quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

AVANTI POPOLO!

Tal como sucedeu o ano passado com as eleições gregas, também agora, com o escrutínio italiano, apareceram os mesmos tiques de histerismo, desde os "mercados" (?) aos ilustres membros da comissão europeia e ministros alemães.
Tal como no caso grego, não faltará vontade para obrigar o povo italiano a novas eleições, não para votar nos seus representantes, mas naqueles que Bruxelas e o Reich julgam ser os seus representantes.
Isto é, o sagrado direito à livre escolha só é bom, se for no nosso país. Se for com os inúteis do Sul, só se servir os nossos interesses.
Ora o povo italiano escolheu livremente, mesmo descontando os fáceis demagogos (Berlusconi) ou os populistas (Beppe Grillo), com todos os potenciais riscos que tais posições podem gerar.
Mas a ninguém é lícito "recomendar" aos italianos, ou aos gregos, em quem deveriam ou deverão votar.
A Itália e a Grécia (e todos outros) pertencem aos respectivos povos, sem necessidade de tutores
Para os esquecidos, lembra-se apenas que:
-A Grécia deu-nos os pilares da democracia, da arte, da ciência, dos fundamentos civilizacionais em que assenta a nossa identidade europeia.
-A Itália (Roma), deu-nos os princípios da organização do estado, a primeira sistematização do direito, a primeira rede transeuropeia de transportes (as vias romanas).
A Alemanha, enfim, deu-nos duas guerras mundiais!
Avanti, popolo d'Italia

 
  

O AREIAS NÃO É UM CAMILO...

Na sequência da mensagem anterior, referente a Aquilino, é caso para dizer que se o senhor cujo vómito abaixo se reproduz, mandasse na altura, não havia Aquilino! Não havia agentes culturais, incluindo professores! José Mattoso, António Borges Coelho, António Hespanha, Armando Castro, tudo para a estiva! Desde quando é que precisamos de historiadores, investigadores, professores, escritores, actores, encenadores, cineastas? Quando ouvem falar de cultura, puxam logo pela folha de Excel. 
É o exemplo típico dos taliban opinativos que aparecem como cogumelos, vindos sabe-se lá de onde, mas com muito tempo de antena, acolitando Gaspar e Companhia. Este é dos (cada vez menos...) que ainda esfolam depois de Gaspar matar.
Ouvida a pérola que a seguir se reproduz, apetece dizer como o querido António Silva no "Pátio das Cantigas" : "Ó seu CAMELO!!!".

(aqui para nós, os camelos do deserto são mais elegantes, cultos e inteligentes!)

AQUILINO

 Começaram, na passada segunda-feira, os diversos eventos que comemoram o cinquentenário da morte de uma das grandes figuras da literatura e da cultura portuguesa, de sempre: Aquilino Ribeiro, falecido a 27 de Maio de 1963.
Nunca é demais pedir a atenção para a obre deste grande autor, de raízes fortemente beirãs, sugerindo-se uma visita (ou uma revisitação), a algumas das mais belas páginas escritas na nossa língua: "Terras do Demo", "Andam Faunos pelos Bosques", "O Homem que Matou o Diabo", "Volfrâmio", "Quando os Lobos Uivam", entre muitos outros trabalhos.
Em 1960, um grupo de escritores portugueses formalizou a sua candidatura ao Nobel de Literatura o que, como se sabe, não foi bem sucedido.
Aquando da sua morte, o regime salazarista proibiu qualquer referência detalhada à sua obra.
Esta, está ainda bem viva, para nossa alegria.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

CINEMA PARAÍSO

Hoje é dia de oscares. A festa do costume, as surpresas (?) de sempre, os filmes que ficam, e os que são rodapé apenas.
Este escriba de serviço, vai referir-se, muito sucintamente, a três filmes, praticamente esquecidos pela estatueta dourada, mas que, na feliz expressão do sempre lembrado João Bénard da Costa, fazem parte do leque dos "filmes da minha vida", e que irão ser apresentados por ordem cronológica..
Sobre os mesmos, dados mais completos poderão ser consultados nos locais habituais (Wikipédia, IMDB, etc.).

