sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

MIGUEL TORGA

 
Deixou-nos há 18 anos, e é um dos nomes maiores da nossa cultura.
Chamava-se Adolfo Correia da Rocha, mas os leitores conhecerem-no como Miguel Torga.
Miguel de Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno, Torga do nome da planta bravia, de raízes fortes, das montanhas de Trás-os-Montes, cujos habitantes e paisagens Torga escreveu e descreveu como ninguém.
Porteiro, moço de recados, criado aos 10 anos, emigrante no Brasil aos 13, vem para Coimbra em 1925 e aí termina, em 1933, o curso de Medicina, graças ao apoio material de um tio também emigrante no Brasil.
Entretanto, aos 22 anos já colaborava na revista "Presença", da qual, com Branquinho da Fonseca, se viria a afastar. Com "A Terceira Voz", de 1934, utiliza, pela primeira vez, o pseudónimo.
E, depois, aparecem, entre outros, "O Outro Livro de Job", "A Criação do Mundo", que lhe valeria a prisão em 1940, por críticas ao franquismo, "Bichos", "Contos da Montanha", "Novos Contos da Montanha", "Cântico do Homem", "Orfeu Rebelde", entre muitos outros, com destaque para os 16 volumes do seus "Diários", que compreendem o período de 1941 a 1993.
Realce, também, para a publicação, a título póstumo, das "Poesias Completas", volumes I e II (1997 e 2000).
Entre várias distinções, assinalem-se o 1º. Prémio Camões, em 1989, o Prémio Montaigne (Alemanha, 1981) e o Prémio Vida Literária, da APE, em 1992.
Na escrita vigorosa de Torga perpassa a rebeldia contra as injustiças, o inconformismo perante os abusos do poder, o humanismo do homem ligado à terra, o homem como o verdadeiro criador, reflexos da sua origem aldeã e humilde, das agruras da emigração, e da experiência como médico a trabalhar com os desfavorecidos da vida, particularmente os seus conterrâneos transmontanos.
De enaltecer, ainda, que Torga foi um acérrimo crítico da praxe e das piores tradições académicas.
Fica o convite à leitura e à reflexão.
Mas para ler em papel...
   

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