domingo, 20 de março de 2016

SEM DESCULPA!

(Os "Lobos de 2007, o Haka neozelandês. Havia Rugby!)
 
Sábado, 19 de Março de 2007 .
No estádio universitário de Lisboa a selecção portuguesa de rugby perdeu com a Rússia por 53-21.
Pela primeira vez Portugal desce à divisão 1B do rugby europeu, ou seja, à terceira divisão.
Pela primeira vez Portugal, e quase toda uma geração de jogadores estão incapacitados de disputar o acesso a um Mundial de rugby, o de 2019. Sete longos anos até ao Mundial de 2023. E quanto a esse...
Portugal ocupa, hoje, o 29º. lugar do ranking mundial. Amanhã sairá nova classificação, novo trambolhão. Há 10 anos, só 10 anos, o lugar era o 16º.
E não venham com desculpas esfarrapadas.
Todos assobiam para ar, ninguém assume responsabilidades.
O que fizeram desta modalidade que, graças aos inesquecíveis e enormes "Lobos" de 2007 se popularizou a ponto de os seus praticantes passarem quase para o dobro e se assistir à criação de vários clubes, de norte a sul?
Quem quis elitizar um desporto que, de início até teve a fama de estar confinado a elites?
Quem tem medo do grande público e se rodeia de "tios" e "tias"?
A formação, a escola, a preparação, a captação...onde?
Não há direcções federativas, conselheiros de tudo e nada, magos fazedores de opinião, daquela de que  se quer ouvir sem contraditório?
Para quem a praticou, mesmo que por breves anos, para quem a considera a mais bela, vibtrante e honesta modalidade desportiva, estes dias de chumbo são terríveis, difíceis de ultrapassar.
E para quem a pratica e a ama, desinteressadamente, o peso ainda é maior.
Há dias evoquei Serafim Cordeiro Marques, o grande "Cordeiro do Vale", que, na RTP e no velho CDUL ensinou e fez amar o Rugby a gerações de entusiastas.
Ele, e muitos outros, não merecem esta hora, o Rugby tem de ser regenerado.
Como o não merece um jogador que, naquele triste sábado, andava no meio dos 23 portugueses: Vasco Uva, para sempre o Grande Capitão. 

quarta-feira, 9 de março de 2016

ATÉ QUE ENFIM!

Finalmente, quase 36 anos depois, vemos-te pelas costas.
Depois de, desde sempre, as teres voltado para nós.
Como primeiro-ministro, como o presidente, como pessoa.
Destruíste uma agricultura, uma pesca, uma indústria, apoiaste, por acção directa ou inacção calculada, os que quiseram vergar e ajoelhar este país.
Inclinaste sempre a cerviz perante o estrangeiro, como qualquer provinciano iletrado, que, no fundo, és.
Tens os piores defeitos que se podem encontrar entre os portugueses.
Rancor a quem desafia o pensamento único, a verdade absoluta, os interesses instalados.
Mesquinhez perante o êxito alheio, a alternativa que tem sucesso.
Mediocridade no verbo, na prosa, nos conceitos, na expressão, na "indicação" que, intencionalmente, usaste por contraponto a "indigitação". 
Ignorante para tudo o que cheire a cultura, a arte, a educação.
Nunca leste a "Utopia" de Thomas Mann. Porque Thomas Mann nunca a escreveu.
Não sabes os cantos dos Lusíadas porque também desconheces o que canta o Poema.
Afrontaste, assumidamente, o único Prémio Nobel da Literatura em língua portuguesa.
Mas soubeste penduricalhar quem o censurou.
Entre outros.
Que não são empreendedores, formadores, lideres, fazedores de esperança ou de empregos.
Apenas novos-ricos, chicos-espertos subsidio-dependentes, que infestam e chulam este país, muito à maneira parola e interesseira que gostas de cultivar, e cuja mais-valia é igual a zero.
Por isso  penduricalhas Dias Loureiros ou Zeinais Bavas.
E rodeias-te de Duartes Limas, Oliveiras e Costas, Ricardos Salgados.
E, como qualquer patego-olha-o-balão, falas em vacas açorianas sorridentes, grandes bananas da Madeira ou cagarras apertadas das Selvagens.
E figuras no retrato oficial com a pose pernóstica, caneta em riste para cortar sabe-se lá o que te vai na cabeça, mão pousada sobre livros que desconheces, como vulgar pato-bravo que forra paredes com lombadas de prestígio.
E escolhes um pintor conhecido pelas suas obras eróticas, algumas de conotação gay.
Tu que abominas tudo o que vá contra a tua normalidade papá-mamã, feijão com arroz.
É disto tudo que nos livramos, desta tacanhez castradora, deste clericalismo de província.
Olha, se fosses António Silva (vade retro!, coitado dele) em "O Pátio das Cantigas", bem podias ir para termas no Cartaxo.
Que nós, em coro com o Vasco Santana, dir-te-íamos "E quando lá chegares manda saudades, que aqui não deixas nenhumas".