segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

ALVES REDOL : O POVO PORTUGUÊS EM LIVRO


 
Nascido a 29 de Dezembro de 1911, Alves Redol é uma das figuras máximas daquilo que ficou conhecido por neo-realismo e cujo expoente máximo, na modesta opinião de quem escreve, foi o livro "Esteiros", de Soeiro Pereira Gomes.
Natural de Vila Franca de Xira, de origens humildes, emigrante em Angola, ainda jovem, Redol subiu a vida a pulso, e passou para a escrita toda uma experiência de vida e de luta, que incluiu a prisão, por actividades políticas contra o anterior regime.
A sua escrita retrata a vida, ou a des-vida, dos trabalhadores, de operários a assalariados rurais, transpondo para o diálogo o falar quotidiana das camadas populares., e de acordo com o meio e a sociedade onde se inseriam.
Quem quiser ler Redol, o que se recomenda vivamente, terá à sua frente um fresco vivido do Portugal dos anos 40 a 60, pobre, rural, analfabeto, beato, à imagem do poder de então.
Autor de estudos, literatura infantil, contos, teatro e romance, refulgem obras como "Barranco de Cegos", "Gaibéus", "Fanga", "Uma Fenda na Muralha", a peça "Forja", o conto "Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos" ou o estudo "Cancioneiro do Ribatejo".
Autor multifacetado, Alves Redol é  uma figura incontornável da nossa cultura e, insiste-se, senhor de uma obra que merece ser revisitada ou descoberta.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

NÃO TAP...EM O SOL!

 

Sobre a TAP escreve-se muito.
E às vezes passa-se por cima de evidências.
E quer-se tapar o Sol com uma peneira.
Mas importa ter a cabeça fria.
Para além das razões dos trabalhadores, dos problemas operacionais da empresa, de atitudes da gestão mais que discutíveis, ressaltam o histerismo e a confusão que grassam no (Des)Governo.
A privatização da TAP é praticamente imposta, sem se curar de saber das vantagens ou prejuízos que tal poderá acarretar.
Pretende impôr-se uma requisição civil com argumentos tais que bem poderiam aplicar-se a uma empresa que ninguém, de são juízo, pretenderia alguma vez privatizar...
E, muito mais grave que isto tudo, a confusão é tal que a pretendida requisição é...ilegal!
Com efeito, se os rapazolas lá da São Caetano à Lapa se dessem ao trabalho de estudar antes de abrir a boca, saberiam que a requisição só pode ser decretada após o início da greve, e desde que os serviços mínimos não fossem assegurados.
Serviços mínimos que, decerto por distracção, ainda não foram fixados, sequer equacionados.
Bastaria folhear o Código do Trabalho e acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo.
O que se quer, no fundo, é condicionar psicologicamente, e chantagear, os trabalhadores, utentes da TAP e população em geral.
E fora da lei.
Um precedente perigoso, praticado por gente perigosa.
Com "comandantes" destes, não há avião que levante voo.
Muito menos o país... 

("Come Fly With Me"-Frank Sinatra, este sim um leader!)
    

sábado, 20 de dezembro de 2014

NATAL !!!


"Eu poderia, embora não sem dor, perder todos os meus amores, mas morreria se perdesse todos os meus amigos" - Vinicius de Moraes

Assim, e porque é Natal, para todas as amigas e amigos um abraço fraterno e com música(s) da estação.
E, já agora, e por favor, nunca deixem de sonhar.
E façam o grande, o enorme, o indispensável favor de ser felizes!
E, aí sim, será Natal.

("Silent Night" - de Franz Gruber e Joseph Mohr)

("Natal dos Simples" - José Afonso)

("Wonderful Christmas Time" - Paul McCartney)

("Os Operários de Natal" - texto de Ary dos Santos e Joaquim Pessoa. Música de Carlos Mendes, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho)

("The Christmas Song" - por Frank Sinatra)

("Quando Um Homem Quiser" - poema de Ary dos Santos, música de Paulo de Carvalho)

("Have Yourself a Merry Little Christmas" - por Judy Garland)

("A Todos Um Bom Natal" - Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras)

("White Christmas" - por Bing Crosby)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

PATRIA O MUERTE : VENCEMOS!


