segunda-feira, 29 de setembro de 2014

QUE FAREI COM ESTA VITÓRIA?

 
E agora António Costa?
Já por aqui se escreveu que um dos grandes dramas da Europa, e uma das razões para o colapso de projecto europeu foi a evidente negação dos partidos socialistas e social-democratas da sua matriz original.
Cujo fracasso maior explodiu, fragorosamente, com François Hollande!
Deixando que os populistas, xenófobos, ultra-direitistas, pegassem nas bandeiras que nunca lhes pertenceram.
Claro que ninguém tem ilusões.
Com António Costa não haverá milagres na Educação, na Justiça, na Investigação, na Inovação, na Saúde, no Emprego.
Talvez mesmo não se note o que é essencial, ou seja, a inversão do ciclo que tudo tem dado ao capital e roubado ao Trabalho.
Mas outra narrativa é urgente.
Assim como é urgente deixar de culpar os trabalhadores por "viverem acima das suas possibilidades". Eles que nem sequer cobram despesas de representação.
E, urgentíssimo, consolidar o Estado Social.
Não se exige tudo de António Costa.
Mas exige-se o mínimo: coerência.
O que já não seria pouco...
O pior que poderia acontecer era, daqui por um ano, topar António Costa, de noite, nas ruelas de Lisboa, de moto4, fato e gravata, e capacete na cabeça...

sábado, 27 de setembro de 2014

CAVACO, O CRENTE

Cavaco, o Silva, o que ocupa o Palácio de Belém,
Acredita,
Acredita que o dito primeiro ministro esclareceu tudo,
Tudo do caso Tecnoforma.
Porque assim lho disseram.
Não por ter uma opinião formada, porque ele não dá opiniões. Chateia-o...
Cavaco, o Silva, também acreditou,
Acreditou que o BES estava de boa saúde e era bom para investir.
Porque assim lho disseram
Porque ele é alérgico a responsabilizar-se seja pelo que for. Aborrece-o...
Cavaco, o Silva, também acreditou,
Acreditou que o Oliveira e Costa, o Dias Loureiro, o BPN, as acções que comprou e vendeu,
Era tudo boa gente.
Porque assim lho disseram.
Porque não tem opiniões, não formula juízos, não aceita responsabilidades nem as quer. É um transtorno, um aborrecimento, como o citius e a colocação de professores.
Não, não e não!
Apenas acredita em tudo o que lhe dizem.
É um crente praticante e beato!
Assim, e porque lho disseram, na mensagem de Ano Novo, Cavaco, o Silva, vai-nos aborrecidamente convencer, e jurando, a pés juntos, que, na noite de 24 de Dezembro viu, sentado num trenó puxado por cantantes e ágeis renas, um senhor gordo, de barbas brancas e fato vermelho a berrar "Oh, oh,oh,oh!".
É verdade!
Porque lho disseram!
Tudo e mais um par de botas, que pode calçar para se ir embora!     

(Zeca Afonso - "O Avô Cavernoso")

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

GEORGE GERSHWIN, UM AMERICANO NA MÚSICA

George Gershwin nasceu em Brooklin, Nova Iorque, a 26 de Setembro de 1898, tendo falecido prematuramente, em Hollywood, a 11 de Julho de 1937.
Decerto que não será exagero considerá-lo o maior compositor americano de sempre, e um dos marcos de referência da Grande Música em todos os tempos.
Decerto que o facto de, aos 15 anos ter ido trabalhar para Tin Pan Alley, a zona de Nova Iorque onde, no início do século passado, se concentravam os editores de música e compositores de temas populares, ajudou à sua formação.
O seu trabalho consistia, fundamentalmente, em escrever partituras de números em voga para os melómanos comprarem e tocarem em casa, e produzir os chamados "rolos" para pianolas que, uma vez insertos no instrumento musical, reproduziam a música ali inscrita. Um CD pré-histórico...
Posteriormente, aventurou-se no teatro musical e, por uns tempos, no vaudeville.
Num registo inovador e pessoal, juntou os sons do jazz, da música popular americana e da composição clássica europeia da qual, frise-se, foi um dedicado e estudioso aluno tendo, aliás, frequentado aulas de composição durante uma estadia em Paris, durante a qual conheceu o seu grande ídolo Maurice Ravel, para além de Claude Debussy, Darius Milhaud, Igor Stravinsky, Arnold Schoenberg ou Alban Berg.
Compositores cuja influência viria a colocar, de forma genial na sua música.
Deste período parisiense viria a nascer uma das suas grandes obras-primas: "Um Americano em Paris" (1928), a que chamaria um poema sinfónico, inspirado nas deambulações de um americano em Paris, ruas, cafés, lojas, pessoas, sons, cores, automóveis (na estreia viria a utilizar buzinas de táxis parisienses para obter o efeito desejado).  
Importa referir, por importante, a colaboração que sempre recebeu do seu irmão, Ira Gershwin, que escreveu as letras dos seus números musicais.
Como "I've Got Rhythm'", do musical "Girl Crazy" que, em 1930, foi o primeiro a ganhar um Pulitzer.
("I've Got Rhythm)

