sábado, 21 de dezembro de 2013

CARLOS, MENINO E MOÇO

 
Completa hoje 74 anos, enquanto celebra o 50º. aniversário da sua carreira aquele que, a par de Amália Rodrigues, mais deu a conhecer ao Mundo o que é o fado: Carlos do Carmo.
Filho de um pai livreiro e proprietário da casa de fados "O Faia" (Alfredo de Almeida) e de uma notável fadista (Lucília do Carmo), desde cedo, na casa dos pais no Bairro Alto, aprendeu a ouvir e escutar aqueles que ali participavam em convívios e tertúlias regulares.
Antes de se lançar no mundo das cantigas, tirou um curso de hotelaria na Suíça, como ferramenta para o futuro.
Mais foi nas cantigas, mais especificamente no fado, que viria a firmar-se, a nível planetário.
Sem nunca abdicar da sua qualidade de cidadão atento e interveniente.
 
Não obstante a sua ligação de 36 anos com o guitarrista José Maria Nóbrega, Carlos do Carmo, tal como Amália, trouxe a grande orquestra para o fado, promoveu aquilo que se viria a conhecer como fado-canção (como se o fado não fosse uma canção...).
E, também como ela, deu a conhecer os grandes poetas da sua terra, através das canções; Vasco Graça Moura, Júlio Pomar, José Saramago, Nuno Júdice, Urbano Tavares Rodrigues, e, claro Ary dos Santos.

("Estrela da Tarde", poema de Ary dos Santos, com acompanhamento ao piano de Bernardo Sassetti)

Carlos do Carmo também não teve, nunca, qualquer problema em "vestir" composições de grandes nomes da música, tais como José Afonso, Sérgio Godinho, Rui Veloso, Vitorino d'Almeida, Léo Ferré. Jacques Brel ou, até, Frank Sinatra. De igual modo, colaborou, e colabora, activamente com outros criadores como Pedro Abrunhosa, Camané, Dany Silva, Chico Buarque, Ala dos Namorados ou Brigada Victor Jara, para além de trabalhos com Bernardo Sassetti e Maria João Pires.

("Invenção de Mim")

Calcorreou todos os grandes palcos deste país e do Mundo, dos Coliseus ao CCB e Casa da Música, , dos Jerónimos à Torre de Belém, do Olympia ao Canecão do Rio, às Óperas de Frankfurt e Wiesbaden.
Foi o primeiro artista a editar um CD, "Um Homem no País" (1983).
Recebeu, em 2008, o Prémio Goya (o "Óscar" espanhol) pela melhor canção original ("Fado da Saudade", com poema de Fernando Pinto do Amaral) para o filme "Fados" de Carlos Saura.
Aquando dos 40 anos de carreira, o jornalista Viriato Teles viria a editar o livro "Carlos do Carmo, do Fado e do Mundo", retrato de uma vida e da sua relação com todos nós.
Porém, o melhor ainda estava para vir, com a UNESCO, em 2011, a declarar o Fado como Património Oral e Imaterial da Humanidade, e cuja candidatura teve como embaixadores Mariza e Carlos do Carmo.
Mais do que uma vitória de um tipo de canção, foi a vitória de uma cultura, e, também, a vitória da cidade que Carlos do Carmo ama, nasceu e vive, e onde nasceu esse tipo de expressão musical: Lisboa


(Música de Paulo de Carvalho, letra de Ary dos Santos)

E, sempre, atento ao que se passa à sua volta, neste país com este fado que nos aperta a alma....
 

 

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