domingo, 8 de março de 2015

PORQUE NÃO TE CALAS?

 
Cavaco Silva tem um grave problema de comunicação.
Quando abre a boca,
Ou entra mosca, ou sai asneira.
Tal como também tem um grave problema de equilíbrio.
Geralmente, tende sempre para servir de antepara ao Governo.
Quando, na qualidade de Presidente da República resume a situação de Passos Coelho a meros "jogos político-partidários" em clima que "cheira a pré-campanha eleitoral", Cavaco opta, claramente, por branquear uma situação grave.
De quem, como Passos, argumenta que desconhecia a lei...que pensava que pagar o devido era "opcional".
De quem, como Passos, diz que se esquecia ou não tinha dinheiro...
De quem, como Passos, diz que paga quando o fisco, ou a Segurança Social o "convidam" a pagar.
De que, como Passos, ao não pagar o que é devido, ao retê-lo em sua posse, viveu claramente acima das suas possibilidades.
Num chico-espertismo que pode cair muito bem num país amorfo e anestesiado, mas que é inadmissível numa alta figura do Estado.
De quem, como Passos, pregou a moral do dever de sermos contribuintes e pagadores exemplares.
De quem, como Passos, fustigou o país com o látego e a vergonha de viver acima das suas posses, o que devia ser expiado.
De quem, como Passos, aumentou brutalmente impostos, taxas e contribuições e não tem piedade por quem deve 5 cêntimos, penhorando, sem dó nem piedade, ordenados, carros, casas de famílias, sem lhes dar outras opções nem invocar o desconhecimento das leis.
Que moral tem um primeiro-caloteiro para pedir mais sacrifícios a quem já sacrificou tudo?
Que moral tem aquele que não pagou à Segurança Social para nos acenar com a insustentabilidade daquela?
Que moral tem Passos para confessar que é imperfeito, pedindo compreensão, quando, imperfeitamente destruiu empresas, sinergias, classe média, saúde, educação, ciência, investigação, hipotecando o futuro de, pelo menos, duas gerações?
Que moral tem ele para exigir que os portugueses não sejam piegas, quando ele, pateticamente, o foi, ou é.
E tudo isto com o beneplácito e a aquiescência conscientes e ideológicas da criatura que ocupa o Palácio de Belém, a mesma criatura que, no início de 2011 dizia que não se podiam exigir mais sacrifícios aos portugueses?
Triste fado para este triste país...
Quando Presidente da República e Primeiro-Ministro não conhecem o significado de palavras como dignidade ou respeito.  
 
(José Afonso - "Assim se Faz um Canalha")


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