segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

ALVES REDOL : O POVO PORTUGUÊS EM LIVRO


 
Nascido a 29 de Dezembro de 1911, Alves Redol é uma das figuras máximas daquilo que ficou conhecido por neo-realismo e cujo expoente máximo, na modesta opinião de quem escreve, foi o livro "Esteiros", de Soeiro Pereira Gomes.
Natural de Vila Franca de Xira, de origens humildes, emigrante em Angola, ainda jovem, Redol subiu a vida a pulso, e passou para a escrita toda uma experiência de vida e de luta, que incluiu a prisão, por actividades políticas contra o anterior regime.
A sua escrita retrata a vida, ou a des-vida, dos trabalhadores, de operários a assalariados rurais, transpondo para o diálogo o falar quotidiana das camadas populares., e de acordo com o meio e a sociedade onde se inseriam.
Quem quiser ler Redol, o que se recomenda vivamente, terá à sua frente um fresco vivido do Portugal dos anos 40 a 60, pobre, rural, analfabeto, beato, à imagem do poder de então.
Autor de estudos, literatura infantil, contos, teatro e romance, refulgem obras como "Barranco de Cegos", "Gaibéus", "Fanga", "Uma Fenda na Muralha", a peça "Forja", o conto "Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos" ou o estudo "Cancioneiro do Ribatejo".
Autor multifacetado, Alves Redol é  uma figura incontornável da nossa cultura e, insiste-se, senhor de uma obra que merece ser revisitada ou descoberta.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

NÃO TAP...EM O SOL!

 

Sobre a TAP escreve-se muito.
E às vezes passa-se por cima de evidências.
E quer-se tapar o Sol com uma peneira.
Mas importa ter a cabeça fria.
Para além das razões dos trabalhadores, dos problemas operacionais da empresa, de atitudes da gestão mais que discutíveis, ressaltam o histerismo e a confusão que grassam no (Des)Governo.
A privatização da TAP é praticamente imposta, sem se curar de saber das vantagens ou prejuízos que tal poderá acarretar.
Pretende impôr-se uma requisição civil com argumentos tais que bem poderiam aplicar-se a uma empresa que ninguém, de são juízo, pretenderia alguma vez privatizar...
E, muito mais grave que isto tudo, a confusão é tal que a pretendida requisição é...ilegal!
Com efeito, se os rapazolas lá da São Caetano à Lapa se dessem ao trabalho de estudar antes de abrir a boca, saberiam que a requisição só pode ser decretada após o início da greve, e desde que os serviços mínimos não fossem assegurados.
Serviços mínimos que, decerto por distracção, ainda não foram fixados, sequer equacionados.
Bastaria folhear o Código do Trabalho e acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo.
O que se quer, no fundo, é condicionar psicologicamente, e chantagear, os trabalhadores, utentes da TAP e população em geral.
E fora da lei.
Um precedente perigoso, praticado por gente perigosa.
Com "comandantes" destes, não há avião que levante voo.
Muito menos o país... 

("Come Fly With Me"-Frank Sinatra, este sim um leader!)
    

sábado, 20 de dezembro de 2014

NATAL !!!


"Eu poderia, embora não sem dor, perder todos os meus amores, mas morreria se perdesse todos os meus amigos" - Vinicius de Moraes

Assim, e porque é Natal, para todas as amigas e amigos um abraço fraterno e com música(s) da estação.
E, já agora, e por favor, nunca deixem de sonhar.
E façam o grande, o enorme, o indispensável favor de ser felizes!
E, aí sim, será Natal.

("Silent Night" - de Franz Gruber e Joseph Mohr)

("Natal dos Simples" - José Afonso)

("Wonderful Christmas Time" - Paul McCartney)

("Os Operários de Natal" - texto de Ary dos Santos e Joaquim Pessoa. Música de Carlos Mendes, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho)

("The Christmas Song" - por Frank Sinatra)

("Quando Um Homem Quiser" - poema de Ary dos Santos, música de Paulo de Carvalho)

("Have Yourself a Merry Little Christmas" - por Judy Garland)

("A Todos Um Bom Natal" - Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras)

("White Christmas" - por Bing Crosby)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

PATRIA O MUERTE : VENCEMOS!


