sábado, 31 de agosto de 2013

O PIROPO É INCONSTIUCIONAL!

O país está a arder!
O Tribunal Constitucional chumba as propostas que Passos Coelho apresentou, sabendo, deliberadamente, que eram inconstitucionais!
Passos faz birra e ameaça aumentar os impostos e pedir 2º. resgate, sem cuidar de respeitar a Lei Fundamental ou, sequer, ter a coragem de pedir a sua revisão!
Os EUA ameaçam bombardear a Síria com base em "provas irrefutáveis" (lembram-se da "armas de destruição maciça" no Iraque?).
O Sporting e o Benfica jogam hoje!
E perante tudo isto, o que faz o Berloque de Esquerda bicéfalo? Um debate no glorioso Lyceu Camões (coitado), também hoje, sobre um assunto urgente e importante para o futuro do país: O Piropo como forma de assédio sexual!, sob o lema "Engole o teu Piropo".
De facto, o país fica suspenso à espera das conclusões da magna mesa redonda. Talvez um pedido de fiscalização sucessiva a apresentar ao Tribunal Constitucional.
E a fiscalização politicamente correcta do que se ensina nas escolas às criancinhas, principalmente certa literatura e certos poemas.
Assim,
"Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura
Vai fermosa, e não segura". (Camões, Lianor pela Verdura)
Isto é assédio! Se vai "descalça" é porque os pés estão nus, logo o lúbrico macho imagina a restante nudez, e a verdura convida. E "fermosa", tem alguma coisa que avaliar a beleza? E "não segura", será que a fêmea tem de precisar dos biceps do machão? Onde já se viu.
Vê-se logo que estes versos só poderiam sair da mente conspurcada de um zaragateiro, bêbedo e zarolho!  Corta-se, já que é mau exemplo!
E este agora,
"Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
No doce balanço, a caminho do mar" (Vinicius de Moraes - Garota de Ipanema)
Pura misoginia! "coisa", a menina é "coisa"? Isto é assunto de polícia!
"linda", "graça", está-se a apreciar um objecto, uma coisa? Absolutamente condenável.
E "vem" e "passa", e "balanço"... Esta colagem de palavras é a sugestão mais pornográfica que imaginar se possa. Prisão, no mínimo.
E "caminho do mar", não será um apelo a caminho, e mar a onda, espuma, é assédio total!
Não é para admirar, vindo de um viciado em whisky, farras e castelos de mininas. Que seja banido!

Agora, mais a sério. Perante os problemas graves do país, não se duvide que a violência doméstica, a violência sobre mulheres, a pedofilia, o assédio sexual (para ambos os sexos), TAMBÉM são assuntos sérios e graves, não só para debater mas, e acima de tudo, para consciencializar, prevenir, reprimir, condenar e recuperar física e psicologicamente as vítimas e as suas famílias.
Com psicólogos, médicos, enfermeiros, polícias, juízes, pedagogos, hospitais, enfermarias, clínicas, tribunais.
Com orçamentos dignos e suficientes, já que nenhuma austeridade justifica a destruição física e anímica de muitas vidas que, decerto, esperavam outra realidade e outro futuro.
Porque muito do que sucede também tem raízes, e fortes, na crise, no desemprego, no desespero, no assassínio da esperança.
É este o debate urgente, julga-se.
O respeito, o fim do "piropo", ganha-se com uma sociedade melhor, justa e saudável, especialmente no ânimo!
O resto, é folclore!


    

 

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

SEXO, MENTIRAS E VÍDEOS

 
1. O Tribunal Constitucional, após o exame de fiscalização preventiva pedido pelo Presidente da República,  acabou de "chumbar" alguns dos artigos dos diplomas legais aprovados na Assembleia da República e a que se convencionou denominar por "mobilidade especial" e "requalificação".
O Tribunal limitou-se a constatar a inadequação de tais artigos à letra da Constituição, não tendo, de forma alguma, garantido empregos para a vida ou aberto um qualquer buraco orçamental, ou, sequer, "chumbado" a globalidade dos diplomas, como o querem fazer crer certos meios de comunicação social ou "opinion makers"a soldo do des-governo. Os porta-vozes deste também se apressaram a manifestar a sua "preocupação".
Ora o certo é que este governo foi eleito, e tomou posse, com ESTA Constituição em vigor.
Sabia perfeitamente quais as condições em que poderia exercer a sua acção, e os limites impostos pela Lei Fundamental. Se não estivesse de acordo com tais preceitos, estava muito a tempo de abrir um processo de revisão constitucional, que, para ser eficaz, teria de ser sufragado por 2/3 dos deputados da Assembleia da República.
Não o fez. Logo, responsabilizou-se por governar com a Constituição em vigor, e de acordo com esta.
E é nas horas de crise que se deve revelar o melhor de todos nós, e não o mais baixo e reles. Incluindo na elaboração das leis!
Quando os presidentes mudam nos EUA, não vão apressadamente mudar a Constituição escrita mais antiga do mundo (aprovada em 1787).
Tal como os ingleses, quando muda o primeiro-ministro, não atiram para o lixo os seus preceitos constitucionais, não escritos, mas cujas bases remontam ao século XIII com a Magna Charta Libertatum (1215) do reinado de João Sem Terra.
Assim, não venham as carpideiras oficiais invocar a malvadez do Tribunal. As leis têm de se adaptar à Lei Fundamental em vigor, e não o contrário.
Aliás, até dá para desconfiar que as leis são deliberadamente elaboradas para serem chumbadas e, assim, este des-governo ter pretextos (falsos) para endurecer a austeridade e transformar este país num paraíso desregulado melhor que a Índia ou o Norte de África.
Aos menos as e os trabalhadores do sexo são mais sinceros quando dizem ao que vêm, e não se disfarçam de virgens atraiçoadas!

2.  Os números referentes à descida efectiva do valor dos salários reais dos trabalhadores portugueses terão sido incorrectamente comunicados pelo des-governo ao FMI. Este passa a bola, dizendo que foi o des-governo que os enviou. E este volta a passar, alegando que forneceu os dados pedidos pelo Fundo. O certo é que, de acordo com os dados fornecidos, a agremiação da Sra. Lagarde pensa que só 7% dos trabalhadores do sector privado viram a sua remuneração diminuída, quando, DE FACTO, tal número atinge 27%, sem sequer adicionar os 45% que viram os ordenados estagnados.
Custa a crer que tenha sido uma falha de comunicação, Mais parece um lapso premeditadamente provocado, visando assegurar que o FMI exija uma nova descida de salários, incluindo o salário mínimo (!) e as pensões dos reformados do Estado,  e mais uma brutal quebra do poder de compra, ao arrepio do que seria um estímulo à economia (vd. o impacte na economia real da reposição dos subsídios de férias e de Natal). Mas disso o des-governo não quer saber. Uma pequena mentirinha pode ser o alibi para o desejado empobrecimento do país o que, dizem eles, conduzirá a menor desemprego e maior investimento estrangeiro. Esta sim,  é uma grande mentira. Ninguém lê os Prémio Nobel de economia?

