quinta-feira, 31 de julho de 2014

O BANCO MANCO *


Ena pá!, aqui no bairro anda tudo de cabeça perdida, parecem moscas tontas num frasco, há berreiro nas ruas e pátios, também não é para menos, o Ti Costa, vermelho que nem um tomate só quer é dar porrada no Ricardito, que é a modos que um puto que anda aos biscates às escondidas, o pior para ele é que o Ti Costa julgava que o gajo devia três bagaços, daqueles que o meu papá emborca às dúzias quando o Benfica perde, qual quê, afinal já deve é meia dúzia de garrafas do briol, aquilo é uma dívida maior que a que o meu primo Coelho deve à Ângela, aquela que é dona de uma  casa onde há muitas garinas, devem ser das limpezas, e a quem a minha mamã e a outras senhoras chamam nomes muito feios e me proíbem de lhe falar, sequer passar à porta, enfim, eu sei lá, só sei que a Ângela tem TV led e um Audi, e não lhe saiu na factura dos milhões, melhor para ela, mas voltando ao Ricardito, ele bem se quis safar, mas o Ti Costa apanhou-o pelos gorgomilos e vai daqui vamos ver o Ricardito a arrotar os carcanhóis como se fosse solarina, nem que tenha de pedir emprestado ao seu amigo de gandulagem, o Zé de Angola, mas lá que terá de pagar ao Ti Costa, terá, que ele não gosta de ser corno e o último a saber, rais partam o homem, nem o Espírito Santo lhe vale, ai paga as seis de bagaço paga, ou o Ti Costa dá-lhe com um banco na cornadura, nem que seja com aquele banco que se partiu quando o meu papá todo entornado enfiou o barrete, quando comprou uns papéis do Benfica e só acordou da bezana quando viu que aquilo era lixo tóxico, como eles dizem na TV, o papá caiu da tripeça e partiu o banco, o tal que vai rachar a pinha do Ricardito, acreditem acreditem, que aqui no bairro não se brinca com o bagaço.
Ora toma!




* - Mais uma pequena homenagem a Luís de Sttau Monteiro e às suas "Redacções da Guidinha" no saudoso "Diário de Lisboa"

sexta-feira, 25 de julho de 2014

DIGNIDADE ANIMAL


("A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como os seus animais são tratados" - Mahatma Gandhi) 

A Assembleia da República aprovou hoje, há poucos minutos, com os votos favoráveis do PS, PSD, CDS, BE, PEV e os votos contra de 2 deputados do CDS (claro!) e a bstenção de outros 2 deputados do CDS e....a abstenção "violenta" do PCP (!) o Projecto de Lei que institui o regime sancionatório aplicável aos maus-tratos contra animais, e o alargamento dos direitos das associações zoófilas.
O CDS, decerto devido à influência dos seus "cristãos" compadres do toureio, do vinho a martelo, das ganadarias e do circo, conseguiram alterar o texto inicial, incluindo um artigo que estipula que a lei "...não abrange os animais utilizados em exploração agrícola, pecuária, agro-industrial, assim como os utilizados para fins de espectáculo comercial ou outros fins legalmente previstos...".
Estes "outros fins" poderão contemplar os crimes cometidos, por exemplo, na investigação médica.
Não obstante este recuo, pode-se parafrasear Neil Armstrong e afirmar que a decisão de hoje foi "um pequeno passo para os homens e um salto gigantesco" para os direitos desses seres que nos alegram e maravilham todos os dias, os animais.
O regime estabelece prisão até 1 ano ou multa até 120 dias a quem pratique maus-tratos, o que poderá ser agravado para o dobro se de tais maus-tratos resultar a morte do animal.
O abandono é punido com prisão até 6 meses ou multa até 120 dias.
Em França, por exemplo, a crueldade sobre os animais é punida com prisão até 2 anos acrescida de multa até 30.000 euros. E a legislação francesa abrange, entre os diversos tipos de crueldade, o abandono, não cuidar devidamente ou alimentar animais que são utilizados no campo ( o "código rural") e, importante, as experiências "científicas".
Seja como for, o primeiro passo está dado, e outros se deverão seguir, com urgência, como a abolição das experiências com recurso a animais, os espectáculos circenses e as touradas, pelo que toda a sociedade deve ser mobilizada para o indispensável apoio e esclarecimento.
E quanto mais urgentemente melhor, já que os animais merecem todo o respeito e dignidade.
E quanto mais dignos forem os animais, mais dignos serão os humanos.
Para não continuarmos a ser o "Portugal dos pequeninos"....recordando a frase de Gandhi acima inserta. Recorde-se que, a 15 de Abril, a Assembleia Nacional de França aprovou uma lei que reconhece aos animais a "...qualidade de seres vivos dotados de sensibilidade..." 
E, já agora, quanto ao PCP, que ainda deve andar nos tempos dos circos romanos, talvez lhe assente bem um par de orelhas de burro! Esta abstenção é lamentável, especialmente para quem diz defender os fracos e oprimidos. E os animais sâo fracos e bastante  oprimidos. Não é evidente?
Para terminar, e uma vez que se falou aqui de França, junta-se uma bela e emotiva canção de Renaud (vd. poema mais abaixo) sobre um cão de seu nome "Baltique" que acompanhou o seu dono, François Mitterrand, durante anos e, aquando do enterro do ex-presidente na aldeia de Jarnac, em Janeiro de 1996, foi proibido de entrar na capela.
Esperou, paciente, à porta do templo, à chuva, fiel ao seu companheiro.
Haverá muitos "humanos" assim?
Os animais são, mesmo, os nossos melhores amigos.


"Baltique

Talvez tivessem medo que eu urinasse
No mármore da pia da água benta.
Ou pior, que eu me deitasse defronte do altar imaculado.
Medo que eu levantasse a pata no corredor
Onde se senta esta multidão ingrata
Que não fala de Humanidade.
Talvez considerassem que não é católico
O amor de um cão pelo seu dono.
Por isso, privaram-me dos cânticos.
Mas, tenho a certeza que, um dia, Deus reconhecerá os cães!
Eis-me defronte da capela,
Sob esta chuva que me é indiferente,
Entregue a um fiel alérgico ao local das orações.
E as pessoas falam ao meu lado:
"Tu é que tens sorte, a ti ao menos o sofrimento não atinge.
A emoção é para os humanos".
E dizem-se eles cristãos.
Não entendem que o amor no coração de um cão
É o maior amor que pode existir.
Mas, tenho a certeza que, um dia, Deus reconhecerá os cães!
Poderei viver na rua e ser pontapeado
Poderei comer muito menos do que me é devido e dormir sobre o chão molhado
Em troca de um carinho e, de vez em quando, de um naco e pão.
Dou toda a minha ternura é eternidade ou mais longe!
Avisem-me assim que souberem de alguém
Que ame um homem como eu amei este humano
Que choro tanto como tu..."