Barack Obama, 17 de Dezembro de 2014: "...Não faz sentido continuar a fazer a mesma coisa durante cinco décadas e esperar um resultado diferente".
Esta frase do presidente dos Estados Unidos, que enfrenta uma grave crise de cidadania no seu país (Movimento "We Can't Breathe" - "Não Podemos Respirar"), é a mais estrondosa confissão de derrota da super-potência ao fim de 50 anos de um estúpido e ineficaz bloqueio económico a Cuba.
Ninguém, decerto, pensa que, com este gesto, o regime da ilha das Caraíbas se altere substantivamente.
Afinal, os EUA também têm relações privilegiadas com nações que não são propriamente modelos de direitos humanos, como a Arábia Saudita ou mesmo a China.
O gesto de Obama e Raul Castro vai, para já, permitir uma maior abertura a nível de transacções financeiras, turismo, saúde, educação e investigação.
O levantamento, formal, do ridículo bloqueio depende, ainda, da autorização do Congresso que, como se sabe, é dominado por fanáticos Republicanos, com a cabeça ainda enterrada nos dogmas da guerra fria.
Mas o caminho agora aberto, com a discreta acção da diplomacia canadiana e do sempre surpreendente Papa Francisco, já não pode ser fechado.
O Mundo respira mais aliviado.
E em breve, espera-se, respirará fundo.
Hasta la victoria, siempre!

("Hasta siempre Comandante Che Guevara" - Joan Baez, cantautora norte-americana)
  
 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

VAMOS FALAR DO TEMPO...

 

-Então bom dia...
-Sim...parece que vai ser bom dia, até parece que não chove, parece...
-Pois, ontem foi pior, com chuva e vento, uma chatice...
-É, hoje está melhorzinho, até se vê o sol!
-Lá isso... isto agora está bom para a agricultura.
-Podemos semear umas coisas Há terra e água...
-Sim, aí uns nabos. Somos bons com os nabos.
-Há por aí muito estrume que se pode aproveitar.
-Para termos boas cabeças de nabos.
-...Semeados com muito estrume...
-Achas que os podemos plantar em Évora?
-Em Évora não deixam falar...
-Chiu, pá! Olha que te podem ouvir...O que é que foi combinado?
-Que falávamos do tempo. 
-E da agricultura...Nada de corrupções...
-Ou suposições!
-Ou conjecturas!
-Ou adivinhas!
-Ou patas na poça! 
-Ou fugas para os jornais...
-Lá estás tu! Fala de estrume! Cheira melhor...
-E do tempo!
-E da agricultura!
-E plantam-se nabos com o estrume impresso!
-Ali para os lados do Campus, na Expo...O tempo está franco e risonho!
-E que tal umas floritas...?
-Pois, rosas, malmequeres, cravos...
-Não craves os cravos...
-Sim, para não dizer que não falamos de flores...

("P'ra não dizer que não falei de flores" - Geraldo Vandré. E o Brasil aqui tão perto...)

 
 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

ABORTO ORTOGRÁFICO


 
O dia 16 de Dezembro de 1990 deveria ser considerado dia de luto nacional.
Nessa triste data foi assinado o tristemente célebre Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Pobre língua que, na sua grandeza e beleza, não merecia tal baixeza.
De facto... (ou de fato...ou de fato e gravata...ou de baraço ao pescoço?)

("Língua" - Caetano Veloso)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

MIGUEL DE VASCONCELOS

 
("Parabéns gauleiter Coelho! Disseste bem o que te ensinei!")

Passos Coelho é como o algodão: não engana!
Sempre que abre a boca, ou entra mosca ou sai asneira.
Agora, no México, durante a Cimeira Ibero-Americana, o nosso atarantado primeiro-ministro deu-se ao desplante de elogiar Portugal e Espanha pelas reformas estruturais efectuadas (?) que outros países da UE adiaram ou não fizeram, o que, na sua culta e inteligente perspectiva, atrasa a recuperação e o crescimento económico.
Prosseguindo no seu delírio demencial e fora da realidade, afirma que Portugal e Espanha  estão melhor que esses outros países, que, diz a criatura, enfrentam a recessão e a estagnação.
Estaria o delirante primeiro a referir-se a quem?
Ao Luxemburgo, o tal dos esquemas fiscais fraudulentos?
Claro que não, nem pensar!
À Alemanha, que engorda à custa de sugar os recursos dos outros?
Vade retro! Sacrilégio!
Então...talvez a Itália, a França, a Grécia...
Itália e França que dizem, para quem as ouça, que os orçamentos são delas e não precisam do beneplácito régio da Comissão Europeia ou da Alemanha.
Grécia, que quer sair do abraço mortal da troika e deseja uma nova ordem económica e financeira.
Ou seja, o triste Coelho não é mais que um megafone nas mãos de Ângela Merkel.
Subserviente, sabujo, bufo e colaboracionista.
Definitivamente, não se chama Passos Coelho.
Miguel de Vasconcelos assenta-lhe como uma luva.
De pele de coelho!