Barack Obama, 17 de Dezembro de 2014: "...Não faz sentido continuar a fazer a mesma coisa durante cinco décadas e esperar um resultado diferente".
Esta frase do presidente dos Estados Unidos, que enfrenta uma grave crise de cidadania no seu país (Movimento "We Can't Breathe" - "Não Podemos Respirar"), é a mais estrondosa confissão de derrota da super-potência ao fim de 50 anos de um estúpido e ineficaz bloqueio económico a Cuba.
Ninguém, decerto, pensa que, com este gesto, o regime da ilha das Caraíbas se altere substantivamente.
Afinal, os EUA também têm relações privilegiadas com nações que não são propriamente modelos de direitos humanos, como a Arábia Saudita ou mesmo a China.
O gesto de Obama e Raul Castro vai, para já, permitir uma maior abertura a nível de transacções financeiras, turismo, saúde, educação e investigação.
O levantamento, formal, do ridículo bloqueio depende, ainda, da autorização do Congresso que, como se sabe, é dominado por fanáticos Republicanos, com a cabeça ainda enterrada nos dogmas da guerra fria.
Mas o caminho agora aberto, com a discreta acção da diplomacia canadiana e do sempre surpreendente Papa Francisco, já não pode ser fechado.
O Mundo respira mais aliviado.
E em breve, espera-se, respirará fundo.
Hasta la victoria, siempre!

("Hasta siempre Comandante Che Guevara" - Joan Baez, cantautora norte-americana)
  
 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

VAMOS FALAR DO TEMPO...

 

-Então bom dia...
-Sim...parece que vai ser bom dia, até parece que não chove, parece...
-Pois, ontem foi pior, com chuva e vento, uma chatice...
-É, hoje está melhorzinho, até se vê o sol!
-Lá isso... isto agora está bom para a agricultura.
-Podemos semear umas coisas Há terra e água...
-Sim, aí uns nabos. Somos bons com os nabos.
-Há por aí muito estrume que se pode aproveitar.
-Para termos boas cabeças de nabos.
-...Semeados com muito estrume...
-Achas que os podemos plantar em Évora?
-Em Évora não deixam falar...
-Chiu, pá! Olha que te podem ouvir...O que é que foi combinado?
-Que falávamos do tempo. 
-E da agricultura...Nada de corrupções...
-Ou suposições!
-Ou conjecturas!
-Ou adivinhas!
-Ou patas na poça! 
-Ou fugas para os jornais...
-Lá estás tu! Fala de estrume! Cheira melhor...
-E do tempo!
-E da agricultura!
-E plantam-se nabos com o estrume impresso!
-Ali para os lados do Campus, na Expo...O tempo está franco e risonho!
-E que tal umas floritas...?
-Pois, rosas, malmequeres, cravos...
-Não craves os cravos...
-Sim, para não dizer que não falamos de flores...

("P'ra não dizer que não falei de flores" - Geraldo Vandré. E o Brasil aqui tão perto...)

 
 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

ABORTO ORTOGRÁFICO


 
O dia 16 de Dezembro de 1990 deveria ser considerado dia de luto nacional.
Nessa triste data foi assinado o tristemente célebre Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Pobre língua que, na sua grandeza e beleza, não merecia tal baixeza.
De facto... (ou de fato...ou de fato e gravata...ou de baraço ao pescoço?)

("Língua" - Caetano Veloso)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

MIGUEL DE VASCONCELOS

 
("Parabéns gauleiter Coelho! Disseste bem o que te ensinei!")

Passos Coelho é como o algodão: não engana!
Sempre que abre a boca, ou entra mosca ou sai asneira.
Agora, no México, durante a Cimeira Ibero-Americana, o nosso atarantado primeiro-ministro deu-se ao desplante de elogiar Portugal e Espanha pelas reformas estruturais efectuadas (?) que outros países da UE adiaram ou não fizeram, o que, na sua culta e inteligente perspectiva, atrasa a recuperação e o crescimento económico.
Prosseguindo no seu delírio demencial e fora da realidade, afirma que Portugal e Espanha  estão melhor que esses outros países, que, diz a criatura, enfrentam a recessão e a estagnação.
Estaria o delirante primeiro a referir-se a quem?
Ao Luxemburgo, o tal dos esquemas fiscais fraudulentos?
Claro que não, nem pensar!
À Alemanha, que engorda à custa de sugar os recursos dos outros?
Vade retro! Sacrilégio!
Então...talvez a Itália, a França, a Grécia...
Itália e França que dizem, para quem as ouça, que os orçamentos são delas e não precisam do beneplácito régio da Comissão Europeia ou da Alemanha.
Grécia, que quer sair do abraço mortal da troika e deseja uma nova ordem económica e financeira.
Ou seja, o triste Coelho não é mais que um megafone nas mãos de Ângela Merkel.
Subserviente, sabujo, bufo e colaboracionista.
Definitivamente, não se chama Passos Coelho.
Miguel de Vasconcelos assenta-lhe como uma luva.
De pele de coelho!

