domingo, 30 de novembro de 2014

AS GAJAS, PÁ! AS GAJAS!!!

 
("É pá! É só fruta!")

O Sr. Silva, ocupante do Palácio de Belém, anda por terras das Arábias.
Dubai, mais concretamente.
Mais concretamente a vender Portugal.
A preços de saldo.
Durante um almoço (...) fartou-se de vender.
Aos "investidores" dubainos e outros árabes em geral.
Ricos, claro!
Ele era o Sol o que, convenhamos, há a rodos por aquelas paragens.
Ele era os cavalos, vendendo o Lusitano como melhor que o Árabe e,
Ele eram os aviões, talvez os da Embraer que o preso 44 arranjou aos brasucas.
E ele eram as mulheres lindas! Catita! Nem mais!
E aqui cisma-se...
E interroga-se...
Afinal...
O Silva é Presidente da República, ou...
É o dono do bordel?
Ná! Não tem estudos para tanto.
Fique-se pelo chulo! 

("Tira a roupa" - Quim Barreiros, da exigente fonoteca do Sr. Silva)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Ó ALENTEJO ESQUECIDO / INDA UM DIA HÁS-DE CANTAR*

* - últimos dois versos da canção "Cantar Alentejano", de José Afonso, dedicada a Catarina Eufémia


 ("Ao Romper Da Bela Aurora" - Grupo Amigos do Cante, Cuba)

"Põe João Mau-Tempo o seu braço de invisível fumo por cima do ombro de Faustina, que não ouve nada nem sente, mas começa a cantar, hesitante, uma moda de baile antigo, é a sua parte no coro, lembra-se do tempo em que dançava com seu marido João, falecido há três anos, em descanso esteja, é este o errado voto de Faustina, como há-de ela saber. E olhando nós de mais longe, de mais alto, da altura do milhano, podemos ver Augusto Pintéu, o que morreu com as mulas na noite do temporal, e atrás dele, quase a agarrá-lo, sua mulher Cipriana, e também o guarda José Calmedo, vindo doutras terras e vestido à paisana, e outros de quem não sabemos os nomes, mas conhecemos as vidas. Vão todos, os vivos e os mortos. E à frente, dando os saltos e as corridas da sua condição, vai o cão Constante, podia lá faltar, neste dia levantado e principal." (parágrafo final de "Levantado do Chão", livro de José Saramago vivido no Alentejo)

E ontem, 27 de Novembro, foi um desses dias "levantado e principal", em que o Cante Alentejano foi consagrado como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
E, agora, talvez não interesse muito saber se as origens desta expressão cultural tem raízes gregas pré-cristãs, ou árabes, sequer do canto gregoriano. Pode ser uma só ou podem ser todas. Ou outras.
Mas o que temos como certo é que este canto nasceu da natureza, da terra, cheira a poejo, a trigo, a pão, do rancho, do queijo, do enchido, da vasta planície alentejana e das suas riquezas, muitas vezes, demasiadas até, esquecidas como nos canta o Zeca Afonso.
E está cimentado pelo suor e sacrifício, pelo desemprego, pela fome, pelo amor à terra, pela sede de justiça, pela luta das alentejanas e alentejanos contra a opressão, a ignorância, a violência.
E, no fundo, também é um desabafo, um alívio das agruras diárias, que amanhã continuam.
A vitória do Cante Alentejano, para além da justiça que se faz a toda uma comunidade que o entoa, é o reconhecimento da sua dignidade.
E que nos torna a todos dignos de a festejar.
E consagrar.
E permita-se que, num pequeno aparte, se estenda esta distinção a uma das pessoas, infelizmente já desaparecida, que muito fez pela divulgação não só do Cante, mas de todas as diversas expressões musicais do povo português: Michel Giacometti
E sigam as modas que, do solo alentejano, imparáveis, se levantam do chão.

