segunda-feira, 28 de outubro de 2013

LOU REED : PERFECT DAYS (FOREVER)

Parafraseando o escritor Joseph Conrad (em "Lord Jim"), ontem estava um belo dia para morrer.
E ontem foi o dia em que nos levaram Lou Reed, o poeta e o músico do rock.
Lou Reed que, em 1964, juntamente com o galês John Cale, com formação musical clássica, Angus Mac Alise e Maureen Tucker formaria um dos mais relevantes e influentes grupos de rock de sempre, os Velvet Underground.
Sem os Velvet, talvez não ouvissemos David Bowie, Metallica, Roxy Music, Sex Pistols, Joy Division, Sonic Youth, Iggy Pop, Depeche Mode, Nirvana, Radiohead ou Echo and The Bunnymen.
Enquanto nos idos de 60 do século passado, muitos cantavam o amor, o flower power, a revolução dos costumes, Reed e os Velvet embrenhavam-se no rock experimental, no rock ácido, cantando a noite, o negrume, a droga, a prostituição, os dealers, a marginalização, os becos, as ruas.
O primeiro album do grupo, em 1967, produzido por Andy Warhol, com a famosa banana na capa, "VelvetUnderground & Nico", é uma enorme pedrada no charco e, embora fracamente recebido, viria a revelar-se um marco incontornável na história da música do nosso tempo. Diz a lenda que, depois de o ouvirem, muita gente desatou a formar bandas de rock.
Lou Reed não só compôs as músicas, como também as letras, ele que lera intensamente autores como  Edgar Allan Poe, Raymond Chandler, James Joyce ou Allen Ginsberg, bebendo neles subsídios para a sua prodigiosa inspiração.
 

 ("I'm waiting for the man" - Velvet Underground)

Lou Reed abandonaria um Velvet em 1972, os quais viriam a terminar a sua saga épica em 1973.
Mas também a solo, Reed nunca deixou de experimentar, de pesquisar, tanto a nível das sonoridades, como a nível dos poemas, produzindo obra atrás de obra, que constituem uma história única e fundamental do rock, associando-se, por vezes, mas sempre empenhadamente, com outros músicos, como os Metallica ou David Bowie, o qual viria a produzir o seu clássico "Transformer", de 1972.
("Vicious" - Transformer)
Em Portugal, tivemos a sorte de o poder ver e ouvir, por várias vezes, a última das quais em 2008, no Campo Pequeno.
Posteriormente, viria de novo ao nosso país, em 2010, a convite da organização do Estoril Film Festival, para uma exposição com os seus trabalhos fotográficos, e proferindo uma palestra.
Depois da operação de transplante do fígado, em Maio deste ano, Lou Reed ansiava por voltar aos palcos, para fazer a música e os poemas que eram a sua vida.
Ontem, não o deixaram. Não foi um dia perfeito.
Mas perfeitos sãos os dias em que o podemos escutar.
 
("Perfect Day" - Transformer)

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