3.
 
Mais uma bombeira morta, e à 5ª. morte, Cagarro Silva e Passos Coelho descobriram que havia bombeiros em Portugal, que havia fogos em grande escala denodadamente  combatidos por mulheres e homens de grande carácter e abnegação que, dia a dia, noite a noite, lutam contra a falta de planeamento, a falta de vontade em ordenar racionalmente o território. Porque é capaz de ser caro...
Pois é... E quanto custa uma vida humana? 
E, numa altura de crise aguda, numa altura em que o país está exangue e desmoralizado, nesta altura em que seria necessário, mais do que nunca, que os protagonistas do Poder mobilizassem vontades e enaltecessem os sacrifícios sofridos...um brutal silêncio e a completa ausência de manifestações públicas de apoio.
E se esta gente em vez de ler o Tio Patinhas ou o Salazar, começasse a ler, por exemplo, Churchill, e as intervenções durante a II Guerra Mundial?
E o que vale para o governo e presidente, mas mais para estes pelos cargos de responsabilidade (?) que ocupam, e que descobriram os incêndios e as cruéis mortes mais de uma semana depois, aplica-se a todos os restantes actores políticos que omitam a gravidade do nosso grande problema florestal, infelizmente bem à vista. Gonçalo Ribeiro Telles, será que ouviram falar nele, ou pensam que é um fadista ou cantor pimba?
Salvam-se o eucalipto (petróleo verde, não é Sr. Silva?) e os interesses poderosos das grandes empresas da celulose.
E salvam-se, para gáudio dos néscios, as "reportagens" imbecis, quase criminosas de tão mau gosto, com que o prime time inunda écrans e torna os esforçados bombeiros e populações quase em "actores" de reality shows, quando a realidade é outra.
Se não sabem fazer mais nada, divirtam-se com vídeos caseiros.   

  


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

I HAVE A DREAM

 
Passam hoje 50 anos sobre o dia em que Martin Luther King proferiu, em Washington, um dos mais importantes discursos do nosso tempo, de todos os tempos.
Mais do que uma intervenção política, tratou-se de um verdadeiro hino ao Humanismo, e um contributo civilizacional de elevada qualidade, produzido por um lider nato, destemido, que travou longas batalhas, e morreu em combate (assassinado em Memphis, 1968) pelo direito à dignidade da minoria negra norte-americana, e não só.
50 anos depois, a situação estará melhor?
A discriminação racial nos EUA não acabou, apesar dos progressos conseguidos. O mesmo se passa noutros pontos desta nossa pequena Terra.
Mas teremos só de nos preocupar com os EUA? Metamos a mão na consciência, e olhemos para o que nos rodeia, mesmo ao pé de casa.
E não falamos só de discriminação racial, mas de todos os tipos de discriminação.
Assim, continuemos o sonho de Luther King, para que, sendo livres todos os que se batem pelo direito à dignidade da sua raça, da sua ideologia, do seu sexo, da sua cultura, deixando espaço para todas as outras, nos libertemos todos, por fim! 


Nota: Para os interessados reproduz-se, de seguida, o texto integral do discurso de Luther King, que se recomenda vivamente:

terça-feira, 27 de agosto de 2013

NA MORTE (NÃO) SOMOS TODOS IGUAIS

António Borges faleceu com apenas aos 63 anos. Uma morte é sempre lamentável, e especialmente nas condições desta. Curvemo-nos perante o drama humano.
Sua Excelência o Presidente da República, Cagarro, perdão, Cavaco Silva, e Sua Excelência o Primeiro Ministro, Passos Coelho, a NÍVEL OFICIAL, apressaram-se a lamentar o falecimento, a apresentar condolências, e a enaltecer as virtudes do falecido.
Desconhecem-se os grandes serviços que, supostamente, António Borges terá prestado ao país.
Reconhece-se que terá sido um técnico de competência, ocupando lugares de destaque no FMI e no banco Goldman Sachs, por acaso duas instituições altamente responsáveis pela crise que nós e a Europa (e não só...) estamos a viver.
Mas... e os outros?
E as mortes de quatro bombeiros que deram o seu melhor por um país mais limpo, mais respirável, combatendo não só as chamas mas também a ausência de limpeza, a falta de abertura de trilhos, a ausência de sistemas de prevenção, o des-ordenamento do território?
A sua morte terá evitado, possivelmente, a de outros, e mais prejuízos num interior desertificado, que só é notícia de telejornais e de reportagens quase pornográficas pelo seu mau gosto, quando sucedem incêndios, ou se organizam folclóricas festanças com... lançamento de foguetório que pode originar...incêndios!  
E quando estes anónimos, que prestaram grandes serviços ao país, morreram, onde estavam Suas Excelências, e as suas condolências OFICIAIS? Onde estavam as suas palavras EM PÚBLICO?
Na morte somos todos iguais? Mentira!
Razão tinha George Orwell em "Animal Farm" ("O Triunfo dos Porcos") quando escreveu: "Todos os animais são iguais. Mas uns são mais iguais do que os outros!".


domingo, 25 de agosto de 2013

CHIADO: 25 ANOS DEPOIS!

"A uma esquina, vadios em farrapos fumando, e na esquina defronte, na Havanesa, fumavam também outros vadios, politicando" (Eça de Queirós, "Os Maias")
"Chiado, um cenário, um ritual de charuto a fumegar, à porta da Havaneza, Ramalho Ortigão assistiu à passagem por aqui du tout Lisbonne do seu tempo" (José Cardoso Pires, "Lisboa, Livro de Bordo").
"O Chiado sabe-me a açorda.
Corro ao fluir do Tejo lá em baixo.
Mas nem ali há universo.
E o tédio persiste como uma mão regando no escuro." (Álvaro de Campos, "Livro de Versos")
 

"O Chiado - resistirá. Enquanto existirem a Havaneza, a Brasileira e a Bertrand, temo-lo vivo." (Norberto de Araújo)
"Para ver o Mundo, só há dois píncaros: O Himalaia e o Chiado" (Guerra Junqueiro)

