terça-feira, 29 de abril de 2014

DIA MUNDIAL DA DANÇA

 

E se hoje é o Dia Mundial da Dança, liberte-se o corpo, liberte-se o movimento, soltem-se os sentimentos e as emoções pelos braços, perns, tronco, cabeça.
E, se for caso disso, perca-se a cabeça!

(John Travolta em "Grease" - música de Michael Gibson)

(Ginger Rogers e Fred Astaire dançam "Cheek to Cheek" - do filme "Top Hat", música de Irving Berlin)

(Excerto de "A Sagração da Primavera", de Stravinsky - coreografia de Maurice Béjart)

("Libertango", de Astor Piazzola)

(Leslie Caron e Gene Kelly em "Um Americano em Paris - música de Gershwin)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

VASCO GRAÇA MOURA : ATÉ SEMPRE POETA!

 
Ontem, a cultura portuguesa derramou lágrimas sentidas.
Aos 72 anos, Vasco Graça Moura, poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta, cronista, historiador, antologiador, advogado, político, gestor cultural, deixou-nos.
Vasco era, como muito apropriadamente o denominaram, um Homem do Renascimento no século XXI.
Fica-nos, felizmente, uma obra vastíssima, que na poesia atingiu os cumes do Olimpo.
"A poesia é a minha forma verbal de estar no mundo", dizia. E com toda a razão:

"Soneto do amor e da morte" ("Antologia dos Sessenta Anos")

quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.

quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.

Não se pode, também, esquecer a sua excepcional craveira de tradutor, desde Racine ("Fedra"), François Villon ("Testamentos"), Dante ("Divina Comédia" ou "Vita Nuova"), Petrarca ("Rima e Triunfos"), Rostand ("Cyrano de Bergérac"), até aos sonetos de Shakespeare.
Foi agraciado com diversos prémios, desde o do Pen Clube Português ao da Associação Portuguesa de Escritores, do Prémio Vergílio Ferreira ao Prémio Pessoa, e, lá fora, citam-se o Colar de Ouro do Festival de Struga (Macedónia), de 2004, que já contemplou dois Prémios Nobel, e o Prémio de Tradução de 2007 do Ministério da Cultura de Itália.
De referir, também, o trabalho desenvolvido como administrador, primeiro da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, reflectido na dinamização editorial daquela casa, e, actualmente, à frente dos destinos da Fundação Centro  Cultural de Belém, cargo que ocupou desde 2012 até poucos dias antes da sua morte.
Poeta multifacetado, escreveu poemas que foram musicados e cantados por nomes como Camané, Carminho, Kátia Guerreiro, ou Carlos do Carmo.
("Morrer de Ingratidão" - Voz de Carlos do Carmo, música de Vitorino de Almeida, poema de Graça Moura e, ao piano, Maria João Pires - e digam lá se isto não é cultura!)

E Vasco Graça Moura faz-nos muita falta numa luta importante, de soberania: a defesa intransigente da Língua Portuguesa, contra esse crime de lesa-língua, como lhe chamava, e bem, a essa aberração que dá pelo nome de Aborto, perdão, Acordo Ortográfico, contra o qual batalhou, literalmente, até ao último suspiro.
Recomenda-se, sobre a matéria, a leitura do seu ensaio de 2008, "Acordo Ortográfico: A Perspectiva do Desastre" (Editora Aletheia). 
Em sua memória, por tudo quanto fez e escreveu, compete-nos continuar o combate pela dignidade da Língua, que deve evoluir a partir dos que a falam, escrevem e lêem, e não por imposição.
Lá onde estiverem, Vasco e o seu grande amigo José Saramago estão de olhos postos em nós.




 


sábado, 26 de abril de 2014

25 DE ABRIL, O DIA SEGUINTE

A festa foi linda pá, como diria o Chico Buarque.
Agora é tempo de limpar o lixo, arrumar as cadeiras, guardar as bandeiras, e ala, que segunda-feira é dia de retomar a vidinha.
No Terreiro Paço, um cravo pensativo, debruçado sobre um Tejo tricotado de espuma, observa o fluxo e o refluxo da maré.
("Tanto Mar" - Versão 2 - Chico Buarque)

Mas o cravo levanta a cabeça, olha o céu, passa os dedos pelos cabelos vermelhos de esperança e, apesar de tudo sorri.
Ainda é Abril.
E Abril conjuga-se com os dentes e os punhos cerrados, com luta, determinação.
E Abril escreve-se com alegria, com ânimo, com vontade de cumprir Abril.
E Abril obriga-nos a fazer tudo para correr com os vendilhões do templo.
Com os que insultam Abril dizendo que cheira a bafio.
Abril um dia disse que o voto era a arma do povo.
Não é a única, Abril.
É a coragem de dizer Não,
É uma manifestação,
É uma petição,
É uma greve,
É uma mensagem nas redes sociais,
É uma reunião, um debate, o levantar questões,
E a arma de Abril também é competência,
E é ciência e investigação,
E é educação, e é saúde, e é qualidade de vida.
E outra arma de Abril também é cultura, teatro, cinema, pintura, escultura, dança, literatura, música, fotografia, banda desenhada, rádio, televisão.
E também é graffitti, tatuagem, bandeira.
E deitar fora a prepotência, a corrupção, a submissão, a crueldade do empobrecimento, da condenação à infelicidade e à desesperança.
Todos, mas todos, para que o cravo de Abril volte a florir.
Ontem, 25 de Abril.
Hoje, amanhã, depois.
Continuar a sementeira nascida naquele dia inicial, inteiro e limpo.
Com todas as armas que temos na mão e no coração.

("A Cantiga É Uma Arma" - José Mário Branco)
 

GUERNICA: PARA QUE NÃO SE ESQUEÇA!