Anote-se que a colaboração de Gershwin com o teatro musical já vinha de 1924, ano em que compôs uma obra que designaria, inicialmente, com o uma rapsódia americana, inspirada, diz a tradição, numa viagem de comboio entre Nova Iorque e Boston.
Escrita para solo de piano e banda de jazz, viria a atravessar, com fulgor, todos os tempos, estilos e modas, tornando-se no mais sonoro símbolo americano e o hino da sua Nova Iorque natal, e mudando de nome: "Raphsody in Blue".
Em 1935, dois anos antes de morrer, escreve a mais famosa ópera americana de sempre, "Porgy and Bess", com libreto de DuBose Heyward, e letras deste e de Ira Gershwin, baseado no livro homónimo do mesmo Heyward. História de amor, sacrifício, exploração, redenção, situada numa comunidade negra fictícia, dos anos de 1920, localizada em Charleston, na racista Carolina do Sul.
ópera que mistura o jazz, o folk e a técnica orquestral europeia e que, na estreia, por imposição de Gershwin, seria interpretada apenas por cantores e actores negros, uma ousadia para a época.
Nos seus breves 38 anos, Gershwin deixou-nos obra única, genial, extremamente melódica, que cintila e cintilará eternamente por entre as estrelas.
Deixam-se três exemplos e, para quem queira, na página seguinte, a "Rhapsody" integral.

("Summertime", de "Porgy and Bess" - Ellla Fitzgerald & Louis Armstrong - 3 génios - Gershwin incluído)

(excerto de "Um Americano em Paris")       

(George Gershwin, Woody Allen, Nova Iorque, Rhapsody in Blue - é o paraíso!)

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

TECNODEFORMA

 

Passos Coelho foi deputado em regime de exclusividade?
Passos Coelho, nesse período, recebeu 5.000,00 euros por mês da Tecnoforma?
Ele há bons tachos...
Se sim, violou o regime de exclusividade.
Se não estava em regime de exclusividade, então,
Não teria direito a receber o subsídio de reintegração que viria a ser-lhe atribuído,
E teria de declarar, em IRS, a verba recebida da Tecnoforma,
E de apresentar a declaração de rendimentos exigida a titulares de cargos políticos.
O que se esqueceu de fazer.
Como não se lembra se estava em regime de exclusividade,
Ou se recebeu verbas da Tecnoforma.
Amnésia total?
Alzheimer precoce?
Em caso de dúvidas, chutou a bola para a Assembleia da República,
Cujo secretário-geral e correligionário se apressou a "esclarecer" que
O deputado Passos Coelho não estava no regime de exclusividade.
Pescadinha de rabo na boca.
E o IRS?
E a declaração?
Tudo prescrito, siga a música.
Passos Coelho volta a alijar responsabilidades e, agora,
A Procuradoria Geral da República que lhe aqueça as costas.
E se pronuncie.
Sobre actos que, caso apresentem contornos de ilicitude já estarão, outra vez,
Prescritos.
E a honestidade, prescreve?
Ou tudo não passará de uma manobra,
Orquestrada por Coelho e o seu servente de Belém para,
No meio do debate do PS,
Provocar eleições antecipadas após a aprovação do Orçamento de Estado?
A honestidade atira-se para o lixo!
Viva a esperteza saloia!  