("Hino dos Mineiros", Grupo Coral dos Mineiros de Aljustrel, fundado em Janeiro de 1926)

   
 
 


terça-feira, 25 de novembro de 2014

EÇA DE QUEIRÓS, HOJE

 

Eça de Queirós, o nosso eterno Eça, nasceu a 25 de Novembro de 1845 na Póvoa de Varzim.
Um dos maiores nomes da literatura, quer a nível nacional quer mundial, revolucionou a escrita, colocou a nu os podres da sociedade da sua época, com uma ironia fina e um discurso inovador e que prende, inexoravelmente quem o lê.
Da sua época?
De sempre, como se pode ler, tão actual que parece que escreveu este trecho nos dias de chumbo por que passamos:

"Logo que na ordem económica não haja um balanço exacto de forças, de produção, de salários, de trabalhos, de benefícios, de impostos, haverá uma aristocracia financeira, que cresce, reluz, engorda, incha, e ao mesmo tempo uma democracia de produtores que emagrece, definha e dissipa-se nos proletariados." "Prosas Bárbaras"

"Nós estamos num estado comparável, correlativo à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma ladroagem pública, mesma agiotagem, mesma decadência de espírito, mesma administração grotesca de desleixo e de confusão. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país católico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa – citam-se ao par a Grécia e Portugal. Somente nós não temos como a Grécia uma história gloriosa, a honra de ter criado uma religião, uma literatura de modelo universal e o museu humano da beleza da arte." -"Farpas"  


"Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura." - "Correspondência" 

 
"O juízo que de Badajoz para cá se faz de Portugal não nos é favorável... Não falo aqui de Portugal, como estado político. Sob esse aspecto, gozamos uma razoável veneração. Com efeito nós não trazemos à Europa complicações importunas; mantemos dentro da fronteira uma ordem suficiente; a nossa administração é correctamente liberal; satisfazemos com honra os nossos compromissos financeiros. Somos o que se pode dizer um «povo de bem»... A Europa reconhece isto; e todavia olha para nós com um desdém manifesto. Porquê? Porque nos considera uma nação de medíocres, digamos francamente a dura palavra, porque nos considera uma «nação de estúpidos»." - "Notas Contemporâneas"

 

De facto, os génios são intemporais...
Ao contrário dos "pequenos deuses caseiros" que julgam que mandam alguma coisa...      

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A VERDADE A QUE TEMOS DIREITO

 

A propósito da detenção de José Sócrates, e no meio de toda a mediatização e histerismos, por entre tudo o que por aí se ouve, lê e vê, há que, acima de tudo, ter a cabeça fria e serenidade.
Está em causa o comportamento do cidadão e do que este possa ter beneficiado, ilegitimamente, por ter passado por cargos públicos.
E esperar que a Justiça seja célere e rigorosa.
E verdadeira.
E não só neste caso.
Temos direito a exigir que a justiça também seja célere, rigorosa e verdadeira em casos também, digamos, fracturantes e que colidem com a imagem que se quer transmitir do país, como os do BPN/SLN, BPP, BES/GES, PT ou Vistos Gold, e dos milhões que se perderam.
É o mínimo.
Claro que verdade e rigor nada tem a ver com investigações "rigorosas", "profundas", "fundadas" como as que terão conduzido ao célebre caso do "Estripador" ou outro lixo tóxico.
Se Sócrates é culpado, condene-se, que um ex-primeiro-ministro deve ser mais honesto que a mulher de César e ainda mais parecê-lo.
Mas se é inocente, deve ser libertado com urgência. E reconhecido como tal.
Passos Coelho, ontem, afirmou que "nem todos os políticos são iguais".
Pois não.
Com todos os erros, desvios, más decisões, asneiras totais, Sócrates foi muito melhor chefe do Governo do que Coelho.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

SUBVENÇÕES PARA A DERROTA

 