"2001 ODISSEIA NO ESPAÇO" - 1968 - realizado por Stanley Kubrick 

2001 ultrapassa o mero conceito do filme. Do início ao fim é um exercício conceptual sobre a mente humana, e os limites, e as ambições da mesma.
Na primeira parte, digamo-lo assim, assistimos a dois grupos de hominídeos lutando por um charco de água.
Pela observação prática (aquisição cognitiva através do movimento), um dos hominídeos transforma um osso numa ferramenta, neste caso uma arma. Ferramenta que é prolongamento do cérebro, mais do que de mão. Subjacente a este desenvolvimento, está o aparecimento de um monolito negro, que é transversal a todo o filme, e cujo significado é perceptível. Comparemos com uma ardósia negra, onde começamos a desenhar as primeiras letras, os primeiros números. A ardósia/monolito, convida ao desenvolvimento do conhecimento, à vontade ir mais além.  No final deste capítulo, o osso-ferramenta transforma-se, em feliz raccord, em nave espacial-ferramenta. Assinalem-se os notáveis actores que vestiram as peles de hominídeos, e a que não serão alheias as teses de, por exemplo, Desmond Morris (O Macaco Nu, 1967).
No capítulo seguinte, os astronautas investigam, na Lua, uma fonte de energia, apontada a Júpiter, de origem desconhecida. Ao localizar tal fonte, depara-se-lhes outro monolito negro. A reacção do homem do século XXI - espanto, receio, curiosidade, tacto indeciso-, é em tudo idêntica à do hominídeo de 4 milhões de anos antes. O animal ainda existe, felizmente.
Para apurar o que se passaria em Júpiter, suposta origem das lajes negras, é enviada uma equipa de astronautas, numa nave conduzida por um supercomputador, Hal9000, que "nunca se engana e raramente tem dúvidas". Uma espécie de inteligência artificial, que programa e organiza a vida dos humanos (é curioso referir que, 30 anos depois, Kubrick voltaria ao tema com "AI-Artificial Intelligence", de 2001, concluído por Steven Spielberg após a morte daquele). Suspeitando que os humanos poderiam sabotar os superiores "interesses" da missão, e numa reacção tipicamente humana, Hal elimina os astronautas, à excepção de um (Dave), que, para poder prosseguir a tarefa, se vê obrigado a desligar o computador. E é uma frase deste, ao sentir esvair-se, num sentimento tipicamente humano - o MEDO- que se torna, num filme com o mínimo de diálogos, uma das grandes frases do Cinema : "Dave, I´m afraid!".
No último capítulo, para o qual contribuíram sugestões do reputado cientista Carl Sagan, designadamente quanto à possibilidade de existência de inteligência artificial, incorpórea, apenas energia, Dave penetra na atmosfera de Júpiter, e tudo se transforma, numa torção de espaço-tempo, em luzes, clarões, sombras, paragens, acelerações, esgares de espanto, de medo, culminando num sossegado ambiente requintado onde Dave se vê envelhecer, senilizar, digamos assim, e jazer deitado no seu leito morte. E é nesse momento que, sobre uma laje negra, num esplendor de luz, se vê um bébé, quase ainda feto, a iluminar-nos, a sorrir-nos, e a flutuar entre as estrelas e o planeta, o cosmos, e mais adiante..
Fica-nos, depois destas arrebatadoras 2 horas de verdadeiro cinema, a sensação de que podemos ir sempre mais além, de que algo nos puxa e impele sempre a nos aventurarmos a conhecer o desconhecido.
E de que o nosso pequeno cérebro é mais potente (perigoso?), que qualquer máquina sofisticada.
Quase ignorado na altura, anos mais tarde esta obra-prima seria vista com outros olhos (acrescente-se, que saudades do ecran gigante do Monumental), considerada um monumento ao homem e catalogada como património cultural dos Estados Unidos. Da Humanidade, desejar-se-ia.
Recomenda-se, sobre este filme, a leitura de 2 crónicas de Lauro António, que fazem parte do livro "O cinema entre nós", Publicações Dom Quixote, 1969.
Juntam-se a trailer do filme e um "Danúbio Azul" espacial, para aguçar o apetite.
Ah, é verdade, ganhou o Oscar de 1969 para Melhores Efeitos Visuais.

        




sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

SOLTEM OS "LOBOS"

Amanhã, dia 23/02, a Selecção Nacional de Rugby (Lobos), tem um jogo crucial, às 15 horas, no Estádio Universitário de Lisboa, contra a sua congénere da Bélgica, que é imperioso vencer, sob pena de, de uma vez por todas, de falhar a qualificação para o Mundial de 2015, a disputar em Inglaterra.
Não é demais referir as características únicas deste extraordinário desporto colectivo: solidário, sem vedetas, onde a entrega se faz do primeiro ao último minuto, generoso, onde se ajuda e entreajuda o colega do lado, onde a lealdade e a honestidade campeiam, onde o espírito de sacrifício e a abnegação são constantes.
E que transformam cada jogo, onde todos defendem e todos atacam, num espectáculo único para os sentidos.
Profissional desde 1995, o ano do Mundial na África do Sul (o Mundial de Mandela- veja-se o excelente filme de Clint Eastwood "Invictus"), o rugby, em Portugal, era tratado como parente pobre do desporto, jogo de universitários, quase indecifrável.
Com o HISTÓRICO apuramento para o Mundial de 2007, em França, onde foi a única selecção AMADORA a participar, feito único nos nossos anais desportivos, as coisas mudaram. O rugby saltou para as televisões, o número de praticantes quase duplicou, o jogo expandiu-se para cidades e vilas fora dos eixos tradicionais de Lisboa-Porto-Coimbra. Apostou-se na formação, no rugby feminino, na sua integração nas escolas.
O rugby começou a ser visto como sempre o fora, no fundo: o velho chavão "desporto de arruaceiros jogado por gentleman", ao contrário do futebol "desporto de gentleman jogado por arruaceiros", este com muito mais dinheiro e menos lealdade.
Portugal passou a ser parte do Planet Rugby, também na variante de Sevens.
O falhanço do apuramento para o Mundial de 2011 pode ter feito recuar a maré, acompanhado das difíceis condições económicas actuais. Mas não se pode esquecer que, no tal Planeta, deixámos, felizmente, de ser um ilustre desconhecido, uma curiosidade.
Assim, com entusiasmo, pela modalidade que amamos, demos força aos Lobos, que bem o merecem, ao contrário de certos milionários ídolos de pés de barro, e façamos rumo ao Mundial de 2015.
E, já agora, sem que acusem o signatário de puxar a brasa à sua sardinha: nenhuma equipa sente o hino tão profundamente como estes magníficos.
 
