terça-feira, 22 de outubro de 2013

PIDE : A MORTE SAIU À RUA.

 
Só para avivar a memória, ou para que não caia no esquecimento, lembra-se que, por Decreto-Lei de 22 de Outubro de 1945, era criada a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), polícia política do Estado Novo, sucedânea da Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado (PVDE), e antecessora da Direcção Geral de Segurança, criada numa operação de maquilhagem de Marcelo Caetano a 24/11/1969.
A PIDE foi um dos grandes sustentáculos da ditadura de Oliveira Salazar que, para os seus opositores, recomendava uns "safanões a tempo".
Quase 40 anos após o 25 de Abril, em que temos o direito à liberdade de expressão e de reunião, em que temos o direito de fazer ouvir a nossa voz e de escutar a dos nossos opositores, seguindo a célebre frase de Voltaire, "Senhor, não estou de acordo com o que dizeis, mas bater-me-ei até à morte para que o possais dizer", será talvez estranho admitir que neste país,
A PIDE perseguia quem se opunha ao regime, prendendo, espancando, torturando, por seu livre arbítrio, sem controle, chegando ao assassínio, quer dentro do país (José Dias Coelho, militante do PCP, José Ribeiro dos Santos, militante do MRPP), quer no estrangeiro (Humberto Delgado em Espanha, Amílcar Cabral na Guiné-Conakri, Eduardo Mondlane na Tanzânia).
A PIDE censurava a correspondência, praticava escutas telefónicas, dispunha de uma rede de informadores ("bufos") que viam gestos, observavam hábitos, escutavam conversas, até de familiares chegados.
A PIDE, juntamente com a Censura, proibia e confiscava jornais, revistas, livros, filmes, peças de teatro, assistia a reuniões da oposição, provocava os seus intervenientes, infiltrava-se nas colectividades de recreio e cultura e nos cineclubes. E prendia as pessoas mais actuantes e potencialmente "perigosas". 
A PIDE criou e administrou em Cabo Verde um campo de concentração, o do Tarrafal, conhecido como "campo da morte lenta", em tudo idêntico aos campos de extermínio nazis, no qual morreram 37 pessoas.
A PIDE foi a última estrutura do Estado Novo a render-se, levando para a morte 4 pessoas desarmadas. A 25 de Abril.
A PIDE vigiava as pessoas e as suas consciências, um país inteiro.
Para que não se esqueça. Nunca!    
 

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