Ele é Camões, a descer do pedestal, esbaforido, Loreto acima, contornando a Rua das Chagas, espreitando, na Igreja do mesmo nome, Natércia dos seus amores, do seu fogo que arde sem se ver.
Ele é Bocage, desengonçado, despenteado, lavado de génio, descendo do Bairro Alto ao Loreto, passando o Chiado, para ir beber o café ao botequim do Nicola.
Ele é Herculano, descarregando dos burros vindos de Vale de Lobos, o fino azeite na loja da Casa Jerónimo Martins & Filho.
Ela é Amélia, ruborizada depois do encontro com Basílio, comendo desprendida e lentamente, um petit gâteau numa mesa da Ferrari.
Ele é Eça, descendo de braço dado, com Carlos da Maia e Maria Eduarda, do Camões ao Chiado, para irem almoçar ao Grémio Literário.
Ele é Bulhão Pato, tentando explicar ao chef da Jensen ou do Hotel Bragança as virtudes e os sabores das ameijoas que em seu nome baptizou.
Elas são as costureirinhas, rosto no chão, apressadas, tiquetaqueando Rua do Carmo acima, a comprar linhas e panos nos Grandes Armazéns do Chiado.
E outra vez Eça, com Antero de Quental, Ramalho Ortigão, Rafael Bordalo, vencidos da vida, grupo jantante no Tavares, preparando conspirativas Conferências do Casino, no Casino Lisbonense, no então Largo da Abegoaria.
Elas e eles, mãos e corações dados, calcorreando o Camões, a Marechal Saldanha, os olhos cheios de Tejo e amor, a ver barcos em Santa Catarina.
Elas são as criadas de dentro, roliças, alvas nos seus aventais, subindo a Rua do Carmo e a Rua Garrett, buscando as vitualhas no Jerónimo Martins ou na Casa José Alexandre.
Ele é Fernando Pessoa (ou Álvaro de Campos, ou Alberto Caeiro, ou Ricardo Reis, ou, ou?), saindo da Bertrand, Ruas Garrett e Nova do Almada abaixo, direito ao Martinho da Arcada e ao jantar, e à poesia, ou ao esoterismo, ou às traduções, ou à correspondência, ou ao tudo que dele fez único.

Ele é Stuart, no Largo de São Carlos, debaixo da janela onde nasceu Pessoa, desenhando com risco certo e mordaz, as faces, os vestidos, as casacas, os disfarces dos elegantes que vão à Ópera a São Carlos para exibirem as peles, as jóias e os charutos comprados mais acima na Havaneza.
Eles são outra vez Stuart, ou Bernardo Marques, desenhando as coxas das varinas, tamancando rua acima, rua abaixo, equilibrando canastras e vidas, ancas gingando nas palavras da poesia de Cesário Verde. 
Ele é Aquilino Ribeiro, saindo da fumegante bica na Brasileira, para se enfiar nas folhas escritas, montes delas, centenárias, na Sá da Costa, conversando talvez com Abel Manta ou Ferreira de Castro, ou frequentando a tertúlia do médico Pulido Valente.
Ele é Fernando Lopes Graça, saindo da Academia dos Amadores de Música ali na Trindade, folheando cadernos na Barateira do alfarrabista Rui, lendo partituras na Valentim de Carvalho, avaliando batutas e medindo metrónomos na Custódio Cardoso Pereira.
Ele é Ribeirinho e ela é Leonor Maia (Tatão), descendo o Chiado, ele para o Grandella, onde mestre Vasco (Vasco Santana) o espera impaciente, ela para a Perfumaria da Moda, onde o cínico namorado (Arthur Duarte), impaciente, promete bengalada no rival.
Ele é Artur Portela (Filho), galgando ofegantemente o Carmo e a Trindade, para entregar no "República" as provas da prosa queirosiana de "A Funda", zurzindo ironicamente nos Condes de Abranhos, Dâmasos Salcedos, Z.Zagalos do nosso tempo.
Elas e eles são as mulheres e os homens dos jornais, do "Diário de Notícias", do "Diário Popular", de "O Mundo", do "Correio da Manhã", do "Record", de "O Século", de "A Capital", do "Diário de Lisboa", de "A Bola", da "República!, décadas no Bairro Alto, redacções, máquinas de escrever, Baptistas Bastos de pasquim no sovaco, cheiros a tinta, a papel, a suor, a paixão, Carlos Pinhões e as piadas que atingem fundo, a primeira edição, sorvendo apressadamente nas tascas, restaurantes, na Cervejaria Trindade, desaguando pregões das "Últimas!", do "Fala o Rocha!", Chiado abaixo, até à cidade.
E elas e eles entrando, furando, acotovelando, acariciando, apaladando, escutando, sorvendo, na loja, em todas as lojas, o Martins & Costa, a Casa Batalha, o Eduardo Martins, a Discoteca Universal, o Grandella, o Chiado, a Casa José Alexandre, o Ramiro Leão e o seu elevador Arte Nova.
Ele é o Eduardo Gageiro, guardando as nossas memórias calcorreando ruas e travessas, becos, igrejas, lojas, miradouros, largos, misturando-se com soldados, cravos, trabalhadores, estudantes, desfiles, polícias, manifestações, abraçando o Chiado na película das fotografias, sempre eternas, sempre contando vidas.
Eles são os UHF e "Olha como é/ A Rua do Carmo...", e ele é Vitorino, cantando a Leitaria Garrett, "No Chiado, à tardinha, às vezes...".
Ele é José Saramago, olhando a estátua de Camões, e imaginando, escrevendo na memória, a janela do prédio por detrás, no último andar, encostada à direita, onde irá montar o consultório de Ricardo Reis.
E ele é Salgueiro Maia, Rua Nova do Almada, Rua Garrett, Calçada do Sacramento, blindados acima, novos cavaleiros da gesta, não dirigindo-se ao Paço que matom o Mestre mas, revivendo nas páginas de Fernão Lopes, direito ao Carmo prender Marcelo Caetano, que é 25 de Abril.      
Ele é o Chiado, coração pulsante de Lisboa, a menina e moça, renascendo das cinzas.





sábado, 24 de agosto de 2013

BOMBEIRA, APENAS!

 
Não esqueçam este rosto.
Não aparece na "Caras".
Não se pavoneia na "Lux".
Não se autoelogia na "Gente".
Não entra em reality-shows de gosto duvidoso.
Não apresenta programas acéfalos para audiências embrutecidas.
Não debita atrocidades no horário nobre dos telejornais.
Era uma simples bombeira.
Lutava contra um incêndio, como tantos bombeiros anónimos, tentando fazer deste triste país um lugar mais limpo, mais respirável.
Morreu nessa luta.
Chamava-se Ana Rita Pereira, tinha 24 anos.
A morte é sempre estúpida!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

ÁLVARO CUNHAL

Foi ontem oficialmente lançada, no auditório do saudoso e inesquecível "Lyceu" Camões, a Fotobiografia de Álvaro Cunhal, noâmbito das comemorações do centenário do seu nascimento.
Independentemente do que se possa pensar, debater, concordar, ou discordar da sua intervenção política, e do seu pensamento enquanto secretário-geral do PCP, não restam quaisquer dúvidas sobre a imensa presença deste vulto no século XX português. E, acima de tudo, pela sua inegável contribuição humana e enorme intervenção cultural.
Álvaro Cunhal é uma figura incontornável do nosso tempo, que deve, e merece, ser lido, debatido, discutido.
Tal como ele gostaria!
 