Mas, tenho a certeza que, um dia, Deus reconhecerá os cães!
Mas, tenho a certeza que, um dia, Deus reconhecerá os cães!

TUDO BONS RAPAZES!

 

Claro que são bons rapazes,
Claro que, como escreveu Shakespeare ("Júlio César") são todos homens de honra,
Cumpridores da Lei, transparentes,
Honestos a toda a prova,
Que nunca recebem ou receberam comissões, luvas, prendas,
Que nunca se meteram, ou o seu banco, ou a sua empresa,
Em negócios duvidosos, em transacções ruinosas, em movimentos especulativos,
Que nunca fizeram o povo pagar quaisquer asneiras por si cometidas,
Que nunca traficaram influências, que nunca jogaram roleta nos salões do Poder,
Presidências, Governos, Ministérios, Assembleias, Municípios,
Nunca, nunca, nunca,
Três vezes a bater no peito,
Vade retro Satanás, e, já agora, Tribunais,
Angelicais e puros, todos!
Comparados com eles, as personagens do filme de Martin Scorcese "Tudo Bons Rapazes" (a ver, obrigatoriamente), não passam de um pobres de
Espírito
Santo! 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

CRATO AVALIADO

 
(PUM!)

O título do post até parece de Tarantino (Django Libertado"), mas seria estultícia a mais.
Como estultícia parece ser um estado normal de Crato.
Manda avaliar sem saber quem, como e com que bases ou com que propósitos.
Torce a lei para, clandestina e amedrontadamente, fixar uma data, atropelando a legalidade e a ética.
E para quê?
Leia-se a pomposa Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades.
Ainda não fecharam a boca do espanto?
Então isto é avaliar quem ensina jovens?
Isto tem bases pedagógicas?
Isto pondera a inserção das escolas e, por arrasto, dos professores na comunidade onde estão?
Isto não é um insulto ao ensino das nossas Universidades e Institutos?
E aos orientadores dos estágios que, todos os anos, se processam nas escolas, no terreno do dia a dia?
Afinal, ó Crato, foste lá buscar ao baú do teu Grande Timoneiro da Revolução a tese de que o professor, para além do trabalho intelectual, também tem de efectuar trabalho braçal?
Por exemplo, como revisor nas carruagens da CP?
Como sinaleiros ou motoristas de uma rede de transportes?
Como operadores de cameras de TV?
Ou a corrigir uma PACC onde ainda aparece IVA a 19% (!!!!).
Ó Crato, tem juízo, não vá alguém solicitar a tua avaliação.
Mental!   




CPLP, COÑO!

(Teodoro Obiang, presidente da Guiné Quatorial)

Em exclusivo, discurso, em privado,  do Presidente Obiang, feliz e contente com a integração da Guiné Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa:

Señor Xanana Guzmán, Señor Cabaco de la Silva, Señor Conejo, Señoras y Señores,
En esto momento me sinto muy contento y feliz de integrar esta Comunidad de los Paises de Lengua Port....Prott..., Portoñola, vale!,sea que sea. Persupuesto.
Para mi finca, perdón, para mi patria es um gran echo, vale!, porque los parolos de CPLP nos ván a dar legitimidad, vale! y, nosotros, daremos, coño, venderemos el petroleo para los coches por muchos dolares, quién quiere el euro merdoso. Vale!
Así, es un honor para mi, y ustedes se metén el barretón solamente por vuestra ganancia, vale!
Ahora, no voy a perder más rato com ustedes, me voy a Guinea para continuar a ampliar los pobres, de 75% para 80%, a ampliar mi fortuna personal, de mi familia y amigos, a prender y asesinar los opositores, a mantener la pena de muerte, con la promesa que la terminaré muy pronto para el dia de san nadie à la tarde. Vale!
Así, adiós muchachos, compañeros de mi vida, que voy a las playas de Guinea róbar, matar y asesinar. Persupuesto!
Viva la CPLP. 
Viva la lengua castellana!
Persupuesto!
Coño!    

O HOLOCAUSTO DE GAZA

 

Caros amigos judeus,
Basta!
Não venham com desculpas esfarrapadas ou vitimizações hipócritas!
Não relembrem as fábulas bíblicas, o acordo Sykes-Picot (1916), e a inerente traição feita a T.E. Lawrence ("Lawrence da Arábia"), a Declaração Balfour (1917), o Mandato Britânico até 1947, a declaração de independência de Israel em 1948.
Acima de tudo, porque não têm autoridade para tal, não remexam muito na história, ou ainda teríamos, um dia, de concordar com os rapazes do Califado do Levante e admitir que a Península Ibérica deveria ser árabe.
E não usem como escudo hipócrita as vítimas do Holocausto, da Inquisição, dos Progroms, da mentalidade medieval de muita Europa, e que ainda hoje se revela, duramente, em muitos aspectos, embora as vossas actuais raízes sejam intrinsecamente europeias.
Os vivos de hoje, os mortos e feridos de hoje, no inferno da Palestina, não devem expiar as culpas daquilo que outros cometeram.
Um judeu morto numa câmara de gás é um crime contra a Humanidade.
Como o é uma criança assassinada numa praia de Gaza,
Ou num hospital,
Ou numa escola, 
Transformadas em alvos estratégicos.
Acima de tudo, não continuem a dar pretextos aos que dizem que aprenderam bem com os nazis, o que parece ser o objectivo da oligarquia fanática e cega que ocupa o poder, transitoriamente.
Façam algo inteligente, e imaginem que os vizinhos da terra que ocuparam de uma forma, pelo menos, legal e historicamente duvidosa também têm direito a viver.

