segunda-feira, 27 de maio de 2013

WAGNER

No passado dia22 de Maio, celebraram-se 200 anos do nascimento de um dos maiores vultos da cultura mundial: Richard Wagner.
Maestro, compositor, director de teatro, ensaísta, revolucionário, Wagner teve uma vida cheia e deixou um legado musical portentoso. Com certo exagero, Gustav Mahler dizia que o esplendor da música se devia dois génios: Beethoven e agner.
Não obstante ter diversos amigos judeus, Wagner também foi acusado de anti-semitismo, o que se deve, talvez, ao seu opúsculo "Der Judentum in der Musik", no qual atacava a influência judia na música, e defendia que os judeus deviam abdicar da sua cultura e modo de vida, e integrarem-se completamente nas tradiçôes e vivências germânicas. Aliado ao facto de as suas grandes obras beberem das tradições e sagas nórdicas, tal bastou para lhe colocarem o epíteto de compositor "oficial" do nazismo.
Nada de mais falso. Ao contrário de outros que, no auge do poder de Hitler, se lhe tornaram fiéis vassalos (como Richard Strauss), Wagner sempre lutou contra as tiranias, desde a revolta de 1848 (aliado aos anarquitas de Bakunin), o que lhe valeu um exílio de 11 anos, até à sua simpatia pela causa da independência italiana e à amizade com Garibaldi.
Wagner nunca seria, se fosse vivo na altura, um seguidor de Hitler e da sua ideologia.
Desde o início da sua carreira de compositor, nomeadamente na área da ópera, sempre defendeu que esta deveria ser um espectáculo total, desde a música, ao libreto, à cenografia, à encenação, à direcção de orquestra. Um drama musical completo, em que até o maestro, mais que um sincronizador de instrumentos, seria um actor interveniente na obra.
Da audição da sua vasta obra, ressaltam as texturas complexas, harmonias ricas, orquestração pujante, elaborado uso dos leitmotiv, temas musicais associados com o carácter individual, com lugares, ideias ou outros elementos, misturando a lenda germânica, os temas do cristianismo, o esoterismo.
Escreveu sempre as músicas e os libretos, dentro do princípio do drama musical total e completo.
A sua genialidade perpassa logo nas suas primeiras óperas, designadamente "O Holandês Voador" (1840/1841), "Lohengrin" (1845/48), e "Tannhäuser" (1842/45)
Entre 1849 e 1852 publica diversos ensaios explicativos dos seus conceitos, já atrás resumidos, e a justificação da teoria da síntese de todas as artes poéticas, visuais, musicais e dramáticas numa obra.
Conceitos que seriam amplamente visíveis na tetralogia conhecido por O Anel do Nibelungo - um prólogo, "O ouro do Reno", e três óperas, "A Valquíria", "Siegfried" e "O Crepúsculo dos Deuses".
Veja-se, se possível, a magnífica encenação de Patrice Chéreau, e a condução de orquestra por Pierre Boulez (Bayreuth, 1980).
A estreia desta portentosa obra aconteceu durante o Festival de Bayreuth (inaugurado a 13/08/1876), cidade que viu nascer uma teatro essencialmente vocaciondo para a exibição das obras de Wagner, que tal, e muito mais, deve ao seu patrono e amigo, o idealista imperador Luís II da Baviera que, além de tal patrocínio, apoiou a construção de castelos que dariam a conhecer o dito "romantismo alemão" como Neuschwanstein, considerado um monumento dedicado a Wagner, já que o nome é uma alusão ao Cavaleiro do Cisne, ou seja, Lohengrin.
Wagner, em pleno século XIX, avança de tal modo a linguagem musical (cromatismo, rápida mudança dos centros tonais, encenação, etc.) que projecta a música do século XX, e mais adiante.
A sua influência estende-se de compositores como Anton Brückner, Claude Debussy ou Arnold Schonberg, a maestros como Herbert von Karajan, a autores de bandas sonoras para filmes como John Williams ("Star Wars") ou a grupos de heavy metal (os Manowar dedicaram a Wagner os seu tema "The March".
E, até, a cineastas de eleição, como Francis Ford Coppola ("Apocalypse Now").
 
   
     

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