quinta-feira, 3 de abril de 2014

BRANDO, O MARCO

 
Completaria hoje 90 anos, este filho de Omaha, Nebraska.
Foi, por muitos, considerado o maior actor de todos os tempos.
Com Charlie Chaplin e Marilyn Monroe, é um dos três actores profissionais a figurar na lista das 100 pessoas mais importantes do século XX elaborada pela revista "Time", em 1999.
Dele, diria Martin Scorcese: "Ele é um marco. Há o 'antes de Brando' e o 'depois de Brando'.
Começou jovem, em Nova Iorque, na escola de teatro de Stella Adler (Stella Adler Actor's Studio), onde teve contacto com o método de interpretação tatral desenhado por Stanislavsky. 
E a sua interpretação, no teatro, da peça de Tennessee Williams "Um Eléctrico Chamado Desejo", entre 1947 e 1949, convenceu não só os críticos mas, também, produtores e realizadores de cinema.
Em 1951, dirigido por Elia Kazan, e ao lado de nomes como Vivien Leigh ou Karl Malden, interpreta a peça no cinema, e entra no panteão dos grandes actores. Leigh, Malden e a actriz  Kim Hunter ganharam Óscares. Todos ficaram surpreendidos por Brando não ter sido contemplado.
A vingança servir-se-ia fria...
De símbolo erótico, transmitida pela personagem vibrante de "Um Eléctrico...", Brando viria a encarnar o jovem rebelde, uma espécie de "live fast, die young!" antes do tempo, com a personagem do motociclista de "O Selvagem" (1954), de Stanley Kramer, que inspiraria actores como James Dean ou Elvis Presley.
 
(Brando em "O Selvagem")

Entretanto, em 1952, tinha já ganho o prémio de interpretação no Festival de Cannes, e o BAFTA, com "Viva Zapata!", de Elia Kazan, com argumento de John Steinbeck, entre outros, e onde o revolucionário mexicano é retratado sublime e emocionadamente. À medida de Brando, que, nos anos 60, seria um activista militante do Movimento dos Direitos Cívicos, e dos Direitos dos Indígenas.
Um novo BAFTA vir-lhe-ia parar às mãos, em 1953, ao interpretar a personagem de Marco António em "Júlio César", de Joseph L. Mankiewicz.
Mas, em termos de consagração, 1954 seria o seu ano, ao arrebatar o Óscar, Globo de Ouro e BAFTA para melhor actor no intenso e polémico "Há Lodo no Cais", de Elia Kazan. Interpretação arrebatada, enorme, uma lição de cinema, de facto um marco, como dizia Scorcese.
 
(Brando em "Há Lodo no Cais")

Em 1972, ano de "O Último Tango em Paris", que rodaria sob a direcção de Bernardo Bertolucci, volta a ser consagrado, com a arrebatadora interpretação da personagem Don Vito Corleane no histórico "O Padrinho", de Francis Ford Coppola. Recebe o Óscar e o Globo de Ouro.
Pelo meio ficam, por exemplo, "A Revolta na Bounty", de Lewis Milestone, ou "A Condessa de Hong-Kong", ao lado de Sophia Loren e dirigido por Charles Chaplin, e, depois, "Duelo no Missouri" (1976), duelo de actores entre Brando e Jack Nicholson, superiormente realizado por Arthur Penn ("Bonnie e Clyde").
E como remate de uma grande, única carreira, porque não recordá-lo como o coronel Kurtz, do épico "Apocalypse Now" (1979), de Francis Ford Coppola, onde mais uma notável interpretação domina o filme e o desvenda?
É que há rostos que nunca se esquecem.
E que é nosso dever recordá-los.
Marlon Brando é, definitivamente, um deles.
 
("Apocalypse Now")
 
 

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