 
Pouco passava das 14.30 de 26 de Abril de 1937.
A guerra civil de Espanha estava no auge.
Era dia de mercado na cidade de Gernika, capital espiritual do País Basco que tinha unilateralmente declarado a independência, face ao golpe do sanguinário Francisco Franco.
Cerca de três horas depois, jaziam numa cidade arrasada, cerca de 1.650 mortos e 890 feridos.
A aviação nazi da Legião Condor, com 40 aviões, que Hitler tinha enviado para ajudar o seu amigo Franco, tinha acabado de cometer a "proeza", mais um dos muitos massacres dessa guerra fratricida.
Gernika nem era objectivo militar ou estratégico.
Serviu, apenas, para tentar quebrar o moral da Nação Basca, e para os alemães treinarem bombardeamentos sobre alvos urbanos, para o que se seguiria cerca de dois anos e meio depois.
Para que não se perca a memória.
E, precisamente, em memória da carnificina, Pablo Picasso pintou a obra-prima acima reproduzida, e expressamente proibiu a sua ida para Espanha sem que neste país fosse restaurada a democracia.
A 9 de Setembro de 1981 o quadro regressou a Madrid, vindo de Nova Iorque, e encontra-se exposto no Museo Reina Sofia, junto à estação de Atocha.
Foi o último exilado a regressar à Pátria, após a queda da ditadura franquista.

("Ay Carmela" ou "El Paso del Ebro" - cântico das Brigadas Internacianais durante a Guerra Civil espanhola)
 
 

sexta-feira, 25 de abril de 2014

25 DE ABRIL, 40 ANOS.

 
Olha-nos nos olhos e fita-nos. 
Sereno, firme.
É o rosto, um dos rostos que abriram o peito às balas e arriscaram a vida para cumprir a Vida.
Chama-se Salgueiro Maia. Deu o rosto, outros o poderiam dar, muitos, mesmo muitos.
Convida-nos a aproximarmo-nos. Mais perto, mais perto.
Fita-nos e fitemo-lo. Parece que se ouvem palavras. Que se nos dirigem como balas:
"O que é que vocês fizeram do 25 de Abril?".
Questiona-nos, não como dono ou proprietário dessa data única, o que nunca quis ser, o que nunca quiseram ser.
Mas abriram de par em par as portas de Abril, num dos dias mais luminosos de uma História de 900 anos.
"Esta é a madrugada que eu esperava/ O dia inicial inteiro e limpo", escreveu Sophia.
Dia raro e mágico, como, por exemplo, aquele em que Bartolomeu Dias banhou os olhos nas águas do Índico e, dobrando o Cabo da Boa Esperança, as naus deixaram para trás a Idade Média e cruzaram os mares da Idade Moderna.
E a 25 de Abril, eles dobraram o cabo da apagada e vil tristeza e inundaram-nos com os cravos da liberdade.
Que a deram a todos nós, repete-se, a todos nós.
"Era um Abril comigo, Abril contigo / Ainda só ardor e sem ardil", cantava Alegre.
Abril, 25 de Abril, não é só de uns nem de outros. É de todos.
Somos todos responsáveis por Abril, por acção ou omissão.
Abril não é só sessão solene, cravo, discurso tantas vezes cínico, hipócrita, mentiroso.
Não é só jantar, almoço, saudade, suspiro, manifestação litúrgica, apagar a fogueira, recolher as cinzas.
Abril é todos os dias, é lutar, pensar, reflectir, discutir, participar, mudar.
Não é votar e voltar as costas.
Lavar as mãos como se já não fosse connosco.
Abril é participar, exercer cidadania, soberania.
Em Abril quem mais ordena é o povo, e é ao povo que, seja quem forem os eleitos, as contas terão de ser prestadas.
Contas certas, honestas.
Abril é exigir, protestar, gritar, reunir, partilhar, solidarizar, denunciar, lutar, apear, expulsar.
Abril é respirar, pulsar, amar, viver, eu, tu, você, aquele, aquela, dar as mãos, levantar a cabeça, cerrar os dentes, soltar a raiva e dizer não, quando Abril querem apagar.     
Abril é ajudar a levantar e a caminhar os fracos, oprimidos, esquecidos, marginalizados, desprezados, e caminhar com eles e por eles.
Abril é dignidade, é felicidade, é direito a sermos humanos e não números.
Abril não é deixar correr os dias, é viver, todos os dias, como o primeiro ou o último.
"Senhor, falta cumprir-se Portugal!", escrevia Pessoa.
E falta cumprir Abril.
O que é da nossa responsabilidade e está nas nossas mãos.
Estendamos as mãos a Abril, sempre que Abril nos olhe de frente.
("Eu vim de longe" - Voz, música e letra de José Mário Branco)

25 DE ABRIL : A POESIA ESTÁ NA RUA!

Quem a tem... (Jorge de Sena)

Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
Desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença

E sempre a verdade vença,
Qual será ser livre aqui,
Não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
É quase um crime viver.

Mas embora escondam tudo
E me queiram cego e mudo,
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade. 

("Queixa das Almas Jovens Censuradas" - Música e voz de José Mário Branco, poema de Natália Correia)

Port-Wine (Joaquim Namorado)
O Douro é um rio de vinho
que tem a foz em Liverpool e em Londres
e em Nova Iorque e no Rio e em Buenos Aires:
quando chega ao mar vai nos navios,
cria seus lodos em garrafeiras velhas,
desemboca nos clubes e nos bares.

O Douro é um rio de barcos
onde remam os barqueiros suas desgraças,
primeiro se afundam em terra as suas vidas
que no rio se afundam as barcaças.

Nas sobremesas finas as garrafas
assemelham cristais cheios de rubis,
em Cape-Town, em Sidney, em Paris,
tem um sabor generoso e fino
o sangue que dos cais exportamos em barris.

