quinta-feira, 24 de abril de 2014

PORTUGAL, HÁ 40 ANOS!



A 24 de Abril de 1974, segundo alguns ideólogos do Governo, e não só (olá Grande Educador Durão Barroso), havia rigor, disciplina, trabalho, alegria no trabalho, até, reinava a ordem em todo o país, se alguém quisesse falar, reunir-se, associar-se, discutir, contestar, recebia uns "safanões a tempo", não faltava "pão e vinho sobre a mesa", "a escola era franca e risonha", pobrezinhos mas honestos, beber vinho era dar de comer a um milhão de portugueses, censuravam-se notícias, teatros, rádios, televisão, e, às escondidas, com poucos dados, em segredo, havia uma guerra lá pelas Áfricas.
Tudo estava bem neste cantinho à beira-mar plantado, "orgulhosamente só".
Afaste-se a cortina que tapa a farsa!
8.289 mortos na guerra colonial.
15.507 deficientes, com problemas físicos e/ou psicológicos, vítimas dessa guerra.
Cerca de 125 presos políticos a 24 de Abril.
500 pessoas presas, por delito de opinião, entre os finais de 1973 e 24 de Abril de 1974.

Há mais (vd., portal "Pordata"):

Esperança de vida: 67,6 anos em 1973 ; 79,8 anos em 2012.
Mortalidade neonatal: 25,4% em 1970 ; 2,2% em 2012.
Total de óbitos em crianças com menos de 1 ano: 7.726 em 1973 ; 303 em 2012.
Partos em estabelecimentos de saúde: 37,49% em 1970 ; 99,30% em 2011.
Duração média da pré-escolarização: 0,12 anos em 1973 ; 2,68 anos em 2012.
Alunos matriculados no ensino superior: 0,85% da população em 1978 ; 3,72% em 2012.
Analfabetos com mais de 10 anos: 25,7% em 1970 ; 5,2% em 2011.
Taxa real de escolarização no ensino secundário: 5,0 % em 1973 ; 72,3% em 2013.
População com mais de 15 anos sem qualquer nível de ensino: 35,2% em 1970 ; 6,0% em 2011.
Alojamentos com água canalizada: 1.081.210 em 1970 ; 3.997.724 em 2011.
Utilizadores de bibliotecas por 1.000 habitantes: 370,8 em 1973 ; 826,2 em 2003.
PIB per capita: 5.615,7 em 1970 ; 14.809,3 em 2013.

A 27 de Maio de 1974, pela primeira vez em Portugual instituía-se o salário mínimo nacional.
Em 1979 é criado o Serviço Nacional de Saúde.

Querem fazer-nos regressar 40 anos atrás?
Gastámos "acima das nossas possibilidades"?
Temos de "empobrecer"?
Temos de realizar o "ajustamento"?
Não podemos ter Estado Social, educação, cultura, saúde, alimentação?
Temos de voltar a ser pobrezinhos mas honestos e orgulhosamente sós?
Temos de nos conformar com a desesperança e a infelicidade?
Não nos levem ao engano!
E não nos atirem poeira e mentira para os olhos!
Como escreveu Raul Brandão no estertor da monarquia: "Venha tudo, venha o pior, venha o diabo do inferno que nos livre disto!"
Cada vez mais, é preciso dizer Não!

("Trova do vento que passa"- cantada por Adriano Correia de Oliveira, música de António Portugal e poema de Manuel Alegre)
   

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