("Imagine", de John Lennon. Eddie Vedder, Meco, Portugal, 18/07/2014. O ruído de fundo não são bombas israelitas em Gaza. Mas a canção foi dedicada às vítimas das mesmas)

terça-feira, 22 de julho de 2014

CRATO - O MEDO E A RAIVA

 
Está marcada para hoje uma Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades para cerca de 4.000 professores contratados, com menos de 5 anos de serviço (todos os outros, julga-se, estarão super-avaliados).
Para além de tudo o que se possa dizer sobre uma avaliação para quem já, ao longo dos anos, tem sido sujeito a avaliações contínuas, ressalta, agora, o picaresco de o Ministro do Crato ter anunciado a realização da mesma de uma forma quase clandestina, a medo, repete-se, a medo.
Para cumprir um prazo de 5 dias, faz o anúncio, quase clandestino, a uma 5ª. feira, contando com o sábado e o domingo.
Medo de um possível pré-aviso de greve. Medo, puro!
Depois, mobiliza a PSP para guardar cerca de 80 estabelecimentos de ensino e, ilegalmente, decreta a proibição de reuniões sindicais.
Cada vez mais medo! E falta de vergonha!
Já agora, porque não rodear as escolas de arame farpado, cães de guarda, tanques de terra, já agora brigadas do Tzahal israelita, transformando os estabelecimentos de ensino em dezenas de Faixas de Gaza.
Mais medo! De quem sabe não ter razão.
O comportamento do Ministério, neste caso, não tem qualquer justificação, e releva de uma postura de permanente confrontação e absoluta ignorância.
E, pela calada, Crato vai continuando a sua sanha destrutiva, impondo a ideologia de o mercado mandar em tudo. Gente com medo é uma fera enraivecida....
Depois de emparedarem Sophia no Panteão, de um só golpe, cortam-na do ensino secundário, varrendo os seus textos de todo e qualquer programa.
Mais adiante, como para esta gente ignorante, iliterata e inculta, o passado nada conta, cheira a reformado ou aposentado, corta-se a cabeça a quem investiga uns senhores decerto patuscos, como Aristóteles, Homero, Virgílio, Píndaro, Séneca, Platão.
Quem precisa desses trastes inúteis, que não exportam?
O Centro de Estudos Clássicos de Lisboa vê a todo poderosa FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) cortar o seu orçamento de 61.000 para 7.500 euros. 
E o Centro de Coimbra passa de 160.000 para 15.000 euros.
Professores jubilados, reformados, experientes, mesmo trabalhando À BORLA, estão proibidos de colaborar, com o seu imenso caudal de saber e experiência, nas Universidades e centros de investigação. "Reformado" é uma estrela de David colada à pele.
Como diria o grande guru Camilo Lourenço, para que é que o país precisa desta investigação e destes "inúteis" ?
O que é que tem a ver com rolhas de cortiça ou alpercatas de borracha?
Pobres patetas...
Segundo eles, a cultura não rende dividendos. Mas esta gente nunca saiu do país ou a sua "cultura" limita-se aos programas da manhã das TV's generalistas?
A Cultura, a verdadeira, estudada, explicada, exposta, clássica, antiga, moderna, rende rios de novos interessados, curiosos, estudiosos, que poderão vir a ser fruidores, compradores, gerar receitas que, em muito, ultrapassariam as despesas. Estudem Paris, Londres, Nova Iorque, Atenas, Amesterdão, por muito trabalho que lhes dê. O Bairro da Luz Vermelha de Amesterdão deve gerar mais receitas para a cidade que outros locais ou eventos. E também é cultura, por muito que custe a púdicos intelactualóides de serviço.
Como os "castelos de damas" de Salvador da Baía. Ou Jorge Amado também está banido?
Mas estes perigosos ignorantes que nos (des)governam nada disto colhe.
A destruição de tudo o que cheire a cultura, investigação, desenvolvimento, é despesa inútil.
Como os reformados.
Mas bem lá no fundo, não passam  de labregos analfabetos.
O problema é que (ainda) temos de os aturar.
Que ferro, meninos, como diria o Eça (sabem quem é?)!

HEMINGWAY - ESCRITA COM SANGUE

Nasceu a 21 de Julho de 1899. Suicidou-se a 2 de Julho de 1961.
Foi jornalista, correspondente de guerra, romancista e, entre outras coisas, beberrão, caçador, amante de touradas. Ninguém é perfeito, e Hemingway menos que muitos.
Personagem multifacetada, um talento inesgotável, um enorme contador de histórias, escrevia como respirava ou sangrava, e Prémio Nobel de Literatura de 1954.
Combateu e foi ferido na I Guerra Mundial. Foi correspondente de guerra durante a Guerra Civil de Espanha, apoiando decididamente a legitimidade Republicana, o que lhe deu o tema para um dos seus grandes livros, "Por Quem os Sinos Dobram". Durante a II Guerra Mundial, também trabalhou para os jornais, tendo desembarcado na Normandia e sido dos primeiros jornalistas a entrar em Paris libertada, muito embora, reza a lenda, a sua prioridade fosse a "libertação" da grande garrafeira do Hotel Ritz.
Paris, aliás, é uma das suas grandes inspirações, pertencente como foi à chamada "Geração Perdida", que incluía, entre outros, Ezra Pround, Gertrude Stein ou Scott Fitzgerald que, nos início dos anos 20 demandaram a Cidade Luz e se inspiraram nas grandes avenidas, nos pequenos bairros, nos cafés e bares, na dança coleante de Josephine Baker, nos traços de Dali ou Picasso, na música de Sidney Bechet, e que ele tão bem imortalizou no seu volume de crónicas "Paris É Uma Festa", verdadeira obra-prima, e que o génio de Woody Allen transmitiu num dos seus mais belos filmes: "Meia-Noite em Paris".
("Meia-Noite em Paris" - Corey Still "Hemingway", dialoga com Owen Wilson "Gil")

O amor por Paris não é, não foi, a única paixão deste americano truculento, polémico, mas para lá de amores e desamores, do apelo de Cuba, que o envolveu, amabva acima de tudo a vida e o que ela lhe podia dar, tanto para a vivência física como para a intelectual.
Quando reconheceu que a qualidade já era pouco, decidiu que já nada podia dar à vida.
Para além de "Por Quem os Sinos Dobram" ou "Paris É Uma Festa", leiam-se "O Adeus às Armas", reflexão após a I Guerra Mundial, "O Velho e o Mar", parábola sobre a dimensão humana e a luta contra todos os desafios, ou o "Jardim do Éden".
E, como sempre, voltamos a Paris...

