quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

FRANK SINATRA: THE VOICE

 
Faria hoje 98 anos.
Foi conhecido como "The Voice" ou "Ol' Blue Eyes".
Nasceu a 12 de Dezembro de 1915 em Hoboken, New Jersey, filho de emigrantes italianos, com o nome de Francis Albert Sinatra.
O mundo viria a conhecê-lo como Frank Sinatra, o maior cantor de sempre, como até a fina flor do bel canto o reconheceu.
("My Way" - Los Angeles, 1994)

De família modesta, Frank não completou os estudos secundários, tendo arranjado empregos como moço de recados ou colocador de rebites em barcos, tendo, pelo meio, sido preso, acusado de adultério o que, na altura era grave ofensa, susceptível de pena de prisão.
No entanto, a música era o seu principal interesse, ouvindo atentamente as big bands de jazz.
Começou a ganhar gorjetas aos 8 anos, à porta de bares, cantando para passantes e clientes, e profissionalizou-se aos 15, ele que não sabia ler música e cantava de ouvido.
Cantando a solo, ou em grupos locais, fez a sua primeira aparição consistente em 1935, com os Hoboken Four, com uma pequena digressão e programas de rádio. Mais tarde nesse mesmo ano, a mãe conseguiu-lhe um emprego como criado-cantor e mestre de cerimónias numa localidade próxima da terra natal.
Em 1939, no auge das grandes bandas de swing - da melhor música do mundo...-, a orquestra de Henry James contrata-o como vocalista, gravando o primeiro disco em Julho desse ano. Embora o sucesso tivesse sido muito relativo, a consagrada banda de Tommy Dorsey viria a contratá-lo, também como vocalista, em Janeiro de 1940. Começa aqui o início, de facto, da extensa e profícua carreira de Sinatra, que viria a ser consagrado como o melhor cantor da época. No contacto com as big bands aprendeu a usar a voz como um instrumento único, como foi o seu, maleável, manipulador, a ser actor em palco, a aperfeiçoar a técnica de utilizar e tornar uma sua extensão, o microfone. Em suma, um inovador.
("I'll never smile again")
As revistas "Billboard" e "Down Beat" consagravam-no, as adolescentes ("bobby soxers") desmaiavam, gritavam, acotovelavam-se para assistirem aos espectáculos. Estava-se perante a primeira estrela pop.
Quando, em 1942 e 1944, actuou no Paramount Theater em Nova Iorque, houve quem dissesse que o edifício parecia vir abaixo com o entusiasmo e a histeria de 35.000 fãs...que não couberam todas.
No final de 1942 desliga-se da banda de Tommy Dorsey, tendo circulado o boato de que a Máfia teria "facilitado" o acordo, uma alegada ligação que o perseguiria pela vida, e que lhe valeu ser espiado pelo FBI. Isso, e o seu posterior apoio a John Kennedy (o que não o impediu de, 20 anos depois, apelar ao voto em Ronald Reagan...).
Em Janeiro de 1943 assina com a editora Columbia, e, durante a guerra, realizou espectáculos para as tropas norte-americanos, com outros artistas, entre os quais o seu amigo (e rival de êxitos) Bing Crosby.
Em 1946, a Columbia lança o primeiro disco de Sinatra, inteiramente a solo, "The Voice of Frank Sinatra", e, no mesmo ano, inicia o seu programa de rádio semanal.
No entanto, em 1949, já é apenas o 4º. cantor nos tops, tendo, nesse ano, interpretado, com Gene Kelly e outros, o filme "On The Town", com música de Leonard Bernstein, realizado por Stanley Donen e o próprio Gene Kelly.
 
("New York, New York" - What a Wonderful Town)
No entanto, a carreira entrava em declínio, com Sinatra depressivo, passando mesmo por uma gorada tentativa de suicídio em 1951, tendo optado, então, no mês de Setembro, por retirar-se para Las Vegas, onde actuou em hotéis, night-clubs e casinos, tendo sido uma figura incontornável no meio, nos anos 50's e 60's e onde fez a sua base e de onde partia para digressões. Entretanto, a Columbia decidia terminar o contrato.
Em 1953, a sua carreira conhece um novo impulso com a conquista do Óscar para melhor actor secundário em "Até à Eternidade", de Fred Zinnemann.
Assina com a Capitol, e dá início à gravação de discos que se tornaram conhecidos como conceptuais, em que cada um, nas suas diversas canções aborda um tema, que pode ir da solidão à amargura (álbum "In the Whee Small Hours"), da reflexão íntima ao velho swing, começando, também, uma frutuosa colaboração com o orquestrador Nelson Riddle. Como em "Come Fly with Me".
  