As margens do Douro são penedos
fecundados de sangue e amarguras
onde cava o meu povo as vinhas
como quem abre as próprias sepulturas:
nos entrepostos do cais, em armazéns,
comerciantes trocam por esterlino
o vinho que é o sangue dos seus corpos,
moeda pobre que são os seus destinos..

Em Londres, os lords e em Paris os snobs,
no Cabo e no Rio os fazendeiros ricos
acham no Porto um sabor divino,
mas a nós só nos sabe, só nos sabe,
à tristeza infinita de um destino.

O rio Douro é um rio de sangue,
por onde o sangue do meu povo corre.
Meu povo, liberta-te, liberta-te!,
liberta-te, meu povo! - ou morre.


 ("Ouvindo Beethoven" - Música e Voz de Manuel Freire, poema de José Saramago)


Poemarma (Manuel Alegre)
Que o poema tenha rodas motores alavancas
Que seja máquina espectáculo cinema.
Que diga à estátua: sai dom caminho que atravancas.
Que seja um autocarro em forma de poema.

Que o poema cante no cimo das chaminés
Que se levante e faça o pino em cada praça.
Que diga quem eu sou e quem tu és
Que não seja só mais um que passa.

Que o poema esprema a gema do seu tema
E que seja apenas um teorema com dois braços.
Que o poema invente um novo estratagema
Para escapar a quem lhe segue os passos.

Que o poema corra salte pule que seja pulga e faça cócegas ao burguês
Que o poema se vista subversivo de ganga azul e vá explicar numa parede alguns porquês.
Que o poema se meta nos anúncios das cidades que seja seta sinalização radar

Que o poema cante em todas as idades (quem lindo!) no presente e no futuro o verbo amar.
Que o poema seja microfone e fale Uma noite destas de repente às três e tal
Para que a lua estoire e o sono estale e a gente acorde finalmente em Portugal.

Que o poema seja encontro onde era despedida.
Que participe. Comunique. E destrua para sempre a distância entre a arte e a vida.
Que salte do papel para a página da rua.

Que seja experimentado muito mais que experimental que tenha ideias sim mas também pernas
E até se partir uma não faz mal: antes de muletas que de asas eternas.
Que o poema fique. E que ficando se aplique
A não criar barriga a não usar chinelos.

Que o poema seja um novo Infante Henrique
Voltado para dentro. E sem castelos.
Que o poema vista de domingo cada dia

E atire foguetes para dentro do quotidiano.
Que o poema vista a prosa de poesia
Ao menos uma vez em cada ano.

Que o poema faça um poeta de cada funcionário já farto de funcionar.
Ah que de novo acorde no lusíada a saudade do novo o desejo de achar.
Que o poema diga o que é preciso que chegue disfarçado ao pé de ti.

E aponte a terra que tu pisas e eu piso.
E que o poema diga: o longe é aqui.



(1º. Comunicado do MFA - 4H 25 de 25 de Abril)

Abril de Abril (Manuel Alegre)
Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.
Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.
Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.
Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.
Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.
Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.



 ("Tanto Mar" - Voz, música e poema de Chico Buarque)

 
25 de Abril (Sophia de Mello Breyner  Andresen)

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
 

("Coro da Primavera" - Voz, música e poema de José Afonso)

ELLA !

 
Nasceu em Newport  a 25 de Abril de 1917.
A denominada "First Lady Song", ofereceu-nos, como poucas cantoras, uma única pureza de tonalidade, uma arrepiante habilidade de improviso, dicção, fraseado e entoação impecáveis.
De acordo com alguns críticos e músicos, terá sido a maior cantora do século XX, nos seus 59 anos de carreira. durante os quais, além do mais, arrebatou 14 prémios Grammy.
("Summertime" - de George Gershwin (música) e Ira Gershwin (letra)

A sua carreira iniciou-se, com 17 anos, no mítico Apollo Theater, no Harlem.
Cedo atraiu a atenção de músicos de prestígio tendo, em 1935, feito parte integrante da Big Band de Chick Webb. Com a morte deste, em 1939, dá o seu nome à banda, algo raríssimo na época.
Em 1942, inicia a sua carreira a solo e, posteriormente, descobre o bebop e colabora com a orquestra do genial Dizzy Gillespie.
(Ella no Festival de Montreux de 1979- "Flying Home", música de Benny Goodman, Lionel Hampton e Eddie de Lange, letra de Sid Robin)

Em 1955 cria a sua própria editora, a Verve Records. Anos de ouro, durante os quais constrói uma verdadeira enciclopédia da Grande Música Americana, os chamados Songbooks de Ella Fitzgerald em que canta, de forma inultrapassável, criadores como George Gershwin, Irving Berlin, Cole Porter, Duke Ellington, John Mercer, Jerome Kern, Rogers e Hart e, até, um tal de...Tom Jobim.
("Felicidade" - música de Tom Jobim, letra de Vinicius de Moraes)

Ella continuou a gravar e a cantar ao vivo (40 a 45 semanas por ano), indo a programas de televisão, umas breves aparições no cinema, até 1993, ano em que realiza o seu último espectáculo ao vivo.
Morreria a 15 de Junho de 1996 em Beverly Hills.
E continua no coração de todos os amantes de jazz e da Grande Música.

(Ella Fitzgerald e Louis Armstrong - "Cheek to Cheek", de Irving Berlin)

  

quinta-feira, 24 de abril de 2014

PARABÉNS BARBRA

 
Então, parabéns, Barbra Streisand, de Brooklyn, pelos 72 anos de hoje.
Que não lhe doa a voz, esse instrumento único que lhe deram!

("The Way We Were" - música de Marvin Himlisch, para o filme com o mesmo nome, de Sydney Pollack)

("Hello Dolly", com Luis Armstrong no musical do mesmo nome dirigido por Gene Kelly. Música e Letra de Jerry Herman)


PORTUGAL, HÁ 40 ANOS!