A proposta que previa a reposição das chamadas "subvenções vitalícias" a ex-titulares de cargos públicos, eliminadas em 2005, foi hoje retirada de discussão e votação na Assembleia da República.
Mas o mal, e a suspeita, ficaram, com os danos que se adivinham.
Os partidos do dito "centrão" (PS e PSD), na véspera, tinham-se entendido para repor tais prebendas que a esmagadora maioria dos beneficiários não merece, nem necessita, e isto numa altura em que o povo português sofre uma das maiores crises da sua história, e em que a carga fiscal, o desemprego, a emigração, a queda na pobreza são insuportáveis.
A ideia que passa para a opinião pública é a de que são todos iguais, e que apenas pretendem "amanhar-se", estando-se marimbando para o país.
Uma proposta imoral, sem qualquer "ética republicana", expressão que no PS se usa muito alegremente.
Se PS e PSD são as faces da mesma moeda, caberá perguntar:
O que fez correr António Costa?
Para ficar tudo igual?
Ou...será que, bem lá no fundo, não deseja a maioria absoluta, mas sim um "consenso" com um PSD expurgado de Passos Coelho?
E porque é que tudo isto não nos deixa muito surpreendidos?
 



quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O MOUCO


Ó surdo, vai um fadinho?

 
(Singela homenagem da Rádio Comercial a Carlos do Carmo - "Lisboa Menina e Moça", poema de Ary dos Santos, música de Paulo de Carvalho)


E não precisas de agradecer ou dar parabéns.
Milhões de portugueses já o fizeram.
Sabes, ou talvez não saibas, o certo é que, neste país, há quem ainda tenha dignidade e respeito.
E gratidão.
E saiba reconhecer os seus melhores.
Sem penduricalhos inúteis...
Topas?

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

UM HOMEM NO MUNDO

 

Hoje, pelas 18 horas em Portugal, no Hollywood MGM Theatre, Los Angeles, Carlos do Carmo estará a receber o Grammy Latino de carreira.
Carreira rica, e que nos enriquece.
Mais do que ícones do fado, Carlos do Carmo e, claro, Amália Rodrigues, não se limitaram, o que já seria muito, a colocar Portugal no universo da canção.
Foram mais longe, Amália primeiro.
Tiveram a coragem, contra tradicionalismos decadentes e marialvas analfabetos, de trazer para o fado a grande Poesia portuguesa.
Desde os poetas do cancioneiro como João Roiz de Castelo Branco, ou Bernardim Ribeiro, a nomes como Luís de Camões (que desencadeou acesa polémica!), Guerra Junqueiro, José Régio, Pedro Homem de Mello, Alexandre O'Neill, David Mourão Ferreira, Couto Viana, Manuel Alegre, Vasco de Graça Moura, ou Ary dos Santos.
O Grammy de hoje é a consagração de uma forma de estar na Cultura portuguesa, de corpo inteiro, e de a divulgar.
E é um testemunho que, decerto com imenso orgulho, Carlos do Carmo transmite a uma admirável nova geração de cantadores, como Camané, Mariza, António Zambujo, Carminho, Pedro Moutinho, Ana Moura, Marco Rodrigues, Cristina Branco, Gisela João, Cuca Roseta ou Ana Lains.
E é um sinal, inequívoco, de que a Poesia se canta e que a Cultura abre fronteiras e é, ao contrário do que pensam certas "múmias", uma inesgotável mais-valia para o país.
Múmias mesquinhas que nem parabéns têm a coragem de balbuciar.
Múmias que Carlos do Carmo não se cansa de denunciar:


Mas as múmias esquecem-se na poeira dos tempos e nos rodapés da história, apodrecem, enquanto a música e a poesia são imortais.
Como, por exemplo, "Um Homem na Cidade", que dá nome a um dos grandes trabalhos de sempre da nossa música:

  

 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

THE GOLDEN BOYS


("Olha pá, eu não conheço este gajo atrás de mim, de lado nenhum")