O "VELHO" DO CINEMA

 

106 anos!
Parabéns, Mestre Manoel de Oliveira!
De "Douro, Faina Fluvial", de 1931, a "O Velho do Restelo" de 2014, são 83 anos.
83 anos por onde passa toda a história do cinema. Nacional e Mundial.
83 anos por onde correm o preto e branco, a cor, as técnicas, as estéticas, os argumentos, as histórias, as censuras, as prisões da PIDE, as homenagens, as luzes, os sons, o celulóide, o computador, as actrizes e os actores.
83 anos que o tornam, não só no cineasta mais velho ainda em actividade, com o também no mais lídimo representante de tudo o que a 7ª. arte representa.
É evidente que muita gente critica o seu modo de contar ou dirigir, os enredos, os tempos, os planos.
Como sucede com toda a obra de arte.
Mas a grandeza de Manoel de Oliveira está para além disso tudo.
Já faz parte do futuro, por onde entram os que agitam os tempos e os modos.
Já agora...em Hollywood alguém sabe quem é Manoel de Oliveira? 
Alguém os ensine. 

(Trailer de "Non, ou a Vã Glória de Mandar" - 1990)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

DIREITOS HUMANOS

 

No dia 10 de Dezembro de 1948 foi assinada a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Tal dia passou a ser o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
E neste dia, em Oslo, o Prémio Nobel da Paz é entregue ao indiano Kailash Satyarthi e à paquistanesa Malala Tousafzai.
Malala que foi premiada pelos seus esforços, com risco da própria vida, para que todas as mulheres tivessem direitos iguais aos dos homens, designadamente na educação, na formação profissional, no fundo, na igualdade plena, na dignidade plena.
Dignidade...
E como, neste nosso país, hoje, podemos falar de Direitos Humanos quando, vergonhosamente, assistimos muitas vezes impávidos, às vezes, por incrível que isto possa soar, cúmplices, à morte mensal de 4 mulheres por mês.
4 MULHERES MORREM POR MÊS, EM PORTUGAL, VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA!
A crise acabou?
Estamos melhor que há 4 anos?
Há menos desigualdades?
O mexilhão não se lixou?
Não me lixem nem falem de Direitos Humanos enquanto este flagelo não for erradicado.
4 VEZES, POR MÊS, EM QUE A NOSSA DIGNIDADE, SEJAMOS MULHERES OU HOMENS É FERIDA DE MORTE.
Basta! 

("Calçada de Carriche" - música de José Niza, voz de Carlos Mendes, poema de António Gedeão)

O MEXILHÃO FARAÓNICO

 

Com a fina elegância que o caracteriza sempre que abre a boca, o Primeiro Coelho afirmou, sem se rir nem lhe caírem os dentes que, com a crise, "quem não se lixou não foi o mexilhão", e que a crise económica não agravou as desigualdades.
Claro, que temos que dar sempre o desconto a esta gente do governo quando lhes sai na rifa terem que balbuciar umas palavras.
A ignorância, a ausência de cultura e de escrúpulos, a hipocrisia, a pesporrência, saltam da toca como...coelhos! 
De facto, com os cortes drásticos de salários, pensões, prestações sociais, cuidados médicos, com o flagelo destrutivo do desemprego, em números que dobram os de 2010, com uma correnteza de emigrantes, empurrados pelos actos e palavras deste governo, com a subida vergonhosa dos índices de pobreza, designadamente a infantil, com o facto de ser o país europeu onde as mortes por pneumonia mais subiram, com tudo o isto deixa transparecer, com o facto, denunciado pela OCDE de que os rendimentos dos 10% mais ricos, desde o início da crise, é dez vezes superior aos dos 10% mais pobres, de facto, vê-se claramente, o mexilhão não se lixou.
A menos que o mexilhão sejam os mais ricos, os banqueiros, especuladores, corruptos, facilitadores e abridores de portas a negócios ilícitos e mafiosos golden.
E os portugueses sejam a rocha onde bate o mar ou, pior, o lodo onde os nossos pés se atolam e que nos despejam no caminho.
De igual modo, sua excelência exalta com o fim dos Donos Disto e que, com ele, não haverá despesismo nem obras "faraónicas" a esbulhar o precioso erário.
Talvez, com a sua peculiar inteligência, Coelho se referisse a certas auto-estradas que vão dar a nenhures, ao Centro Cultural de Belém ou à Expo-98, quiçá ao Euro-2004.
E mesmo assim, muito haveria a dizer sobre estas e o conceito, coelhamente expendido.
Mas será faraónico dotar as linhas férreas nacionais com a bitola europeia e ligar, em alta velocidade pólos como Sines ou Palmela (Autoeuropa) ao coração da Europa, com os ganhos que tal poderá acarretar?
Ou dotar Lisboa de um aeroporto de facto internacional, que não permita que anteriores rotas que daqui partiam se tenham, actualmente, de ir apanhar, a correr, a Madrid.
Esta ideologia salazarenta do "pobrezinho mas honesto" é uma praga que nos mata.
Investir custa milhões. Mas os benefícios rendem milhares de milhões.
Estadista não é contar os tostões do dia a dia (ler, escrever e contar chega, não é Dr. Crato?).
Para isso qualquer amanuense com competência é suficiente.
Estadista é ver e prever o futuro e construir as pontes necessárias para lá chegar.
Com a ideologia tacanha deste (des)Governo, figuras da estatura de um Infante D.Pedro ou D.João II, do Marquês de Pombal ou de Fontes Pereira de Melo, já estariam em prisão preventiva.    