A 24 de Abril de 1974, segundo alguns ideólogos do Governo, e não só (olá Grande Educador Durão Barroso), havia rigor, disciplina, trabalho, alegria no trabalho, até, reinava a ordem em todo o país, se alguém quisesse falar, reunir-se, associar-se, discutir, contestar, recebia uns "safanões a tempo", não faltava "pão e vinho sobre a mesa", "a escola era franca e risonha", pobrezinhos mas honestos, beber vinho era dar de comer a um milhão de portugueses, censuravam-se notícias, teatros, rádios, televisão, e, às escondidas, com poucos dados, em segredo, havia uma guerra lá pelas Áfricas.
Tudo estava bem neste cantinho à beira-mar plantado, "orgulhosamente só".
Afaste-se a cortina que tapa a farsa!
8.289 mortos na guerra colonial.
15.507 deficientes, com problemas físicos e/ou psicológicos, vítimas dessa guerra.
Cerca de 125 presos políticos a 24 de Abril.
500 pessoas presas, por delito de opinião, entre os finais de 1973 e 24 de Abril de 1974.

Há mais (vd., portal "Pordata"):

Esperança de vida: 67,6 anos em 1973 ; 79,8 anos em 2012.
Mortalidade neonatal: 25,4% em 1970 ; 2,2% em 2012.
Total de óbitos em crianças com menos de 1 ano: 7.726 em 1973 ; 303 em 2012.
Partos em estabelecimentos de saúde: 37,49% em 1970 ; 99,30% em 2011.
Duração média da pré-escolarização: 0,12 anos em 1973 ; 2,68 anos em 2012.
Alunos matriculados no ensino superior: 0,85% da população em 1978 ; 3,72% em 2012.
Analfabetos com mais de 10 anos: 25,7% em 1970 ; 5,2% em 2011.
Taxa real de escolarização no ensino secundário: 5,0 % em 1973 ; 72,3% em 2013.
População com mais de 15 anos sem qualquer nível de ensino: 35,2% em 1970 ; 6,0% em 2011.
Alojamentos com água canalizada: 1.081.210 em 1970 ; 3.997.724 em 2011.
Utilizadores de bibliotecas por 1.000 habitantes: 370,8 em 1973 ; 826,2 em 2003.
PIB per capita: 5.615,7 em 1970 ; 14.809,3 em 2013.

A 27 de Maio de 1974, pela primeira vez em Portugual instituía-se o salário mínimo nacional.
Em 1979 é criado o Serviço Nacional de Saúde.

Querem fazer-nos regressar 40 anos atrás?
Gastámos "acima das nossas possibilidades"?
Temos de "empobrecer"?
Temos de realizar o "ajustamento"?
Não podemos ter Estado Social, educação, cultura, saúde, alimentação?
Temos de voltar a ser pobrezinhos mas honestos e orgulhosamente sós?
Temos de nos conformar com a desesperança e a infelicidade?
Não nos levem ao engano!
E não nos atirem poeira e mentira para os olhos!
Como escreveu Raul Brandão no estertor da monarquia: "Venha tudo, venha o pior, venha o diabo do inferno que nos livre disto!"
Cada vez mais, é preciso dizer Não!

("Trova do vento que passa"- cantada por Adriano Correia de Oliveira, música de António Portugal e poema de Manuel Alegre)
   

quarta-feira, 23 de abril de 2014

DIA MUNDIAL DO LIVRO

 
Dia Mundial do Livro.
Hoje.
Todos os dias.
Ler um livro, folheá-lo, sentir o papel, o cheiro, à flor da pele.
Absorver as letras, as palavras, as frases, as descrições.
Descobrir sentimentos, sensações, alegrias, tristezas, fantasias, sonhos.
O belo, o feio, o mágico.
O frio, o calor, a chuva, o Sol.
O Homem. E a Mulher.
O amor, a amizade, a solidariedade.
O riso, as lágrimas, o beijo, o abraço, a ternura.
Ler e transformar o Mundo,
ali ao pé da mão.
E aprender, aprender sempre.
O Livro é um Mundo.
Para se descobrir todos os dias, todos os minutos.
É só lê-lo....


E, neste dia, em que ainda fere a saudade de Gabriel Garcia Marquez, uma sugestão, para nos lembrarmos desse talento que é um orgulho da sua América Latina:
 

terça-feira, 22 de abril de 2014

HÁ SÓ UMA TERRA!

 
"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da Criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar o seu semelhante" - Albert Schweitzer, Prémio Nobel da Paz de 1952.

Hoje é o Dia Mundial da Terra.
Que é só uma! Única! Nossa!
A nossa Casa comum, pequenissima no Cosmos.
Não é só de alguns, muito poucos!
Que exploram e esgotam sôfrega e criminosamente os seu recursos,
Deixando a esmagadora maioria dos seus habitantes sem recursos alguns.

"O Mundo começou sem o homem, e terminará sem ele" - Claude Lévi-Strauss, antropólogo e filósofo .

E todos nós temos de dar a mão, e oferecer todos os contributos, obrigando, até, que se reflicta e encontrem soluções para, por exemplo:
-Combater o aumento da temperatura global e do nível dos mares e oceanos (efeito estufa);
-Acabar com a extinção das espécies animais e vegetais, respeitando-as como seres vivos que são;
-Trabalhar contra a escassez da água potável e dos alimentos, na maior parte do planeta;
-Prevenir a ocorrência de mais catástrofes naturais, como a costa portuguesa bem o sentiu neste inverno;
Lutar por planeta sustentável, e pela sua sustentabilidade, com justa repartição dos seus recursos, preservando o seu frágil equilíbrio natural, combatendo o desperdício e a rapina, não é só uma questão técnica ou de princípios.
É, acima de tudo, política.
Derrubar os que nos querem ver, apenas, no lixo.

"Os alimentos atirados ao lixo são alimentos roubados da mesa do pobre, de quem tem fome. A ecologia humana e a ecologia ambiental são inseparáveis." - Papa Francisco  

 ("Earth Song" - e recorda-se também Michael Jackson)

sábado, 19 de abril de 2014

TOURADAS? NÃO, OBRIGADO. BASTA!