Miguel Macedo demitiu-se.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras era seu,
As amizades e ligações profissionais também são suas.
A Secretária Geral do Ministério da Justiça, mais o
Instituto dos Registos e Notariado estão na alçada do
Ministério da Justiça.
Tal como a plataforma Citius,
Tal como a difamação e a calúnia sobre dois funcionários da Polícia Judiciária.
Paula Teixeira da Cruz demitiu-se?
Tal como a desastrada abertura do ano lectivo,
Tal como a humilhante prova de acesso para professores,
Ou a destruição da escola pública.
Nuno Crato demitiu-se?
Mas isto tudo dos vistos gold até conseguiu abafar Citius e Cratos.
O que, sendo grave, não deixa de ser oportuno.
Cai Macedo, e cai sozinho.
Sem ter, aparentemente, e até prova em contrário,nada a ver com o esquema dos vistos.
Que alguém propagandeou e elogiou aos quatro ventos,
Que possibilitaram a entrada de dinheiro cuja origem ninguém se deu ao trabalho de investigar, já que a prioridade era o capital, fosse como fosse,
E a entrada de pessoas de países terceiros, em todo o espaço Schengen e de cujas actividades ninguém se informou, preveniu, avisou,
E a aplicação de capitais em "investimento" improdutivo,
Não reprodutivo, sem criar postos de trabalho,
Donde se conclui, visto tudo, que os vistos gold podem encobrir actividades submarinas, corrupções, branqueamento de capitais.
Temos o Luxemburgo para os grandes e o Luxemburgo dos Pequeninos, em Portugal, acarinhado por este Governo.
Donde, visto isto tudo, demite-se Macedo que diz que não visou nada.
E o caixeiro-viajante dos vistos, o revogado irrevogável, o feirante das promessas não cumpridas, o atravessador de todas as linhas vermelhas?
Onde anda Paulo Portas?
Ainda tem cara?
E, já agora, alguém já acordou a múmia que habita no Palácio de Belém? 

(José Afonso - "Vejam bem")


  

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE!

 
("Chiu, ou chamo o António!")

Num almoço no American Club, Maria Luís, devidamente apresentada pelo seu lacaio e colaboracionista Camilo Lourenço, afirmou, sem corar, que o Governo procura sempre proteger quem tem menos recursos, pelo que a classe média tem sido a grande sacrificada, até porque há poucos ricos...
Assim, os pobres continuam pobres, e, cada vez mais, a classe média é empurrada para a pobreza (27% dos portugueses são, de facto, POBRES!), e tudo isto porque não há ricos...
Sabe-se, entretanto, que o número de milionários, neste país em crise, passou de 65.000 para 75.000, precisamente durante estes anos de crise...
E também se sabe que as fortunas dos 25 mais ricos de Portugal  correspondem a 10% do PIB quando, há um ano, atingiam 8,8%...
De facto, ele há tão poucos ricos!

TAXAS, TAXINHAS E GOLDS


Nesta terra de desvairadas gentes, temos de as aturar, que remédio.
Gentes que apanham uma piela cervejeira, que vociferam melifluamente contra taxas e taxinhas e, como por acaso, esquecem-se que fazem parte do agrupamento folclórico que mais taxas e impostos carregou nas costas dos portugueses.
E se estão tão horrorizados com UM-EURO-UM* que os turistas terão de pagar em Lisboa, esquecem-se dos que são obrigados a pagar mais do que isso para trabalharem em Lisboa.
Com efeito, quem prescinda do transporte público para se deslocar à capital do império depara com isto:
-Quem resida nas zonas de Vila Franca de Xira a Sacavém, pode vir pela N10 e aproveitar o trecho não portajado da A-1;
-De Odivelas, pode aproveitar o IC17 ou IP7, até, inclusive, a A-1;
-Da chamada Linha de Cascais, tem ao seu dispor a Marginal e a A-5, também no trecho não portajado;
-Da Linha de Sintra, o famigerado IC-19.
Mas quem e desloque da Margem Sul tem obrigatoriamente de pagar "taxa" : as portagens nas pontes 25 de Abril ou Vasco da Gama.
Então, Sr. das Cervejas, como vamos de taxas e taxinhas?
Entretanto, estão detidas 11 pessoas por suspeita de corrupção na atribuição dos "Vistos Gold", e que incluem altos funcionários da máquina do Estado.
Tendo em atenção que o alto responsável por esse "sucesso", é nem mais nem menos que o vice Paulo Portas, caberá fazer a pergunta:
A rapaziada que comprou os vistos entraram no país a bordo dos submarinos do Portas, ou foram estes que, para entrarem no Alfeite tiveram de comprar Vistos Gold?
É que isto de reversíveis irreversíveis, que ainda por cima são figuras centrais dos dois casos, por acaso, claro, pode dar origem a muita confusão...