 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

HÁ MAR E MAR, HÁ IR E VOLTAR

O título deste post é uma das frases publicitárias mais conhecidas deste país, encomenda do Instituto de Socorros a Náufragos, e cujo autor é um dos poetas maiores deste país, e que nos deixou a 21/08/1986 (nasceu em Lisboa a 19/12/1924): Alexandre O'Neill.
Inicialmente ligado à estética do surrealismo, foi um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com, entre outros, Mário Cesariny, José Augusto França, António Pedro e Vespeira, e cujas reuniões tinham lugar na conhecida Pastelaria Mexicana, na Praça de Londres.
O'Neill foi-se afastando gradualmente do surrealismo, sem nunca o abandonar, cultivando temas relacionados com o amor, a solidão, o passar do tempo, o sonho, a morte e, sempre, a sátira a Portugal e aos portugueses, um sabor a Tolentino, a Junqueiro.
O poema "Um Adeus Português" é uma bela amostra do seu talento

"Um adeus português
Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz de ombros puros e a sombra
de uma angústia já purificada
Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor
Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver
Não podias ficar nesta cama comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual
Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal
Não tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser
Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal
  *
Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti."
 
Com a publicação, em 1958, de "No Reino da Dinamarca", é consagrado como um dos poetas mais talentosos
da nova geração e, também, como sucedia a escritores e outros intelectuais, vigiado e, até, por vezes, preso pela 
PIDE, já que nunca bajulou qualquer poder, antes ou depois do 25 de Abril, não lhe dando qualquer troco.
O seu talento não ficaria por aqui. Vivendo apenas da escrita, coisa rara neste país, desdobrou-se como poeta, 
cronista (por exemplo, no "Diário de Lisboa", "A Capital" e "Jornal de Letras", crítico de cinema, autor de guiões 
para filmes e programas de televisão, letrista de canções, tradutor, publicitário.
Quanto a esta faceta, recorda-se que, aquando da inauguração do Metro de Lisboa, sugeriu a seguinte frase para tal 
acontecimento: "Vá de Metro, Satanás!". Foi uma brincadeira, a proposta foi, claro, recusada, mas ia-lhe custando 
o emprego. 
Em vida, publicou 11 livros de poesia, 5 antologias e 2 livros de prosa. Postumamente, foram publicadas mais 2
antologias de poesia.
Releve-se, também, a publicação de 5 traduções, 6 antologias de outros autores e 2 discos de poemas ditos pelo 
próprio. 
Para além de se recomendar visita às páginas que escreveu, ouça-se o seu poema "Gaivota", escrito, com música 
de Alain Oulman, para a voz de Amália.
 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

SILLY SEASON

Pois, nisto a que se chama silly season, o que está a apetecer é surfar, curtir a praia, as melgas, a areia entranhada nos calções, o calorão, os pés a assarem em lume brando, o nivea peganhento, os pastéis de bacalhau, os rissóis, o garrafão, o futebol regressado, salvé, e os quiroquetes e bolas de Berlim. Fiquemos pelo surf, para já.
Claro, também há aquelas chatices no Egipto, com toda a gente a correr atrás do Pilatos para lavar as mãos, atropelando-se cegamente, e a assistir, de bancada, à ruína de 40 séculos de História.
Ah, também temos o crescimento de 1,1%, virtude do des-governo, dizem os entendidos, alguns mesmo eufóricos, como José Gomes Ferreira (o da SIC, claro!), e Camelo, perdão, Camilo Lourenço.
Por acaso, mas só por acaso, o eixo europeu, França e Alemanha, cresceu 1% (França 0,3% + Alemanha 0,7%). Coincidências.
Também só por acaso, ao contrário de 2012, este ano os subsídios de férias e natal foram ou vão ser pagos. Coincidência, claro!
E com todos a precipitarem-se enxurradamente para as praias, as receitas das ex-SCUT descem, as estradas ditas "alternativas" onde não se paga portagem empanturram-se de carros e, depois, no IC1 acontecem 7 mortes. Coincidências....
E temos o desemprego a descer, sazonalmente (coincidência?), com o sub-emprego "remunerado" a 310 euros/mês a crescer exponencialmente. E os "ex-spertos" a dizerem que Portugal pode ser o paraíso dos call-centers, melhor que a Índia ou o Norte de África.
Era excitante, para não sermos piegas e vermos no desemprego uma janela de oportunidades...
Era ver Passos Coelho, a atender na Manta Rota : "Bom dia, em que é que posso ajudá-lo?", Cavaco Silva em Boliqueime, com o seu inglês de York: "Good morning, how can I cagarrar, sorry, help you?", Paulo Portas e o seu charme ainda de negócio$ estrangeiros : "Bonjour! Comment puis-je vous aider?".
Seria lindo, comovente de ver, e pagar-lhes 310 euros por mês, para todas as despesas.
Ah, e faltava o imaturo ministro Maduro, com os seus tiques mandões: "Arbeit macht frei!".
O que vale, para quem são sabe, é que hoje são aniversariantes Robert Plant, ex-vocalista, e letrista, dos Led Zeppelin, e Ginger Baker, ex-baterista dos Cream (de Eris Clapton).
Que não são nada sillys. Celebremos, enquanto se pode...


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

THE KING IS DEAD (?)! GOD SAVE THE KING!


Há 36 anos, neste dia 16 de Agosto, morria o "Rei" Elvis Presley.
Morria, diz-se, porque uns tantos milhões, designadamente nos EUA, ainda acreditam que o homem está vivo e que terá apenas ido dar uma volta ao bilhar grande na companhia de uns homenzinhos verdes.
É tudo uma questão de amor...
 
Do que não se pode ter qualquer dúvida é que, com Elvis, desapareceu uma das figuras cimeiras da música popular de todos os tempos, um inovador, um revolucionário (mesmo com algumas opiniões polémicas...), um dos responsáveis pela ascensão do rock a um dos grandes géneros musicais do nosso tempo.
John Lennon tinha razão em dizer que uma das grandes influências no percurso dos The Beatles foi a música de Elvis e a sua atitude em palco,
Escute-se e reescute-se Elvis, certos de que estamos perante um dos maiores artistas que já tivemos o prazer de ver e ouvir.