"A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados." (Mahatma Gandhi)

Amanhã, domingo de Páscoa, começa mais uma temporada desse "espectáculo" "tradicional" a que se chama tourada.
A partir de amanhã, passaremos a assistir a imagens como a de cima.
Em nome de quê, e para satisfazer quem?
96% dos portugueses não assistem a touradas.
95% dos telespectadores não presenciam touradas na TV.
O número de touradas em Portugal passou de 345 em 2003 para 240 em 2013.
Entre 2010 e 2013 a praça do Campo Pequeno perdeu 40.000 espectadores.
Marcas de referência como "Oliveira da Serra", "Heineken", Bosch, Minipreço ou Licor Beirão recusam-se a patrocinar touradas. 
Morrem, por anos, 2.000 touros, consequência directa de tal "tradição"
Mas os catolicissimos Portugal e Espanha ainda fomentam esse "espectáculo".
Até no século XVI (mais exactamente 1567) ignoraram ostensivamente uma Bula papal, de Pio V, que proibia as corridas de touros.
O liberalismo e a República interditaram tais "espectáculos".
O absolutismo e o Estado Novo fomentaram-no, este recorrendo, inclusive ao cinema.
No dealbar do século XXI, quando até o Código Civil francês se prepara para classificar os animais não-humanos como seres dotados de sensibilidade, é altura, neste país de dizer, com todas as letras, e alto e bom som: BASTA de touradas!
Basta de torturar, com sádica crueldade, animais indefesos (e, por pudor, não se descrevem aqui, em pormenor, as torturas a que um animal é sujeito antes da corrida "à portuguesa", e depois desta - sugere-se consulta, no Facebook, ao site "Basta de Touradas" ).
Basta de alimentar os egos, e as carteiras, de meia dúzia de fidalgotes ou pseudo-fidalgotes arruinados, avinhados e pesporrentes, que não têm onde cair mortos. Mas matam inocentes!
Basta de demonstrar o mais completo desprezo pelos mais elementares direitos dos seres vivos e de insultar todos os avanços civilizacionais em nome de uma barbárie sem nome.
Basta de descarregar em seres indefesos todas as frustrações dessa gente.
E todos os complexos.
E todas as impotências, incluindo as sexuais.
É tempo, e hora, de dignificar os Animais, nossos irmãos, como diria Francisco, o Santo (e decerto, o Papa).
Dignificando, assim, o Homem


 (sobre a influência nefasta das touradas junto das crianças, leia-se o excelente trabalho da Dra. Constança de Carvalho aqui )

E se quiserem touradas, fiquem-se com esta, muito mais digna, importante e certeira:


("Tourada", 1973 - música de Fernando Tordo, que canta, poema de José Carlos Ary dos Santos)

sexta-feira, 18 de abril de 2014

HASTA SIEMPRE, GABO!


“(…) levou ao castanheiro um tabuleiro e uma caixa de fichas para convidá-lo a jogar damas. José Arcadio Buendía não aceitou, segundo disse, porque nunca pôde entender o sentido de uma contenda entre dois adversários que estavam de acordo nos princípios.” (Excerto de "Cem Anos de Solidão")

"(...) porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a terra." (final de "Cem Anos de Solidão").

Solidão que nunca terá Gabriel Garcia Marquez, enquanto, pelo menos, tiver um leitor para as suas histórias de maravilhar.
Solidão que nunca teremos, enquanto ao nosso lado, por todo o lado, tivermos como companheiros os livros encantados de Gabriel Garcia Marquez.

Obrigado, Gabo.
Hasta siempre, compañero!

"No dia em que a merda tiver algum valor, os pobres nascerão sem cu" (Gabriel Garcia Marquez) 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

ENTREVISTA A P.P. COELHO

 
Apesar de várias tentativas, que incluíram o pagamento de um almoço de carapaus de escabeche e um litro de tintol na tasca ali da esquina, o que é certo é que nenhum dos sabujos, perdão, dos jornalistas de economia contactados aceitou a condução da entrevista. Nem António Costa, do "Diário Económico", Gomes Ferreira da "SIC-Notícias" ou Camilo Lourenço, do "Vai a Todas".
Assim, fica o trabalho, decerto incompleto, do que se conseguiu depois do diálogo com o Sr. Coelho:

Entrevistador (E): Bom dia, Sr, Coelho, como está? E a senhora e os meninos, tudo bem ?
Pedro Passos Coelho (PPC) : ............................
E: E o padrinho Cavaco, está bom, como vai o galinheiro das cagarras?
PPC:..............................
E: Então, daqui por 31 dias, em princípio, a troika termina a tarefa. Como vai ser a saída?
PPC:..............................
E: Na sua óptica de primeiro-ministro, como analisa as perspectivas de sustentabilidade da dívida?
PPC:.............................. 
E: O Governo refere que os cortes previstos para 2015 não implicam novos sacrifícios nos salários e pensões, mas sim ajustamentos na máquina do Estado. É mesmo isso que vai suceder?
PPC:..............................
E: E se tal for verdade, porque não começaram logo por aí, em vez de brutalizar os portugueses com cores cegos, violentos e anti-sociais?
PPC:...............................
E: Não é verdade que tal violência colocou classes sociais umas contra outras, gerações em conflito, emigração brutal, como há 50 anos não se via, coesão social e nacional em risco, tudo incentivado pelo seu governo?
PPC:...............................
E: Por outro lado, tais cortes cegos e sem estudos prévios, não fragilizou as franjas mais pobres e frágeis da sociedade, com queda da qualidade no ensino, na saúde, nas obrigações sociais do Estado?
PPC:...............................
E: A outro nível, a drástica redução dos apoios à investigação, à ciência, à pesquisa, à cultura, não poderão hipotecar o desenvolvimento do país e obrigará ao êxodo de uma geração bem preparada?
PPC:...............................
E: A outro nível. Não considera ser um escândalo, lamentável, com laivos censórios e lápis azul, o senhor de óculos parolos, que dizem ser secretário da...cultura, ter insinuado à escritora Alexandra Lucas Coelho que, em vez de criticar o Governo, devia estar muito agradecida por o prémio APE tmbém ter migalhas do Estado?
PPC:................................
E: Ainda sobre a temática social, não acha demagógico o seu mentiroso paranóico, o seu vice de serviço, justificar o fim do Rendimento de Inserção a 98.000 beneficiários porque teriam um património de 100.000 euros, quando tais casos se resumem a 250 casais?
PPC:...............................
E: E será que, como a Jonet do Movimento Nacional Feminino, também pensa que os malandros dos desempregados que consultam as redes sociais, onde tantas oportunidades aparecem, deviam era trabalhar à borla?
PPC:...............................
E: O Sr. Coelho confrontou várias vezes o Tribunal Constitucional, que só aprovou certas medidas porque seriam "transitórias". Agora você diz que serão para ficar. Passam a ser constitucionais? Ou não?
PPC:...............................
E: Depois de calibrar os dados económicos, conhecidos até agora, disse que pode desonerar os portugueses em 2016. Mas isso não é depois das eleições ? Alguém lhe garantiu que, nesse ano, ainda vai ser o primeiro daquela gentalha do governo?
PPC:...............................
E: Voltando aos cortes, existe alguma razão profunda por tanta senha persecutória contra funcionários públicos, pensionistas, pobres em geral, camadas sociais marginais, cada vez mais marginalizadas?
PPC:...............................
E: Num país em que a pobreza aumentou 9% num ano, em que as insolvências subiram 7%, em que apresentamos quase 16% de desempregados, em que quase 25% dos habitantes estão no limiar da mesma, onde quase 200.000 pessoas foram forçadas, e incentivadas a emigrar, onde o consumo de fruta, carne de vaca ou de suínos caiu para níveis de há quase 15 anos, a economia de rastos, como quer promover o crescimento?
PPC:...............................
E: E a dramática quebra na natalidade? Pensa que as pessoas farão filhos por gosto, com os actuais números do desemprego, com trabalhos precários e temporários, com salários cada vez mais pequenos? Acha que é com esta política que nascem mais crianças?
PPC:...............................
E: E, agora que se aproximam as eleições europeias, que planos concretos tem para a Europa, para o reequilíbrio da estrutura do Euro, para o reforço da coesão e solidariedade europeias, que estiveram na base da construção da UE? Ou continuará curvado, venerando e obrigado perante Berlim?
PPC:...............................
E: É que, quem olha para si e para a sua tropa de choque governamental, tem a sensação de que têm um profundo desprezo pelos portugueses, pelo país, que recalcam complexos e frustrações por serem cidadãos desta Nação de quase 900 anos. É assim? E, tudo isto, não releva de uma ideologia totalitária, mesquinha, violenta, racista e de casta? Raça superior?
PPC:................................
E: De acordo com o que disse sobre o "Manifesto dos 70", prefere defender uma certa Europa amnésica e não os interesses do seu país e de outros na mesma situação. Disse: "...estão a falar de uma Europa que não existe nem existirá, e ainda bem, porque ninguém aceitaria uma Europa em que uns poupam para que outras possam gastar". É isto mesmo, do fundo do vosso coração (tê-lo-ão)?
PPC:.................................
E: É que, dias depois, na Assembleia da República, a 4/04, voltou a afirmar: "Não há nenhuma parte do mundo em que uns poupem para os outros gastarem. Solidariedade não é caridade.". Isto é para estigmatizar os portugueses? É convencê-los de que estamos condenados a ser eternamente pobres? 
PPC:.................................
E: Subscreve o que disse Durão Barroso, ao "Expresso" : "Em vez de estarem a criticar a Alemanha, vamos fazer como a Alemanha fez." ?
PPC:.................................
E: Então, fazendo como a Alemanha, vamos reunir os credores, perdoar 50% da dívida, pagar com 5% das exportações, e só se a balança externa for positiva, obter a garantia da nossa fluidez económica, tornar inaceitável a redução do consumo, condicionar os pagamentos à capacidade de os satisfazer, reestruturar a dívida as vezes que forem necessárias em caso de alguma dificuldade no percurso?
PPC:..................................
E: Não acredita? Pergunte à sua tutora Angela Merkel. Ou talvez não, já que parece que na Alemanha não consta dos manuais de História o Acordo de Londres de 27 de Fevereiro de 1953. Sabia?
PPC:..................................
E: E sabia que as dívidas contraídas pela Alemanha antes da II Guerra só foram integralmente pagas na década de 90 do Século XX?
PPC:...................................
E: E que ente os credores que resolveram assinar o Acordo, solidários com a Alemanha, figuravam uns tais Irlanda, Espanha e Grécia?
PPC:....................................
E: E tudo isto não nos leva a concluir que a Europa, a dívida, o crescimento merecem mais que a condenação à solução única, ao empobrecimento coagido, ao "pobrezinhos mas honestos"?
PPC:....................................
E: E acha justo não dar uma réstea de esperança a este País, ou a este povo? Merecem eternamente ser castigados por quererem ser pessoas e não números? Merecem não ter o prazer de conhecer a felicidade e a alegria? E o próprio prazer de fruir da vida?
PPC:....................................
E: Por fim, tem alguma ideia em mente?
PPC: O que é uma ideia?
   

quarta-feira, 16 de abril de 2014

DIA MUNDIAL DA VOZ

 
Então dizem-nos que hoje é dia da voz?
E se tratássemos da saúde à voz através da fruição das Vozes?
Das eternas? Demos-lhes, então, a Voz:


 
(Amália Rodrigues - "Povo que Lavas no Rio")


  (Freddie Mercury  "The Great Pretender")

(Frank Sinatra - "Strangers In The Night")

(Carreras, Domingo e Pavarotti - "Nessum Dorma")


 (Maria Callas - "Ave Maria")



A MÚSICA DA PANTERA

 
Se fosse vivo, Henry Mancini completaria hoje 90 anos.
Deixou-nos aos 70, vítima de cancro no pâncreas.
Pianista, compositor, arranjador, professor e divulgador de música popular, este descendente de italianos, nascido em Cleveland, que chegou a trabalhar com Glenn Miller, foi o responsável por algumas das mais inspiradas bandas sonoras e canções de séries de TV e de filmes.
Em 1962, ganha dois Óscares pela banda sonora de "Breakfast at Tiffany's" ("Boneca de Luxo"), realizado pelo grande Blake Edwards, e protagonizado pela divina Audrey Hepburn, e pela música "Moon River", que se tornaria num autêntico clássico.
("Moon River" - por Audrey Hepburn, a versão preferida de Mancini)

No ano seguinte, com "Days of Wine and Roses", do filme com o mesmo título, traduzido à letra para português, também realizado por Blake Edwards, volta a ganhar o Óscar para melhor canção.
O último galardão ser-lhe-ia atribuído em 1983, pela melhor banda sonora adaptada, com "Victor/Victoria", ainda de Edwards.
Mas julga-se que, na memória de muitos, a frutuosa associação entre Mancini e Edwards será mais lembrada por sete filmes entre 1963 e 1993, que tinham como grande protaganista uma...Pantera Cor-de-Rosa!

terça-feira, 15 de abril de 2014

ABSURDO NO TEATRO

(Samuel Beckett)

Já aqui se referiram, ontem, dois absurdos: a absurda Assunção Esteves e o absurdo Grande Educador Barroso.
Mas uma vez que, no dia 13 passou o aniversário do dramaturgo irlandês, de Dublin, Samuel Beckett, Prémio Nobel da Literatura de 1969, vamos desanuviar um pouco e convidar as pessoas para uma ida ao teatro.
Assistir a uma peça de Beckett, por exemplo "À Espera de Godot" ou "Os Dias Felizes", e penetrar naquela teia desafiante que, com a sua visão pessimista da Humanidade e a sua riqueza metafórica, Beckett nos propõe.
Ao teatro escrito por este irlandês, que se alistou nas fileiras da Resistência durante a II Guerra Mundial, convencionou-se chamar "Teatro do Absurdo", género que se diz descender das propostas surrealistas e expressionistas, até chamado de anti-teatro.
Utiliza, para a criação do enredo, o tratamento das personagens e dos diálogos, elementos que podem parecer chocantes ou ilógicos, mas que mais não pretendem, na sua óptica, mais do que reproduzir as faltas de soluções em que estarão mergulhados os homens e a sociedade, inspirando-se nas burguesias ocidentais que, segundo as retratam, se afastam do mundo real.
A existência humana não terá sentido e o universo será governado ao acaso, e, aio mesmo tempo, desmontavam-se a estética e o pensamento do teatro tradicional, enquanto se apelava a uma intervenção crítica e empenhada do espectador.
Para além de Beckett, citam-se autores como Eugène Ionesco ("A Cantora Careca"), Fernando Arrabal ("Piquenique na Frente"),  Jean Genet ("As Criadas"), Harold Pinter ("O Porteiro") ou, segundo alguns autores, Edward Albee ("Quem Tem Medo de Virginia Woolf?").
Uma sugestão para quem vá a Paris: assistir a duas peças de Ionesco ("A Lição" e "A Cantora Careca"), no Théatre de La Huchette, no 23 da Rue de La Huchette (metro:Saint Michel), que dará o tempo por bem entregue. Acrescenta-se que "A Cantora Careca" já vai a caminho de 18.000 representações.
A magia única do Teatro.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

A ESCOLA ERA FRANCA E RISONHA (DIZ ELE!)

O senhor Presidente da Comissão Europeia, que dá pelo nome de Durão Barroso, ou José Manuel Barroso, conforme o lado de onde sopra o vento, dignou-se a descer a Lisboa para, primeiro, "organizar" (?) uma conferência sob a égide da União, recheada de comissários amigos, venerandos e obrigados Cavacos e Passos, elogios à trois, gastos à tripa forra, conferência essa que apenas se pode resumir a : "Balão de Ensaio para a candidatura às Presidenciais de 2016".
Barroso deve confiar na falta de memória das pessoas, ele que tanto "ajudou" Portugal a sofrer as consequências da deriva ocupacionista de Angela Merkel.
Depois, ao repartir o prémio Carlos V, da UE, entre a associação CAIS e o histórico Lyceu Camões, Sua Excelência adernou para estibordo e lamentou que a democratização do ensino após o 25 de Abril, não acompanhasse as virtudes educativas do Estado Novo, onde "apesar de algumas (?) liberdades cortadas, havia na escola uma cultura de mérito, exigência, rigor, disciplina, trabalho"
José Manuel tem razão!
De fac to, apenas algumas (poucas, claro....) liberdades estavam cortadas.
De resto, podia falar-se, criticar-se, manifestar-se, à vontade. Sem medo ou coacção.
E sempre havia um bom polícia ou PIDE pronto a dar uns "safanões a tempo"...
E quanto à escola, a exigência seria o facto de existirem, à data, 26% de analfabetos?
O rigor seria a escolaridade obrigatória ter apenas seis anos?
Que o mérito seria apenas saber ler, escrever, contar, para engrossar as fileiras dos desqualificados sem culpa própria que ia engrossar os exércitos dos produtores que enriqueciam os industriais, agrários e grandes comerciantes, que enviavam os filhos para liceus e universidades?
Que os mais pobres não tinham posses para frequentar, ou enviar os fiulhos para estudar, porque o ganha-pão do salário de miséria era imprescindível para a família da "casa portuguesa, com certeza"?
Que a disciplina era separar alunos masculinos dos femininos, obrigar o uso da gravata, proibir corridas nos recreios, limitar acessos já fora da escola, ordenar castigos por ocorrências menores (alguém se esquece do reitor Sérvulo Correia no Lyceu Camões?), pregar a obediência cega e acrítica, obrigar a ser membro da Mocidade Portuguesa?
Ou que o trabalho era negar o acesso à cultura, à escolha, à crítica, à investigação, ao desenvolvimento, em que, na esmagadora maioria dos casos era papaguear a sebenta?
Mérito, exigência, rigor, disciplina, trabalho, eram, no Lyceu Camões, apenas como exemplo, resultado do voluntarismo e amor à escola e aos alunos desenvolvidos por alguns professores de excepção, que criaram verdadeiros "clubes de poetas mortos". E que por isso foram perseguidos.
E aqui não se citam nomes, porque alguma omissão seria injusta.
Mas alguém se lembra, nos idos de 60's do caso do Padre Vítor, expulso do liceu por abrir as mentalidades à discussão e à reflexão nas suas aulas da dita Religião e Moral?
Se esta era a escola ideal de Barroso, estamos conversados!
O que vale é que, coerentemente com este discurso, a seguir ao 25 de Abril, o Grande Educador Barroso aderiu ao grupo folclórico MRPP e escaqueirou a Faculdade de Direito, varrendo o tal ensino de mérito e exigência, e saneando quase a pontapé (quase?) os professores do rigor, disciplina e trabalho.
Feliz Portugal este, como figurões da integridade e coerência deste Durão Barroso.
Ou José Manuel Barroso, como sói dizer-se lá por fora....    