É o regresso aos êxitos, aos tops, aos prémios, ao reconhecimento. A América (e o mundo...) tinham reencontrado The Voice. O disco "Frank Sinatra Sings for Only the Lonely" fica 120 semanas seguidas na tabela da "Billboard". Nesses tempos, ele era um crítico feroz da nova música "rock" mas, como sucede com os grandes artistas, as opiniões não são eternas, e vê-lo-íamos a gravar canções de Elvis Presley ou George Harrison.
Datam desses anos, a amizade com um grupo de artistas (Dean Martin, Sammy Davis Júnior, Peter Lawford e Joey Bishop), que, com Sinatra, passariam para a história como "Rat Pack" e que, além de espectáculos em Las Vegas e outros locais, nos deram a primeira versão de "Ocean´s Eleven".
Em 1961, abandona a Capitol e os seus frutuosos anos, e abalança-se a fundar a sua própria editora, a Reprise Records. Sinatra, que sempre lutou pelos direitos dos artistas negros, e da comunidade negra, participa, em Julho de 1961, num espectáculo no Carnegie Hall a favor do movimento dos direitos cívicos liderado por Martin Luther King Jr., convencendo, também, os seus colegas do Rat Pack a boicotarem casinos e hotéis que discriminassem artistas negros.
Desses anos 60, e na sua editora, Sinatra vem a ganhar Grammy's pelos álbuns "September of My Years" e "A Man and his music", e melhor intérprete masculino com " Strangers in the Night", para além de outros prémios. Continua a efectuar tournées pelos Estados Unidos e por diversos outros países.

 
("Strangers In The Night")
Nesses tempos de qualidade acima da média (e Sinatra não foi sempre acima da média ?), continua a colaborar com orquestradores da craveira de Nelson Riddle, Quincy Jones e Count Basie, e a acompanhar figuras cimeiras do jazz como Duke Ellington, Ella Fitzgerald ou Louis Armstrong.
Colaboração marcante, em 1967, será com o genial compositor brasileiro António Carlos Jobim, o "pai" da bossa nova, numa gravação histórica de dois criadores acima do comum.

 
("Garota de Ipanema"-versos de Vinicius de Moraes)
Em Junho de 1971, num espectáculo em Hollywood, anuncia a sua retirada do mundo das músicas.
Mas a música apelava mais alto, regressando em 1973 com "Ol' Blues Eyes is Back", com arranjos do consagrado Don Costa.
Em 1974 regressa a Las Vegas, realiza espectáculos pelo país e esgota, com rotundo êxito o Madison Square Garden, de Nova Iorque, cidade para a qual, em 1973, gravara o seu segundo hino (o primeiro será "Rhapsody in Blue", de Gershwin), "New York, New York".

Frank realiza espectáculos na Europa, também em 1974, com assinalável êxito, e, em 1979 recebe o Trustees Award dos Grammy's, uma honra só para eleitos (Duke Ellington, The Beatles, entre outros).
Em 1980 é lançado "Trilogy: Past Present Future", que inclui músicas antigas e contemporâneas, com novos arranjos, e onde se encontra, por exemplo, "Something" de George Harrison.
Em 1984 volta a invadir as tabelas com "L.A. Is My Lady", orquestrado por Quincy Jones.
No ano de 1990 ainda efectua nova tournée pelos Estados Unidos e, posteriormente, virá a gravar "Duets" e "Duets II" (1993 e 1994), num regresso à Capitol.
Em Dezembro de 1994 realiza o seu último concerto público em Fukuoka, no Japão e, a 25 de Fevereiro de 1995 dá o seu último espectáculo, numa festa privada.
Nesse mesmo ano, no dia do seu 80º. aniversário, o Empire State Building "veste-se" de azul.
Morre, de ataque cardíaco, a 14 de Maio de 1998. O seu enterro, em Beverly Hills, foi acompanhado por mais de 400 colegas.
Sinatra ganhou 13 Grammy's, 1 Oscar, deu-nos 59 álbuns de estúdio, 2 álbuns ao vivo, 8 compilações, 297 singles, dezenas de filmes e uma voz única, inimitável, com uma longa e fluente linha musical, sem pausas para respirar, manipulando sabiamente as letras, as músicas e até as orquestras acompanhantes.
Dele escreveu, em 1983, o crítico Stephen Holden ("Rolling Stone Records Guide") :"...Sinatra viverá eternamente. Ele virtualmente inventou a moderna linguagem da pop."
Ou como singelamente escreveu Jon Bon Jovi em "It's My Like" (2000): "My heart is like an open highway/  Like Frankie said, I did it my way".
E só Frank Sinatra, o maior cantor de sempre, poderia cantar como viveu: "My Way".
 

   

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