* - Há 24 anos, este escriba pagou, num hotel de Dax, cidade situada no sudoeste de França, uma chamada "taxe de séjour", simplificando, uma "taxa de permanência", no valor de 3 francos franceses, moeda da altura, equivalentes, aproximadamente, a 78$00, na antiga moeda, cerca 0,36 euros. Fazendo as contas a 24 anos, esses 0,36 seriam, hoje, seguramente, mais que 2,50 euros. E Dax, de maneira alguma, é Bordéus, Marselha ou Lyon, muito menos Paris.
Taxas? Taxinhas?
 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

EN SU CITIUS!

  

Conforme notícia que aqui  se reproduz, o Ministério Público decidiu arquivar o inquérito relativo ao programa "Citius", solicitado pela Ministra da Justiça, e que visava provar a "sabotagem" informática perpetrada por dois funcionários da Polícia Judiciária, entre outros "perigosos terroristas" (Maria José Morgado?) e que, afinal, se provou não ter consistência nem fundamento.
Claro que tudo isto não passou de encenação da Paulinha dos Tribunais (que não das feiras...), de cobarde perseguição, para justificar a incompetente implementação do mapa judiciário, apesar de avisos em contrário, atempadamente lançados, e do completo caos em que se transformou a Justiça.
E agora?
As pessoas injustamente acusadas não têm direito a reparação, a poderem exercer o seu legítimo direito a processar a Ministra por difamação?
A mesma que proclamava que tinha acabado a era da impunidade?
Cuja demissão seria o mínimo a exigir e a assumir?
Algo nos diz que vergonha é algo que não existe para os lados da gente deste Governo.

AMNÉSIA.....


O sr. Silva, que é assim como uma espécie de zombie que vagueia pelos corredores do palácio de Belém, devorando pastéis e bolo-rei, parece que foi excursionar ao Alentejo e, depois de elogiar o vinho de Borba, parece que lhe deu uma epifania e, perguntado sobre a situação da Portugal Telecom, saiu-se com mais uma das suas baboseiras:
"...O que foi que andaram a fazer os accionistas e os gestores desta empresa?..."
Dos accionistas não sabemos, mas convirá avivar a memória à criatura e lembrar-lhe que, a 10 de Junho de 2014, conforme imagem que abaixo se junta, o próprio condecorou Zeinal Bava, o rosto mais visível da gestão da PT, com a ordem do mérito industrial.
Decerto pelos relevantes serviços prestados à Pátria...
Despachem para Belém, com urgência, uma palete de Memofante...


 
"Parabéns pelo trabalhinho rapaz! Toma lá a fitinha como prenda, para pendurares em cima da lareira."

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

VÊM AÍ OS RUSSOS, VÊM AÍ OS RUSSOS!!!*

 
(Ena pá, o meia-leca afugentou o gigantesco urso "soviético"!!!)