 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

"PRIMAVERA" ÁRABE

 
"Soldados! Do alto destas pirâmides, 40 séculos de história nos contemplam!"
Diz a lenda que, com esta frase, Napoleão Bonaparte terá moralizado os seus soldados para a vitória, a 21 de Julho de 1798, no confronto conhecido por "Batalha das Pirâmides", travado a 15 quilómetros destas.
No fundo, o que o então general pretendia, era inculcar nos seus homens a grande responsabilidade que teriam de assumir, face às surdas testemunhas de um passado glorioso, de enorme progresso da civilização durante milhares de anos, desde o Antigo Império até à ocupação romana em 30 a.c..
E onde está hoje essa civilização?
Neste dia, na Praça Tahir, e outros locais do Cairo, o exército e a polícia disparam contra manifestantes, tendo provocado, até agora, segundo vários relatos (vd. CNN), dezenas de mortos e centenas de feridos.
O antigo presidente do Egipto, Hosni Mubarak, renunciara ao poder a 11/02/2011, após uma revolta popular iniciada em 25/01 do mesmo ano, e com o Exército a proclamar que nunca reprimiria os manifestantes. Então...
Mubarak ocupara o poder desde a morte do anterior presidente, Anwar Sadat, em 1981. Desde essa data, ou seja, durante 30 anos, governara com mão de ferro, ditatorial, apoiando-se numa Lei de Emergência que impedia eleições, impôs a censura à imprensa e outros meios de comunicação, proibia a livre expressão do povo, desde os moderados de Mohammed el-Baradei (Prémio Nobel da Paz em 2005 e antigo director da Agência Internacional de Energia Atómica) até aos sunitas da Irmandade Muçulmana.
Em seu redor, Mubarak estendeu uma longa teia de interesses económicos e corrupção, enquanto os egípcios se debatiam com problemas de explosão demográfica nos grandes centros urbanos, deficiências nas redes de saneamento básico, ausência de habitações condignas, de centros de ensino, de hospitais em número e qualidade suficientes, confrontando-se com uma economia incipiente, cuja principal fonte era o turismo.
Esta realidade, reprimida, teria de saltar para a rua e revoltar-se.
Tal não impediu que Mubarak e família acumulassem uma fortuna de 70 biliões de dólares, a maior de um ditador, segundo a insuspeita Forbes, e fosse acarinhado pelos Estados Unidos e grande parte do mundo ocidental, dadas as suas boas relações com Israel e a repressão sobre os movimentos islâmicos radicais. Fomentam-se alianças com ditadores e esquecem-se os povos. è dar azo a todo o tipo de ódios e fanatismos.
No entanto, assistiram à sua queda, tal como à de Ben Ali na Tunísia e Gaddafi na Líbia (já era um amigo...), fazendo votos para que a democracia triunfasse na África do Norte, desde que, claro, não colidisse com os interesses estratégicos daa auto-proclamadas potências. A estes movimentos chamaram-lhe "Primavera Árabe".
Um dos movimentos mais importantes, no meio de várias formações políticas que, no Egipto, saltaram para a ribalta, é a Irmandade Muçulmana, movimento islâmico sunita, fundado em 1928, com o lema "Deus é o único objectivo, Maomé o único líder e o Corão a única Lei e a jihad o único caminho". Refira-se que jihad significa "empenho", "esforço" e "luta", entendida como vontade pessoal de buscar a fé que se considera perfeita. A Irmandade fora proibida, quer pelo último faraó, Farouk, como pelos presidentes Neguib, Nasser, Sadat e Mubarak.
Não se preconiza qualquer guerra santa ou extermínio dos "infiéis" ou "santas" cruzadas. Diferenças culturais? Claro, sempre as há e sempre as houve. Aliás, após a queda de Mubarak, a Irmandade adoptou um discurso moderado, conciliatório, tanto interna como externamente, numa altura delicada para o país.
Curiosamente, no seu livro "A Ascensão do Quarto Reich: as Sociedades Secretas que Ameaçam Tomar a América", Jim Marrs argumenta que a Irmandade, movida, segundo diz, também pela sua crítica ao judaísmo e a aspectos da civilização dita ocidental e burguesa, e, também, à sociedade dita comunista, ter-se-ia aliado aos nazis, com batalhões próprios, e, no pós-guerra, aos ingleses na sua luta contra a guerrilha sionista na sua tentativa de criação do estado de Israel, que se veio a concretizar.
Um livro que bem se pode juntar a outros documentos, que constituem a chamada "teoria da conspiração". 
A partir da Irmandade, seria fundado o Partido da Justiça e Liberdade que concorreu às primeiras eleições legislativas, tendo ganho com 47% dos sufrágios, seguido do radical Al Nur com 24%.
Õ candidato do Partido, Mohammed Morsi, viria a ser eleito Presidente da República, na 2ª. volta das eleições, com 51,73% dos votos expressos, tomando posse a 30 de Junho de 2012.
A nova Constituição egípcia seria referendada e aprovada, em 15 e 22 de Dezembro de 2012, por 63,8% dos eleitores egípcios.
Em qualquer destes três actos eleitorais, de significativa importância para o povo egípcio, não foram detectadas irregularidades de monta, segundo observadores nacionais e internacionais.
A grande maioria dos eleitores escolhera as propostas do Partido da Justiça e Liberdade.
No entanto, sob o pretexto de uma tentativa de islamização do Egipto, real ou fabricada, quer a oposição interna, quer alguns meios ocidentais (receosos, decerto, da influência política da Irmandade), começaram a colocar em causa não só alguns preceitos constitucionais como, de igual modo, a autoridade do presidente Morsi.
Os acontecimentos precipitaram-se e, a 3 de Julho, um golpe militar, de carácter nitidamente ditatorial, depôs o presidente, dissolveu o Parlamento e suspendeu a Constituição.
Os apoiantes de Morsi e do seu partido, naturalmente, contestaram o golpe, manifestaram-se e concentraram-se nas grandes cidades. Hoje, o Cairo está a ferro e fogo, perante o ensurdecedor silêncio cúmplice dos Estados Unidos e de grande parte dos seus aliados, que não esconderam a satisfação pelo golpe que impôs nova ditadura aos egípcios.
Ou seja, a democracia é boa para os ricos e "limpinhos" ocidentais e seus amigos. 
Para os pobres, ou para o chamado Terceiro Mundo, tanto faz e, se os nossos interesses geo-estratégicos (económicos, militares e de influência política) forem postos em causa, fecha-se a democracia entre parêntesis. Mortos, feridos, liberdades varridas? São danos colaterais...
Tal como "danos colaterais" terão sido a anexação da Áustria, a ocupação dos Sudetas, as purgas no Exército Vermelho, Pearl Harbor, o incidente do Golfo de Tonquim, a repressão após a Primavera de Praga, as Torres Gémeas...
O apoio, tácito, ou envergonhado, a ditadores provisórios não resolve o problema do ocidente. Adia-o.
Hitler poderia ter sido varrido em 1936. Foi o que se viu...      
Al-Qaedas, Bin Ladens, foram apoiados, em momentos diversos, pelo ocidente. E depois espantam-se...
Se queremos boas relações com egípcios, tunisinos, sírios, afegãos, etc., e, também, o seu desenvolvimento enquanto povos independentes, comecemos pelo básico!
Não há povos superiores ou inferiores a outros.
Promovam-se, sem complexos, ou ideias de domínio, a cultura, a saúde, a educação, a habitação, a  alimentação, a liberdade de informação, e circulação da mesma, o direito à dignidade.
Debatam-se ideias, polemizem-se ideologias, confrontem-se religiões, mas abra-se o espírito à aceitação do novo, do desconhecido, ao ir mais além, à busca do entendimento, da cooperação, e verão como fanatismos de qualquer lado se esbatem até desaparecer. E as armas que os e deles se alimentam, e alimentam minorias corruptas.
De cada um conforme as suas possibilidades, a cada um conforme as suas necessidades, ou a "Primavera" árabe acabará no Inverno do nosso descontentamento.
E vendo bem, há por aí tantas primaveras... 
    