O "VELHO" DO CINEMA

 

106 anos!
Parabéns, Mestre Manoel de Oliveira!
De "Douro, Faina Fluvial", de 1931, a "O Velho do Restelo" de 2014, são 83 anos.
83 anos por onde passa toda a história do cinema. Nacional e Mundial.
83 anos por onde correm o preto e branco, a cor, as técnicas, as estéticas, os argumentos, as histórias, as censuras, as prisões da PIDE, as homenagens, as luzes, os sons, o celulóide, o computador, as actrizes e os actores.
83 anos que o tornam, não só no cineasta mais velho ainda em actividade, com o também no mais lídimo representante de tudo o que a 7ª. arte representa.
É evidente que muita gente critica o seu modo de contar ou dirigir, os enredos, os tempos, os planos.
Como sucede com toda a obra de arte.
Mas a grandeza de Manoel de Oliveira está para além disso tudo.
Já faz parte do futuro, por onde entram os que agitam os tempos e os modos.
Já agora...em Hollywood alguém sabe quem é Manoel de Oliveira? 
Alguém os ensine. 

(Trailer de "Non, ou a Vã Glória de Mandar" - 1990)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

DIREITOS HUMANOS

 

No dia 10 de Dezembro de 1948 foi assinada a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Tal dia passou a ser o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
E neste dia, em Oslo, o Prémio Nobel da Paz é entregue ao indiano Kailash Satyarthi e à paquistanesa Malala Tousafzai.
Malala que foi premiada pelos seus esforços, com risco da própria vida, para que todas as mulheres tivessem direitos iguais aos dos homens, designadamente na educação, na formação profissional, no fundo, na igualdade plena, na dignidade plena.
Dignidade...
E como, neste nosso país, hoje, podemos falar de Direitos Humanos quando, vergonhosamente, assistimos muitas vezes impávidos, às vezes, por incrível que isto possa soar, cúmplices, à morte mensal de 4 mulheres por mês.
4 MULHERES MORREM POR MÊS, EM PORTUGAL, VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA!
A crise acabou?
Estamos melhor que há 4 anos?
Há menos desigualdades?
O mexilhão não se lixou?
Não me lixem nem falem de Direitos Humanos enquanto este flagelo não for erradicado.
4 VEZES, POR MÊS, EM QUE A NOSSA DIGNIDADE, SEJAMOS MULHERES OU HOMENS É FERIDA DE MORTE.
Basta! 

("Calçada de Carriche" - música de José Niza, voz de Carlos Mendes, poema de António Gedeão)

O MEXILHÃO FARAÓNICO

 

Com a fina elegância que o caracteriza sempre que abre a boca, o Primeiro Coelho afirmou, sem se rir nem lhe caírem os dentes que, com a crise, "quem não se lixou não foi o mexilhão", e que a crise económica não agravou as desigualdades.
Claro, que temos que dar sempre o desconto a esta gente do governo quando lhes sai na rifa terem que balbuciar umas palavras.
A ignorância, a ausência de cultura e de escrúpulos, a hipocrisia, a pesporrência, saltam da toca como...coelhos! 
De facto, com os cortes drásticos de salários, pensões, prestações sociais, cuidados médicos, com o flagelo destrutivo do desemprego, em números que dobram os de 2010, com uma correnteza de emigrantes, empurrados pelos actos e palavras deste governo, com a subida vergonhosa dos índices de pobreza, designadamente a infantil, com o facto de ser o país europeu onde as mortes por pneumonia mais subiram, com tudo o isto deixa transparecer, com o facto, denunciado pela OCDE de que os rendimentos dos 10% mais ricos, desde o início da crise, é dez vezes superior aos dos 10% mais pobres, de facto, vê-se claramente, o mexilhão não se lixou.
A menos que o mexilhão sejam os mais ricos, os banqueiros, especuladores, corruptos, facilitadores e abridores de portas a negócios ilícitos e mafiosos golden.
E os portugueses sejam a rocha onde bate o mar ou, pior, o lodo onde os nossos pés se atolam e que nos despejam no caminho.
De igual modo, sua excelência exalta com o fim dos Donos Disto e que, com ele, não haverá despesismo nem obras "faraónicas" a esbulhar o precioso erário.
Talvez, com a sua peculiar inteligência, Coelho se referisse a certas auto-estradas que vão dar a nenhures, ao Centro Cultural de Belém ou à Expo-98, quiçá ao Euro-2004.
E mesmo assim, muito haveria a dizer sobre estas e o conceito, coelhamente expendido.
Mas será faraónico dotar as linhas férreas nacionais com a bitola europeia e ligar, em alta velocidade pólos como Sines ou Palmela (Autoeuropa) ao coração da Europa, com os ganhos que tal poderá acarretar?
Ou dotar Lisboa de um aeroporto de facto internacional, que não permita que anteriores rotas que daqui partiam se tenham, actualmente, de ir apanhar, a correr, a Madrid.
Esta ideologia salazarenta do "pobrezinho mas honesto" é uma praga que nos mata.
Investir custa milhões. Mas os benefícios rendem milhares de milhões.
Estadista não é contar os tostões do dia a dia (ler, escrever e contar chega, não é Dr. Crato?).
Para isso qualquer amanuense com competência é suficiente.
Estadista é ver e prever o futuro e construir as pontes necessárias para lá chegar.
Com a ideologia tacanha deste (des)Governo, figuras da estatura de um Infante D.Pedro ou D.João II, do Marquês de Pombal ou de Fontes Pereira de Melo, já estariam em prisão preventiva.    

