segunda-feira, 14 de abril de 2014

A ESCOLA ERA FRANCA E RISONHA (DIZ ELE!)

O senhor Presidente da Comissão Europeia, que dá pelo nome de Durão Barroso, ou José Manuel Barroso, conforme o lado de onde sopra o vento, dignou-se a descer a Lisboa para, primeiro, "organizar" (?) uma conferência sob a égide da União, recheada de comissários amigos, venerandos e obrigados Cavacos e Passos, elogios à trois, gastos à tripa forra, conferência essa que apenas se pode resumir a : "Balão de Ensaio para a candidatura às Presidenciais de 2016".
Barroso deve confiar na falta de memória das pessoas, ele que tanto "ajudou" Portugal a sofrer as consequências da deriva ocupacionista de Angela Merkel.
Depois, ao repartir o prémio Carlos V, da UE, entre a associação CAIS e o histórico Lyceu Camões, Sua Excelência adernou para estibordo e lamentou que a democratização do ensino após o 25 de Abril, não acompanhasse as virtudes educativas do Estado Novo, onde "apesar de algumas (?) liberdades cortadas, havia na escola uma cultura de mérito, exigência, rigor, disciplina, trabalho"
José Manuel tem razão!
De fac to, apenas algumas (poucas, claro....) liberdades estavam cortadas.
De resto, podia falar-se, criticar-se, manifestar-se, à vontade. Sem medo ou coacção.
E sempre havia um bom polícia ou PIDE pronto a dar uns "safanões a tempo"...
E quanto à escola, a exigência seria o facto de existirem, à data, 26% de analfabetos?
O rigor seria a escolaridade obrigatória ter apenas seis anos?
Que o mérito seria apenas saber ler, escrever, contar, para engrossar as fileiras dos desqualificados sem culpa própria que ia engrossar os exércitos dos produtores que enriqueciam os industriais, agrários e grandes comerciantes, que enviavam os filhos para liceus e universidades?
Que os mais pobres não tinham posses para frequentar, ou enviar os fiulhos para estudar, porque o ganha-pão do salário de miséria era imprescindível para a família da "casa portuguesa, com certeza"?
Que a disciplina era separar alunos masculinos dos femininos, obrigar o uso da gravata, proibir corridas nos recreios, limitar acessos já fora da escola, ordenar castigos por ocorrências menores (alguém se esquece do reitor Sérvulo Correia no Lyceu Camões?), pregar a obediência cega e acrítica, obrigar a ser membro da Mocidade Portuguesa?
Ou que o trabalho era negar o acesso à cultura, à escolha, à crítica, à investigação, ao desenvolvimento, em que, na esmagadora maioria dos casos era papaguear a sebenta?
Mérito, exigência, rigor, disciplina, trabalho, eram, no Lyceu Camões, apenas como exemplo, resultado do voluntarismo e amor à escola e aos alunos desenvolvidos por alguns professores de excepção, que criaram verdadeiros "clubes de poetas mortos". E que por isso foram perseguidos.
E aqui não se citam nomes, porque alguma omissão seria injusta.
Mas alguém se lembra, nos idos de 60's do caso do Padre Vítor, expulso do liceu por abrir as mentalidades à discussão e à reflexão nas suas aulas da dita Religião e Moral?
Se esta era a escola ideal de Barroso, estamos conversados!
O que vale é que, coerentemente com este discurso, a seguir ao 25 de Abril, o Grande Educador Barroso aderiu ao grupo folclórico MRPP e escaqueirou a Faculdade de Direito, varrendo o tal ensino de mérito e exigência, e saneando quase a pontapé (quase?) os professores do rigor, disciplina e trabalho.
Feliz Portugal este, como figurões da integridade e coerência deste Durão Barroso.
Ou José Manuel Barroso, como sói dizer-se lá por fora....    

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