sábado, 22 de fevereiro de 2014

VÍTIMAS DE CRIME

Celebra-se hoje o Dia Europeu da Vítima de Crime.
De acordo com os dados oficiais da Comissão de Protecção às Vítimas de Crime, no ano de 2013 foram abertos 257 processos, sendo 135 de violência doméstica e 122 de outros crimes violentos.
E estes números dizem apenas respeito aos casos oficialmente participados.
Que, como se sabe, são a minúscula ponta do iceberg.
E quantos mais casos de mulheres violentamente agredidas no corpo e na dignidade?
E quantas mais crianças violentadas por predadores sexuais?
E as vítimas da violência que nos cerca são só estas?
E então aquelas que nos cercam pela rádio, jornais, televisões, internets?
Não é violência rasgar um contrato social e esbulhar as pensões de quem trabalhou uma vida?
Ou despedir, friamente, dezenas de trabalhadores cujos ordenados eram, já por si, reduzidos?
Ou mandar crianças às escolas sem pequeno-almoço ou outra refeição, porque não há dinheiro?
Ou cortar sem critério bolsas a investigadores, cientistas, inovadores, criadores, e mandá-los para fora do país?
Ou reduzir a educação básica, não ao "eduquês", mas ao grau zero da escrita?
Ou despovoar o interior, secá-lo, deixar idosos e idosas ao deus-dará, à míngua, sentados num banco à espera do inevitável?
Ou tratar mal, desprezar, mutilar, ferir, os animais, todos eles, desde os domésticos àqueles que são torturados numa orgia "tradicional" a que se chama tourada?
Ou humilhar, escarnecer, vergar, em praxes alcoolizadas os estudantes que são mais novos e desprotegidos?
Ou, com enxurradas de demagogia, lançar para combate na arena, como gladiadores escravizados, velhos contra novos, funcionários públicos contra privados, activos contra pensionistas, estudantes do público contra os do privado, tudo e todos contra todos e tudo?
Ou aniquilar, pela raiz, os sonhos de esperança e felicidade?
E mais do que condenar os algozes, há que apoiar as vítimas, acima de tudo.
Porque quando caem, não as vamos levantar.
Vamos ajudá-las a levantar-se e a reaprender a dignidade.
Porque o tempo dos vampiros um dia acabará!
 
(e como, cinquenta anos depois, a canção "Vampiros" do Zeca Afonso, continua viva. Zeca que nos abandonou, passarão amanhã 27 anos).
 
  
   

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