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SEXY BOMBO


Não nos bastava terem sugerido que o Sr. Silva de Belém dissera aos árabes que uma das razões para investirem em Portugal seria o monte de "mulheres bonitas", para lá de outras coisas.
Parece que a criatura não terá dito isso mas, atendendo à sua brilhante cultura, não era nada que não pudesse atirar boca fora.
Agora, temos o Pires da cerveja a dizer, peito feito e em altos berros, que Portugal é um "destino sexy"!
Destino sexy!?
Mas o que pretende esta gente?
Fugiu-lhe a boca para a verdade?
Não bastam o sol, os aviões, os cavalos do Silva?
Agora fomentamos o turismo sexual?
É que se o Pires da cerveja não queria dizer isto, talvez o tenha pensado.
Estamos feitos com esta gentinha!
Não basta o corte de salários e pensões, os despedimentos, o desemprego, a emigração, a degradação, tendente à extinção, dos serviços públicos de saúde, educação e justiça, a venda ao desbarato de grandes empresas nacionais.
Agora querem transformar o que resta num imenso bordel!
Com Cavaco como dono do dito.
E o Pires e comparsas como chulos!    

("Sex Bomb", Tom Jones - dedicado ao Pires e amigos)

O FERIADO IRREVOGÁVEL


Ribeiro e Castro discursou na cerimónia evocativa do 1º. de Dezembro.
Exigiu a reposição do feriado.
Portas, irrevogavelmente, vai apresentar a proposta ao Conselho Nacional do CDS.
Sem dar cavaco ao parceiro de coligação, o PSD de Passos.
Como que lhe cravando uma faca nas costas.
Portas é o herói da Restauração!
Já o vemos, olhar faiscante, espadim na mão,
Seguido do fiel escudeiro Ribeiro e Castro,
E dos conselheiros do CDS em vigoroso tropel,
Bradando valentemente "Queremos o feriado! Sempre quisemos o feriado!",
Correndo, afobadamente, não ao Paço mas à Gomes Teixeira para,
Valentemente, patrioticamente, atirar Miguel de Vasconcelos, perdão, Passos Coelho, janela abaixo,
E restaurar, bravamente, o Feriado do 1º. de Dezembro.
Só que...há aqui um problema.
É que Paulo Portas subscreveu a Lei que eliminou os feriado do 1º. de Dezembro.
Lado a lado com Passos Coelho.
Como todas as leis produzidas por este Governo,
De que Miguel de Vasconcelos, perdão, Passos Coelho, é primeiro-ministro,
Passando por cima de todas as linhas vermelhas e irrevogabilidades
Coladinhos, unha com carne, eles Passos Coelho e Paulo Portas.
De onde se conclui que quem foi oportunista, demagogo e sem escrúpulos é e será, irrevogavelmente, oportunista, demagogo e sem escrúpulos.

À esquina da Rua das Portas de Santo Antão, Ribeiro e Castro, Rui Rio e António Costa riem a bandeiras despregadas...
 

domingo, 30 de novembro de 2014

AS GAJAS, PÁ! AS GAJAS!!!

 
("É pá! É só fruta!")