O PROBLEMA É DELA!

Assunção Esteves é, actualmente, a segunda figura do Estado, enquanto Presidente da Assembleia da República.
O que diz bem do estado a que o Estado chegou.
Sua Excelência, como em todas as comemorações do 25 de Abril, convidou a Associação de 25 de Abril a fazer-se representar em tal sessão.
Como em todos os anos anteriores.
Só que este ano não são 39 anos.
Nem 41. Sequer, 35.
São 40 anos. Um aniversário simbólico, redondo.
A Associação pretendia que um dos seus representantes usasse da palavra.
A título excepcional. Excepcionalmente.
Os militares de Abril não são os donos da verdade histórica.
Incluindo da História que escreveram nessa clara madrugada.
Nem a guarda pretoriana do 25 de Abril.
Apenas, fizeram-no, quando outros se acobardavam.
Ou se preparavam para mudar a casaca.
De, aí, não vir mal ao mundo se discursassem na sessão solene, na Casa da Democracia.
Da qual eles, a 25 de Abril, começaram a cavar os alicerces.
Caso contrário, e a exemplo dos anos anteriores, não compareceriam.
Sua Excelência, do alto da sua cadeira, leviana e desdenhosamente, para quem a quis ouvir, decretou:
"(se não comparecerem) O problema é deles!"
Tal como o seu chefe Coelho, referindo-se aos subscritores do Manifesto dos 74, afirmou,
Com desprezo e sobranceria, "essa gente!".
"Essa gente" e "O problema é deles" releva de toda uma mentalidade canhestra, inculta, prepotente, que aflora sob o mais pequeno pretexto, como uma birra de putos mal educados.
"Essa gente" e "O problema é dele" não são simples figura de retórica, ou frases decontextualizadas do discurso em que se inserem, sequer imagens soltas de uma afirmação ocasional.
Significam exactamente, o que a ideologia dessa gente quer que signifiquem. 
Desprezo total!
Mas Roland Barthes seria demasiado para tais demonstrações de analfabetismo.
Essas duas frases revelam bem a sede de vingança sobre um momento histórico, a sede de poder para afirmar a verdade única, a completa ausência de tolerância, de justiça, de respeito.
O problema é dele, Passos Coelho,
E dela Assunção Esteves,
E nosso, porque esta gente está e tem o Poder.
E é muito, muito perigosa!

sábado, 12 de abril de 2014

A VOLTA AO MUNDO EM 108 MINUTOS

 
Aconteceu há 53 anos.
Enlatado na cápsula Vostok 1, com 4,4 metros de comprimento por 2,4 metros de diâmetro e 4.725 quilos, o soviético Yuri Gagarin completou uma órbita à volta da Terra, a 315 quilómetros de altitude, em 108 minutos e a 28.000 quilómetros à hora.
E assim começou a caminhada dos pequenos passos para os homens e saltos gigantescos para a humanidade...

("Man On The Moon" - R.E.M.)

Mas...a Humanidade saltou assim tanto...ou ainda palmilha os pequenos e titubeantes passos na Terra, na realidade menos fantasiosos?

 ("Fala do Velho do Restelo ao astronauta" - Manuel Freire canta José Saramago)

quinta-feira, 10 de abril de 2014

THE BEATLES : THE END!

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No dia 10 de Abril de 1970 Paul McCartney anunciava o fim da maior banda musical do século XX : The Beatles.
Nesse ano seria lançado o último grande trabalho dos "rapazes" de Liverpool: "Let it Be".
Terminava a aventura iniciada a 5 de Outubro de 1962 com o single "Love Me Do" (no lado B "P.S. I Love You").
Uma data que, para sempre, mudou a música no Mundo, e o próprio Mundo!
Terminados os Beatles? Bem pelo contrário.
Cada vez mais presentes, e com lugar cativo no Olimpo da Grande Música.

("Here, There and Everywhere" - do album Revolver de 1966)

("She's Leaving Home" - do album Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, de 1967)

("A Day in Life" - também do Sgt. Pepper's)

("The Long and Winding Road" - do album Let it Be, de 1970)