 

(Portugal-Itália, Mundial de 2007, Parque dos Príncipes, Paris)



Estes são os lobos que sempre nos orgulharam, e a quem se dedicou o seguinte texto, publicado em 2010 na colectânea "Celacanto nº.2", da editora Qual Albatroz, e dedicado à preservação do lobo ibérico:

"OS LOBOS

                Naqueles tempos, apesar de sabermos que todos os tempos são um tempo só, nas penedias da Lusitânia,  lá para os lados do Soajo, no Gerês, havia uma famosa alcateia de 31 lobos ibéricos, comandados por um inteligentissimo macho alfa, aqui convindo acrescentar que os lobos eram, e são, muito inteligentes, a qual era exímia na conquista  e defesa do seu território, nas acções combinadas de ataque e recuo estratégico, e no despiste dos adversários.
              Com a argúcia, a esperteza, o comando, a táctica do macho alfa, a fama da referida alcateia cedo ultrapassou o território onde a mesma se confinava, para começar a ser conhecida noutras paragens da Lusitânia e de toda a Ibéria, até porque, convém acrescentar, a grande família daquela alcateia era e ainda é, o Lobo Ibérico, esse orgulho da Península.
             De facto, a organização, o esforço, a dedicação, o empenho, o espírito de sacrifício de todos e de cada um dos membros da alcateia para conseguirem o objectivo comum, ultrapassava o que muitos poderiam esperar de uma simples alcateia de lobos. E quando, no início de cada nova tarefa, uivavam em conjunto para fortalecer o espírito de grupo, o seu lustroso e cinzento pêlo eriçava-se de emoção porque, é bem verdade, os lobos têm emoções. Já alguma vez olharam, por detrás das grossas barras das nossas actuais jaulas, o olhar triste de um lobo ?  
            Tão longe chegou a sua fama, que outras alcateias a quiseram conhecer e, caso fosse ocasião para tal, medir a sua força e inteligência, para a acolher no seio das grandes alcateias do mundo conhecido de então, e que é igual ao nosso, só que na altura havia partes que ainda eram desconhecidas.
           Assim, a nossa alcateia rumou às terras da Gália, onde se reuniam as grandes alcateias mundiais, para um convívio que se celebrava de quatro em quatro anos, e para o qual, pela primeira vez, aqueles 31 lobos estavam convidados.
          Passaram montes, vales, frios, calores, verões, invernos, e extenuados, mas contentes de terem chegado ao seu objectivo, lá atingiram as planícies e montes gauleses.
         A primeira alcateia com que contactaram foi a dos pictos da Caledónia, a que hoje chamamos Escócia, lobos maiores, mais fortes, de pêlo cinzento azulado, com madeixas ruivas, e que sobre os lobos lusitanos, e após observarem as suas técnicas e combinações, afirmaram, com sotaque tipicamente escocês, que erram dignosh de ficar entre as melhorresh alcateiash do mundo.
         Depois, tiveram a honra, e o deleite de ver em acção, com táctica e engenho superiores, a famosíssima alcateia dos maoris, lobos negros e enormes, verdadeira máquina de organização e de conquista e marcação de territórios, que, ao contrário dos uivos, iniciavam as suas acções com uma espécie de dança guerreira. E foi com tal espírito, e com a vontade de tudo conquistar, que um dia  rumaram ao sul e, por entre ventos e marés chegaram a umas ilhas a que hoje chamamos Nova Zelândia.
        Mas tal foi a sua admiração pela nossa alcateia que até aceitaram jogar com ela um desporto lusitano muito popular que consistia em empurrar à pata uma bola redonda.   
        A seguir conviveram com uma alcateia um pouco desorganizada, trapalhona, mas com uma força e tácticas acima do que a nossa alcateia ainda poderia almejar. Por muito pouco… Eram os lobos transalpinos, dos montes Abruzzi, com uma especial predilecção por refeições de massa, pasta, como eles uivavam. Foi mais um momento de aprendizagem, que as forças já escasseavam e havia que pensar no regresso à Lusitânia.
       Por fim, já estavam quase de abalada, ainda travaram conhecimento com os lobos da Transilvânia, manhosos, um pouco traiçoeiros, cuja força só se revelava no final de cada acção, à sucapa, dizia-se, até com maledicência, que era só por causa de serem da terra do Senhor das Trevas, o reputado Conde Drácula.
       E chegou a hora da despedida. Orgulhosos dos seus feitos. Aceites unanimemente pelas grandes alcateias do mundo, que,  em conjunto,  diziam que estes lobos lusitanos passaram a fazer, por mérito próprio,  parte do seu grande clã.
       Chegados às penedias do Gerês, foi com espanto e emoção que souberam que a sua fama, e os seus nomes já tinham empolgado a Lusitânia e eram transmitidos de boca em boca e de ouvido em ouvido, uivo após uivo.
       Com efeito, desde os montes do Gerês, às serras do Alvão e Montesinho, das fragas da Serra da Estrela às encostas do Alentejo e à Serra Algarvia, em todos os poderosos maciços que as compunham, apareceram, como por magia, gravados na pedra imperecível, os nomes desses inesquecíveis 31 lobos: Tomaz, o macho alfa, os 3 Uva, os 2 Mateus, os 2 Pintos, o André, o Joaquim, o Murré, o Spachuk, o Rui, o Figueiredo, o Correia, o Penalva, o Severín, o D’Orey, o Coutinho, o Murinello, o Girão, o Pissarra, o Cabral, o Malheiro, o Gama, o Frederico, o Portela, o Foro, o Carvalho, o Aguilar e o Leal, mais conhecido por Pipoca.
       Por isso, se hoje ouvirem um lobo a uivar, ou olharem, olhos nos olhos, aqueles belissimos olhos amarelos, não tenham medo dos lobos, que eles têm é medo de nós.
      Acarinhem-nos, tratem bem os lobos, todos e cada um.                 
      Podem bem ser os descentes daqueles lobos que foram o orgulho e a alegria da Lusitânia.  