O Sr. Silva, ocupante do Palácio de Belém, anda por terras das Arábias.
Dubai, mais concretamente.
Mais concretamente a vender Portugal.
A preços de saldo.
Durante um almoço (...) fartou-se de vender.
Aos "investidores" dubainos e outros árabes em geral.
Ricos, claro!
Ele era o Sol o que, convenhamos, há a rodos por aquelas paragens.
Ele era os cavalos, vendendo o Lusitano como melhor que o Árabe e,
Ele eram os aviões, talvez os da Embraer que o preso 44 arranjou aos brasucas.
E ele eram as mulheres lindas! Catita! Nem mais!
E aqui cisma-se...
E interroga-se...
Afinal...
O Silva é Presidente da República, ou...
É o dono do bordel?
Ná! Não tem estudos para tanto.
Fique-se pelo chulo! 

("Tira a roupa" - Quim Barreiros, da exigente fonoteca do Sr. Silva)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Ó ALENTEJO ESQUECIDO / INDA UM DIA HÁS-DE CANTAR*

* - últimos dois versos da canção "Cantar Alentejano", de José Afonso, dedicada a Catarina Eufémia


 ("Ao Romper Da Bela Aurora" - Grupo Amigos do Cante, Cuba)

"Põe João Mau-Tempo o seu braço de invisível fumo por cima do ombro de Faustina, que não ouve nada nem sente, mas começa a cantar, hesitante, uma moda de baile antigo, é a sua parte no coro, lembra-se do tempo em que dançava com seu marido João, falecido há três anos, em descanso esteja, é este o errado voto de Faustina, como há-de ela saber. E olhando nós de mais longe, de mais alto, da altura do milhano, podemos ver Augusto Pintéu, o que morreu com as mulas na noite do temporal, e atrás dele, quase a agarrá-lo, sua mulher Cipriana, e também o guarda José Calmedo, vindo doutras terras e vestido à paisana, e outros de quem não sabemos os nomes, mas conhecemos as vidas. Vão todos, os vivos e os mortos. E à frente, dando os saltos e as corridas da sua condição, vai o cão Constante, podia lá faltar, neste dia levantado e principal." (parágrafo final de "Levantado do Chão", livro de José Saramago vivido no Alentejo)

E ontem, 27 de Novembro, foi um desses dias "levantado e principal", em que o Cante Alentejano foi consagrado como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
E, agora, talvez não interesse muito saber se as origens desta expressão cultural tem raízes gregas pré-cristãs, ou árabes, sequer do canto gregoriano. Pode ser uma só ou podem ser todas. Ou outras.
Mas o que temos como certo é que este canto nasceu da natureza, da terra, cheira a poejo, a trigo, a pão, do rancho, do queijo, do enchido, da vasta planície alentejana e das suas riquezas, muitas vezes, demasiadas até, esquecidas como nos canta o Zeca Afonso.
E está cimentado pelo suor e sacrifício, pelo desemprego, pela fome, pelo amor à terra, pela sede de justiça, pela luta das alentejanas e alentejanos contra a opressão, a ignorância, a violência.
E, no fundo, também é um desabafo, um alívio das agruras diárias, que amanhã continuam.
A vitória do Cante Alentejano, para além da justiça que se faz a toda uma comunidade que o entoa, é o reconhecimento da sua dignidade.
E que nos torna a todos dignos de a festejar.
E consagrar.
E permita-se que, num pequeno aparte, se estenda esta distinção a uma das pessoas, infelizmente já desaparecida, que muito fez pela divulgação não só do Cante, mas de todas as diversas expressões musicais do povo português: Michel Giacometti
E sigam as modas que, do solo alentejano, imparáveis, se levantam do chão.

("Hino dos Mineiros", Grupo Coral dos Mineiros de Aljustrel, fundado em Janeiro de 1926)

   
 
 


terça-feira, 25 de novembro de 2014

EÇA DE QUEIRÓS, HOJE

 

Eça de Queirós, o nosso eterno Eça, nasceu a 25 de Novembro de 1845 na Póvoa de Varzim.
Um dos maiores nomes da literatura, quer a nível nacional quer mundial, revolucionou a escrita, colocou a nu os podres da sociedade da sua época, com uma ironia fina e um discurso inovador e que prende, inexoravelmente quem o lê.
Da sua época?
De sempre, como se pode ler, tão actual que parece que escreveu este trecho nos dias de chumbo por que passamos:

"Logo que na ordem económica não haja um balanço exacto de forças, de produção, de salários, de trabalhos, de benefícios, de impostos, haverá uma aristocracia financeira, que cresce, reluz, engorda, incha, e ao mesmo tempo uma democracia de produtores que emagrece, definha e dissipa-se nos proletariados." "Prosas Bárbaras"

"Nós estamos num estado comparável, correlativo à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma ladroagem pública, mesma agiotagem, mesma decadência de espírito, mesma administração grotesca de desleixo e de confusão. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país católico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa – citam-se ao par a Grécia e Portugal. Somente nós não temos como a Grécia uma história gloriosa, a honra de ter criado uma religião, uma literatura de modelo universal e o museu humano da beleza da arte." -"Farpas"  


"Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura." - "Correspondência" 

 
"O juízo que de Badajoz para cá se faz de Portugal não nos é favorável... Não falo aqui de Portugal, como estado político. Sob esse aspecto, gozamos uma razoável veneração. Com efeito nós não trazemos à Europa complicações importunas; mantemos dentro da fronteira uma ordem suficiente; a nossa administração é correctamente liberal; satisfazemos com honra os nossos compromissos financeiros. Somos o que se pode dizer um «povo de bem»... A Europa reconhece isto; e todavia olha para nós com um desdém manifesto. Porquê? Porque nos considera uma nação de medíocres, digamos francamente a dura palavra, porque nos considera uma «nação de estúpidos»." - "Notas Contemporâneas"

 

De facto, os génios são intemporais...
Ao contrário dos "pequenos deuses caseiros" que julgam que mandam alguma coisa...      

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A VERDADE A QUE TEMOS DIREITO

 

A propósito da detenção de José Sócrates, e no meio de toda a mediatização e histerismos, por entre tudo o que por aí se ouve, lê e vê, há que, acima de tudo, ter a cabeça fria e serenidade.
Está em causa o comportamento do cidadão e do que este possa ter beneficiado, ilegitimamente, por ter passado por cargos públicos.
E esperar que a Justiça seja célere e rigorosa.
E verdadeira.
E não só neste caso.
Temos direito a exigir que a justiça também seja célere, rigorosa e verdadeira em casos também, digamos, fracturantes e que colidem com a imagem que se quer transmitir do país, como os do BPN/SLN, BPP, BES/GES, PT ou Vistos Gold, e dos milhões que se perderam.
É o mínimo.
Claro que verdade e rigor nada tem a ver com investigações "rigorosas", "profundas", "fundadas" como as que terão conduzido ao célebre caso do "Estripador" ou outro lixo tóxico.
Se Sócrates é culpado, condene-se, que um ex-primeiro-ministro deve ser mais honesto que a mulher de César e ainda mais parecê-lo.
Mas se é inocente, deve ser libertado com urgência. E reconhecido como tal.
Passos Coelho, ontem, afirmou que "nem todos os políticos são iguais".
Pois não.
Com todos os erros, desvios, más decisões, asneiras totais, Sócrates foi muito melhor chefe do Governo do que Coelho.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

SUBVENÇÕES PARA A DERROTA

 

A proposta que previa a reposição das chamadas "subvenções vitalícias" a ex-titulares de cargos públicos, eliminadas em 2005, foi hoje retirada de discussão e votação na Assembleia da República.
Mas o mal, e a suspeita, ficaram, com os danos que se adivinham.
Os partidos do dito "centrão" (PS e PSD), na véspera, tinham-se entendido para repor tais prebendas que a esmagadora maioria dos beneficiários não merece, nem necessita, e isto numa altura em que o povo português sofre uma das maiores crises da sua história, e em que a carga fiscal, o desemprego, a emigração, a queda na pobreza são insuportáveis.
A ideia que passa para a opinião pública é a de que são todos iguais, e que apenas pretendem "amanhar-se", estando-se marimbando para o país.
Uma proposta imoral, sem qualquer "ética republicana", expressão que no PS se usa muito alegremente.
Se PS e PSD são as faces da mesma moeda, caberá perguntar:
O que fez correr António Costa?
Para ficar tudo igual?
Ou...será que, bem lá no fundo, não deseja a maioria absoluta, mas sim um "consenso" com um PSD expurgado de Passos Coelho?
E porque é que tudo isto não nos deixa muito surpreendidos?
 



quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O MOUCO


Ó surdo, vai um fadinho?