 (Sérgio Godinho-"Arranja-me um emprego")


terça-feira, 23 de setembro de 2014

O SALSICHÃO DE S.BENTO


No seu jeito profundo e pensado, o Coelho de São Bento atirou para o ar que: "...Aumentar a salsicha educativa não é a mesma coisa que ter um bom resultado educativo".
É d'homem!
Com tal brejeirice, para não dizer mais, o que quis dizer Coelho?
Que a escolaridade obrigatória até ao 12º. ano é encher chouriços?
Que a tentativa de generalizar o acesso à Universidade é produzir mortadela?
Que facilitar o acesso à investigação e à ciência é fabricar salsichões?
Que promover o desenvolvimento da cultura e colocá-la ao serviço do país é embalar presuntos?
Insultando, assim, de uma penada,
Cientistas, investigadores, institutos, faculdades, universidades.
Ou será que, nas palavras melifluamente escondidas,
Passos Coelho quer dizer que
Não interessam muitos doutorados, investigadores, cientistas, biologias, humanidades, geografias, artes.
Abrir os olhos e as mentalidades à inovação, ao futuro.
Só conta aquilo que interessa ao inepto e predador capitalismo português,
Aos "empreendedores" de vistas curtas que colocam as sedes das empresas em paraísos fiscais,
Que terão a seus pés doutorados, mestres, cientistas de mão estendidas pela tença,
Ou corridos a pontapé para as terras da estranja. 
Que espalhar a ciência, a investigação, a cultura,
É viver acima das nossas possibilidades,
Que Berlim, Bruxelas e Frankfurt não toleram.
Que os portugueses não podem comer cozido à portuguesa,
Mas só sandes de couratos,
Produzidos e embalados em São Bento,
Distribuídos pelo Silva de Belém.
Mudar de governo e de políticas já não é só uma luta ideológica, cultural e, realmente, política.
É uma urgente medida de higiene pública.

(José Mário Branco - "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades")
 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

CRÓNICAS DOS BONS MALANDROS - IV *

 
* - com a devida vénia ao grande Mário Zambujal

Pois, para quem esteja distraído anda por aí o senhor Silva, lá para os lados de Belém, que diz que é uma espécie de presidente da república.
Diz, que é como quem diz, porque o homem a maior parte do tempo entra mudo e sai calado.
E quando abre a boca, ou entra mosca ou sai asneira.
Por exemplo, quanto ao BES, o homem fartou-se de dizer que aquilo era bom, era do melhor, dava dinheiro a rodos.
Quando a coisa deu para o torto, escondeu-se, não atrás das saias da mãe, mas atrás daquilo que, segundo afirmava, lhe teriam dito ou segredado.
A culpa não era dele, nunca foi dele, é inimputável.
Aqui, o Coelho afinou as orelhas e, entre dentes, afirmou que se o ginja queria saber mais, metesse os pés ao caminho e fizesse algum.
Depois, perante as sucessivas palhaçadas na Justiça e na Educação, aos costumes disse nada, literalmente nada.
Além do mais, constata que um dos poderes do Estado, e uma dos pilares da democracia está paralisado, o poder judicial, e silêncio absoluto.
Alguém diga à criatura que uma dos deveres de um Presidente (e não presidente) da República e, precisamente, assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas...  
E quanto à pesadissima carga fiscal, alinha meia dúzia de baboseiras, balbucia que os impostos são pesados mas, pronto, aguentem lá, que é que querem, o Coelho diz-lhe que os portugueses viveram acima das possibilidades, que pode um pobre presidente da república fazer?
O Silva é presidente?
Cantigas...

("A Cantiga do Avô Cantigas")


domingo, 21 de setembro de 2014

LEONARD COHEN - 80 ALELUIAS!

 
Estamos perante um dos maiores criadores da cultura norte-americana dos nossos tempos.
Canadiano, nascido há precisamente 80 anos em Montreal, criativo, universal, empenhado, genial, acorda as suas raízes canadianas mesclando-as com a música dos vizinhos a sul, sem nunca deixar de ser um cidadão do mundo.
Antes de a música o consagrar, já era um poeta respeitado.

