segunda-feira, 30 de março de 2015

O BAILINHO...

 
 
É o que acontece, o que tem acontecido, sempre que a Esquerda esconde os seus princípios, varre a ideologia para debaixo do tapete e, em nome sabe-se lá do quê, deixam-se cair as bandeiras pelas quais durante décadas várias gerações lutaram.
Pela dignidade de quem trabalha, pelo Estado Social, pela Educação, pela Cultura, pela Saúde, pela Justiça, por uma Europa solidária.
Ao renderem-se às teses neoliberais e selvaticamente capitalistas, ao amarrarem-se a tratados que limitam as soberanias, alimentam-se e engordam-se os populistas de extrema-direita.
Nada para que ninguém, repetidamente, tenha alertado.
Depois destas tareias madeirenses e francesas, bom será que a esquerda, designadamente a que se reclama do chamado "socialismo democrático", abra os olhos e interiorize que, sem ruptura com o actual modelo que nos querem impingir, não há futuro e, muito menos, maiorias absolutas.
Nem haverá país.
Nem Europa. 
Talvez apenas um imenso protectorado, do Atlântico aos Urais, alimentado por mão-de-obra escravizada e alienada.

sábado, 28 de março de 2015

THE BELÉM'S WALKING DEAD

 
Mais uma vez Cavaco abriu a boca.
E, como sempre acontece quando não vigiam a criatura, sai asneira.
Agora, ficou todo enxofrado porque, na sua visão canhestra, os "agentes políticos" (quais? quem?), terão tentado esconder, ou terão ficado incompreensivelmente incomodados, com as previsões para o crescimento da economia portuguesa que ele e o secretário-geral da OCDE estimam em 2%.
Mais, que os tais "agentes políticos" deveriam concentrar-e no combate à pobreza e ao desemprego, já que as "intrigas político-partidárias não criam um único emprego".
Da falta de cultura democrática do homem, mais, da sua completa falta de cultura e assumida mesquinhez, já se sabia.
Agora, a sete meses de eleições legislativas e a um ano de eleições presidenciais, esta falta de pudor, de vergonha, de isenção, esta descarada colagem à narrativa oficial da cambada do Governo é delirante.
Para um dito economista, é demais!
Que crescimento, em que condições, qual o valor acrescentado, qual a incorporação de novas tecnologias, qual o investimento aplicado, ou, afinal, estamos apenas perante um aproveitamento circunstancial das quedas do preço do petróleo e da cotação do Euro?
É que para as agências de rating, as tais que o zombie de Belém idolatra, o lixo mantém-se.
Tal como os sacrifícios a que os portugueses estão sujeitos, sacrifícios que, há quatro anos, aquando da sua reeleição, berrava que não se deveriam exigir em demasiado. Claro, o Governo não era da sua cor partidária...
Tudo ao contrário do seu Governo, que desvelada e declaradamente apoia e do qual ´re porta-voz dedicado tem praticado, num consciente e ideologicamente preparado caminho para a total submissão e dependência.
Ou um crescimento sustentado da economia é compatível com:
-Recuo do PIB em 15 anos;
-Recuo do Investimento em 30 anos;
-Recuo do emprego em níveis de há 20 anos;
-Números da emigração iguais aos de há 40 anos;
-Aumento da pobreza até um inimaginável 1974! 
Estes os grandes sucessos dos seus rapazolas governamentais.
Fique-se pelo pastel de Belém e não se engasgue, Avô Cavernoso!

NOTA: Cavaco sabe, ou teve ideia, de quem é Herberto Helder?
Ná.....não vale a pena. É bater mais no ceguinho, surdinho e mudinho.
 
("O Avô Cavernoso" - Mão Morta - Letra e música de José Afonso)