 
(Singela homenagem da Rádio Comercial a Carlos do Carmo - "Lisboa Menina e Moça", poema de Ary dos Santos, música de Paulo de Carvalho)


E não precisas de agradecer ou dar parabéns.
Milhões de portugueses já o fizeram.
Sabes, ou talvez não saibas, o certo é que, neste país, há quem ainda tenha dignidade e respeito.
E gratidão.
E saiba reconhecer os seus melhores.
Sem penduricalhos inúteis...
Topas?

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

UM HOMEM NO MUNDO

 

Hoje, pelas 18 horas em Portugal, no Hollywood MGM Theatre, Los Angeles, Carlos do Carmo estará a receber o Grammy Latino de carreira.
Carreira rica, e que nos enriquece.
Mais do que ícones do fado, Carlos do Carmo e, claro, Amália Rodrigues, não se limitaram, o que já seria muito, a colocar Portugal no universo da canção.
Foram mais longe, Amália primeiro.
Tiveram a coragem, contra tradicionalismos decadentes e marialvas analfabetos, de trazer para o fado a grande Poesia portuguesa.
Desde os poetas do cancioneiro como João Roiz de Castelo Branco, ou Bernardim Ribeiro, a nomes como Luís de Camões (que desencadeou acesa polémica!), Guerra Junqueiro, José Régio, Pedro Homem de Mello, Alexandre O'Neill, David Mourão Ferreira, Couto Viana, Manuel Alegre, Vasco de Graça Moura, ou Ary dos Santos.
O Grammy de hoje é a consagração de uma forma de estar na Cultura portuguesa, de corpo inteiro, e de a divulgar.
E é um testemunho que, decerto com imenso orgulho, Carlos do Carmo transmite a uma admirável nova geração de cantadores, como Camané, Mariza, António Zambujo, Carminho, Pedro Moutinho, Ana Moura, Marco Rodrigues, Cristina Branco, Gisela João, Cuca Roseta ou Ana Lains.
E é um sinal, inequívoco, de que a Poesia se canta e que a Cultura abre fronteiras e é, ao contrário do que pensam certas "múmias", uma inesgotável mais-valia para o país.
Múmias mesquinhas que nem parabéns têm a coragem de balbuciar.
Múmias que Carlos do Carmo não se cansa de denunciar:


Mas as múmias esquecem-se na poeira dos tempos e nos rodapés da história, apodrecem, enquanto a música e a poesia são imortais.
Como, por exemplo, "Um Homem na Cidade", que dá nome a um dos grandes trabalhos de sempre da nossa música:

  

 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

THE GOLDEN BOYS


("Olha pá, eu não conheço este gajo atrás de mim, de lado nenhum")

Miguel Macedo demitiu-se.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras era seu,
As amizades e ligações profissionais também são suas.
A Secretária Geral do Ministério da Justiça, mais o
Instituto dos Registos e Notariado estão na alçada do
Ministério da Justiça.
Tal como a plataforma Citius,
Tal como a difamação e a calúnia sobre dois funcionários da Polícia Judiciária.
Paula Teixeira da Cruz demitiu-se?
Tal como a desastrada abertura do ano lectivo,
Tal como a humilhante prova de acesso para professores,
Ou a destruição da escola pública.
Nuno Crato demitiu-se?
Mas isto tudo dos vistos gold até conseguiu abafar Citius e Cratos.
O que, sendo grave, não deixa de ser oportuno.
Cai Macedo, e cai sozinho.
Sem ter, aparentemente, e até prova em contrário,nada a ver com o esquema dos vistos.
Que alguém propagandeou e elogiou aos quatro ventos,
Que possibilitaram a entrada de dinheiro cuja origem ninguém se deu ao trabalho de investigar, já que a prioridade era o capital, fosse como fosse,
E a entrada de pessoas de países terceiros, em todo o espaço Schengen e de cujas actividades ninguém se informou, preveniu, avisou,
E a aplicação de capitais em "investimento" improdutivo,
Não reprodutivo, sem criar postos de trabalho,
Donde se conclui, visto tudo, que os vistos gold podem encobrir actividades submarinas, corrupções, branqueamento de capitais.
Temos o Luxemburgo para os grandes e o Luxemburgo dos Pequeninos, em Portugal, acarinhado por este Governo.
Donde, visto isto tudo, demite-se Macedo que diz que não visou nada.
E o caixeiro-viajante dos vistos, o revogado irrevogável, o feirante das promessas não cumpridas, o atravessador de todas as linhas vermelhas?
Onde anda Paulo Portas?
Ainda tem cara?
E, já agora, alguém já acordou a múmia que habita no Palácio de Belém? 

