terça-feira, 3 de dezembro de 2013

ANTÓNIO VARIAÇÕES

 
António Joaquim Rodrigues Ribeiro, o nosso António Variações.
Nasceu a 3 de Dezembro de 1944 no concelho de Amares, Braga.
Morreu a 13 de Junho de 1984, e foi um cometa fulgurante de talento e originalidade que passou pela música portuguesa, e que ainda hoje influencia muito boa gente que canta.
Desde muito novo desenvolveu um gosto particular pela música, a partir das romarias e do folclore locais.
Aos 12 anos veio para Lisboa, onde, entre outras coisas, trabalhou como aprendiz de empregado de escritório, caixeiro, balconista, barbeiro.
Entre 1975 e 1976 viajou por Londres e Amsterdão, tendo-se especializado nesta última cidade como cabeleireiro unissexo, o que tentou introduzir em Lisboa, quando regressou. Não tendo conseguido os seus desígnios nos locais por onde passou, acabou por abrir uma barbearia na baixa lisboeta.
Ao mesmo tempo, continuava a dedicar-se à música, dando espectáculos com a banda "Variações" em locais como o Trump´s e o Rock Rendez-vous, onde tocavam especialmente rock, pop, blues e fado, uma eterna preferência do António.
Em 1978 assina contrato com a Valentim de Carvalho, e em 1981, ainda sem ter editado qualquer disco, é convidado para o programa de televisão "Passeio dos Alegres", de Júlio Isidro, onde saltou de imediato para a fama.
Profundo admirador de Amália Rodrigues, edita em 1982 o seu primeiro single, precisamente com o fado "Povo que lavas no Rio", grande êxito de Amália, ao qual confere uma nova e original roupagem.
   
Senhor de um estilo vocal único, responsável pelo seu guarda-roupa, vanguardista e provocador, transgressor assumido e consciente, António Variações foi uma lufada de ar fresco, de originalidade, que enriqueceu a música portuguesa, muitos anos à frente dos seus contemporâneos.
Em vida, editaria mais um single ("É p'ra amanhã.../Quando fala um português") e dois álbuns, o primeiro de 1983, "Anjo da Guarda", dedicado a Amália, e "Dar e Receber", de 1984, com a preciosa colaboração dos Heróis do Mar, de onde sobressai a "Canção do Engate", aqui homenageada pelos Delfins.
A sua última aparição perante o grande público acontece no programa televisivo "A Festa Continua", de Júlio Isidro, abrindo-se aqui um parêntesis para dizer apenas que a música portuguesa muito deve a este grande profissional e antigo aluno do Liceu Camões.
A 17 de Maio de 1984 ainda participa na Queima das Fitas em Coimbra, mas já muito doente.
Quando a "Canção do Engate" invade as rádios e se torna um êxito, já estava António Variações no Hospital Pulido Valente, de onde seria transferido para o Hospital da Cruz Vermelha, onde viria a falecer.
Foi talvez a primeira figura pública, em Portugal, a morrer na sequência de ter contraído SIDA.
Talvez por isso, ou não, muita da "gente das cantigas" faltou ao seu funeral, o que não foi nada dignificante.
Excepções, de saudar, foram Lena D'Água, Heróis do Mar, Maria da Fé e, claro, o seu anjo da guarda, Amália Rodrigues.
Postumamente, fizeram-se edições, reedições, homenagens, mas tudo parece pouco para lembrar esta figura incontornável da nossa música. Talvez aconteça amanhã...

  
 
 

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