quarta-feira, 25 de março de 2015

PARÁBOLA DOS COFRES CHEIOS E HERBERTO HELDER

 
Um dia destes Maria Luís abriu a boca e, pronto, desculpem lá qualquer coisinha, saiu-lhe a frase ensandecida "Temos os Cofres Cheios!", logo aproveitada pelo chefe Passos Coelho, decerto, também, acompanhada pelo sorriso cadavérico do Sr. Silva de Belém.
"Temos os cofres cheios"!
Isto cheira a insulto.
Insulto a quem tem bolsos vazios.
Insulto a todos os pobres, que já ultrapassam  o número apurado em 1974!
Insulto a quem vê casas e ordenados penhorados.
Insulto a quem é forçado a emigrar.
Insulto a quem não sabre o que comer logo à noite.
Ou a quem não pode pagar água, luz, gás.
Como outro famoso insulto das mesmas bandas, Maria Luís deve ter pensado que Portugal está melhor mas os portugueses pior.
Como se Portugal dispensasse os portugueses.
O que, no fundo, é a matriz ideológica desta gente.
Cofres cheios, mas sim de dívida, embora o escondam, o dissimulem, o mintam, como é seu timbre predatório.
E a oposição dorme bem, muito obrigado, até um dia.
Mas para quê perder mais tempo com esta gente?

Herberto Hélder deixou-nos, e esse é maior, muito maior que essa canalha minúscula e lamacenta.
E também não tinha dinheiro para o gás...

"a última bilha de gás durou dois meses e três dias


a última bilha de gás durou dois meses e três dias,
com o gás dos últimos dias podia ter-me suicidado,
mas eis que se foram os três dias e estou aqui
e só tenho a dizer que não sei como arranjar dinheiro para outra bilha,
se vendessem o gás a retalho comprava apenas o gás da morte,
e mesmo assim tinha de comprá-lo fiado,
não sei o que vai ser da minha vida,
tão cara, Deus meu, que está a morte,
porque já me não fiam nada onde comprava tudo,
mesmo coisas rápidas,
se eu fosse judeu e se com um pouco de jeito isto por aqui acabasse nazi,
já seria mais fácil,
como diria o outro: a minha vida longa por muito pouco,
uma bilha de gás,
a minha vida quotidiana e a eternidade que já ouvi dizer que a habita e move,
não me queixo de nada no mundo senão do preço das bilhas de gás,
ou então de já mas não venderem fiado
e a pagar um dia a conta toda por junto:
corpo e alma e bilhas de gás na eternidade
- e dizem-me que há tanto gás por esse mundo fora,
países inteiros cheios de gás por baixo!"

( De "A Morte Sem Mestre")

quinta-feira, 19 de março de 2015

O PÂNTANO

 

E temos este sentimento, esta tristeza, este sabor a pântano.
Há lista VIP, não há lista VIP.
Já temos dois bodes expiatórios.
E temos a suspeita, que ninguém a tira, de que nos estão a  enganar, a gozar-nos na cara.
Que há contribuintes de primeira e outros de segunda.
Ou de terceira.
De que, em flagrante arrepio e insulto ao texto constitucional, não somos todos iguais perante a Lei.
E este sentimento de desconforto, de dor no peito, de odor a podridão.
E não existe vergonha, ética, decência.
Devemos à Segurança Social, ao Fisco.
Olha, dizemos que nos esquecemos, que não temos dinheiro, que ninguém nos disse, ninguém nos avisou...
Nós? Não...só se fôssemos VIP ou constássemos da lista.
A nós, aos tais contrinbuintes de segunda, penhoram o carro, a casa, o ordenado, sem piedade.
Pois...esta sensação de mergulhar as mãos na lama....
Mas descansemos!
Lá de Belém, um cadáver ambulante sossega-nos dizendo que tudo é só jogo partidário, que a economia está pujante, que o BES é fiável, enfim, que o regular funcionamento das instituições democráticas segue o seu curso. 
Como a barquinha de Belém...
E as pernas a afundaram-se nestas areias movediças...
E, alegremente, encolhemos os ombros, é coisa de políticos....
E seguimos pastando estas ervas daninhas e envenenadas.   

("Queixa das almas jovens censuradas"-Poema de Natália Correia, música e voz de José Mário Branco) 