Luís Diogo – 20/06/2009 "


Curiosidade final : eis a famosa "HAKA" dos All Blacks, aquando do jogo com Portugal, no Mundial de 2007, em Lyon :

               
 


 

FÚRIA DIVINA

Ó gentes lá  do alto: não houve engano no alvo ? Não seria S. Bento ? Ou Rua de Buenos Aires ? Ou, até, Belém (junto aos pastéis) ?


Corrijam os azimutes, que talvez "eles" resignem!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Ò RELVAS, Ò RELVAS, DEMISSÃO À VISTA

Entendamo-nos.
Miguel Relvas tem o direito de botar faladura onde muito bem entenda e nos colóquios para os quais é convidado.
Não pode, de forma alguma, até pelo cargo de responsabilidade (?) que ocupa, e pelo protagonismo, pelas piores e académicas razões, assumido no governo-de terra-queimada, evitar que as pessoas se manifestem, que cantem, que gritam palavras de ordem, perante uma realidade que, mais do que matar empregos, assassinar salários, esquartejar regalias sociais, defenestrar o tecido económico e social, destrói o que de melhor poderíamos ter: a ESPERANÇA.
Claro que podemos concordar, como bem o disse o saudoso Adelino Gomes, que Relvas poderia articular palavras e, só depois, ser contestado, na linha do princípio atribuído a Voltaire:"Senhor, não estou de acordo com o que dizeis, mas bater-me-ei até à morte para que o possais dizer".
Mas não será exigir demasiado a quem, mais do que a corda, já está esticado até à medula?
Dispensável seria a histérica e inapropriada nota oficiosa do governo. O antigo secretariado da propaganda não faria melhor.
E já que este governo parece ser o pastor alemão da reichsfuhrer Merkel, tenha-se como exemplo a ex-ministra da cultura alemã que, tendo sido posta em causa a legitimidade do seu doutoramento, não hesitou em se demitir e, fora do governo, lutar por aquilo a que se acha com direito.
Por fim, o que raio fazia Miguel Relvas num Clube de... Pensadores !?!?

 

   (Ó Relvas, não tens para aí umas equivalências para eu ser MESTRE em Filosofia? ) 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

SUAVE MILAGRE


O FACTO DA SEMANA ( JÁ IA CAINDO NO ESQUECIMENTO):
O SPORTING GANHOU!!!!!! MILAGRE! MILAGRE! BENTO XVI FOREVER!!!!!



(Será que já posso descansar até ao fim de semana?)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

GRANDOLA VILA MORENA, IBÉRICA

"Grândola Vila Morena", cantada em manifestação no centro de Madrid.
Como atrás se escreveu, haja esperança...!


Em homenagem ao povo espanhol, junta-se um poema de Rafael Alberti, que foi musicado e cantado por Paco Ibañez:

A Galopar
Las tierras, las tierras, las tierras de España
las grandes, la sola desierta llanura
galopa caballo cuatralbo, jinete del pueblo
que la tierra es tuya

A galopar, a galopar, hasta enterrarlos en el mar (bis)
A corazón, suenan, suenan, resuenan
las tierras de España en las herraduras
galopa caballo cuatralbo, jinete del pueblo
que la tierra es tuya

A galopar, a galopar, hasta enterrarlos en el mar (bis)
Nadie, nadie, nadie, que enfrente no hay nadie
que es nadie la muerte si va en tu montura
galopa caballo cuatralbo, jinete del pueblo
que la tierra es tuya

A galopar, a galopar, hasta enterrarlos en el mar (bis)


THE BEATLES, 50 ANOS DEPOIS...

Morreu o cantor e guitarrista britânico Tony Sheridan aos 72 anos

A notícia, por si só, talvez diga pouco a muito boa gente. Convirá, no entanto, referir que Tony Sheridan tocou com os Beatles aquando dos primeiros passos deste grupo, durante a sua estadia em Hamburgo. Por fazer parte do trajecto do melhor grupo rock de sempre (opinião pessoal), Sheridan já merece o seu lugar de honra no panteão da Música.

Sobre os Beatles, lembra-se a música "Norwegian Wood", elogiada por Leonard Bernstein, e junta-se um texto referente à carreira e à influência cultural dos Fab Four.


