quinta-feira, 5 de março de 2015

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DA PERFEIÇÃO


Passos Coelho declarou, confessou que não é perfeito.
Isso, já por cá se sabia.
Passos Coelho, e o seu padrinho Cavaco, devem desconhecer a célebre sentença : "À mulher de César não basta ser honesta. Tem de parecê-lo".
Coelho confessou que não é, nem tem a mínima intenção de parecê-lo.
Ao contrário do que afirmou, quase suplicante, não é um contribuinte, uma pessoa como outra qualquer.
É primeiro-ministro!
É responsável!
Responsável por uma agressão fiscal violenta e persecutória como nunca houve memória.
Por uma destruição ímpar no tecido produtivo do país.
Por um desemprego vergonhoso e por uma emigração exangue e fomentada do alto.
Pelo acentuar de uma situação de pobreza que raia a mais feroz brutalidade.
Pelo desmantelamento da Escola Pública e do Serviço Nacional de Saúde.
Pelo desvirtuamento das funções mais nobres da Justiça. 
Aos portugueses, dentro das melhores tradições judaico-cristãs, ferrou-lhes o anátema das culpas que haviam de ser expiadas.
Que, por tal, se deviam flagelar, confessar, bater com a mão no peito.
Que inclinassem a cerviz, porque viveram acima das suas possibilidades.
Afinal, troçando de todos nós, troçando do preceito que nos ensina que o desconhecimento da Lei não justifica o seu incumprimento, vem tentar justificar-se com o "lapso" de não ter pago o devido à Segurança Social, por não ser perfeito, por ser como os outros, dentro do melhor espírito "desenrasca" do portuga. Os outros que paguem tudo, ele não.
Coelho, que lança farpas a essa Segurança Social, locupletou-se com dinheiros que não eram seus, que são de todos nós, isto é, o mesmo é dizer que, ele sim, viveu acima das suas possibilidades.
E, arrastando pela lama a sua moral miserável, ainda tentou justificar os seus erros com erros de terceiros, que para  o caso nada tinham a ver.
Num outro país europeu, a demissão já teria sido apresentada.
Aqui, é levado em ombros, aplaudido, oposição silenciosa, presidente ausente, comunicação social calada ou, pior, colaborante.
Apagada e vil tristeza...
O que vale é que logo à noite há futebol, que é o que nós queremos.
The show must go on....


 (Queen - "The Show Must Go On")

 
 

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