a harmonização no progresso das condições de vida da mão-de-obra dessas indústrias.
Para atingir estes objectivos a partir das condições muito díspares em que actualmente se encontram as produções dos países aderentes, deverão ser tomadas, a título provisório, determinadas disposições, incluindo a aplicação de um plano de produção e de investimentos, a instituição de mecanismos de perequação dos preços e a criação de um fundo de reconversão destinado a facilitar a racionalização da produção. A circulação do carvão e do aço entre os países aderentes será imediatamente isenta de qualquer direito aduaneiro, não podendo ser afectada por tarifas de transporte distintas. Progressivamente, criar-se-ão condições para assegurar espontaneamente a repartição mais racional da produção ao mais elevado nível de produtividade.
Ao contrário de um cartel internacional que tende a repartir e explorar os mercados nacionais com base em práticas restritivas e na manutenção de elevados lucros, a organização projectada assegurará a fusão dos mercados e a expansão da produção.

Os princípios e compromissos essenciais acima definidos serão objecto de um tratado assinado entre os Estados. As negociações indispensáveis para precisar as medidas de aplicação serão realizadas com a assistência de um mediador designado de comum acordo; este terá a missão de velar por que os acordos respeitem os princípios e, em caso de oposição irredutível, fixará a solução a adoptar. A Alta Autoridade comum, responsável pelo funcionamento de todo o regime, será composta por personalidades independentes designadas numa base paritária pelos governos; o presidente será escolhido de comum acordo entre os governos; as suas decisões serão de execução obrigatória na Alemanha e em França e nos restantes países aderentes. As necessárias vias de recurso contra as decisões da Alta Autoridade serão asseguradas por disposições adequadas. Um representante das Nações Unidas junto da referida Alta Autoridade elaborará semestralmente um relatório público destinado à ONU, dando conta do funcionamento do novo organismo, nomeadamente no que diz respeito à salvaguarda dos seus fins pacíficos.
A instituição da Alta Autoridade em nada prejudica o regime de propriedade das empresas. No exercício da sua missão, a Alta Autoridade comum terá em conta os poderes conferidos à autoridade internacional da região do Rur e quaisquer outras obrigações impostas à Alemanha, enquanto estas subsistirem." (negritos da responsabilidade do blogue)

    

quinta-feira, 8 de maio de 2014

8 DE MAIO : COCA-COLA, CONQUISTA DE ABRIL!

 
("Coca-Cola", de Andy Warhol)
 
A 8 de Maio de 1886 bebia-se a primeira "Coca-Cola".
O primeiro copo da "água suja do imperialismo".
O produto para o qual,em 1928, Fernando Pessoa escreveu a frase publicitária "Primeiro estranha-se, depois entranha-se".
O que ajudou, pouco tempo depois, o prestável governo do Estado Novo a proibir a bebida uma vez que, de acordo com o então director de saúde de Lisboa, Ricardo Jorge, o mesmo continha cocaína ( e se não contivesse proibia-se à mesma porque, nesse caso, a palavra "coca" levava ao engano).
Prestimosa gentalha...Até o sanguinário vizinho Francisco Franco permitia a bebida...
A comercialização da beberagem só voltaria a suceder em 1977, três anos depois do 25 de Abril .
Donde, beber Coca-Cola é um dos direitos conquistados com Abril!
E, quanto mais não seja é, seguramente, um marco cultural, quer se queira quer não!


8 DE MAIO DE 1945: ALEMANHA, ANO ZERO!

8 de Maio de 1945, a Alemanha nazi rendia-se incondicionalmente aos Aliados.
Cerca de 3 meses depois, o Japão capitulava, terminando, assim, a II Guerra Mundial, o mais sangrento conflito da História da Humanidade.
Cerca de 73.000.000 de mortos.
Cidades arrasadas.
Países devastados.
Raças quase exterminadas por serem diferentes.
Sofrimentos sem conta e sem palavras para descrever.
A emergência de uma nova ordem mundial.
O domínio das super-potências: EUA e URSS.
O início do desmantelamento dos impérios, a começar em 1947 com a "Jóia da Coroa", a Índia.
A Guerra Fria e a criação dos blocos: NATO e Pacto de Varsóvia.
O começo do esboço da União Europeia.
A loucura de Hitler, e, acima de tudo, de quem o apoiou, não permitiu o Reich de 1.000 anos.
Felizmente!
A 8 de Maio de 1945 a Alemanha, praticamente, deixara de existir.
Hitler caminhou de vitórias em vitórias (imaginárias) até à hecatombe final, digna de uma ópera wagneriana.
E seria tudo tão simples...
Bastava ter perguntado a Ângela Merkel como se pode domesticar todo um continente...  
("Cavalgada das Valquírias" - trecho da ópera "A Valquíria", de Richard Wagner)
 

terça-feira, 6 de maio de 2014

O CHARLATÃO

 
Coelho anunciou, com pompa e circunstância, a saída "limpa" do programa de ajustamento.
De imediato, o Sr. Silva de Belém fez publicar na sua página no Facebook a seguinte mensagem:


"O que mais me vem à memória, no dia de hoje, são as afirmações perentórias de agentes políticos, comentadores e analistas, nacionais e estrangeiros ainda há menos de seis meses, de que Portugal não conseguiria evitar um segundo resgate. O que dizem agora?
Neste tempo pré-eleitoral é apenas isto que respondo a todos aqueles que pedem a minha reação ao anúncio de ontem de que Portugal não recorrerá a qualquer programa cautelar, ao mesmo tempo que lhes recomendo a leitura integral – e não truncada – do prefácio que escrevi para Roteiros VIII, disponível na página oficial da Presidência da República na Internet."
(negrito da responsabilidade do autor deste blogue)

Sua Excelência imiscui-se no debate político, apoiando, clara e literalmente, um dos lados do debate.
Sua Excelência, assim, transforma o órgão institucional Presidência da República num apoiante confesso da linha ideológica e programática do actual Governo e de quem o sustenta.
O que, convenha-se, não é digno de quem ostenta o cargo de Presidente da República.
Diga a verdade, porém, que não é algo de admirar quanto à habitual postura política de Sua Excelência.
Mais, quanto à sua postura ideológica.
Mas, com a sua soberba de que nunca se engana e raramente tem dúvidas, Sua Excelência tropeça nas suas palavras.
Há menos de um ano, Sua Excelência aventava a hipótese de um segundo resgate.
Há menos de dois meses, Sua Excelência defendia um programa cautelar.
Pegando nas suas próprias palavras, o que dirá agora Sua Excelência?
Desenganem-se com quem nunca nos enganou.
Sua Excelência, pela sua clara falta de cultura, pela sua mesquinhez e raiva incontida, pelo complexo de inferioridade, é o verdadeiro rosto da troika.
Sua Excelência há quase trinta anos é o rosto da mediocridade e do despesismo neste país.
Sua Excelência que gastou milhões não reprodutivos ou produtivos, em obras de fachada, para português ver e abrir a boca.
Sua Excelência que não arriscou na inovação, na investigação, no futuro.
Sua Excelência que tudo fez para que o actual Governo se alçasse ao poder e pudesse aplicar, enfim, a sua agenda ideológica.
Sua, do Sr. Silva de Belém.
Que despreza as leis do seu país.
Que consente que outros se imiscuam na actividade de um órgão de soberania como o Tribunal Constitucional, como ainda agora sucedeu com a Comissão Europeia.
Em clara violação do Tratado constitutivo da União Europeia. 
Sua Excelência que apenas admite uma teoria, uma prática, um comportamento, uma unanimidade, uma união nacional.
Sua Excelência sempre pretendeu um país manso, abúlico, pobrezinho mas honesto, rural, provinciano.
Que cale e consinta.
E se vergue.
Como ele, que inveja quem pretenda, e prove, ser mais evoluído e libertar-se de estereótipos.
E pensar diferente.
Durão Barroso, Coelho, Portas, não passam de títeres nas mãos escondidas de Cavaco.
Mãos atrás dos arbustos de Belém.
Mas talvez este calculismo frio e desapiedado lhe saia furado.
E que a criatura venha a matar o criador.
A vingança, às vezes serve-se fria.
É melhor ir aprendendo, Sr. Frankenstein de Belém.
Por muito que deteste o ensino.
Apesar de lhe ir escasseando o tempo...
("O Charlatão - Sérgio Godinho)

segunda-feira, 5 de maio de 2014

JORGE JESUS A 1º. MINISTRO, JÁ!!

 
Se alguém teve pachorra para ouvir a lengalenga de Passos Coelho, ontem, entalado entre um Portas desconfiado, a olhar de lado, e uma Maria Luís esfíngica, e diante de um inquisitorial microfone, deve ter chegado à conclusão de que o homem articulou muitas palavras mas não disse nada.
A saída "limpa" já estava traçada desde que a Irlanda também foi chutada.
Tanto palavreado para tão pouco, era perfeitamente dispensável.
Para isso, mais valia ir buscar o Jorge Jesus, que foi muito mais claro e directo:
"Foi limpinho, limpinho!".
Topas ò Coelho?

sábado, 3 de maio de 2014

E NÃO HÁ MARTELO QUE OS PARTA?

