terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O ADEUS IRREVOGÁVEL (?)

 
Paulo Portas diz que não se candidatará a presidente do CDS no próximo congresso do partido que também tem as suas iniciais (PP), a sua marca, o seu estilo.
E diz que a decisão é irrevogável, irrevogavelmente. E onde já se ouviu e leu isto?
Paulo Portas é, com Cavaco Silva, o político há mais tempo presente na ribalta, pelo menos desde 1998, para já não falar nos seus juvenis tempos do PSD ou, com carácter mais impressivo, os seus anos como director de "O Independente", em que arrasava o labrego de Boliqueime e dizia detestar a política e os políticos.
Pois...
Nunca escondendo o seu narcisismo, o seu egocentrismo, a imensa demagogia, claro que mudaria constantemente de opinião e de bandeira, traço seu muito característico e, depois, é só nomear os cargos, aí o vemos a Deputado na Assembleia da República, Deputado no Parlamento Europeu, Ministro da Defesa, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Vice-Primeiro Ministro, sucessivamente afirmando e juramentando tudo e, de imediato, o seu contrário, como qualquer mentiroso compulsivo.
Raspando o lustre, diz-nos adeus(?) um político banal, se político se pode classificá-lo, quebrando promessas e lealdades, virando casacas e traindo amigos e companheiros, fazendo da política um substantivo detestado. Tal como Cavaco Silva.
Se Maquiavel o conhecesse, teria de reescrever "O Príncipe".
Mas classificar Paulo Portas de maquiavélico é dar-lhe a importância que não tem nem merece.
Talvez pensasse ser um Conselheiro Acácio, não chegando, sequer a um medíocre Conde de Abranhos.
Tripudiou contribuintes, agricultores, combatentes, reformados, feirantes, sempre com palmadinhas nas costas e um sorriso aberto de cinismo.
Tudo quis comprar e tudo vender, de preferência logo de seguida.
Afinal, apenas um obscuro vendedor de banha-da-cobra. 
 
(Sérgio Godinho - "O Charlatão")