("Meia-Noite em Paris" - Sidney Bechet com "Si Tu Vois Ma Mère")
 

domingo, 20 de julho de 2014

MONTY PYTHON - PARA A ETERNIDADE

 

É hoje, dia 20 de Julho.
Às 19.00 horas, em Londres, na O2 Arena, despedem-se do palco e dos espectáculos seis dos mais talentosos humoristas de sempre: Eric Idle, Terry Jones, John Cleese, Michael Palin, Graham Chapman (falecido em 1989, mas sempre presente no grupo), todos ingleses, e o norte-americano Terry Gilliam.
Desde o primeiro programa televisivo, de 5 de Outubro de 1969, de seu nome "Monty Python's Flying Circus", que o non-sense, o humor anárquico e surreal invadiu a Grã-Bretanha e o Mundo.

(O clássico, e corrosivo, sketch "Dead Parrott")

Este humor fino, abrangente, quebrando barreiras e tabus, cedo saltou dos ecrãs televisivos, passou aos espectáculos por palcos de todo o globo, chegou ao cinema, rádios, livros e, até, jogos de computador.
Com os Beatles, foram os mais famosos britânicos dos idos de 60 e 70 do século passado.
Desde os lendários americanos Irmãos Marx que não se tinha visto um conjunto de talentos desfazer tantos lugares comuns, inventar vocábulos novos (cibernautas, "spam" diz alguma coisa? Também eles inventaram o termo...), reescrever a história e o dia-a-dia dos comuns dos mortais.
Em Portugal, influenciaram, por exemplo os Gato Fedorento, lá fora temos a animação "South Park" baseada na sua forma de torcer o humor, bem como alguns momentos do "Saturday Night Live".
Editada pela Oficina do Livro, recomenda-se a leitura de "Monty Python-Autobiografia pelos Monty Python".
E recomenda-se, quase como visão obrigatória, que se assistam aos filmes "Monty Python e o Cálice Sagrado" (1975), "O Sentido da Vida" (1983) e, acima de todos, como opinião pessoal, uma das grandes obras-primas do cinema humorístico de todos os tempos: "A Vida de Brian" (1979).
Foi aqui que os Monty nos ensinaram a olhar sempre para o melhor lado da vida....
Obrigado!

("Always Look On The Bright Side Of Life" - "A Vida de Brian") 

sábado, 19 de julho de 2014

POBREZINHOS MAS HONESTOS



E ao não sei quantos dias, João César das Neves pregou:
“É criminoso subir o salário mínimo”
Claro que é!
César é cristão, é católico.
Praticante. 
Para esta gente que bate com a mão no peito,
Que não sabe o que quer dizer "Católico",
Ou conhece Cristo,
Sequer Francisco,
Ser pobrezinho é que é bom,
Corta nos salários, aumenta os lucros, diminui os custos.
Também corta a qualidade, aumenta a precaridade, diminui o gosto de viver.
Mas viver a vida é pecado,
É viver acima das possibilidades,
É engordar o estado social,
É não haver lugar à caridadezinha, ao assistencialismo,
Ao gosto voyeurista e sádico de deixar mola numa mão estendida, mas honesta, claro,
À volúpia de enganar a fome com migalhas,
Tão IsabelJonetista...
Ser pobre é dar lucro às empresas,
É engordar empresários ávidos e analfabetos,
É percorrer o caminho da expiação,
Aprender a lição, como diria Cavaco,
Cumprir o ajustamento, como diriam os colaboracionistas,
Como ele César, ou Camilo Lourenço, ou Gomes Ferreira,
Entre outros.
Criminoso é manter salários de pobreza,
Alimentar o desemprego, a emigração,
A desqualificação, a extinção da saúde, da educação, da investigação.
Criminoso é estrangular um país, fechar-lhe as portas da esperança,
Cadinho de todas as ditaduras, brutalidades e desumanidades.
Mas César é cristão. E católico!
Como os vendilhões do templo.
Como os que pregaram Cristo na cruz,
E lhe espetaram uma lança, estás é mal enterrado.
César é cristão e católico,
Que rasga e pisa os Evangelhos e os Bem-Aventurados.
Isso, sim, é criminoso!


("Cálice", de Chico Buarque, com Milton Nascimento)

quinta-feira, 17 de julho de 2014

POESIA EM PORTUGUÊS

 

Nasceu em Coimbra a 17 de Julho, já lá vão 95 anos, e aí licenciou-se em Histórico-Filosóficas.
Foi um dos grandes nomes que ajudaram a crescer, e a divulgar, o movimento neo-realista em Portugal.
Talvez o seu nome não seja tão conhecido como outros companheiros de jornada, como Carlos de Oliveira, Joaquim Namorado, ou Mário Dionísio.
Mas o seu contributo, e a sua qualidade foram decisivos para marcar toda uma época e toda uma estética, bastando referir que foi um dos responsáveis pelo surgimento do "Novo Cancioneiro" que, nos idos de 40 agitou os meios culturais portugueses, erguendo das raízes o neo-realismo.
Integrante do chamado "Grupo de Coimbra", muitas das polémicas dadas à estampa em revistas, muitos poemas, muitas posições estéticas e políticas nasceram nas tertúlias reunidas na sua casa na Rua do Loureiro, onde hoje está a Casa da Escrita, em Coimbra.
A sua colecção de Obras Completas, em três volumes, encontra-se publicada pela Editorial Caminho, cuja leitura se recomenda.
Por fim, e nesta apresentação breve, é fulcral referir que João José Cochofel foi, com Carlos de Oliveira, Joaquim Namorado, Papiniano Carlos e outros, um dos grandes poetas que escreveram textos que Fernando Lopes-Graça musicou naquela compilação que passou à História como "Canções Heróicas".
E muitos desses poemas estão, dolorosamente, extremamente actuais.
Fiquem com a poesia de João José Cochofel, e descubram-no!

Sem frases de desânimo,
nem complicações de alma,
que o teu corpo agora fale,
presente e seguro do que vale.
Pedra em que a vida se alicerça,
argamassa e nervo,
pega-lhe como um senhor
e nunca como um servo.
Não seja o travor das lágrimas
capaz de embargar-te a voz;
que a boca a sorrir não mate
nos lábios o brado de combate.
Olha que a vida nos acena
para além da luta.
Canta os sonhos com que esperas,
que o espelho da vida nos escuta.
("Firmeza" - Canção Heróica)
 
("Ronda")
 
(Ronda")
Amor, já se aproxima a hora
de darmos as mãos e dançar.
A ronda que começa agora,
eia agora!
é para nela se bailar.
Mas precisamos ir primeiro
por uma madrugada fria,
fazer dos anseios bandeira,
na dor temperar a alegria.
Amor, já se aproxima a hora
de darmos as mãos e dançar.
Na ronda que começa agora,
eia agora!
havemos todos de entrar.
Se a vida vã que nos uniu
à morte assim nos entregasse,
seria uma noite mais noite
que a esta noite nos poupasse.
Amor, já se aproxima a hora
de darmos as mãos e dançar.
A ronda que começa agora,
 eia agora!
não mais voltará a parar.
E o novo dia se levanta
vadiando da rua ao telhado.
–Amor, estende a tua manta,
vamos dormir sobre o passado.