Martelam-nos a cabeça e a inteligência, todos os dias.
Dizem uma coisa ontem, fazem outra hoje.
E outra muito pior ainda, amanhã.
E mentem, mentem, mentem.
E têm a seu lado um coro de fiéis eunucos e sabujos.
E esvoaçam sobre o país como vampiros sedentos e insaciáveis.
E troçam de nós, querem fazer-nos passar por parvos.
Querem instilar-nos a culpa, o garrote, a penitência.
Vamos para o desemprego, choramos o desespero, e dizem que somos piegas.
Queremos ter o direito à vida, ao horizonte, à felicidade,
E também, porque não, à saúde, à educação, à cultura,
E ao direito à qualidade.
E soltam-nos o látego nas costas,
Dizendo que vivemos acima das nossas possibilidades.
Tal como os seus capatazes de fora lhes ensinaram.
E os armaram.
E por isso tiram-nos tudo,
O futuro, a esperança, o país, a terra e o mar.
E a vergonha é a palavra que desconhecem,
Como palavra é algo que não faz parte do seu linguajar.
Cavaco, o Sr, Silva, o chefe inculto, complexado, mesquinho, vingativo,
Coelho, o aprendiz de feiticeiro, impreparado, imberbe, pesporrento,
Portas, o dissimulado, o hipócrita, o mentiroso compulsivo,
E mais os que aqui não se citam mas que os seguem carneiramente.
Cravam-nos os pregos nas mãos e nos pés, rasgam-nos a carne.
E os ossos, e a alma.
Quando lhes arrebataremos o martelo punitivo?

(com a ajuda inestimável de Pete Seeger, que hoje festejaria 95 anos) 

 
("If I had a Hammer" - "The Hammer Song" - Pete Seeger)

"If I Had a hammer" - Letra (Pete Seeger e Lee Hays)
If I had a hammer,
I'd hammer in the morning
I'd hammer in the evening,
All over this land.
I'd hammer out danger,
I'd hammer out a warning,
I'd hammer out love between my brothers and my sisters,
All over this land.
If I had a bell,
I'd ring it in the morning,
I'd ring it in the evening,
All over this land.
I'd ring out danger,
I'd ring out a warning
I'd ring out love between my brothers and my sisters,
All over this land.
If I had a song,
I'd sing it in the morning,
I'd sing it in the evening,
All over this land.
I'd sing out danger,
I'd sing out a warning
I'd sing out love between my brothers and my sisters,
All over this land.
Well I got a hammer,
And I got a bell,
And I got a song to sing, all over this land.
It's the hammer of Justice,
It's the bell of Freedom,
It's the song about Love between my brothers and my sisters,
All over this land.
It's the hammer of Justice,
It's the bell of Freedom,
It's the song about Love between my brothers and my sisters,
All over this land.
  

quinta-feira, 1 de maio de 2014

DIA INTERNACIONAL DO JAZZ

 
Ontem, dia 30 de Abril, celebrou-se o Dia Internacional do jazz.
Evocar essa Grande Música, com um abraço ao José Duarte.
E outro ao Luís Villas-Boas, lá onde estiver, a ouvir Coltrane, Getz, Armstrong ou Miles.

(De "Kind of Blue" -Miles Davis com John Coltrane - um forte perfume a Nova Iorque....Taxi Driver?)

 

1º.MAIO


Hoje é 1º. de Maio.
Dia do Trabalhador, não do trabalho.
Dia daquele que, trabalhando, produz riqueza.
Riqueza que, actualmente, é cada vez mais apropriada pelo capital em detrimento do trabalho.
Trabalhador que, ainda ontem, foi "recompensado" com aumento de impostos e taxas.
Que vão diminuir o salário, o rendimento pessoal e familiar.
Que transfere maior percentagem de mais-valias para o capital.
E assim se tratam os trabalhadores.
Enquanto o Sr. Silva de Belém coloca pendericalhos nos amigos atentos, venerandos, obrigados.
Enquanto Passos, Portas, Troika & Cia. mentem a toda a hora e passam todas as linhas vermelhas,
E os inseguros Seguros balbuciam, e a oposição tem um rosto com 89 anos.
E no meio da desesperança, inundamos praças por cauda do pontapé na bola!
E quando encheremos de pontapés os que nos maltratam? 

("Eu sou português aqui!" - poema de José Fanha dito pelo próprio)

("Eh companheiro!" - Música, poema e voz de José Mário Branco)

AYRTON SENNA : 20 ANOS ALÉM.

(Estátua de Ayrton Senna no Circuito de Imola, onde faleceu a 1 de Maio de 1994)

Passaram 20 anos, e as imagens continuam presentes.
Passaram 20 anos sobre a morte de um dos maiores pilotos de Fórmula 1 de todos os tempos.
Passaram 20 anos sobre o desaparecimento de quem marcou, e mudou, o desporto automóvel.
Único, arrebatado, quase possesso, perfeccionista, místico, quase iluminado, genial.
E, olhando para a sensaborona Fórmula 1 dos nossos dias, apetece escrever uma palavra que nunca se poderia usar:
Insubstituível!