 YOU'D SING TOO
You'd sing too
if you found yourself
in a place like this
You wouldn't worry about
whether you were as good
as Ray Charles or Edith Piaf
You'd sing
You'd sing
not for yourself
but to make a self
out of the old food
rotting in the astral bowel
and the loveless thud
of your own breathing
You'd become a singer
faster than it takes
to hate a rival's charm
and you'd sing, darling
you'd sing too

(de "Livro do Desejo")

Publicando livros e músicas, depressa Cohen se transformou num ícone inspirado e inspirador dos nossos tempos, um trovador das Américas (mais um...), cantando as angústias, as alegrias, os amores e desamores, ora terno, ora violento, ora mordaz, ora amargo.
("Dance With Me to the End of Love")

Prémio Príncipe das Astúrias para as Artes, em 2011, Leonard Cohen foi, por mais de uma vez, indicado como candidato ao Prémio Nobel da Literatura, o que não seria qualquer especial favor.
Ele, que, por exemplo, musicou versos de outro enorme porta, chamado Federico Garcia Lorca:

 ("Take This Waltz" - poema de Garcia Lorca)
Mas com ou sem o Nobel, Leonard Cohen, por tudo o que já nos deu, tem lugar garantido nos Campos Elísios dos eleitos das Artes.
Ouçamo-lo, leiamo-lo, apreciemos.
E Aleluia por 80 anos! E um novo disco, o 13º. de estúdio: "Popular Problems".

("Hallelujah")



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

CRÓNICAS DOS BONS MALANDROS - III *

* - com a devida vénia ao grande Mário Zambujal

Paula Teixeira da Cruz pediu desculpa!
Nuno Crato pediu desculpa!
Paula semeou o caos na justiça.
Nuno semeou o caos no ensino.
Paula foi avisada, sabia ao que ia.
Nuno foi criticado, recebeu sugestões.
Paula desconhece o que é uma plataforma informática.
Nuno não sabe aplicar fórmulas matemáticas, ele que é matemático.
Paula julga que, ao carregar no "Enter", o Citius digere o mapa.
Nuno julga que, agora, basta bate-chapas na colocação de professores.
Paula paralisou um dos poderes da democracia, o judicial.
Nuno escaqueirou a escola pública.
E pedem desculpa?
Só se foi por não terem, ainda, pedido a demissão!
Eles não têm a mínima noção, mas seria assim que, num país civilizado, teriam procedido ministros que, nem de perto, nem de longe, tivessem feito um décimo do que Paula e Nuno fizeram.
Isto, é claro, partindo do pressuposto de que Paula e Nuno têm alguma noção do que é ser ministro...   

ESCÓCIA, SE TE CHAMASSES KOSOVO...

 
Amanhã é um outro dia, não é velha, gloriosa e arrebatadora Escócia?
As coisas são como são, e no último momento, a razão cede ao pragmatismo e, também, à enorme chantagem e pressão que, quase desesperadamente, foram exercidas sobre os escoceses.
Desde os partidos do "arco da governação" com sede em Londres, aos corredores assustados da União Europeia, até, quem diria, aos melífluos burocratas da UEFA...
A vitória do "Não" sossegou a podre Europa, e terá contido, não se sabendo, é certo, por quanto tempo, as aspirações independentistas de outras regiões da Europa.
Azar escocês...
Imagine-se que a Escócia estaria situada não no norte da Grã-Bretanha, mas algures na ex-Jugoslávia, ou na Ucrânia, ou na Geórgia.
Vai uma aposta que não faltaria cão e gato na UE, capitaneados pela indómita Ângela Merkel, a berrar histericamente contra a repressão, a ditadura, a prepotência sofridas pela Escócia, e, de imediato, às três pancadas, ou mesmo à pancada a sério, a pugnar pela imediata independência?
Tal como, "exemplarmente", sucedeu com o actualmente "independente" Kosovo.
Sinceramente, o povo escocês, a sua postura cívica, ontem exemplarmente demonstrada, e a sua rica História estão muito acima dessas mediocridades...



 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

"ALBA GU BRÀTH!" *

(Bandeira escocesa)