 
 
 


quarta-feira, 16 de julho de 2014

VIVER ACIMA DAS POSSIBILIDADES


Os portugueses vivem acima das suas possibilidades!
Passos Coelho e Paulo Portas acreditam piamente e vergastam-nos todos os dias com o chavão.
Cavaco Silva apoia a ideia e, subservientemente, cabeça baixa e chapéu a torcer-se nas mãos, pede desculpa à potência ocupante e garante que aprendeu a lição.
António José Seguro, em surdina, como é seu timbre, também acredita na narrativa.
O Cardeal Patriarca pede paciência para o sofrimento, dos pobres é o reino dos céus...
Enquanto Francisco diz que esta economia mata.
Claro que Carlos Costa, regulador regulado, também diz que sim, que somos despesistas.
E Vitor Bento corre pressuroso, administração na mão, berrando que os portugueses são uns gastadores! 
E Ricardo Salgado e Zeinal Bava, mais o Granadeiro, acenam que sim.
E Ulrich, dorido com o BESabcesso, insiste que sim senhor, e ai aguentam mais violência aguentam!
Logo, com todos estes ilustres pensadores concordantes, está visto é que a culpa disto tudo é de 10 milhões de portugueses que são uns mãos largas, preguiçosos, madraços e improdutivos.
Quod Erat Demonstrandum que, de facto, os tugas viviam acima das suas possibilidades...
Pelo que foi e é necessário fazê-los expiar tal pecado mortal e aprender a lição.
Empobrecendo, desinvestindo, despedindo, cortando, emigrando, matar a esperança.
Deve ser a isto que Cavaco de Belém chama de consenso.... 
Porque, de facto, é que os Espírito Santo e família nunca fomentaram negócios em off-shores, fugindo ao escrutínio e à fiscalização. E ao fisco!
Também nunca injectaram dinheiro improdutivo em projectos que só existiam no papel, para o capital circular entre locais e "empreendedores" sem controlo nem moral.
E, de facto, nunca receberam luvas, perdão, comissões, por fretes a terceiros,
Nem desenvolveram uma rede tentacular entre banca e política, mudando, como peões, governantes para administradores, e vice-versa.
Nem a PT, empresa de comunicação e conteúdos, se substituiu a um banco e emprestou dinheiro a empresas que de Forte nada têm, mas têm relações estreitas e recíprocas entre si, como os tentáculos de um polvo gigantesco.
Nem que, com estas manigâncias todas, a dívida privada, em Portugal, seja muito superior à pública que, por seu turno, absorveu toda a dívida acumulada pela Banca.
Milhares de milhões, acima de tudo o que é imaginável em empresas inseridas numa economia de um país periférico, sem expressão a nível europeu e mundial. Milhões de milhões por aí a voar. 
Para os portugueses pagarem. Dívida privada, repete-se.
Nem que, nos últimos anos, dramaticamente, a riqueza produzida seja distribuída em quase 60% para o capital improdutivo e 40% para o trabalho.
Nem que 1% da população concentre 25% de toda a riqueza.
Não, somos nós a divagar...a delirar....
Afinal, QUEM VIVEU, E VIVE, ACIMA DAS SUAS POSSIBILIDADES?

("Money" - Pink Floyd)

terça-feira, 15 de julho de 2014

INDEPENDENCE DAY - NOVA IORQUE

 
Há dias, mais precisamente a 4 de Julho, os Estados Unidos comemoraram o seu Dia da Independência.
Pois vamos falar um pouco sobre o lado de lá do Atlântico, mais concretamente sobre uma das mais fascinantes cidades do Mundo : Nova Iorque.
E para abordá-la, vamos sair do aeroporto até Brooklin e, aí, atravessar a pé a mítica e histórica Brooklin Bridge, inaugurada em 1883, que atravessa o East River e que, calcorreada com calma, admirando a paisagem em frente, nos faz sonhar...
("Just over The Brooklin Bridge" - Art Garfunkel)

Chegados à outra margem, estamos em Manhattan, um dos 5 "boroughs" (ou distritos, para simplificar), que compõem Nova Iorque: Manhattan, Brooklin, Bronx, Queens e Staten Island.
Perto do local onde deixámos a ponte, encontra-se o edifício da Câmara Municipal, que pode ser visitado, desde que haja marcação prévia.
Percorrer Nova Iorque é extremamente simples: para Norte, Uptown, para Sul, Downtown, adoptando a localização do Central Park como referência. As avenidas foram desenhadas na vertical, as ruas na horizontal (West e East, ainda tendo como referência o Park). É quase impossível alguém perder-se nessa malha ortogonal. A excepção é a Broadway, que atravessa a cidade na diagonal, e desde 1811.
A rede de metro é eficiente, assim como a dos autocarros e, atendendo ao actual valor do euro, as viagens de táxi, para grupos de 2/4 pessoas é aconselhável e barato.
Voltando à Câmara Municipal, podemos ir "downtown", pela Broadway, passando pelo memorial do 11 de Setembro e pelo novo arranha-céus entretanto construído, metendo o nariz em Wall Street, que recorda o local onde, em 1652, os holandeses construíram um muro de lama e madeira para impedir fugas de escravos. Wall Street, hoje, invoca outro tipo de escravatura e outros senhores...
A poucos metros, temos a Trinity Church que, além de um cemitério datado desde o século XVII, abriga recordações vivas e vividas da tragédia de 11 de Setembro.
No fim da avenida, pode-se apreciar o Battery Park, datado do século XIX, onde se situa o Forte Clinton (sem sala oval...) do mesmo século, admirando-se, ainda, uma esfera metálica, antes situada entre as Torres Gémeas, e que é testemunha física do que lhe desabou em cima.
 