"THE BEATLES : 50 ANOS
E o “Yellow Submarine” continua a sulcar as águas da imaginação!
PRÉ-HISTÓRIA
5 de Outubro de 1962. Em Londres é lançado um single com as canções “Love me do” (lado A) e “P.S. I Love You” (lado B), de um grupo de rapazes de Liverpool conhecido como The Beatles.
E o mundo nunca mais foi o mesmo!
Naqueles tempos, mais exactamente em Março de 1957, John Lennon e alguns dos seus colegas da Quarry Bank School, em Liverpool, criaram um grupo inicialmente chamado The Black Jacks, mas que logo ficou conhecido por The Quarrymen, e cujos sons se baseavam no designado skiffle, então muito em voga, e onde se misturavam violas com cabos de vassoura e caixas de chá, banjos com tábuas de lavar roupa e garrafas, com nítidas raízes no jazz, blues e country. Paul Mc Cartney juntar-se-lhes-ia meses mais tarde (Julho de 1957), apresentado a John por um amigo comum aquando de um espectáculo dos The Quarrymen, na igreja de St. Peter, Liverpool .
Em Fevereiro de 1958, com quinze anos, e após insistência de Paul, George Harrison junta-se ao grupo. Em Janeiro de 1960, um velho amigo de John, Stuart Sutcliffe, a pedido daquele torna-se mais um elemento da banda, tocando viola baixo. Apenas o baterista, na altura, era rotativo.
Tendo em conta as diversas origens dos seus actuais elementos, já não fazia sentido que o grupo tivesse um nome ligado a uma escola. Assim, depois de várias designações (Johnny and the Moondogs, Long John and the Beatles, The Beetles – literalmente, Os Besouros-), a banda fixou-se definitivamente, e passou a ser conhecida por The Beatles.  
A primeira digressão do grupo é curta. Apenas ao Norte da Escócia (Maio de 1960), e com um cantor solista (!), de seu nome Johnny Gentle.
Em seguida, foram contratados para actuações em Hamburgo. Uma vez que não tinham baterista, convidaram para tal Pete Best, filho da proprietária do The Casbah Coffee Club em Derby, Liverpool, onde tocava com a sua banda, The Blackjacks, e no qual os Beatles, por vezes, actuavam.
A 16 de Agosto de 1960, o grupo partiu para Hamburgo. Ali tocavam sete dias por semana, seis ou sete horas por noite. O reportório consistia preponderantemente em rock and roll americano dos anos 50, devendo referir-se que um dos músicos inspiradores da banda, segundo os próprios, sempre foi Elvis Presley. No entanto, as coisas em Hamburgo não correram conforme esperado. George é deportado a 21/11/1960, por ter mentido sobre a sua idade (tinha então 17 anos!) e, após um incêndio acidental, Paul e Pete são presos e deportados. John, triste, e sem um chavo, regressa a Liverpool  em meados de Dezembro. Apenas Stuart fica em Hamburgo, na companhia da sua namorada  Astrid Kirchherr a qual, refira-se a título de curiosidade, resolveu mudar o corte de cabelo de Stuart, no que seria, de imediato, imitado por John, Paul e George, transformando o penteado numa marca impressiva da banda. Nascia a moda dos cabelos compridos (compridos??).
Em Abril de 1961, voltam a Hamburgo, actuando no “Top Ten Club” e, também, tocando como banda de apoio do cantor Tony Sheridan o qual realizou uma série de gravações para a Polydor Records alemã, que, assim, foram as primeiras dos Beatles. Diga-se que Sheridan ganhou um disco de ouro com vendas acima de um milhão de cópias do seu disco Tony Sheridan and The Beatles. Quando estes regressam a Liverpool, Stuart fica definitivamente na Alemanha, junto de Astrid, dedicando-se à sua verdadeira paixão, a pintura, e Paul passa a ser o viola baixo.
Stuart morreria em 10 de Abril de 1962, aos 21 anos, vítima de hemorragia cerebral.
Consta que, mais tarde, John se referirá a ele como o 5º. Beatle, se bem que esta designaçâo abranja diversas pessoas, desde Brian Epstein a George Best.    
De regresso à sua cidade natal os Beatles, a 21 de Fevereiro de 1961, apresentam-se pela primeira vez no nº. 10 de Matthew Street, no Cavern Club, onde actuariam por 292 vezes, até 1963 (quem hoje for a Liverpool, pode visitar o Cavern Club, não o original, mas uma réplica exacta, no mesmo local do anterior, e com a decoração da época, ao milimetro).
Foi no Cavern Club que encontraram o seu futuro agente, que estaria para sempre ligado ao início, à glória e ao fim dos Beatles: Brian Epstein que os apresentaria ao produtor musical George Martin, da EMI,  o qual se interessou pelo som da banda, e os acompanharia do princípio ao fim, Foi ele, até, que não gostando do estilo de Pete Best, sugeriu ao grupo para arranjar novo baterista, tendo a escolha recaído num tal Richard Starkey, conhecido por Ringo Starr, baterista dos Rory Storm and the Hurricanes e que, episodicamente, já tinha colaborado com a banda. Consta que a apresentação de Ringo no Cavern não terá sido a melhor, já que a assistência queria a presença de Pete Best.
E foi com esta formação que os Beatles começaram, na sequência do contrato celebrado com Epstein, as gravações nos famosos Abbey Road Studios. Refira-se como curiosidade, que a versão de “Love me do” lançada em Outubro de 1962 tinha John a tocar harmónia (instrumento que dominava, desde que o seu tio George lhe oferecera uma quando tinha 6 anos) e Ringo pandeireta, enquanto a bateria era assegurada por um músico do estúdio, Andy White. “Love me do” viria a ser classificado no 1º. lugar dos 20 melhores da revista Mersey Beat e entrou na lista dos 20 mais vendidos da Billboard.
A rota do sucesso começava e o melhor (muito melhor) ainda estava para aparecer.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

BATEM LEVE, LEVEMENTE...

Batem leve, levemente... Mas é mesmo chuva, ao contrário do sucedido no poema do Augusto Gil. Aquela chuva chata, incomodativa, que convida a ficar em casa, diante de um tépido chá britânico e, porque não, de um filme.
Para nos pormos bem dispostos, sugere-se "A VIDA DE BRIAN", essa genial comédia dos Monty Python, que até nos aconselha, e muito bem, a olhar sempre para o melhor lado da vida.
Vejam, de olhos bem abertos, e desfrutem.