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

APOSENTADOS DA CGD

 
Segundo o que consta por aí, um distinto constitucionalista como Bacelar Gouveia classificou como inconstitucionais os previstos cortes nas pensões dos aposentados da Função Pública, não por o des-governo viciar as regras do jogo e rasgar o contrato entre o Estado e os seus trabalhadores, o que não seria pouco, e suficiente para tal inconstitucionalidade, mas sim porque, ao ficarem isentos os aposentados da CGD, se estaria a violar o princípio da equidade entre todos os funcionários públicos.
Ora, ou o Dr. Bacelar Gouveia é ignorante, o que se julga não ser de considerar, ou está distraído.
Com efeito, os factos são outros e, mais uma vez, repete-se, mais uma vez, os aposentados e os trabalhadores do activo, da Caixa Geral de Depósitos, S.A., não são funcionários.
Criada em 1876, convém avançar um pouco no tempo, e fixarmo-nos, para já, no Decreto-Lei 48953, de 5/04/1969, conhecido como "Lei Orgânica" da CGD, que equipara os seus estatutos àquilo que se poderia denominar de Empresa Pública. A gestão passa a ter uma lógica empresarial, e a Administração passa a gozar de autonomia administrativa e muito embora, ainda na altura, os empregados mantivessem o estatuto de funcionários públicos, as carreiras e remunerações poderiam ser fixadas pela Administração em função do praticado pela dita banca comercial, podendo, inclusive, subscrever as convenções colectivas de trabalho do sector bancário.
Posteriormente, o Decreto-Lei 298/92, de 31/12, equipara a CGD aos bancos, e o Decreto-Lei 287/93, de 20/08, aprova os Estatutos da CGD, que passa a sociedade anónima, embora de capitais exclusivamente públicos, em tudo equivalente aos estatutos das empresas privadas do sector.
A relação com os trabalhadores não se rege por qualquer regulamento da função pública, mas sim adoptando a forma de contrato individual de trabalho, não obstante ter subscrito quer Contratos Colectivos de Trabalhos Verticais, para todo o sector bancário, como, actualmente, o Acordo de Empresa que rege as relações de trabalho entre a CGD e os seus trabalhadores.
Por outro lado, com a criação, em 1992, do Fundo de Pensões, actual Sociedade Gestora de Fundos de Pensões, os trabalhadores da CGD passaram a efectuar os seus descontos para aposentação directamente para tal Fundo, que englobou, também, todas as verbas descontadas anteriormente para a Caixa Geral de Aposentações e Montepio dos Servidores do Estado pelos empregados no activo.
Assim, não só as remunerações dos trabalhadores no activo, como dos aposentados da CGD, não são suportados pelo Orçamento de Estado, mas pelas verbas próprias da Instituição, as quais, no caso dos aposentados, são geridas, apenas administrativamente, pela Caixa Geral de Aposentações, tendo a CGD criado, para tal fim, o Departamento de Apoio à Caixa Geral de Aposentações.
Por este breve resumo, verifica-se quem quer lançar poeira para os olhos, dentro do espírito conspirativo deste des-governo, de dividir para reinar e de, mais grave ainda, atirar trabalhadores do activo contra reformados, funcionários públicos contra os do privado, jovens contra idosos.
E não venham com a desculpa de o des-governo ter injectado 1.650 milhões na CGD, nos dois últimos anos. A verba não saiu do Orçamento de Estado, e muito haveria a dizer sobre a dívida do Estado à CGD pelo esforço financeiro que foi suportado pela recuperação do BPN...
Mais uma vez, repete-se, os trabalhadores da CGD, no activo ou aposentados, são bancários, nada têm a ver com o funcionalismo público, que também é respeitável e merecedor de mais respeito que o que (não) tem sido dispensado.
E se falamos dos aposentados, que dizer dos cortes das remunerações dos trabalhadores no activo, atendendo a que a CGD exerce a sua actividade num sector altamente concorrencial?
Mas talvez este não seja o forum para tais discussões.
Cabe à Comissão de Trabalhadores da CGD, ao STEC, aos Sindicatos de Bancários da UGT, reporem a verdade dos factos, contestando o poder, rebatendo os seus artifícios, esclarecer o grande público, e defender os interesses daqueles que os escolheram como seus representantes, utilizando todos os meios ao seu dispor, incluindo o recurso à via judicial.
Porque comissões de trabalhadores e sindicatos activos, solidários, com visão de futuro e, também, dotados de espírito de sacrifício, são indispensáveis em qualquer país democrático.
E, por fim, não queiram brincar com os trabalhadores da CGD, estejam eles no activo ou aposentados.
Não são cagarras que se deixem anilhar!

sábado, 10 de agosto de 2013

JORGE AMADO

 
A 10/08/1912 (101 anos), nascia em Itabuna, e passaria a infância em Ilhéus, no estado da Bahia, aquele que é considerado por muitas pessoas como o melhor e o mais querido de todos os escritores brasileiros: Jorge Amado, o prémio Nobel da literatura,  para artífices da língua portuguesa que, injustamente, ficou por atribuir.
Traduzido em 49 idiomas, se não é o escritor do Brasil mais vendido (Paulo Coelho fica com essa honra), é o verdadeiro mestre da língua, dos costumes, da cultura, da vida e do trabalho do seu país.
Pela sua vasta obra passam os problemas e as injustiças sociais, o folclore e a política, as crenças e tradições, incluindo as que vieram de África nos porões dos navios dos escravos, e a sensualidade inata do povo brasileiro.   
Militante comunista desde os anos 30, foi eleito deputado em 1945, tendo sido da sua autoria as emendas legislativas sobre liberdade religiosa, ele que foi testemunha de perseguições aos ritos trazidos de África e aos protestantes, e a que garantiu, legalmente, os direitos de autor.
Em 1955 abandonou a militância, mas nunca renegou o seu passado e o partido a que pertencera.
O seu primeiro livro data de 1930 ("O País do Carnaval"), e logo aí surpreende pelas cores vivas da narrativa e pelo empenho social, denunciando injustiças e promovendo os ideias igualitários e libertadores. Esta fase, que se poderá considerar de militância política e empenho social, mas que, de igual modo, é atravessada de uma extrema beleza literária, produzindo verdadeiras obras-primais ("Jubiabá", "Mar Morto", "Capitães da Areia", "Terras do Sem Fim", "Seara Vermelha", "Os Subterrâneos da Liberdade"-3 volumes), dará lugar, em 1959, a uma mudança na produção literária, a qual, não abandonando nunca a crítica social, acrescenta páginas de crónicas de costumes e de realismo fantástico, sendo a primeira obra deste novo ciclo talvez a mais conhecida do autor: "Gabriela Cravo e Canela".
A este livro seguir-se-iam verdadeiros marcos da criação em língua portuguesa, como "A morte e a morte de Quincas Berro D'Água", "Dona Flor e Seus Dois Maridos", "Tenda dos Milagres", "Teresa Batista Cansada de Guerra", "Tieta do Agreste", "Tocaia Grande", "O Sumiço da Santa" (onde é elogiosamente referido o seu grande amigo, também já falecido, José Franco, oleiro e ceramista do Sobreiro, Mafra), e "A Descoberta da América pelos Turcos".
Em 1992 publicou o seu grande livro de memórias "Navegação de Cabotagem".
Postumamente, as crónicas que entre 1942 e 1945 escreveu para o jornal O Imparcial foram coligidas em "Horas da Guerra".  
A 6/04/1961 foi admitido na Academia Brasileira de Letras, sendo a sua cadeira actualmente ocupada pela sua viúva, a também escritora Zélia Gattai.
Sobre a Academia e os seus membros, hábitos e solenidades, escreveu o romance satírico "Farda, Fardão e Camisola de Dormir".
Jorge Amado manteve, até ao fim da vida, intensa correspondência com escritores e políticos, como os compatriotas Erico Verissimo ou Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos ou Juscelino Kubitschek (ex-presidente do Brasil), o colombiano e merecido prémio Nobel de Literatura Gabriel Garcia Marquez, o francês François Mitterand (ex-presidente) ou o português, e também merecido prémio Nobel de Literatura, José Saramago.
Foi Doutor Honoris Causa por 10 Universidades, desde o Brasil a Itália, da França a Portugal, e, também, comendador e grande oficial de ordens honoríficas do Brasil, Argentina, Chile, Venezuela, Espanha, França e Portugal.
Mas o seu maior orgulho era o título de Obá, posto civil no Ilê Axé Opô Afonjá, na Bahia (designações ligadas à cultura africana trazida e adoptada no Brasil, designadamente em Salvador da Baía, candomblé). 
Ler, reler Jorge Amado, é receber um sopro de vida, e mergulhar, com prazer e emoção no Brasil profundo, real, de coronéis das fazendas de cacau, jagunços, prostitutas, revolucionários, batoteiros, chulos, senhoras "de virtude", idealistas, burocratas, poetas, caciques, explorados, marinheiros, caixeirinhas de balcão, turcos, proletários, negros, brancos, toda uma paleta intensa, repleta de cores, sons e cheiros únicos na literatura mundial.
Cheiro a cravo e a canela, por exemplo... 