segunda-feira, 16 de março de 2015

A LISTA DE LYNCH

 
Desta rapaziada trauliteira que dá pelo nome de Governo, já se espera tudo.
Até a mais disparatada de todas as decisões disparatadas.
Já estamos habituados, tal como a oposição de veludo, que não diz, não faz, nem protesta.
Agora, as brilhantes mentes que, em conjunto, não devem ter mais de meia dúzia de neurónios, resolveram aprovar a criação de uma base de dados, ou registo,  de condenados por crimes de agressão sexual contra menores, a que, errada mas não inocentemente classificam de lista de...pedófilos(!) a qual, em algumas circunstâncias, poderá ser consultada por quem tem responsabilidades parentais de menores de 16 anos.
Desde logo, confundir pedofilia com crime sexual é leviano e grave, sabendo-se, por estatísticas publicadas, que apenas 8% dos criminosos são pedófilos.
Mas que 97% dos praticantes desse crime são familiares próximos, ou amigos chegados.
E o problema é demasiado grave e delicado para ser deixado sem debate ou, então, demagogicamente aproveitado pelo actual poder, como se provou com a habitual falta de sensibilidade e de cultura de Passos Coelho, ao defender a medida em público perante crianças numa creche!  
Mas o mais grave é a possibilidade de o referido registo, por ser aberto a consulta por pessoas fora da esfera judicial ou policial, dar azo, com a permissividade e conluio entre a esfera do poder e alguns tablóides, a que o mesmo apareça escarrapachado na primeira página de um qualquer "Correio da Manhã".
Para não falar, com apelos aos mais primários sentimentos, que, de imediato, saltariam dos pasquins e têvês reality show para a praça pública, com aproveitamento para vinganças pessoais, caças ao homem, linchamentos na praça pública.
Grande Governo! (e por onde anda a passear a oposição?)
De facto, afastou-nos da Europa, mas aproximou-nos muito mais do Far West e cobóiadas do género.
Nem Clint Eastwood faria melhor!
 
 
("O Bom, o Mau e o Vilão", música de Ennio Morricone)

NOTA: A gravidade desta decisão relega para o caixote do lixo o ridículo e insultuoso programa dito "VEM", apresentado por um apatetado Pedro Lomba, e que não passa de demagogia e eleitoralismo barato. Uma nódoa. Já agora....por onde anda a oposição?
 
 
 
   

quinta-feira, 12 de março de 2015

OS ARROTEIROS PRESIDENCIAIS

De Cavaco sabe-se muita coisa, muita coisa pouco abonatória.
Da sua mesquinhez.
Da sua falta de cultura.
Do seu ruralismo entranhado, no pior que a expressão possa significar do ponto de vista social e político, sempre desconfiado da cidade e das luzes.
Da sua desconfiança do funcionamento regular da democracia, do exercício pleno da cidadania política, entendendo a política como administração do Estado para os cidadãos, e nada de rasteiro ou demoníaco, como uma mentalidade preconceituosa como a sua parece entender.
Também já se sabia das suas qualidades em abrir a boca para entrar moscas ou saírem asneiras.
Agora, em bom estilo, arrota postas de pescada.
Julgando-se acima do comum dos mortais, estilo rei absoluto, manda uns palpites quanto ao perfil do seu sucessor, como se em dinastia monárquica estivéssemos, como, por exemplo, que um presidente da República terá que ter alguma experiência no domínio da política externa ou, então, que tenha formação, capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os dossiers relevantes para o país.
Duas características que ele, manifestamente, nunca teve e, até, quanto à primeira, defendia que um presidente não se deveria imiscuir na condução da política externa.
Enfim...dá-se-lhe o desconto.
Ora enquanto Santana e Marcelo, logo de seguida, abanaram a cauda e começaram a salivar, aqui para nós o actual zombie de Belém tinha outro nome em mente para seu sucessor: Durão Barroso!
Não está nada mal, não senhor.
Depois de um desastre, outro ainda maior.
Cavaco e Barroso são a mesma face da mesma moeda, o mesmo servilismo atento e venerado, a mesma falta de visão.
Não passam de dois borrões no rodapé dos livros da História.

("O Avô Cavernoso" - José Afonso)

domingo, 8 de março de 2015

PORQUE NÃO TE CALAS?