  * - "Escócia para sempre!" - em gaélico escocês

Amanhã, dia 18, os escoceses, através de referendo, vão decidir que continuam a pertencer ao Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, ou se declaram a independência.
Não querendo, agora e aqui, entrar nas repercussões que o "Sim" ou o "Não" à independência poderão assumir, quer nos aspectos financeiro, económico, social, constitucional (de acordo com a noção que é habitual associar a normativos constitucionais, uma vez que, como se sabe, o Reino Unido não tem constituição escrita), salta à vista a enorme pressão que o poder político de Londres, oposição incluída, está a exercer, apoiado por bancos e grandes empresas, para o triunfo do "Não", face a possíveis perdas irreparáveis, em caso de independência.
A começar, por exemplo, com o que poderia suceder face à potencial perda da totalidade das receitas geradas pela exploração do petróleo do Mar do Norte...
Só que, a hipotética vitória do "Sim", numa nação que é britânica há menos tempo que, por exemplo, os Açores e a Madeira fazem parte de Portugal (o Acto da União é só de 1707), abalaria, profundamente, a Europa, continente rico em regiões.
Aqui ao lado, por exemplo, a Espanha, face às vontades independentistas da Catalunha e País Basco (por agora...), a França e a sua Córsega, a Itália e a Lombardia, a divisão belga entre Valónia e Flandres...
Até espanta como esta mesma Europa, à bomba incluída, tudo fez pela "independência" da província do Kosovo arrancada à Sérvia, dando origem a um precedente incómodo.
Ao povo escocês, deseja-se que, com a tenacidade que lhe é conhecida, da Muralha de Adriano às Ilhas Hébridas, decida o seu futuro sem chantagens, dando mais uma lição de civismo e liberdade à Europa.
Por alguma razão o cardo é a sua flor nacional e o seu Hino (embora não oficial) é "Flower of Scotland" ("Flúr na h-Alba" em gaélico) !


Versos:
Oh Flower of Scotland
When will we see
Your like again,
That fought and died for
Your wee bit Hill and Glen
And stood against him
Proud Edward's Army,
And sent him homeward
Tae think again.
The Hills are bare now
And Autumn leaves lie thick and still
O'er land that is lost now
Which those so dearly held
That stood against him
Proud Edward's Army
And sent him homeward
Tae think again.
Those days are past now
And in the past they must remain
But we can still rise now
And be the nation again
That stood against him
Proud Edward's Army
And sent him homeward,
Tae think again.
  
(hino composto em 1967 por Ray Williamson, do grupo The Corries, e que evoca a batalha de Bannockburn, de 1314, na qual o futuro rei escocês Robert the Bruce derrotou o rei inglês Eduardo II) 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE - PATRIMÓNIO DE TODOS

 
Completam-se 35 anos sobre o arranque e a implementação do Serviço Nacional de Saúde.
O que se conquistou, nesse período de tempo, na melhoria das condições de vida dos portugueses não tem preço.
Passar do assistencialismo caritativo de ajudar os "pobrezinhos", para o exercício de um direito de cidadania e de dignidade não foi tarefa fácil.
Mas a dedicação de António Arnaut e da sua equipa, na altura no denominado Ministério dos Assuntos Sociais e, depois, do empenho da imensa maioria dedicada e abnegada de médicos, enfermeiros, outros técnicos e prestadores de serviços de saúde, transformaram radicalmente a paisagem deste país no que à qualidade de vida diz respeito, como o comprovam todas as estatísticas publicadas, bem como os elogios que lhe são feitos, incluindo de instâncias internacionais.
Cumpria-se o previsto constitucionalmente, com um sistema que assegurava o acesso universal, compreensivo e gratuito aos cuidados de saúde.
Por isso, 35 anos decorridos,tresanda a hipocrisia ver Coelho & Macedo a bater no peito, fazendo juras de amor ao Serviço Nacional de Saúde que, desde 2011, com a infame mentira de os portugueses "viverem acima das suas possibilidades", continuamente tentam desmantelá-lo, encarecendo-o, encerrando serviços, desclassificando as competências, degradando procedimentos, governando-o com o fito do lucro, como se de um hotel se tratasse (não é, Dr. Daniel Bessa? Tem camas, lençóis, refeições...), com o fito ideológico de, por fim, o entregar à gestão de privados, os quais dizem que são melhores administradores da saúde do que o Estado.
Devem ser, basta aprenderem com as "competências" privadas que geriram o BPN, o BES, o BPP, e outros "bancos de urgência".
Lutar pela manutenção e pela qualidade do Serviço Nacional de Saúde não é, apenas, uma batalha política.
É uma batalha pela dignidade e pelo direito a uma vida com qualidade.
E não venham com o argumento de que o Estado Social com que a Europa um dia sonhou é coisa do passado.
Em Londres, em 2012, durante a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, um dos quadros apresentados foi uma enorme homenagem ao serviço nacional de saúde britânico:

 
  