URBANO

Faleceu ontem, aos 89 anos, um vulto cimeiro das nossas Letras e Cultura.
Urbano Tavares Rodrigues nasceu em Lisboa a  6/12/1923, tendo passado a infância em Moura.
contacto com o trabalho e os trabalhadores do campo revelar-se-ia importante para a sua obra literária.
Impedido de leccionar em Portugal (tinha aderido ao PCP, então clandestino), trabalhou como leitor de Português nas Universidades francesas de Montpellier, Aix e Paris.
Através de artigos, colaborou em revistas como o Bulletin des Études Portugaises, Colóquio-Letras, Jornal de Letras, Vértice e Nouvel Observateur, tendo também exercido a crítica teatral em O Século e Diário de Lisboa.
Escritor e cronista multifacetado, retratou a consciência do Indivíduo face a si mesmo e ao reconhecimento da sua identidade social e política.
Militante desde sempre do PCP, nunca hesitou entrar em polémicas, tendo ficado para os anais as suas conversas/discussões com Álvaro Cunhal.
Por direito próprio, e após o 25 de Abril, assumiu a sua cátedra na Faculdade de Letras de Lisboa, na qual foi jubilado em 1993 tendo, antes, defendido a tese de doutoramento em Literatura(1984) que versou sobre a obra de Manuel Teixeira Gomes.
Deixa-se o convite para que nos debrucemos sobre a obra deste grande português, agora desaparecido.
 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

NAGASAKI : 68 ANOS

Há 68 anos, pelas 8.15 da manhã, a bomba atómica "Fat Man" destruía Nagasaki, assassinando, no momento, cerca de 80.000 vidas.
Nagasaki, onde Puccini situou a acção de "Madame Butterfly", Nagasaki fundada por Portugueses, em 1570.
Três dias antes, a 6/08/1945, pelas 11.02, a bomba "Little Boy" tinha ceifado 140.000 vidas em Hiroshima.
Dos sobreviventes deste apocalipse nuclear, 46% viriam a morrer de leucemia e 11% de cancro, e só até ao final do ano de 1945.
Actualmente, ainda existirão cerca de 260.000 sobreviventes deste holocausto, designados, em japonês, por hibakusha, que significa "pessoas afectadas por bomba", sendo certo que as nefastas consequências dos bombardeamentos podem transmitir-se até à 5ª. geração.
Nada, repete-se, nada pode justificar, ou alguma vez justificou esta barbaridade, este verdadeiro crime de guerra.
6 e 9 de Agosto de 1945 assistiram à completa descida do género humano aos infernos.
Mas as rosas voltam a florir...
   

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

TO SWAP OR NOT TO SWAP, THAT IS NOT THE QUESTION

A Joaquim Pais Jorge, foi um swap que lhe deu!
E Maria Luís? Iremos assistir a uma nova versão cinéfila, assim a modos "E tudo o swap levou"?
Mais do que atirarem e passarem culpas, o que os partidos do arco do poder, neste caso concreto, teriam como obrigação de estado, seria apurar e divulgar todos os pormenores e a extensão das denominadas operações swap que, acrescenta-se, nada têm de hediondo ou fantasmagórico, já que se trata de operações bancárias praticadas há decénios.
Mas o que, julga-se, o que aqui verdadeiramente está em causa não é a operação, ou operações em causa (que uma auditoria competente analisaria e relataria em 15 dias!), o que está no cerne desta questão é a tentativa de mentir e de limitar a informação, através dos múltiplos canais em que esta pode ser transmitida.
Um estadista, seja ministro ou secretário, nunca pode, digamos, nunca deve mentir, devendo arcar, por tal, com todas as responsabilidades. De nada serve dizer que "F não mentiu, apenas não disse toda a verdade..." (não é, Prof. Marcelo?). Não dizer TODA a verdade é...MENTIR.
Depois de tudo quanto se passou e passa, é melhor que todos os que se sintam com vontade de ocupar lugares de poder interiorizem que, cada vez mais, o espaço para a mentira é (deveria ser...) mais estreito.
E para isso, é necessário que todos os órgãos de informação tenham acesso às fontes, à possibilidade de divulgar informações sem se sentirem coagidos, a perguntar e a obter respostas, livremente, sem "off the record" ou pressões ministeriais intoleráveis.
A liberdade de informação, a liberdade de imprensa, são bem demasiado preciosos para que um transitório Lomba ou Maduro de passagem as ponham em causa ou questionem.
E é essa liberdade que está em causa!
O que também passa pela assunção, por parte dos mensageiros das informações (jornalistas, diga-se), que devem recusar qualquer tentativa de suborno, chantagem ou silenciamento já que fazem parte, de facto, do Quarto Poder.
A mentira, por meia-verdade que seja, não resiste muito tempo se for devidamente denunciada e investigada.     
Agora que o icónico "Washington Post" foi vendido, reflictam no exemplo de Carl Bernstein e Bob Woodward (Watergate).