 
Cavaco Silva tem um grave problema de comunicação.
Quando abre a boca,
Ou entra mosca, ou sai asneira.
Tal como também tem um grave problema de equilíbrio.
Geralmente, tende sempre para servir de antepara ao Governo.
Quando, na qualidade de Presidente da República resume a situação de Passos Coelho a meros "jogos político-partidários" em clima que "cheira a pré-campanha eleitoral", Cavaco opta, claramente, por branquear uma situação grave.
De quem, como Passos, argumenta que desconhecia a lei...que pensava que pagar o devido era "opcional".
De quem, como Passos, diz que se esquecia ou não tinha dinheiro...
De quem, como Passos, diz que paga quando o fisco, ou a Segurança Social o "convidam" a pagar.
De que, como Passos, ao não pagar o que é devido, ao retê-lo em sua posse, viveu claramente acima das suas possibilidades.
Num chico-espertismo que pode cair muito bem num país amorfo e anestesiado, mas que é inadmissível numa alta figura do Estado.
De quem, como Passos, pregou a moral do dever de sermos contribuintes e pagadores exemplares.
De quem, como Passos, fustigou o país com o látego e a vergonha de viver acima das suas posses, o que devia ser expiado.
De quem, como Passos, aumentou brutalmente impostos, taxas e contribuições e não tem piedade por quem deve 5 cêntimos, penhorando, sem dó nem piedade, ordenados, carros, casas de famílias, sem lhes dar outras opções nem invocar o desconhecimento das leis.
Que moral tem um primeiro-caloteiro para pedir mais sacrifícios a quem já sacrificou tudo?
Que moral tem aquele que não pagou à Segurança Social para nos acenar com a insustentabilidade daquela?
Que moral tem Passos para confessar que é imperfeito, pedindo compreensão, quando, imperfeitamente destruiu empresas, sinergias, classe média, saúde, educação, ciência, investigação, hipotecando o futuro de, pelo menos, duas gerações?
Que moral tem ele para exigir que os portugueses não sejam piegas, quando ele, pateticamente, o foi, ou é.
E tudo isto com o beneplácito e a aquiescência conscientes e ideológicas da criatura que ocupa o Palácio de Belém, a mesma criatura que, no início de 2011 dizia que não se podiam exigir mais sacrifícios aos portugueses?
Triste fado para este triste país...
Quando Presidente da República e Primeiro-Ministro não conhecem o significado de palavras como dignidade ou respeito.  
 
(José Afonso - "Assim se Faz um Canalha")


DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Hoje, dia 8 de Março, comemora-se, mais uma vez, o Dia Inyternacional da Mulher.
Como de costume, não faltarão os discursos de ocasião, as declarações igualitárias, as gentilezas masculinas por um dia.
Comemorar o quê?
As 45 vítimas de violência doméstica durante o ano de 2014?
As 6 desde o início do ano?
Ou os 16% de mulheres desempregadas, muito mais que os homens?
O aumento da diferença salarial entre homens e mulheres que, em 12 anos, desde 2000, passou de 8% para 15%?
O facto de, em Portugal, 9,3% do universo feminino são mulheres com habilitações superiores contra 6,7% do masculino e, no entanto, não chegam a ocupar 30% dos lugares de decisão no Estado, na sociedade, nas empresas?
E não esquecer, também, o trabalho silencioso, omitido, escondido, que é fazer a cama, dar as refeições aos filhos e, quantas vezes, aos companheiro/as, lavar e passar a roupa, limpar o pó, aspirar, lavar a loiça, trabalhos domésticos que não entram nas estatísticas e, muitas vezes, feitas na solidão, mentes e corpos cansados.
Comemorar, não. 
Lutar, sim.
Todos os dias e não um.
Porque a dignidade do Homem só pode ser alcançada quando também for a da Mulher!
No dia em que as lágrimas de desespero se transformem em lágrimas de júbilo!
E no dia em que os gritos de dor e morte sejam, apenas, gritos de alegria! 


 
(Carlos Mendes - "Calçada de Carriche" , música de José Niza, poema de António Gedeão)

quinta-feira, 5 de março de 2015

CASABLANCA - UMA LUFADA DE AR FRESCO


No sábado 28 de Fevereiro, a RTP-2 exibiu o mítico "Casablanca", filme de Michael Curtiz, de 1942, interpretado, entre outros, por Humphrey Bogart (Rick) e Ingrid Bergman (Ilse).
Talvez seja repetir demasiadamente, talvez já tudo isto seja velho, mas "Casablanca" continua, exibição após exibição, a maravilhar, a emocionar.
Já muito se disse, já muito se escreveu, mas nunca será impossível esquecer o sorriso frio de Bogart, a frágil ternura de Bergman, o amor a que se renuncia por amor a uma causa maior, a Marselhesa a abafar os urros nazis, a realidade de três pequenas pessoas (Rick, Ilse e o companheiro desta, Lazlo) no meio de um mundo em turbilhão (II Guerra Mundial), a lealdade, a franqueza, a nobreza, o desgosto, a compaixão, a ternura, a liberdade, o sonho.
Nestes tempos de chumbo, ver "Casablanca" é assistir à vitória dos mais nobres sentimentos do ser humano e respirar ar fresco.
E brindar com uma taça de champanhe, a dois, dizendo como Bogart "Here's looking at you kid!".
Tendo a certeza que, no fim, tudo, qualquer coisa, poderá ser o princípio de uma bela amizade.
O saudoso João Bénard da Costa escreveu:
"Quem o vir impassível, ou já perdeu a alma, ou já perdeu o coração, ou já perdeu uma e outro. É ser humano de companhia a evitar cuidadosamente."*
Vai uma aposta que Coelho e Cavaco, ou nunca viram, ou não sabem ou ficaram impassíveis?