Pois é minha boa gente, aqui no bairro anda tudo desalvorado, altamente, cabeças perdidas e parece que o caso não é para menos, até o Silva dos pastéis de Belém abriu os olhos, parece que os fornecedores das Natas ou da Nata lhe ligaram, parece que os russos não gostam de muita nata, porque andam para aí a grasnar que vêm aí os russos, o Branco dos aviões de papel até está apavorado, diz que os russos são maus, são vermelhos, comem criancinhas ao pequeno-almoçlo e as mamãs ao jantar, não os podemos deixar entrar, mas o Lima, o moço aqui do bairro que acarta os barris das cervejas diz que é preciso é que eles consumam e paguem taxas e taxinhas, e vai daí apanhou uma cadela de uma dúzia de Super-Bocks, que é para comemorar, o que vale é que o meu papá não vai em conversas, diz que quer lá saber dos russos e da sua vodca, pelo sim pelo não foi logo à tasca do Maduro e emborcou meia dúzia de bagaços, e nem rasgou A Bola porque o Benfica ganhou, mas isto dos russos até é porreiro para o bairro, acho eu, sei lá, se eles têm pilim para dar dores de cabeça à Ângela, a dona da casa das meninas a cuja porta não posso passar que o meu papá ameaça logo com tabefes e o cinto, então que venham para nossa alegria, que como diz o porteiro Coelho, o que a gente quer é pipa de massa, como aquela que prometeu o Zé Manel, o empregado de mesa que fugiu a salto para Bruxelas ou Berlim, sei lá, e que foi recambiado por defeito de fabrico, não tinha os alqueires bem medidos, mas enfim, deixem lá vir a banda do Vladimiro, é mais um a querer que a malta do bairro seja o bombo da festa...
E pronto!  


* - com a devida e sentida vénia a Luís de Sttau Monteiro e às "Redacções da Guidinha".

VOCÊ DISSE "UNIÃO" EUROPEIA?

 

E depois, contam-nos aquelas histórias de embalar, para adormecer elefante.
Fazem-nos acreditar que, na União Europeia, somos todos iguais, todos respeitados, que todos os seus altos responsáveis são competentes, íntegros, independentes.
Pois...
A seguir a ter despachado o serviçal que, nos Açores, apaparicou com chá e bolinhos Bush & Cia., que dava pelo nome de José Manuel Barroso, a Alemanha, perdão, a União Europeia escolheu para Presidente da sua Comissão o veterano Jean Claude Juncker, anos a fio probo, honesto, competente, Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças do Luxemburgo.
Excelente escolha!
Pois...
Então não é que se vem, agora (por acaso...?) a saber que esse gigante europeu favoreceu, durante anos, mais de 300 multinacionais, com esquemas fiscais mais que duvidosos, fraudulentos mesmo, prejudicando a economia de muitos outros países da União, que viam dezenas de empresas a deslocalizarem-se, com  concomitante perd de milhões de euros de receitas.
Designadamente países como Portugal, a quem, farisaicamente, Juncker e seus pares exigiam mais e mais austeridade, e a quem roubavam descaradamente..
"União" Europeia?
Onde?  

("Portugal na CEE" - GNR)

BOÇALIDADE


Pires de Lima.
Este homem é Ministro da Economia do Governo da República
Este homem foi administrador de uma grande empresa cervejeira deste País.
Este homem foi chamado à Comissão Parlamentar para debater o Orçamento de Estado.
Este homem, nesse dia, resolveu brindar o País com esta peça de fina oratória:


Boçal!
Mal educada!
Ridícula!
Lamentável!
Indigna!

Ou...talvez não.
No fundo, trata-se de um retrato fiel de um governo que oferece ao seu povo, não um prato de lentilhas, mas meia dúzia de bejecas e um Pires de tremoços.

("Barnabé" - Sérgio Godinho)   




quarta-feira, 5 de novembro de 2014

UNTERMENSCH (SUB-HUMANOS), CLARO!