(A esfera no Battery Park)

Do Battery Park saem os ferries que, além do mais, asseguram as ligações à Estátua da Liberdade e a Ellis Island, onde se situa o Museu da Emigração.
E, já agora, porque não um pequeno cruzeiro pelo Hudson ou pelo East River? 
Deixando o Battery, vamos Uptown e East, percorrendo Canal Street, onde se contempla um incrível mercado ao ar livre, e no qual se podem adquirir frutas, vegetais, mariscos, peixes, ou não estivessemos no coração de ChinaTown, bairro que merece ser calcorreado, mas com atenção aos restaurantes, que não se aconselham.
Mas não se perde pela demora. "Entalada" em ChinaTown, está Little Italy, que já teve uma dimensão maior, mas que hoje se confina aos três quarteirões que ladeiam Mulberry Street, e parece aproximar-se da extinção. Aproveitar a oferta de restauração e, porque não, naquela rua tão italiana, imaginar Don Corleone ("O Padrinho") aos tiros. Ou seria Marlon Brando?
Se, agora, nos dirigirmos para ocidente (Go West...), vamos encontrar alguns bairros que nos fazem lembrar algumas zonas de Londres (como Soho, que apenas quer dizer SOuth of HOuston street), calmas, habitacionais, como são Tribeca (TRIangle BElow CAnal street), o referido Soho e Greenwich Village,  este último local privilegiado das comunidades gays e lésbicas, e onde as estátuas da Christopher Square evocam, também, para além da tolerância cívica, os incidentes de 1969 no bar Stonewall Inn,  quando a polícia espancou manifestantes que lutavam pelos direitos civis dessa comunidade, direitos iguaizinhos aos nossos. Ali não há preconceitos e respira-se uma atmosfera carregada de liberdade. E cultura.
Os três bairros foram, nos anos 50/60, residência de pintores, escultores, músicos, cantores, actores, realizadores (a norte fica a Union Square, onde esteve The Factory, o estúdio de Andy Warhol e dos seus discípulos), tendo, depois, caído na degradação e quase votados ao abandono.
No entanto, foram revitalizados, recuperados, e são hoje, mantendo as suas identidades físicas e ambientais, residência de uma jovem classe média, maioritariamente de profissões liberais, dinâmica e culta. Bons restaurantes, galerias de arte, livrarias, óptimas lojas de música, onde se podem adquirir verdadeiras raridades em CD ou...vinil. O espírito de Nova Iorque.


 
("Empire State of Mind" - Alicia Keys)

Deixando para trás estes odores, sabores e panoramas, vamos Uptown, seguindo a famosa 5ª. Avenida, passando pelo Madison Square Garden, paredes meias com o mundialmente famoso pavilhão com o mesmo nome, casa da equipa de basquetebol do New York Knicks, e pelo Flatiron Building, assim chamado por se assemelhar a um gigantesco ferro de engomar. Foi um dos primeiros arranha-céus da cidade.
Na 5ª., tempo para visitar um dos templos da cultura, a livraria Barnes & Noble. Desde os últimos êxitos, até velhos alfarrábios, literatura técnica, de tudo há na Barnes. E, vantagem não desprezível, envio ao domicílio, para qualquer parte do mundo, sem falhas e com rigor.
E, pouco depois, estamos frente dele. O símbolo por excelência de Nova Iorque, o mítico Empire State Building, que um gorila chamado King Kong, transfigurado de Prometeu, subiu até ao topo da imortalidade.
Andando mais um pouco, chegamos ao elegante Bryant Park. Indo à direita, pela Rua 42 East, chegamos a outro dos ícones da "Big Apple", uma estação de comboios que dá pelo nome de Grand Central Terminal, e que é um esplendor arquitectónico.Por ali também se filmaram cenas de Hitchcock ("Intriga Internacional"), de Terry Gilliam ("Fisher King"), viram-se Will Smith e Tommy Lee Jones ("Men In Black") e, até, desenhos animados da DreamWorks ("Madagáscar"). Estamos perante mais do que uma vulgar estação. É um monumento vivo.
Galgando mais um pouco a Avenida, chegamos ao complexo do Rockefeller Center, ao qual pertence um dos maiores auditórios de música em todo o mundo, o Radio City Music Hall. Sob a estátua de Prometeu, abre-se um vasto recinto de esplanadas (no Verão), onde o preço não se pode considerar exagearado, transformado em rinque de patinagem no Inverno, e que acolhe, na época própria, uma das maiores e mais bem iluminadas árvores de Natal do Mundo. De destacar que a decoração interior do espaço, acessível a visitas com marcação, foi da responsabilidade do grande pintor e escultor mexicano Diego de Rivera. Uma estátua de Atlas, pertencente ao complexo, está alinhada com a Catedral de São Patrício, no passeio em frente, de estilo neogótico. Mas aqui, francamente, parecem faltar 700 anos de História, que nunca será capaz de ter.
Voltemos um pouco para trás, no passeio por onde viemos, passe-se  o Bryant Park, agora na Rua 42 Oeste, e desembocamos no Centro do Mundo: Times Square, uma praça pequena, mas repleta de lojas, pessoas, táxis, cores, sons, lojas, os principais teatros ao redor da Broadway, e mais pessoas, e mais cores, todas as línguas do mundo, praça viva e cheia de vida, onde a beleza não está na arquitectura, mas em cada e todas as "desvairadas  gentes" de todas as partes e continentes. E a loja de chocolates "Hershey´s", claro. E, ao jantar, na Rua 49, Oeste, "The Playwright". E mais, e mais. O mundo na palma da mão. Um dos locais mais espectaculares que nos é dado apreciar e gozar.
 
Se houvesse dúvidas, estamos, de facto, em Nova Iorque.
("New York, New York" - Frank Sinatra) 

E se ainda tivermos forças, depois de exauridos em Times Square, continue a subir-se a Avenida e, cuidado, que para tal é preciso tempo, atenção, concentração. No 11 da Rua 53 Oeste, está uma das grandes apostas culturais da cidade: o Museum Of Modern Art, o M.O.M.A. A ver, especialmente para os interessados na arte dos séculos XX e XXI: pintura, escultura, desenho, fotografia, arquitectura, design, filme, performance, novas tecnologias aplicadas à expressão artística.
Quase no fim da Avenida, pouco antes de se atingir o Central Park, temos, na esquina da Rua 57, Este, a famosa joalharia Tiffany's, a cuja porta Audrey Hepburn ia tomar o pequeno-almoço ("Breakfast at Tiffany's", filme de 1961, de Blake Edwards), e onde as peças não têm preços à vista. No lado Oeste da mesma rua, na esquina com a 7ª. Avenida, aprecia-se o edifício da mítica sala de espectáculos Carnegie Hall, que já viu Leonard Bernstein e Mariza.
Na esquina em frente, no pub de artistas "P.J. Carney's" saboreia-se uma inesquecível Shepherd's Pie e viram-se bejecas de todas as marcas imagináveis.
E chegamos ao Park.
Desde já, para quem aprecia museus, recomendam-se vivamente dois, situados em cada um dos lados do parque: do lado Este, o Metropolitan Museum of Art, excelente acervo de obras que abrangem séculos que vão do Antigo Egipto, a Andy Warhol e Jackson Pollock. Particular atenção à extensa colecção de quadros de Van Gogh. Um pouco acima, do lado direito da 5ª. Avenida, está o Museu Guggenheim, que alberga a colecção de Solomon Guggenheim mas que, para além do mais, se destaca pela disposição das obras como se estivessemos a descer uma escada em caracol, e a arquitectura original do edifício, da autoria do célebre arquitecto Frank Lloyd Wright.
(Museu Guggenheim)