Mas, por outro lado, para quem goste de andar à chuva e molhar-se, nada melhor que este exemplo:



E aguentem as bátegas lá do alto (lá em cima ninguém terá ficado chateado com a resignação do Bento, o XVI ?).

sábado, 16 de fevereiro de 2013

OS VAMPIROS

Desemprego em 16,9%
Desemprego jovem em mais de 40%
Queda da economia em 3,8%
200.000 emigrantes, quase todos jovens qualificados, nos últimos 2 anos.
Subida exponencial do consumo de antidepressivos.
Futuros cortes nas pensões e prestações sociais.
Milhões para banqueiros e afins.

Zeca, continuas actual, 50 anos depois...!


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

MANHÃ CLARA

Às 11 da manhã de hoje, quando na Assembleia da República, no debate sobre o "brilhante" desempenho económico, discursava (ou balbuciava) PPC, o chefe da Comissão Liquidatária (na feliz expressão do autor do blog terradosespantos), as galerias levantaram-se e entoaram o "Grândola Vila Morena", silenciando todas as bancadas, e sem reacção visível por parte das forças policiais.
Haja esperança...!




ETERNA GRATIDÃO AOS "CAIXEIROS"

No próximo dia 9 de Março de 2012 completar-se-iam 32 anos sobre a minha entrada ao serviço da maior e melhor empresa do país: A Caixa Geral de Depósitos, banco público.
Numa trajectória que considero muito recompensadora, fui acompanhando toda a evolução da empresa, cimentando a certeza, até por comparação, de que tinha o privilégio de trabalhar no melhor e maior banco do país.
Acima de tudo, graças aos inúmeros colegas, e amigos, com que me fui cruzando ao longo dos anos, com os quais aprendi muito, todos os dias, e para quem toda a gratidão é pouca. 
O melhor de uma empresa NÃO É o capital humano. São as PESSOAS que aí trabalham todos os dias, às vezes sabe-se lá com que estado de espírito, mas sempre no seu posto.
Para aqueles cuja profissão é denegrir a CGD, e não sabem do que falam, sugiro que entrem e vejam aqueles grandes exemplos de competência, profissionalismo, conhecimentos, abnegação, entreajuda, solidariedade, espírito de sacrifício para além do que seria exigível e, por vezes, demasiadas até, indevidamente compensados
A elas e a eles devo muito, tanto a nível pessoal como profissional.
E a amizade e gratidão serão eternas para com essas pessoas, particularmente a equipa dos últimos anos. "Ter um amigo, melhor coisa no mundo não há", cantava o Sérgio Godinho.
E junta-se um verdadeiro hino à amizade, o belissimo poema "Bridge over troubled water", de  Paul Simon, na voz de Art Garfunkel :



QUE PARVOS QUE "ELES" SÃO (?)

O desemprego jovem ultrapassou os 40%.
Um país que, deste modo, decapita a sua geração mais qualificada, a sua ciência, a sua cultura, a sua investigação, o seu trabalho, não é um país. É um rodapé da história e da geografia. Que não tem futuro, porque desbarata o  investimento feito no passado nas famílias, nas escolas e nas empresas.
Para quem teve a honra e o privilégio de trabalhar junto desses jovens, altamente qualificados, profissionais, dedicados, esforçados, na sua esmagadora maioria, torna-se revoltante constatar a dura realidade.
E frise-se que, face à evolução do "mercado" (o que é isto?), esses jovens eram colocados por agências de aluguer de carne, perdão, de recursos humanos, sendo por isso conhecidos como "temporários" ou "outsourcing", ou qualquer coisa como isso, activos humanos, capital humano.
Quais "activos", qual "capital". Trata-se de PESSOAS, de carne e osso, com sentimentos e direito à dignidade.
Repito, para mim foi um grande orgulho estar ao lado deles, e com eles aprendi muito. Todos os dias.
Dedico-lhes os DEOLINDA:

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A FACTURA APITOU 3 VEZES

A refundação, reforma, resignação, baralhar e dar de novo do estado, ou o que quer que seja, vai de vento em popa.
Agora ressuscitamos os bufos, aquela espécie rastejante que, para quem não tenha ouvido falar deles, eram  assim, uns vermes viscosos que, fazendo-se passar por conhecidos, amigos, até familiares, escutavam as nossas conversas, desabafos, confissões, e iam logo delatar tudo ao PIDE de serviço, a troco de uma imperial e uma sandoska, ou coisa que o valesse .  
Nos dias que correm, a coisa pia mais fino. Agarramos o comerciante pelos colarinhos e berramos "A FACTURA OU A VIDA", caso contrário denunciamos o gajo à Autoridade Tributária, ou esta trama-nos, por não andarmos com a dita a reboque, ou no bolso traseiro das calças.
E se um conhecido ou amigo não pedir o famigerado papelito, corremos para a rua, braços no ar a clamar : "À TASCA, À TASCA, QUE MATAM O GASPAR!", que é crime grave desvirtuar o Orçamento do Excel.
Qualquer dia, vemos as tascas, cafés, cervejarias, prontos-a-vestir, transformados em saloons de westerns, disparando facturas uns contra os outros, imaginando John Wayne : "Is that a FACTURA you're pointing at me?".
Ou, num registo do detective "Dirty" Harry (Clint Eastwood) : "Make my day, Gaspar".
Para não passarmos por mal educados, conclui-se a prosa com "Stick the FACTURA up your ass, Gaspar!". Como se fala bem em Hollywood...

NAMORADOS, OU O PRINCÍPIO DE UMA BELA AMIZADE...


