sexta-feira, 24 de maio de 2013

BOB DYLAN




A 24 de Maio de 1941 nascia em Duluth, no Minnesota, Robert Allen Zimmerman, que o mundo viria a conhecer sob o nome de Bob Dylan.
Aos 10 anos começou a escrever os seus primeiros poemas, e formou, na escola secundária, diversas bandas, ainda sob a influência rock de Little Richard e Buddy Holly.
Na universidade de Minneapolis tocou na cafetaria do campus, voltando-se agora para a folk americana, inspirando-se no estilo musical e poemas de Woody Guthrie, o cantor da Grande Depressão, e das Guerras de Espanha e II Mundial, que na guitarra pintou a frase "This machine kills fascists" e do qual muitas músicas estão preservadas para a posteridade na Biblioteca do Congresso como, por exemplo "This Land is Your Land".
 
Também em Minneapolis integrou o chamado Círculo de Dinkytown, onde se reuniam músicos folk da cidade, para pequenos concertos.
Nessa altura, e por influência do poeta galês Dylan Thomas (1914/53), mudou o nome para Bob Dylan, tendo mesmo fixado o nome, legalmente, em Robert Dylan (1962).
Em 1961, sem acabar os estudos universitários, muda-se para Nova Iorque, tendo visitado, por mais de uma vez, Woody Guthrie no hospital, já muito enfraquecido por uma doença degenerativa (viria a falecer em 1967). Dele dirá Dylan : "Podem escutar as suas canções e aprender a viver".
Em Fevereiro de 1961 começa a tocar em clubes da mítica Greenwich Village, o bairro novaiorquino dos artistas e da cultura, especialmente da beat generation (Andy Warhol, Allen Ginsberg), tendo as suas actuações chamado a atenção do New York Times, culminando num contrato com a editora Columbia Records assinado em Outubro.
Em 1962 lança o primeiro dos seus 34 álbuns de estúdio: "Bob Dylan", com influências folk, gospel e blues.
Poder ser considerado um  fracasso, uma vez que só vendeu 5.000 cópias. No entanto, a Columbia manteve o contrato, até pela defesa acérrima que lhe fez um então consagrado de nome Johnny Cash.
Entre Dezembro de 1962 e Janeiro de 1963 desloca-se ao Reino Unido onde, na BBC, toca em público, pela primeira vez, "Blowin´ in the wind".
Em Maio de 1963, todo o seu enorme talento musical e poético revela-se.
Publica "The Freewheelin' Bob Dylan", fortemente marcado por Woody Guthrie e por outro grande nome da música folk, Pete Seeger (nascido em 1919 e, felizmente, ainda vivo).
O disco é um repositório de canções de vínculo político em forma de música folk, com temas sobre a guerra fria, a guerra do Vietnam, o racismo (a canção "Oxford Town" é dedicada a James Meredith que, em 1962, se tornou o 1º. estudante negro da Universidade de Mississipi), e, também, canções de amor com lírica irónica.
Desta obra ressaltam dois temas icónicos e sempre actuais: "Blowin' in the Wind" e "A Hard Rain a-Gonna Fall".
         
 
Datam desse ano a amizade e o namoro com outro grande nome da música folk, e grande divulgadora da sua música: Joan Baez.
A partir daqui, Dylan começa a tornar-se referência para outros músicos, mesmo de estilos diferentes, como The Beatles (especialmente Lennon e Harrison), The Byrds, Sonny and Cher, Peter Paul and Mary, The Hollies, Manfred Mann, The Turtles, muitos dos quais gravam originais seus.
A partir de 1964, o seu estilo muda, passando a ilustrar desinteresses amorosos, vagabundos errantes, liberdade pessoal, viagens oníricas e surrealistas, aproximando-se da poesia beat e do rock clássico que, aliás, já tocara na juventude.
É dessa época o album "Highway 61 Revisited" que inclui a canção "Like a Rolling Stone", que a revista Rolling Stone considera, com tudo o que estas classificações contêm de subjectivo, a melhor canção de sempre.

 
Em 1966 sofre um grave acidente de moto, do qual só viria a recuperar no ano seguinte, reiniciando as gravações em 1968 ("John Wesling Hardin").
Em 1969 participa no festival da Ilha de Wight e lança o magnífico "Nashville Skyline".
Em 1971, a convite de George Harrison, colabora no Concerto para o Bangladesh.
Entre 1975 e 1976 realiza uma das suas mais aclamadas tournées e, neste último ano publica "Desire", do qual ressalta a canção "Hurricane", dedicada ao boxeur Rubin "Hurricane" Carter, injustamente preso devido a um complot racista, episódio que viria, também, a inspirar o filme do mesmo nome, de Norman Jewison (1999), com, entre outros, Denzel Washington e Rod Steiger.
Em 1977, o divórcio da esposa, Sara Lownds, mergulha-o numa crise pessoal e depressiva, voltando-se para o gospel e abraçando o cristianismo. As suas novas canções abordam temáticas cristãs, e o divórcio com o público começa e acentua-se.
Refira-se apenas que a interpretação de temas clássicos de Dylan por grupos gospel ( ex: "The Gospel Songs of Bob Dylan"), fez penetrar a sua música noutras culturas e hábitos, elevando-a a novos patamares, como salientou The Herald Tribune.
Em 1983, finalmente, regressa às origens, com o album "Infidels", a que se seguiriam outros 13, designadamente "Good as I been to you" (1992), o 2º. album inteiramente acústico desde 1964, "Time Out of Mind", de 1997, vencedor de 3 Grammy's e "Modern Times" (2006), com mais 2 Grammy's.
Em 2005 Martin Scorcese realiza o filme-documentário "No Direction Home", sobre os primeiros anos de êxitos de Dylan (1961/66).
Dylan também se dedica à pintura, tendo exposto em 2007/8 em Chemnitz (Alemanha).
Além dos albuns de estúdio já mencionados, Bob Dylan gravou ainda 3 albuns de vídeo, 13 ao vivo, 14 compilações, 58 singles e 6 em colaboração.
Ganhou 10 Grammy's, 1 Globo de Ouro e 1 Oscar, estes dois para a melhor música original : "Things Have Changed", do filme "Wonder Boys", de Curtis Hanson, 2000.
Foi agraciado, entre outras distinções, em 1990 com a Comenda das Artes e Letras (França), Prémio Príncipe das Astúrias (Espanha-2007), Prémio Pulitzer das Artes (EUA-2008), Medalha Nacional das Artes (EUA-2009) e a Medalha Presidencial da Liberdade (2012).
A enorme influência de Bob Dylan manifesta-se em artistas de várias gerações e estilos: John Lennon, Paul Mc Cartney, George Harrison, Neil Young, David Bowie, Patti Smith, Nick Cave, Syd Barrett, Joni Mitchell, Cat Stevens, Bruce Springsteen, Tom Waits, Eddie Vedder ou Jon Bon Jovi.
Como toda a arte superlativa, as músicas e poemas de Dylan, trovador das grandezas e misérias da América, são intemporais, e batem às portas do céu!

(a seguir, "Knockin´on Heavens Door", de 1973, pelos Guns n' Roses, e "Seven Days", de 1976, pelos Bon Jovi)
  
  
 

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