Do lado Oeste temos o Museu de História Natural, merecendo destaque o acervo museológico sobre os nativos americanos, vulgarmente conhecidos por índios.
E, num parque, porque não almoçar uma refeição tipicamente americana e novaiorquina? Muito simplesmente um Hot Dog (cachorro quente) comprado a um vendedor ambulante, dos muitos que existem na cidade. Obrigatório. E higiene assegurada.
O Park deve ser percorrido devagar, em jeito de calma passeata, admirando as alamedas, estátuas, jardins, lagos, até o Zoo, para quem apreciar, e que foi retratado no filme "Madagáscar", já que aí residiam as personagens principais da história, e o Delacorte Theatre onde, "à borla" se podem admirar peças de Shakespeare (vd. as personagens de diversas das suas peças em estátuas alusivas), enquadrado pelo castelo Belvedere. Para além disto, o teatro também oferece todo o tipo de repertório, incluindo musicais, que não são exclusivo dos teatros da Broadway.
Por razões sentimentais, recomenda-se "peregrinação" aos Strawberry Fields, zona ajardinada junto à Rua 72, Oeste, que homenageia John Lennon, e segundo projecto da Câmara Municipal e de Yoko Ono, viúva do ex-Beatle, que ainda reside no edifício fronteiro ao parque, o Dakota Apartments, à porta do qual John foi assassinado. O jardim recebeu espécies vegetais de mais de 100 países, incluindo Portugal. 
Local próprio para recordar, meditar e ouvir música dos Beatles, interpretada por alguns dos inúmeros músicos amadores que calcorreiam o Park. Sugere-se que sejam escutados muitos deles, interpretando rock, folk, baldas e, claro, muito jazz.
(Mosaico "Imagine", do título da canção homónima de Lennon, no Strawberry Fields, em estilo da Calçada Portuguesa)

E já que estamos falando de música, um pouco abaixo da rua do Dakota, e para o lado Oeste, entre as 62ª e 66ª, e encostado à Broadway, encontramos o Lincoln Center for the Performing Arts, ou apenas Lincoln Center, um dos mais extraordinários centros culturais do Mundo, inaugurado em 1962. Alberga, entre outras, a Metropolitan Opera House, o New York City Ballet, a Orquestra Sinfónica de Nova Iorque e a Julliard School, onde se ministram cursos de dança, música, coreografia, representação (que a velha série televisiva "Fame" terá tentado homenagear).
O equilíbrio das formas, a valia arquitectónica do local merecem demorada visita e, se possível, o milagre de arranjar bilhetes para qualquer espectáculo. Por exemplo, a versão novaiorquina de "Romeu e Julieta", não a disputa entre Capuletos e Montecchios, mas entre os grupos de adolescentes Jets, anglo-saxónicos e Sharks, hispânicos, e que ainda hoje enche salas, com coreografia de Jerome Robbins e música de Leonard Bernstein, e que passou para a posteridade com o título de "West Side Story".

("West Side Story" - Prólogo)

Voltando ao Central Park, a caminhada leva-nos mais para Norte, passando pelo lago maior, denominado Jacqueline Kennedy Onassis Reservoir, e chega-se à saída contornando outro lago, o Harlem Meer.
Deixamos à esquerda a Universidade de Columbia e estamos à beira do Harlem, e o contraste com a cidade "branca" é visível. O estigma do racismo ainda não desapareceu, apesar dos progressos realizados em Nova Iorque. 
Aos que apreciem a música gospel, sugere-se, um domingo pela manhã, cedo (8/8.30), a presença, engrossando a bicha, junto aos números 140/148 da Rua 137 Oeste, onde se situa a African Methodist Episcopal Zion Church. Convém, de facto, madrugar, já que são mais os turistas que os fiéis. Mas não é preciso entrar em pânico, já que virando a esquina, na Rua 136, está situado outro templo onde, sem empurrões, se podem ouvir coro e solistas de qualidade. Às vezes, nem tudo o que vem nos guias turísticos é de seguir à letra...
E, já que estamos no Harlem, porque não dedicar uma noite à música que Nova Iorque acolheu como sua e divulgou pelo Mundo? Jazz claro, e arriscar uma mesa nos míticos Apollo Theatre ou Cotton Club, renascidos e renovados. Lembrar Charlie Parker, Duke Ellington, Bessie Smith, Charlie Haden , Billie Holliday, Miles Davis ou Charlie Parker, o "Bird" do exemplar filme homónimo de Clint Eastwood.
E por falar em filmes, e em jazz, recorda-se uma das grandes obras sobre Nova Iorque, um dos melhores filmes de sempre, e a impressiva banda sonora, a ultima da grande carreira de Bernard Herrmann.
(Tema de "Taxi Driver" - soa a Nova Iorque)

O texto já vai longo, mas o 4 de Julho deu o pretexto para falar sobre esta cidade mágica e, se possível, aguçar o apetite para uma visita que, e é uma opinião pessoal, se torna obrigatória. Não mergulhar nesta metrópole fascinante é pecado capital. Pelo menos uma vez antes de se viajar sabe-se lá para onde...
Na internet, a busca é fácil, podendo consultar-se, entre outros:
www.newyorkpass.com/, www.nyc-arts.org/, www.nycgo.com, www.timeout.com/newyork/attractions-days-out/new-york-attractions, www.nycgo.com/must-see-nyc/   
Para o viajante curioso, que privilegia as gentes à pedra, deixa-se a eterna dica de que, apesar de tudo, não será de seguir tudo aquilo que guias e sites nos querem vender, O instinto explorador sabe sempre orientar-nos.
Deixamos Nova Iorque, por agora.
Para despedida, um chamado postal de viagens que alia a visão sobre a cidade deixada pelo génio de Woody Allen, no filme "Manhattan" de 1979, à música que, também como opinião pessoal, é o verdadeiro hino e o vivido e colorido som de Nova Iorque: "Rhapsody in Blue" do génio George Gershwin.