P.S. : Parece que anda um surto de mosquitos e melgas para os lados do Algarve. Nada mais natural, tendo em atenção que as duas maiores melgas deste país estão lá a banhos...
 
(Tás a ver ó lorpa? Aquelas melgas lá em cima não nossas parentes...Tadinhas!)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

MARILYN MONROE



No dia 5 de Agosto de 1962 falecia Norma Jean Mortensen, actriz que o mundo conheceu sob o nome de Marilyn Monroe.
A causa oficial para a morte foi suicídio através de overdose de barbitúricos. No entanto, ninguém rejeita, ainda nos nossos dias, a hipótese de homicídio, atendendo, até, às suas assumidas relações, com John Kennedy (então presidente dos EUA) e Robert Kennedy (então Procurador Geral).
Marilyn terá passado para a história como a grande sex-symbol americana, devido à sua beleza genuína e graciosa sensualidade.
Mas Marilyn foi mais do que isso, muito mais.
Como cidadã, sempre se preocupou com a defesa dos direitos das minorias, designadamente da comunidade negra, onde se destacava o futuro prémio Nobel da Paz, Martin Luther King (assassinado em 1968!).
Como artista, procurou sempre aperfeiçoar-se, estudando, lendo, dialogando, quer frequentando a famosa Actor's Studio de Nova Iorque, então dirigida por Lee Strasberg que, entre outros, lançou um tal Marlon Brando, quer frequentando meios literários e intelectuais, a que não terá sido estranha a sua relação com o grande dramaturgo Arthur Miller, que escreveria, ou colaboraria em, pelo menos, dois argumentos de filmes protagonizados por Marilyn.
Muito longe do estereótipo da "loira burra", não é de estranhar que as comédias e dramas de sucesso onde participou Marilyn, tenham sido dirigidos por alguns dos mais prestigiados realizadores norte-americanos. Exemplos:
"Niagara", drama, de 1953, realizado por Henry Hathaway;
"Os homens preferem as loiras", comédia, de 1953, realizado por Howard Hawks;
"Rio sem Regresso", drama, de 1954, realizado por Otto Preminger;
"O Pecado Mora ao Lado", comédia, de 1955, dirigido por Billy Wilder. Este filme também ficou famoso pela cena em que a saia de Monroe é ondulantemente levantada pela corrente de ar saída de um respiradouro do metro;   
"Paragem de Autocarro", drama, de 1956, dirigido por Joshua Logan;
"Quanto mais Quente Melhor", comédia, de 1957, dirigido por Billy Wilder;
"O Príncipe e a Corista", comédia, de 1957, realizado (e protagonizado) por Laurence Olivier. Com este filme Marilyn Monroe receberia o prémio Donatello ( equivalente, em Itália, ao Oscar) pela sua interpretação;
"Vamos Amar-nos", comédia, de 1960, realizado por George Cukor, onde contracenou com Yves Montand e Arthur Miller colaborou no argumento;
"Os Inadaptados", drama, de 1961, realizado por John Huston, com argumento de Arthur Miller, e que seria o último filme de Marilyn e, também, de Clark Gable. 
Para os interessados, vejam, ou revejam, os filmes de Marilyn Monroe com os olhos bem abertos.
Se houve um diamante na longa história do cinema, chamou-se Marilyn Monroe. 
  
 

domingo, 4 de agosto de 2013

BANDALHEIRA - PARTE 9

BANDALHEIRA : Acção de bandalho; baixeza; indignidade; situação de grande confusão e desordem.
BANDALHO: Pessoa sem pundonor; indivíduo esfarrapado; trapo grande.
(Sinónimos retirados da Infopédia, Dicionários Porto Editora).

Afinal, andavam todos distraídos.
Quando se dizia que a conversações para a querida "salvação nacional", patrocinada e abençoada por Cagarro Sil, perdão, Cavaco Silva, não teriam sido objecto de relatos jornalísticos ou reportagens televisivas, eis que, obtidas junto de fonte fidedigna, tâo fidedigna como Miguel Relvas ou Poiares Maduro, se divulgam imagens exclusivas dessas patrióticas negociações:
 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

ZECA AFONSO, SEMPRE...


José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, se estivesse vivo, completaria hoje 84 anos.
Faleceu a 23/02/1987.
O Zeca Afonso continua, e continuará, a fazer parte integrante do nosso património.
Do património cultural, pela sua extensa e genial obra, tanto do ponto de vista da composição como da poesia.
E do património humano, pela constante coerência e verticalidade de carácter.
Já muito se disse e escreveu sobre o Zeca. Em anexo a este post, junta-se mais um trabalho sobre este nosso grande contemporâneo. E podemos recordá-lo, como se tem feito por várias vezes ao longo deste blog:


UTOPIA *

            Era uma vez um trovador…
            Uma camisa, uma simples camisola, umas calças jeans, sapatos gastos, óculos quase na ponta do nariz, viola a tiracolo, esta era a figura do trovador que calcorreava os caminhos da sua terra e outras, sempre pronto a cantar as suas baladas e a abraçar as gentes por quem ia passando e que também transportava para as canções.

BEBER VINHO É DAR DE COMER A 1 MILHÃO DE PORTUGUESES

Vem isto a propósito de um acórdão da Relação do Porto que mandou uma empresa de recolha de lixos integrar um trabalhador que fora despedido por se ter descoberto que, durante o trabalho, estava alcoolizado (grau de alcoolemia de 2,39).
Não estará, aparentemente, em causa a bondade da decisão, já que os estatutos da empresa seriam omissos quanto à situação de facto.
O que se coloca em causa é a gravidade do teor paternalista e incitador ao consumo de álcool a que a leitura do dito documento pode induzir.
Com efeito, uma frase deste jaez é, para além do que se deixa escrito, de uma insensatez e de uma humilhação do trabalhador em causa, e da sua tarefa, que se torna uma afronta: 
 "Com álcool o trabalhador pode esquecer as agruras da vida e empenhar-se muito mais a lançar frigoríficos sobre camiões e, por isso, na alegria da imensa diversidade da vida, o público servido até pode achar que aquele trabalhador alegre é muito produtivo e um excelente e rápido removedor de electrodomésticos".
Ou pode empenhar-se muito mais a contar dinheiro na caixa de um banco;
Ou a dar aulas de matemática num qualquer Curso Superior;
Ou a proceder a uma operação de transplante de coração;
Ou a proferir doutos acórdãos de tribunal.
Ou só os trabalhadores do lixo, ou aqueles com empregos considerados como "lixo" é que se podem dar ao luxo de apanhar valentissimas bezanas?
Deve ser a famosa alegria no trabalho...
Cara "troika" de juízes, vai um copo? Ou meia dúzia de shots?
Talvez aumente o consumo de alcool e, assim, a economia recupere, como bebe, perdão, como diz o Coelho!  
Bêbados por bêbados, antes o Vasco Santana, cujo talento supera incomensuravelmente o dos meretissimos...
(O monólogo teria como alvo Salazar. Podem adaptar ao Cagarro, perdão, ao Cavaco, guardadas as distâncias)