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

CRÓNICAS DOS BONS MALANDROS - II *

* - com a devida vénia ao grande Mário Zambujal

Dia 1 de Setembro!
Pim!
Arranca o novo e revolucionário Mapa Judiciário.
Pam!
A Justiça mais próxima dos cidadãos.
Pum!
Fecham-se tribunais!
Abrem-se contentores!
Transportam-se processos com milhares de folhas.
Alguns caem no chão (menos um!).
A tropa é mobilizada para defender a Pátria!
Ai não? Ah.....
Afinal também é para mudar processos dos tribunais
Para outros tribunais ou para outros contentores.
Alguns derramam-se pelo chão (menos outros, boa!).
Os trabalhadores dos tribunais também transportam,
e são transportados para distâncias muito mais longe de casa.
Alguns apanham processos do chão (que chatice...).
Mas o Mapa Judiciário pode arrancar!
Sem problemas.
Em todo o seu esplendor.
Só que...
A plataforma informática bloqueou, não percebeu a grandeza do Mapa!
Não há registo de processos, não há sessões, não há sentenças.
Não há nada!
Mas havia avisos, alertas, alarmes.
De há muito!
Ai é assim?
Demitam-se os avisadores, os alarmistas, os que não compreendem a excelsa magnitude do Mapa!
Depois, logo se vê...
Pim, e Pam, e Pum!
Já agora, não é nada que nos angustie, que nos tire o sono, já vimos um porco andar de bicicleta e Miguel Relvas ser ministro mas..., 
A impune Ministra da Justiça ainda é Ministra?

CRÓNICAS DOS BONS MALANDROS - I *

*- com a devida vénia ao grande Mário Zambujal

Estava Carlos Costa, regedor do Banco de Portugal posto em sossego quando,
Bento do banco bom bate com  porta, esmagando a pobre borboleta.
Bento, dois meses antes tão elogiado pela matilha do costume, o Costa do "Económico", o Zé Gomes da "SIC", o Camilo do vai-a-todas.
Bento o sábio, o bom, o competente.
Dois meses depois, a mesma cambada diz que, afinal, o casting foi errado,
Bento, afinal, era ignorante, mau, incompetente,
Milhões a voar, alguém os irá pagar, trabalhadores angustiados, depositantes receosos.
Pois, o BES era sólido, tinha almofadas, diziam o Silva, o Coelho, o Costa.
Mas que interessa isso, agora é que é!
O Novo Banco vai ser vendido, rapidamente e em força, vão-se os anéis, os dedos também.
Ai aguentam, aguentam, diz Ulrich, em modo de esfregar as mãos...
O Silva de Belém, aparvalhado, até agora ainda não percebeu nada...nunca tem dúvidas e raramente se engana...
O Coelho encolhe os ombros, que se lixe o ginja, se não percebe pergunte ao ti Costa, 
enquanto Maria Luís entra muda e sai calada,
Ai aguentam, aguentam, as mãos intensamente esfregadas pelos señores do Santander.
Sistema bancário, economia do país, que se lixe!
Protegemos os nossos interesses e o nosso gang.      
E olha-se para isto, e já não nos incomodamos, anestesiados que nos puseram.
Falhas gravissimas na supervisão, na tutela, declarações enganadores na presidência, no governo, no regulador.
E alguém se demite, ou é demitido?
Reina a ordem em todo o país...

( por "bons malandros" : ontem, telejornal da RTP-1, 20:49, José Rodrigues dos Santos : " E termina assim o Telejornal. Já a seguir vem aí a Cristina Esteves". Fazer o quê? Apresentar o quê? Por acaso era "A opinião de José Sócrates". Por acaso???)  

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O CÉU NÃO É O LIMITE!