A Fuhrer, perdão, chanceler alemã Ângela Merkel abriu a boca.
Não entrou mosca.
Saiu que Espanha e Portugal têm licenciados a mais
Que não têm a noção das vantagens do ensino vocacional
Mas Ângela têm vocação
Que é de mandar em toda a Europa
Em todos os povos europeus
Porque, para ela, a Alemanha é a terra do
Herrenvolke, o povo dos senhores
E os outros, especialmente os do Sul
Os untermensch, os sub-humanos
Que não precisam e ensino superior
De ciência
De investigação
De mestrados e doutoramentos
Só ler, escrever e contar
Para servir imperiais aos herren
E empurrar os seus carros com tacos de golfe
Por isso, Coelho, pressuroso e obediente
Nomeou o eduquês Crato para
Destruir a escola pública
E tudo o que cheire a  universidade
E a mestres, doutores, investigadores
A Fuhrer não se discute tal como a sua autoridade
Mas Merkel podia fazer mais
Obrigar os espanhóis a vestir roupa listada
Com uma estrela com a efígie de um touro
Obrigar os portugueses a vestir roupa listada
Com uma estrela com a efígie do galo de Barcelos
E, nos Pirenéus, na fronteira entre França e Espanha
Colocar um portão gigante em ferro
Com, bem visível, a sua frase preferida
"Arbeit Macht Frei"
O Trabalho Liberta
E os calaceiros do Sul precisam é de trabalhar.
Jawohl!   

(Leonard Cohen, "First we taka Manhattan" -then we take Berlin-)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

DESAPARECIDO (?)


Marinho e Pinto, a criatura que, para combater os partidos funda um...partido, que azucrina os ouvidos com as suas tiradas demagógicas e populistas, que cultiva um ego maior que o Universo, que foi eleito para o Parlamento Europeu para, dizia ele, defender os interesses portugueses, paladino da transparência e da coerência, combatente da cruzada contra a corrupção.
Eleição do novo colégio de comissários europeus, no Parlamento Europeu : ausente!
Votação do projecto que previa o fim dos subsídios à tauromaquia : ausente!
Última intervenção de Durão Barroso enquanto Presidente da Comissão : ausente!
Tomada de posse de Juncker como novo Presidente : ausente!
Transparência e coerência...

(Sérgio Godinho - "O Charlatão")
 

OLHÓ PENDURICALHO!!!

 

Por esta troika para nos castigar, por esse tacho para lucrar
A União Europeia pra engordar, e a guerra no Iraque pra servir
Por não nos deixares respirar, por não nos deixares existir
Cavaco te condecore!

Pelo castigo à força que a gente tem que gramar
Pela pobreza e pela desgraça que a gente tem que suportar
Pelos impostos, cortes, despedimentos, que fazem a gente cair
Cavaco te condecore

Pela hipocrisia e falsidade pra nos embalar e mentir
E pelos vampiros insaciáveis a nos beijar e sugar
E pela sabujice à patroa alemã que não te vai redimir
Cavaco te condecore *


*-Com profundo pedido de desculpas a Chico Buarque e à sua "Construção".
Música que aqueles dois ignorantes devem desconhecer.
Aqui fica.
Que seja uma lufada de ar fresco nesta podridão condecorada!



domingo, 2 de novembro de 2014

POESIA EM PORTUGUÊS - JORGE DE SENA

 

"QUEM A TEM...."

Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade."

Quem escreveu este arrebatador poema foi um dos vultos mais egrégios da cultura portuguesa de sempre, nascido a 2 de Novembro de 1919.
Aluno de Rómulo de Carvalho (António Gedeão) no Lyceu Camões, licenciado em engenharia civil, técnico da ex-Junta Autónoma das Estradas e tradutor, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, poeta e, acima de tudo, professor, perdão, Professor de Literatura Portuguesa, tendo sido catedrático de Literatura Comparada na Universidade de Santa Bárbara (Estados Unidos), onde viria a falecer aos 58 anos, vítima de cancro.
Dava pelo nome de Jorge de Sena.
Feroz opositor do regime salazarista, de que detestava, principalmente, a mediocridade, a tacanhez, o provincianismo, a pequenez intelectual, exilou-se no Brasil e, após o golpe militar neste país, em 1964, nos Estados Unidos.  


