sábado, 19 de outubro de 2013

A PONTE É UMA PASSAGEM...


Exmº. Senhor Ministro da Administração Interna, 
Excelência

Proibiu V. Exª. a travessia da Ponte 25 de Abril, a pé,  durante a manifestação da CGTP-Intersindical prevista para hoje.
Para tal, V. Exª. baseou-se em 3-pareceres-3, que punham em causa a segurança do evento.
Desde logo, da Ponte.
Podia estremecer.
Podia abalar.
Podia soltar rebites e placas.
Podia emaranhar os cabos e levantar os tabuleiros.
Podia retorcer os carris dos comboios e apagar os sinais.
Em suma, a Ponte podia ruir com fragor.
O que, claro, poria em causa a segurança dos manifestantes
Que se podiam magoar, quiçá afogar no Tejo.
Que podiam sufocar, tropeçando uns nos outros.
Qu seria a catástrofe, o massacre, reedição do Grande Terramoto de 1755.
Com a bondade da sua decisão, agiu bem V.Exª.
E esperamos que o exemplo frutifique.
Que sejam desde já interditas todas as maratonas na Ponte:
E as meia-maratonas.
E o comboio que vá dar a volta pelo Porto.
E os camiões que entupam todos a Ponte Vasco da Gama.
E que os carros circulem por Vila Franca de Xira.
E finalmente, a Ponte ficará segura.
E até poderão ir para lá V.Exª. e os seus colegas.
O Governo todo.
Ficam com muito espaço para as vossas reuniões.
E, para maior segurança, rodeiem-se de um alto muro.
E de arame farpado.
Electrificado e com luzinhas a piscar.
Todos os centímetros esquadrinhados por vídeos e sensores.
E rodeados de tropas especiais de metro a metro.
E protegidos por helicópteros.
E pelos submarinos do Portas.
E por todas as cadeiras de rodas do Schlaube.
E todos os caldos do Durão Barroso.
E todos os Miguéis de Vasconcelos da missão da UE em Lisboa.
Ora diga lá V. Exª.,
Agora a sério.
Vocês, bem lá no fundo, estavam e estão a tremer de Medo. 
Medo pavoroso de Portugal.
E dos portugueses. 



* - Com um grande e sentido abraço a esse grande escritor que é Artur Portela Filho

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