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SEXY BOMBO


Não nos bastava terem sugerido que o Sr. Silva de Belém dissera aos árabes que uma das razões para investirem em Portugal seria o monte de "mulheres bonitas", para lá de outras coisas.
Parece que a criatura não terá dito isso mas, atendendo à sua brilhante cultura, não era nada que não pudesse atirar boca fora.
Agora, temos o Pires da cerveja a dizer, peito feito e em altos berros, que Portugal é um "destino sexy"!
Destino sexy!?
Mas o que pretende esta gente?
Fugiu-lhe a boca para a verdade?
Não bastam o sol, os aviões, os cavalos do Silva?
Agora fomentamos o turismo sexual?
É que se o Pires da cerveja não queria dizer isto, talvez o tenha pensado.
Estamos feitos com esta gentinha!
Não basta o corte de salários e pensões, os despedimentos, o desemprego, a emigração, a degradação, tendente à extinção, dos serviços públicos de saúde, educação e justiça, a venda ao desbarato de grandes empresas nacionais.
Agora querem transformar o que resta num imenso bordel!
Com Cavaco como dono do dito.
E o Pires e comparsas como chulos!    

("Sex Bomb", Tom Jones - dedicado ao Pires e amigos)

O FERIADO IRREVOGÁVEL


Ribeiro e Castro discursou na cerimónia evocativa do 1º. de Dezembro.
Exigiu a reposição do feriado.
Portas, irrevogavelmente, vai apresentar a proposta ao Conselho Nacional do CDS.
Sem dar cavaco ao parceiro de coligação, o PSD de Passos.
Como que lhe cravando uma faca nas costas.
Portas é o herói da Restauração!
Já o vemos, olhar faiscante, espadim na mão,
Seguido do fiel escudeiro Ribeiro e Castro,
E dos conselheiros do CDS em vigoroso tropel,
Bradando valentemente "Queremos o feriado! Sempre quisemos o feriado!",
Correndo, afobadamente, não ao Paço mas à Gomes Teixeira para,
Valentemente, patrioticamente, atirar Miguel de Vasconcelos, perdão, Passos Coelho, janela abaixo,
E restaurar, bravamente, o Feriado do 1º. de Dezembro.
Só que...há aqui um problema.
É que Paulo Portas subscreveu a Lei que eliminou os feriado do 1º. de Dezembro.
Lado a lado com Passos Coelho.
Como todas as leis produzidas por este Governo,
De que Miguel de Vasconcelos, perdão, Passos Coelho, é primeiro-ministro,
Passando por cima de todas as linhas vermelhas e irrevogabilidades
Coladinhos, unha com carne, eles Passos Coelho e Paulo Portas.
De onde se conclui que quem foi oportunista, demagogo e sem escrúpulos é e será, irrevogavelmente, oportunista, demagogo e sem escrúpulos.

À esquina da Rua das Portas de Santo Antão, Ribeiro e Castro, Rui Rio e António Costa riem a bandeiras despregadas...