Dia 14 de Fevereiro. Dia da morte de São Valentim, dia transformado em Dia dos Namorados, dia importado e enxertado nas nossas vivências ( não é, Júlio Isidro?), o comércio agradece, os namorados que verdadeiramente namoram, em e com amor, continuam a amar-se (vá lá, sai uma recordaçãozinha).
E é tão bom e bonito amar. Acreditem, sempre, por muito maus que os tempos nos pareçam. Valham-nos o decapitado São Valentim, e o Santo António, conterrâneo e patrono dos engates.
Mas deixemo-nos de conversa fiada, e celebremos o amor. Sugere-se um filme. De amor. Para muitos poderá parecer que não. Para este escriba, é uma antologia de amores...e desamores. Merecia ser visto num cinema a sério, em vez daqueles cubículos que ficam entre a Mango e a Pepe Jeans, e onde se ruminam pipocas. Fala de Lisboa, também, e tem por título "CASABLANCA". Segue a trailer, ou como diria o nosso querido Lauro António (ou Lauro Derme?), "let's look at a treila":
 

Depois de visto o magnífico filme, que até pode, para muito boa gente, ser o princípio de uma bela amizade, ou de namoro, deixa-se, também, o tema principal da película, "AS TIME GOES BY", de Herman Hupfeld, na versão, claro, de Frank Sinatra:


Por fim, para quem queira desvendar mais segredos sobre a "fita", insere-se um curto trabalho sobre a referida obra:

"A  João  Bénard  da Costa, pelos filmes da sua (nossa) vida
A Lauro António, pelo pioneirismo da crítica de filmes, frontal e pedagógica
E a Pedro Bandeira Freire, pelo amor às fitas, e pelas tardes e noites inesquecíveis do QUARTETO

