sexta-feira, 4 de abril de 2014

SALGUEIRO MAIA : UM HOMEM PARA A ETERNIDADE

 

"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado: os Estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!" (Salgueiro Maia, na madrugada de 25/04/74, na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, ao dirigir-se aos seus soldados)
Salgueiro Maia deixou-nos fisicamente a 4 de Abril de 1992.
Dos muitos que contribuíram para que, a 25 de Abril de 1974, este país acordasse na madrugada mais clara dos últimos 40 anos, Salgueiro Maia é o rosto mais visível.
O que ofereceu o peito às balas para que o derrube do regime se concretizasse.
O que não hesitou.
E que, depois da vitória, poderia ter tudo. Membro do Conselho da Revolução, adido militar em qualquer embaixada, governador civil de Santarém, membro da Casa Civil da Presidência da República.
Tudo recusou, porque não foi isso que o levou à revolta.
Foi um ideal.
Foi uma tomada de consciência.
Foi o constatar da realidade.
Salgueiro Maia foi, é, a consciência deste país.
A sua honra.
A sua liberdade.
Para a eternidade.
Alguém, complexado, mesquinho, medíocre, inculto, que foi primeiro-ministro e, agora, é o "presidente" desta República, negou-lhe, em 1989, já o cancro estava a castigá-lo, uma pensão por "Serviços Excepcionais e Relevantes Prestados ao País". 
Que, três anos depois, atribuiria a dois ex-PIDES.
Salgueiro Maia foi superior a tudo isto.
É superior a este lamaçal.
Está, por direito próprio, nas páginas de ouro da História deste país.
É daqueles que se foram da lei da morte libertando.
Outros, nem rodapé das páginas merecem.
Daqui a mais 40 anos, Salgueiro Maia ainda será evocado e lembrado.
Com gratidão.
Outros, devem andar no caixote do lixo da história, desprezados.

"Salgueiro Maia
 
04-04-2012

Ficaste na pureza inicial
do gesto que liberta e se desprende.
Havia em ti o símbolo e o sinal
havia em ti o herói que não se rende.
Outros jogaram o jogo viciado
para ti nem poder nem sua regra.
Conquistador do sonho inconquistado
havia em ti o herói que não se integra.
Por isso ficarás como quem vem
dar outro rosto ao rosto da cidade.
Diz-se o teu nome e sais de Santarém
trazendo a espada e a flor da liberdade."
(Manuel Alegre)

(1º. Comunicado do MFA, lido por Joaquim Furtado, às 4.26 da madrugada de 25 de Abril)

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