("As Time Goes By" - Dooley Wilson - imagens de "Casablanca")


*-""Os Filmes da Minha Vida. Os Meus Filmes da Vida", Assírio & Alvim, 1º. volume, pág. 143

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DA PERFEIÇÃO


Passos Coelho declarou, confessou que não é perfeito.
Isso, já por cá se sabia.
Passos Coelho, e o seu padrinho Cavaco, devem desconhecer a célebre sentença : "À mulher de César não basta ser honesta. Tem de parecê-lo".
Coelho confessou que não é, nem tem a mínima intenção de parecê-lo.
Ao contrário do que afirmou, quase suplicante, não é um contribuinte, uma pessoa como outra qualquer.
É primeiro-ministro!
É responsável!
Responsável por uma agressão fiscal violenta e persecutória como nunca houve memória.
Por uma destruição ímpar no tecido produtivo do país.
Por um desemprego vergonhoso e por uma emigração exangue e fomentada do alto.
Pelo acentuar de uma situação de pobreza que raia a mais feroz brutalidade.
Pelo desmantelamento da Escola Pública e do Serviço Nacional de Saúde.
Pelo desvirtuamento das funções mais nobres da Justiça. 
Aos portugueses, dentro das melhores tradições judaico-cristãs, ferrou-lhes o anátema das culpas que haviam de ser expiadas.
Que, por tal, se deviam flagelar, confessar, bater com a mão no peito.
Que inclinassem a cerviz, porque viveram acima das suas possibilidades.
Afinal, troçando de todos nós, troçando do preceito que nos ensina que o desconhecimento da Lei não justifica o seu incumprimento, vem tentar justificar-se com o "lapso" de não ter pago o devido à Segurança Social, por não ser perfeito, por ser como os outros, dentro do melhor espírito "desenrasca" do portuga. Os outros que paguem tudo, ele não.
Coelho, que lança farpas a essa Segurança Social, locupletou-se com dinheiros que não eram seus, que são de todos nós, isto é, o mesmo é dizer que, ele sim, viveu acima das suas possibilidades.
E, arrastando pela lama a sua moral miserável, ainda tentou justificar os seus erros com erros de terceiros, que para  o caso nada tinham a ver.
Num outro país europeu, a demissão já teria sido apresentada.
Aqui, é levado em ombros, aplaudido, oposição silenciosa, presidente ausente, comunicação social calada ou, pior, colaborante.
Apagada e vil tristeza...
O que vale é que logo à noite há futebol, que é o que nós queremos.
The show must go on....


 (Queen - "The Show Must Go On")

 
 

segunda-feira, 2 de março de 2015

PASSOS COELHO : PRIMEIRO...QUÊ?


Passos Coelho liquidou uma dívida à Segurança Social.
Que estaria prescrita.
Que ele acumulou entre 1999 e 2004.
Que nunca pagou.
Porque, diz ele, nunca para tal foi notificado.
Ao contrário de milhares de outros portugueses.
De quem o fisco ou a Segurança Social nunca se esquecem.
Só que, aqui, há um problema.
Um cidadão, todos os cidadãos, têm o dever de cumprir.
Entre outras coisas, as suas obrigações perante o Estado.
Diz-se, e bem, que a ignorância da lei não justifica que a mesma seja infringida.
Ainda por cima, estando em causa, parece, um primeiro-ministro.
Que, assim, confessa desconhecer as leis do seu país.
E ainda é primeiro-ministro.
O que vale é que, parece, ninguém se rala muito com isso.
É um encolher de ombros colectivo.
O Benfica ganhou, o Sporting perdeu.
Portanto, as Instituições funcionam regularmente.
Como diria o zombie de Belém!

("Os eunucos" - José Afonso)