As time goes by,
Casablanca: 70º Aniversário
                Ano de 1942.
                A II Guerra Mundial  estava no auge da sua fúria cega e destruidora. De um lado e do outro, das forças negras do Eixo e dos exércitos da liberdade, registam-se avanços e recuos, mas é neste ano que a balança começa, irreversivelmente, a pender para o campo da Esperança: às ofensivas japoneses e alemãs, na Ásia e África, respondem os Aliados com a paragem do avanço nipónico (batalha de Midway- 3/6 de Junho), Rommel é vergado no Norte de África (El-Alamein, 23 de Outubro a 4 de Novembro), os aliados desembarcam também no Norte de África (8 de Novembro) e, por fim, acontece o xeque-mate do Exército Vermelho à Wehrmacht,  em Estalinegrado (a partir de 23 de Novembro).
                Nesse ano, também, e sem dúvida impulsionadas pelo esforço de guerra, a ciência e a tecnologia registam significativos avanços: instalação do primeiro cabo telefónico subterrâneo “coast to coast” (E.Unidos), produção de hormonas para crescimento de plantas (cadeia alimentar-E.Unidos), produção e utilização da estreptomicina (E.Unidos), utilização do escafandro autónomo (França), etc.
                No domínio das artes, John Steinbeck  publica Noite sem Lua, onde defende a eficácia da resistência passiva, Jackson Pollock realiza a sua primeira exposição individual em Nova Iorque e, em Julho desse ano, os dirigentes da indústria cinematográfica norte-americana passam a apresentar os cidadãos de raça negra como parte integrante da sociedade americana e do “esforço de guerra”, já que assim o exigia a dinâmica nacional, despertada pelo ataque a Pearl Harbour ( 7/12/1941).
Perto de 4 meses após esta data, na cidadezinha de Flagstaff, no Arizona, começava a ser rodado um filme produzido pela Warner Brothers, baseado na peça Everybody Goes to Rick, de Murray Burnett e Joan Allison, e que seria intitulado CASABLANCA.
Pretendia-se um filme sobre a guerra, hesitando os produtores entre uma ficção levemente propagandística, e a pura propaganda do filme de acção, o que levou a que o núcleo principal de argumentistas – Julius e Phlip Epstein, a que se juntaria Howard Koch –, às tantas já não sabiam como acabar a história, nem os actores, por vezes, percebiam o que andavam por ali a fazer. Como o produto final seria bem diferente!
Conta-se que o produtor Hal B. Wallis terá convidado o prestigiado William Wyler para realizador, o que este declinou, tendo, então sido escolhido Michael Curtiz, conhecido por ter dirigido filmes de aventuras com o controverso Errol Flynn:  Capitão Blood, 1935, A Carga da Brigada Ligeira, 1936, As aventuras de Robin dos Bosques, 1938, e O Gavião dos Mares, 1940.
Tal como William Wyler, também os candidatos a actores principais, George Raft (para “Rick Blaine”) e Hedy Lamarr (para “Ilse Lund”), recusaram o convite.
É nesta altura que surge o mito de que um rapaz desenvolto, de seu nome Ronald Reagan, teria sido a escolha para o papel principal masculino, o do Rick Blaine, proprietário do “Rick’s Café”. Nada mais falso, uma vez que, na mente do produtor Hal Wallis, e desde que a aventura do filme CASABLANCA começou a ser concebida, lá para os finais de 1941, havia apenas um nome: Humphrey Bogart, tudo o resto não passaria, talvez, de uma manobra de marketing  de Reagan[1].
Humphrey Bogart que, neste filme, terá um dos papéis da sua vida, actor-personagem-fetiche, após tantos anos, ainda aparece como  alter ego de Woody Allen em Play it again, Sam, baseado na peça do mesmo nome da autoria de Allen, dirigido por Herbert Ross (1972),  intitulado em Portugal como O Grande Conquistador, e no qual Woody Allen interpreta, durante alguns minutos,  uma inesquecível personificação de Bogart.
E embora os Cahiers du Cinéma não morram de amores por Casablanca, o certo é que um dos seus ícones, Jean Luc Godard, utiliza a personagem-actor Bogart (Rick?, ou seria Sam Spade?) como inspiração para o pequeno escroque parisiense que Jean-Paul Belmondo interpreta em A Bout de Souffle (O Acossado, 1959).
Fechado esta parêntisis sobre o equívoco Ronald Reagan, refira-se ainda que a produção musical foi confiada a Max Steiner, que, mais não fosse, estava consagrado pelo chamado “Tema de Tara” de E Tudo o Vento Levou (M.G.M., 1939).
Steiner soube combinar a fragância da música norte africana (vd. os primeiros acordes do filme, misturados com a “Marselhesa”), a canção francesa ( os medley “Paris Montage” – Perfidia- e “A la Belle Aurore”, na qual, para além do eterno “As Time Goes By”, de que falaremos adiante, se misturam  acordes marciais prussianos com o som de botas maquisardes-tipo Chant des Partisans, ou “Parle-moi d’amour”, de Jean Lenoir – quando Victor e Ilse entram no Rick’s Café), a música americana, com sabor a Gershwin ou a drama romântico   (“Knock on the Wood”, “The very thought of you”, “It had to be you”- ouçam a versão de Sinatra,  disco “Trilogy”, Reprise, 1979, ou ” Love for Sale” de Cole Porter – cantada por nomes de prestígio, de Ella Fitzgerald a Jon Bon Jovi ), bem como a música de fundo na despedida, no aeroporto, sempre o “As time….(com, em primeiro plano,  a fabulosa frase “Here’s looking at you kid”).
Steiner também queria uma música para os dois (ou três?) amantes de Paris. Sugeriram-lhe um tema. De início recusou, por fim, aquiesceu, do género “ponham lá isso!”.     Chama-se “As time Goes By”, escrito em 1931 por Herman Hupfeld, e Casablanca tornou esta belissima melodia num tema universal, classificada pelo American Film Institute como a 2ª. Melhor música de filmes, apenas ultrapassado pelo inesquecível “Over the Rainbow” de O Feiticeiro de Oz (M.G.M., 1939), e cantada por dezenas de vozes consagradas (pessoalmente, recomendamos  a  versão do melhor cantor de todos os tempos: Frank Sinatra – disco “Point of no Return”, 1962, Capitol).
A título de curiosidade, refira-se que o livro de memórias do antigo publicista de The Beatles, Derek Taylor, se intitulou As Time Goes By: Living in the Sixties (Rock and Roll Remembrances Series No. 3 (Popular Cultures Ink, E.U.A., 1990)
Aos nomes atrás enunciados, é de justiça juntar a doce Ingrid Bergman (Ilse Lund Laszlo), Claude Rains (capitão Renault), Paul Heinreid (Victor Lazlo), Conrad Veidt (Major Strasser), Peter Lorre (Ugarte) e muitos outros.
E o que vem a ser Casablanca?
O início do filme informa-nos que muitos exilados da Europa Continental, principalmente opositores políticos, fugiam através de Marselha para Orão, na Argélia e, daí, para o Marrocos francês (sob o “governo” de Vichy), demandando Casablanca de onde partiam aviões para Lisboa, e da qual seria fácil chegar aos Estados Unidos, à Terra Prometida.
Para tal, era necessário obter “cartas de trânsito”, ou através do local comandante da Polícia (capitão Renault-Claude Rains), sob o olhar inquisidor da “autoridade” alemã (major Strasser-Conrad Veidt), ou pagando altos preços no mercado negro, a pequenos  contrabandistas (Ugarte-Peter Lorre). E onde era o ponto de encontro de toda esta fauna humana: No Rick’s Café Américan, cujo gerente era um americano de cujo passado nada ou pouco se sabia – Rick Blaine – Humphrey Bogart.
“O café do Rick é um círculo mágico onde tudo pode acontecer e acontece: o amor, a morte, a perseguição, a espionagem, jogos de sorte, sedução, música, patriotismo”[2].
O café torna-se, assim, a placa giratória onde acontecem o romance, o sacrifício, o altruísmo, a nobreza, o amor, de três pessoas (e não A TRÊS), rodeados por inesquecíveis personagens que, de secundárias, só têm o nome, e que dão corpo a um dos momentos mais altos da história do cinema.   
É a esse café que, um dia aportam Victor Lazlo (Paul Heinred), um dos chefes da resistência europeia, fugido de um campo de concentração, acompanhado de sua mulher Ilse (Ingrid Bergman), que se virá a descobrir ter sido antiga amante de Rick em Paris, até que a ocupação nazi os separou. Victor pretendia, acima de tudo, fugir para Lisboa para reorganizar a sua actividade, pelo que necessitava das tais “cartas de trânsito”. No meio de todas as conversas, Ilse reconhece o pianista e sócio de Rick, Sam de seu nome (Dooley Wilson), e pede-lhe para tocar “As Time Goes By” ( é verdade, a frase “Play it again, Sam” nunca existiu).
De toda esta trama construiu-se um filme único! Filme de Guerra? Filme Policial? Filme  Romântico?  Triângulo Amoroso? Filme de Clichés?  Um pouco de tudo, e um pouco de nada.