quinta-feira, 10 de outubro de 2013

LAMPEDUSA

 
Lampedusa é a nossa má consciência.
Morreram demasiados, dezenas e dezenas.
Não só meia dúzia que se podiam disfarçar.
Lampedusa é a vergonha envergonhada da Europa.
Duma Europa que não existe.
De uma Europa que foi unida
Que foi coesa
Que foi solidária
Livre, igual e fraterna.
Que tinha uma comissão Europeia que fazia ouvir a sua voz.
Que se chamava Jacques Delors.
Que era porto de abrigo.
Que recebia e distribuía civilização.
Que não receava a emigração.
Emigração que trabalha e ajuda a Europa a erguer-se.
Mas essa Europa não existe.
Desistiu.
Rendeu-se.
Entornou o caldo!
Construiu um arame farpado à sua volta.
Para não entrarem os üntermenschen.
A comissão não existe.
Durão Barroso é o capacho de Berlim.
Mas ainda existem os europeus.
E o povo de Lampedusa!
Para quem pedem, merecidamente, o Nobel da Paz!
Haverá coragem para tanto?
Nesta Europa?
Ou só mais cosmética?
Ou só mais um adiamento, um empurrar com a barriga?
Até que a memória se apague.
E varre-se Lampedusa para debaixo do tapete!
Já o escrevia Giuseppe de Lampedusa ("O Leopardo"): "Tudo deve mudar para que tudo fique como está"...

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