 
Marinho e Pinto foi bastonário da Ordem dos Advogados.
Teoricamente, eleito pelos que lutavam contra o poder e privilégios dos grandes advogados.
Pelo sim pelo não, exigiu um ordenado equivalente ao do Procurador Geral da República.
O ano passado terminou o seu mandato na Ordem.
Ia retirar-se para o seu chão natal, Vila Chã do Marão, Amarante.
Ler, meditar.
Menos de um ano depois, apresenta-se como candidato a deputado europeu pelo Partido da Terra (MPT).
É eleito com mais de 7% dos votos expressos, congregando o descontentamento daqueles que não se revêm nos partidos do chamado "arco da governação". 
Mas para Marinho e Pinto é pouco, muito pouco.
Populista.
Demagogo.
Contraditório.
Sem ideologia.
Vazio.
Mas tonitruante.
Excessivo.
Com um ego muito maior do que ele.
Trai os eleitores
E o MPT.
Vai fundar um novo partido.
Vai abandonar o Parlamento Europeu, para o qual os eleitores o escolheram e o partido o apresentou.
Quer ser deputado à Assembleia da República
E viabilizar um novo governo.
E, também, porque não, já almeja a Presidência da República.
Insaciável!
E, já agora, e de campanha em campanha,
A Casa Branca, o Kremlin (Bruxelas é lixo!), Pequim, assomando às portas do Vaticano, que se abrirão sob as suas violentas punhadas!
Deus que se cuide e ponha as barbas de molho...
Este homem e muito perigoso...

(Sérgio Godinho - "O Charlatão")
 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES (II)

 
Caro Luís Vaz de Camões, cá voltamos à conversa, nestes tempos desvairados, em que não tivemos verão e já o outono assoma à porta.
E, como podes observar, as trocas e baldrocas dos estarolas do poder continuam...
O Silva de Belém, o tal que se julga presidente da junta, agora veio dizer que disse o que disse do BES porque não tem opinião, limitou-se a fazer, como nestes tempos se diz, copy paste do que o Coelho lhe transmitiu e do que o senhor de cabelos brancos que entra na porta do Banco de Portugal lhe segredou. Ou seja, o homem, como sempre fez na sua vida política, acobardou-se, fugiu, não assumiu responsabilidades, meteu o rabinho entre as pernas, mesquinho como sempre.
O Coelho acusou o toque e regateou logo que, se o homem queria mais, pedisse!
"Um rei fraco faz fraca a forte gente", dirias tu, velho Luís.
Até a Luisinha, qual dama de ferro - lata ficar-lhe-ia melhor - já diz que a dívida pode ser discutida, apenas quatro meses depois de ter mandado queimar, nas fogueiras da Inquisição, o "Manifesto dos 74".
Quem tem cu tem medo, e esta frase não é tua, mas podes dizê-la.
Outro tipo que foi lá para fora, o Moedinhas, recebeu uma prenda, é comissário europeu para as áreas da Investigação, Inovação e Ciência. Boa!
Um tipo que passou a vida a "ir além da troika", que foi um verdadeiro plenipotenciário dessa mesma troika, que defendeu cortes, despedimentos, retirada de direitos, extinção de postos de trabalho, que ajudou a destruir educação, ciência, investigação, inovação, vem agora inchar o peito e dizer que, agora sim, é que vai ajudar ao crescimento económico da Europa!
"É fraqueza entre ovelhas ser leão".
Mas a destruição não fica por aqui. O homem da Educação, o tal Pior do Crato, para se vingar dos professores, efectivos ou contratados, fez uma razia, em especial nas colocações destes. E, para colocar a cereja no too do bolo, ao contrário do que era normal, publicou as listas de professores, ainda por cima incompletas, dia e meio, repete-se, dia e meio antes do início inicial do ano lectivo. É obra! Obra de quem tem por missão implodir a Educação. Se é suficiente saber ler, escrever e contar.
Olha Luís, lê este texto de outro poeta, o Zeca Afonso, dito em 1984 em entrevista à RTP:
 
"Os jovens, e digo, os jovens de todas as classes, estão um pouco à mercê de um sistema que não conta com eles, mas que hipocritamente fala deles - o 25 de Abril não foi feito para esta sociedade, para aquilo que estamos agora a viver.
Aqueles que ajudaram a fazer o 25 de Abril, imaginaram uma sociedade muito diferente da actual, que está a ser oferecida aos jovens.
Os jovens deparam-se com problemas tão graves, ou talvez mais graves do que aqueles que nós tivemos que enfrentar - o desemprego, por exemplo. E, por vezes, não têm recursos, porque o sistema ultrapassa-os, o sistema oprime-os, criando-lhes uma aparência de liberdade. Eu creio que a única atitude foi aquela que nós tivemos - por nós, eu refiro-me à minha geração - de recusa frontal, de recusa inteligente, se possível até pela insubordinação, se possível até pela subversão do modelo de sociedade que lhes está a ser oferecido, com o fundamento da liberdade democrática, com o fundamento do respeito pelos direitos dos cidadãos. É de facto uma sociedade, que é imposta aos jovens de hoje, teleguiada de longe por qualquer FMI, por qualquer deus banqueiro.
Tal como nós, eles têm que a combater, têm que a destruir, têm de a enfrentar com todas as suas forças, organizando-se para criarem a sociedade que têm em mente.”