(José Afonso - "Vejam bem")


  

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE!

 
("Chiu, ou chamo o António!")

Num almoço no American Club, Maria Luís, devidamente apresentada pelo seu lacaio e colaboracionista Camilo Lourenço, afirmou, sem corar, que o Governo procura sempre proteger quem tem menos recursos, pelo que a classe média tem sido a grande sacrificada, até porque há poucos ricos...
Assim, os pobres continuam pobres, e, cada vez mais, a classe média é empurrada para a pobreza (27% dos portugueses são, de facto, POBRES!), e tudo isto porque não há ricos...
Sabe-se, entretanto, que o número de milionários, neste país em crise, passou de 65.000 para 75.000, precisamente durante estes anos de crise...
E também se sabe que as fortunas dos 25 mais ricos de Portugal  correspondem a 10% do PIB quando, há um ano, atingiam 8,8%...
De facto, ele há tão poucos ricos!

TAXAS, TAXINHAS E GOLDS


Nesta terra de desvairadas gentes, temos de as aturar, que remédio.
Gentes que apanham uma piela cervejeira, que vociferam melifluamente contra taxas e taxinhas e, como por acaso, esquecem-se que fazem parte do agrupamento folclórico que mais taxas e impostos carregou nas costas dos portugueses.
E se estão tão horrorizados com UM-EURO-UM* que os turistas terão de pagar em Lisboa, esquecem-se dos que são obrigados a pagar mais do que isso para trabalharem em Lisboa.
Com efeito, quem prescinda do transporte público para se deslocar à capital do império depara com isto:
-Quem resida nas zonas de Vila Franca de Xira a Sacavém, pode vir pela N10 e aproveitar o trecho não portajado da A-1;
-De Odivelas, pode aproveitar o IC17 ou IP7, até, inclusive, a A-1;
-Da chamada Linha de Cascais, tem ao seu dispor a Marginal e a A-5, também no trecho não portajado;
-Da Linha de Sintra, o famigerado IC-19.
Mas quem e desloque da Margem Sul tem obrigatoriamente de pagar "taxa" : as portagens nas pontes 25 de Abril ou Vasco da Gama.
Então, Sr. das Cervejas, como vamos de taxas e taxinhas?
Entretanto, estão detidas 11 pessoas por suspeita de corrupção na atribuição dos "Vistos Gold", e que incluem altos funcionários da máquina do Estado.
Tendo em atenção que o alto responsável por esse "sucesso", é nem mais nem menos que o vice Paulo Portas, caberá fazer a pergunta:
A rapaziada que comprou os vistos entraram no país a bordo dos submarinos do Portas, ou foram estes que, para entrarem no Alfeite tiveram de comprar Vistos Gold?
É que isto de reversíveis irreversíveis, que ainda por cima são figuras centrais dos dois casos, por acaso, claro, pode dar origem a muita confusão...


* - Há 24 anos, este escriba pagou, num hotel de Dax, cidade situada no sudoeste de França, uma chamada "taxe de séjour", simplificando, uma "taxa de permanência", no valor de 3 francos franceses, moeda da altura, equivalentes, aproximadamente, a 78$00, na antiga moeda, cerca 0,36 euros. Fazendo as contas a 24 anos, esses 0,36 seriam, hoje, seguramente, mais que 2,50 euros. E Dax, de maneira alguma, é Bordéus, Marselha ou Lyon, muito menos Paris.
Taxas? Taxinhas?
 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

EN SU CITIUS!

  

Conforme notícia que aqui  se reproduz, o Ministério Público decidiu arquivar o inquérito relativo ao programa "Citius", solicitado pela Ministra da Justiça, e que visava provar a "sabotagem" informática perpetrada por dois funcionários da Polícia Judiciária, entre outros "perigosos terroristas" (Maria José Morgado?) e que, afinal, se provou não ter consistência nem fundamento.
Claro que tudo isto não passou de encenação da Paulinha dos Tribunais (que não das feiras...), de cobarde perseguição, para justificar a incompetente implementação do mapa judiciário, apesar de avisos em contrário, atempadamente lançados, e do completo caos em que se transformou a Justiça.
E agora?
As pessoas injustamente acusadas não têm direito a reparação, a poderem exercer o seu legítimo direito a processar a Ministra por difamação?
A mesma que proclamava que tinha acabado a era da impunidade?
Cuja demissão seria o mínimo a exigir e a assumir?
Algo nos diz que vergonha é algo que não existe para os lados da gente deste Governo.