"É TARDE, MUITO TARDE DA NOITE...
É tarde, muito tarde da noite,
trabalhei hoje muito, tive de sair, falei com vária gente,
voltei, ouço musica, estou terrivelmente cansado.
Exactamente terrivelmente com a sua banalidade
é o que pode dar a medida do meu cansaço.
Como estou cansado. De Ter trabalhado muito,
ter feito um grande esforço para depois
interessar-me por outras pessoas
quando estou cansado demais para me interessarem as pessoas.

É tarde, devia Ter-me deitado mais cedo,
há muito que devera estar a dormir.
Mas estou acordado com o meu cansaço
e a ouvir música. Desfeito de cansaço
incapaz de pensar, incapaz de olhar,
totalmente incapaz até de repousar á força de
cansaço. Um cansaço terrível
da vida, das pessoas, de mim, de tudo.
E fumo cigarro após cigarro no desespero
de estar tão cansado. E ouço música
(por sinal a sonata para violino e piano
de César Franck, e depois os Wesendonck Lieder)
num puro cansaço de dissolver-me
como Brunhilda ou como Isolda
no que não aceitarei nunca
l amor che muove il sole e l altre stelle.
Nada há de comum entre esse amor de que estou cansado,
e o outro que não ama, apenas queima e passa , e de cuja
dissolução no espaço e no tempo em que vivo
estou mais cansado ainda. Dissolvam-se essas damas
que eram princesas ou valquírias, se preferem, no eterno.
Eu estou cansado de não me dissolver
continuamente em cada instante da vida,
ou das pessoas, ou de mim, ou de tudo.
Qu ai-je á faire de l eternel? I live here.
Non abbiamo confusion. E aqui é que
morrerei danado de cansaço, como hoje estou
tão terrivelmente cansado."

Após o 25 de Abril, que acolheu entusiasticamente, regressou a Portugal, para colaborar na implantação e consolidação da democracia, na esperança, legítima que a Universidade o reconhecesse, como sucedeu com outros, e lhe confiasse a cátedra a que tinha direito.
Tal não sucedeu, o seu espírito era demasiado livre, detestava capelinhas e clientelas.
E com essa desilusão e amargura voltou aos Estados Unidos, onde já deixara a sua vida organizada.
Postumamente, a Universidade Santa Bárbara, em 1980, inauguraria o "Jorge de Sena Center for Portuguese Studies".  
Por cá, deixou-nos 20 livros de poesia, 6 de ficção, 4 dramas, 9 ensaios e imensa correspondência catalogada.
E, também por cá, uns roubaram-lhe Deus, outros o Diabo, todos a Pátria e a Humanidade, como magistralmente escreve no poema "Epígrafe para a Arte de Furtar", também magistralmente musicado por Zeca Afonso.
Dois gigantes da nossa cultura, dois vultos desalinhados dos vários rebanhos que, forçosamente, teriam de se encontrar...

 

sábado, 1 de novembro de 2014

POESIA COM AÇÚCAR BRASILEIRO


Nasceu a 31 de Outubro de 1902.
E passada a euforia haloweenística, sabe bem voltar à poesia, à poesia em Português.
A milhares de quilómetros, separado pelo Atlântico, o Português açucarado no Brasil, pela voz de um dos maiores poetas deste Língua de dispensa "acordos" ignorantes:
Carlos Drummond de Andrade.

"Viver

Mas era apenas isso,
era isso, mais nada?
Era só a batida
numa porta fechada?

E ninguém respondendo,
nenhum gesto de abrir:
era, sem fechadura,
uma chave perdida?

Isso, ou menos que isso
uma noção de porta,
o projecto de abri-la
sem haver outro lado?

O projecto de escuta
à procura de som?
O responder que oferta
o dom de uma recusa?

Como viver o mundo
em termos de esperança?
E que palavra é essa
que a vida não alcança? " (do livro "As Impurezas do Branco")

 
"Igual-Desigual
Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as acções, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou
                                                                                 [coisa.

Ninguém é igual a ninguém.
Todo o ser humano é um estranho
ímpar. " (do livro "A Paixão Medida")