Foi há 30 anos... É HOJE, Luís Vaz, e como tu dizias,
"Jamais haverá ano novo, se continuar a copiar os erros do ano velho".
O que eles querem é forçar-nos a desistir, a ajoelhar, a cair, a estender a mão, a pedir esmola que, magnânimamente nos farão o favor de distribuir.
Tal como a Sophia escreveu, sobre a tença que o paranóico do Sebastião te pagava:
"Irás ao paço. Irás pedir a tença / Será paga na data combinada / Este país te mata lentamente /..."
É isso, Luís Vaz, querem matar-nos lentamente.
É tempo de mudar os tempos e as vontades.
E de os caídos se levantarem!  

(José Afonso - "O que faz falta!")

 

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES...

 
Pois é, bom e velho Luís de Camões, ainda teríamos de ver mais estas...
Lembras-te, aqui há uns anitos, o tio Bush, o amigo Blair, o cherne Barroso, o Saddam é que era o mau da fita, vamos arrasar aquilo tudo, o Pacheco Pereira até dizia que tinha sido o 25 de Abril no Iraque, foi tudo a eito, Saddam, exército, polícia, estado, tudo raso.
Depois assassinaram o tal de Saddam, até encontraram o Bin Laden a tascar uns carapaus alimados, e vai daí limparam-lhe o sebo.
O Iraque estava livre, livre estava o Afeganistão e, embora que se faz tarde, vamos lá montar a Primavera Árabe, despachar o Mubarak e o Khadaffi, um vê se te avias! Pronto!
Agora o Médio Oriente e o Norte de África são bué da fixe, Israel policia a zona, é para isso que lhes pagamos, só lá está o chato do Assad na Síria, mas a malta arma uns gajos para o derrubar e é limpinho.
Como era, velho Camões, "Ó vã glória de mandar...".
Aqueles tipos nunca perceberam a História e a Cultura do Próximo e do Médio Oriente, nunca entenderam o Islão, nunca se meteram na pele dos povos muçulmanos. Caramba, ao menos vissem "Lawrence da Arábia"...
E agora admiram-se com a rapaziada chanfrada do Estado Islâmico?
Que têm armas made in USA ou made in Britain, ou made in Russia?
Agora, afinal, o Irão é que é um aliado fiável?
E o Assad já é o bom da fita?
E os cowboys são os curdos que eles ajudaram a perseguir na Turquia?
E o Iraque, a Líbia, o Egipto, a Síria, precisam é de governos fortes e de um estado que funcione?
Ah, pois, que saudades dos nossos "aliados" Khadaffi e Hussein...
Para compensar, temos na Ucrânia um presidente eleito, mas que não vai à bola com a União Europeia. Um chato burocrata...
Olha, vamos apeá-lo, apoiar umas "manifs", democratas e nazis à mistura, com uns toques de anti-russismo quanto baste (ó desvairadas gentes, alguém já vos disse que a URSS acabou?), apoiamos uns quaisquer fantoches em Kiev, expandimos a NATO e o Marco, perdão o Euro, o Putin não mexe uma palha...Pois! 
Também nunca leram a História Russa? Napoleão, Hitler....daaaahh!
Pois, Putin julga-se Pedro o Grande, tem nostalgia do império dos czares, meteram-se com um lindo menino. A Ucrânia é a sua zona de influência, os pró-russos são armados, os anti-russos também, e aqui temos mais uma vez a gloriosa e decrépita Europa, subjugada pela Alemanha, a incendiar nova guerra civil, quando ainda se lambem as feridas dos Balcãs. Como diria o outro, melhor que a indústria da saúde, só a do armamento.
É obra!
Como era, velho Camões? "Um rei fraco faz fraca a forte gente".
Parece, velho amigo, é que os tempos mudam, mas as vontades permanecem mudas e quietas.
À espera da queda.
De podre!

("Mudam-se os tempos, Mudam-se as Vontades" - José Mário Branco)