 

 
 

          

sábado, 12 de julho de 2014

PIRES DE LIMA - TRIBUNAIS? SÓ PLENÁRIOS!



"Se o país achar que não é possível cumprir os compromissos com esta Constituição, sujeito à incerteza constitucional, o que tem de ser tem muita força”

“Vamos ter de ter um Governo de maioria depois das eleições. E não acredito que nenhum aceite governar no estado de submissão aos tribunais que este aceitou

As frases acima transcritas não foram proferidas por Marine LePen.
Ou por alguém da Aurora Dourada grega ou da escumalha neo-nazi.
São da autoria de Pires de Lima, Ministro de Estado e da Economia.
Do actual Governo de Portugal.
Com o silêncio tácito do Sr. Primeiro-Ministro,
E do Sr. Presidente da República,
E do Sr. António José Seguro,
E, já agora, da oposição em bloco,
Entretidos que andam todos com a telenovela do BES.
Mas as palavras de Pires de Lima são mais perigosas que todos os BES, GES e afins.
No fundo das mesmas está uma incompatibilidade visceral.
Contra a Constituição da República,
Contra o regime democrático saído do 25 de Abri,
Contra a democracia, ela própria.
No governo está gente
Que não aceita nem respeita a Constituição,
Que não aceita o primado da Lei e as decisões dos Tribunais,
Que renega a separação de poderes, entre o executivo, o legislativo e o judicial,
Separação que é matriz da Democracia.
Que, bem no seu fundo ideológico,
Recusa que o Governo possa ser escrutinado pelo Parlamento,
E julgado por quem deve aplicar a Lei.
Que, bem no fundo, desejaria que os juízes não fossem independentes,
Paus mandados acéfalos, obedecendo ao "espírito" do Governo,
Tão cegos como os cegos de Pieter Bruegel,
A quem se ditam sentenças sem julgamento,
Como nos tribunais plenários.
Só falta dar uns "safanões a tempo" a quem se oponha à ideologia Governamental.
Este gente é perigosa.
É, de facto, urgente acordar.
E, em plenário das gentes deste país, dar-lhes uns safanões!
 
("A Parábola dos Cegos", de Pieter Bruegel, o Velho. É assim que "eles" querem a Justiça?)  
 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

MEU BRASIL BRASILEIRO : VINICIUS DE MORAES

 
Pois é, meu querido Vinicius de Moraes, estavas tu descansado da vida, aí no Olimpo dos Artistas, com o teu whiskinho na mão, em bate-papo com o Tom Jobim e a Elis, talvez na companhia do grande médio e médico, o Dr. Sócrates, e do Mané Garrincha, esse génio de pernas tortas.
E tu Vinicius, poeta, embaixador, amante da vida, do amor, das mulheres e, como bom brasileiro, do futebol, lá estavas para assistir ao jogo, no telão do céu.
Mas tu amas é o futebol brasileiro de verdade, verdadeiro, do jogar à bola.
Do Brasil do Didi, do Pélé, do Garrincha, do Sócrates, do Falcão, do Zico, do Bebeto, do Romário, do Ronaldo e do Ronaldinho Gaúcho.
Lembras-te, amigo, até fizeste um poema ao imortal Mané Garrincha:

 O ANJO DE PERNAS TORTAS

A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.
 
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento,
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé de vento!
 
Num só transporte, a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
 
Garrincha, o anjo, escuta e atende: Gooooool!
É pura imagem: um G que chuta um O
Dentro da meta, um L. É pura dança!   
 
E recordas, saudoso aquela que, aqui para nós, foi a melhor equipa de futebol de todos os tempos, o Brasil campeão do Mundo em 1970:
Félix, o guarda-redes, ou goleiro, naqueles tempos tinha de haver alguém....; os defesas, ou zagueiros, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo; os médios, Clodoaldo, Gerson e Rivelino; e os avançados, Jairzinho, Tostão e Pélé.
Pois era, caro Vinicius eles foram um poema, uma sinfonia, uma orquestra em cima do relvado, do  gramado, com se diz nesse Português com açúcar (nosso mestre Eça de Queirós...).
Lembras-te?

(Final do Mundial de 1970: Brasil 4, Itália 1)

Ai Vinicius, o samba combinava com a bola, e era tudo tão natural, sem regra, esquadro e folhas de excel.
Com talento, criatividade, sem tácticas e preconceitos de Parreiras ou Filipões.
Até o futebol virava canção:

("O Futebol" - Chico Buarque de Hollanda)

Pois é, poeta, ontem, aí no teu Olimpo, viste um Brasil adulterado, e uma tropa alemã a sambar como o Brasil. As voltas que o mundo dá, não é meu poeta?
Olha, conforta aí o Tom, a Elis, o Mané, o Dr. Sócrates, o Didi, vocês estão acima daquilo tudo, tal como o futebol que joga à bola. Afinal, é só pontapé....
Recita os teus poemas, lê os teus escritos, e canta as tuas canções.
E deita as tristezas para trás das costas.
Amanhã é outro dia, e o teu Brasil é muito mais que uma Copa!
Saravá!

   
  ("Felicidade" - Vinicius, Tom Jobim, Tóquinho e Miúcha)

terça-feira, 8 de julho de 2014

TERRORISTA EM LISBOA : FINALMENTE!

Detido suspeito de terrorismo no aeroporto de Lisboa  (Diário Notícias - 6/07/2014)

A notícia acima transcrita revela um comportamento disfuncional.

"Deter" um "suspeito?

Holandês? Alto e louro...? Tez mais escura e bigode...? Negro e musculado....?

Seja como for, é do Norte, é dos credores, é dos que não vivem acima das suas possibilidades, é um dos nossos benfeitores. Qual detenção, qual quê! O homem é uma bênção para Portugal.

Além disso, devidamente especializado e competente, seja pelo que aprendeu com os princípios da Jihad, seja pela intensa aprendizagem recebida na Al-Qaeda ou na CIA, é igual.

Não diz o Lomba do Briefing que necessitamos de imigrantes de qualidade, visto gold e tudo? 

Um potencial destes não se pode perder.

Holandês para o Governo, já!

Para o lugar  do Poiares, do Portas, do Mota, do Coelho, qualquer um serve.

Terrorista por terrorista.....