quinta-feira, 6 de março de 2014

GOLPE DE ESTADO NO ROSSIO (OU A HISTÓRIA DA MINHA IDA À GUERRA NA CRIMEIA)

 
Aqui no Bairro anda tudo em alvoroço, tudo agitado a ver TêVê's, tuiters, feicebuques, diabo a sete, o Alfredo do bate-chapas, tão popular como o Paulinho das Feiras ou a Louraça Luísa, vinha esbaforido, a esbracejar para o meu papá, Senhor Manuel, Senhor Manuel, já sei como é, já descobri! Tamos salvos!, Salvos de quê, gandulo? esbaforiu o papá, no meio do vapor do bagaço, Descobriste como o Benfica vai ser campeão?, Qual quê!, Descobri como se põe na rua um Governo eleito, disseram tudo na televisão. É canja! Vai Passos, vai Relvas, vai Assunção, vai o Pinto Murcão, até vai o Cavaco, Ó homem, respira e diz lá o que é isso, Atão, vamos todos aqui do bairro para o Rossio, aos magotes, levamos umas sacas, umas lonas, uns plásticos do supermercado do holandês, as ferramentas do Abel bate-chapas, o bagaço do Senhor Manuel, montamos lá o estaminé, fazemos barulho, queimamos pneus, espalhamos o lixo, gritamos, berramos Ó da Guarda, o Senhor Manuel leva o bagaço, assamos umas bifanas e uns frangos, o tasqueiro Tonho dá o briol, a guarda avançada da malta avança para a Tendinha do Rossio e a rectaguarda barrica-se no Eduardino, aí eu disse, Ó Alfredo, e para vigiar o inimigo empoleiramos uns badamecos no palito que parece que não é o Senhor Rei D.Pedro, mas um barbas qualquer lá do México, um Maximino ou Maximiliano, ou o camandro, o homem nem parece mexicano, onde está o sombrero, a tequilla, o Trio Odemira a esganiçar à volta, eu sei lá, então empoleiramos os gajos, e eles topam o inimigo e a gente atira-lhe com os ovos podres que o Camilo vende na mercearia, aí o Alfredo berrou, Bué da Fixe bacana, o meu papá já emborcava o terceiro bagaço, então o Ezequiel, o intelectual, que conseguia ler no mesmo dia A Bola e o Record, disse para não esquecer os jornais, a TêVê, os mídia, ou o catrino, pagamos umas bifanas e um copo de três a gajos porreiros e isentos, assim como o Mário Crespo, o Camilo Lourenço, os cotas do Correio da Manhã, e maralha do género, é um berreiro, oferecemos o Terreiro do Paço ao Obama e a Avenida da Liberdade e o Parque Eduardo VII à Merkel, e é canja, dizem todos que nos apoiam, que somos uns desgraçados, escaqueiramos o D.Maria, a Suíça mais o Nicola, mas somos civilizados, o Cavaco treme, mete o rabo entre as pernas e foge para Boliqueime para a bomba da gasolina, o Passos Coelhos disfarça-se de puto, afinal não precisa de disfarçar já é, e vai aos castings do LaFéria, a gente arrasa, que se lixem as eleições, o Rossio e a Ginjinha é que é, a malta apanha o poder, ou o caneco, passamos a ser os manda-chuva, o meu papá ao fim do quinto bagaço vai para Belém, presidente, pastéis e mata-bicho, eu vou para a Assembleia, miúda por miúda ninguém dá por isso, o Alfredo vai para primeiro-ministro, o Carlos, diplomado na vermelhinha e no cambalacho vai para as Finanças, e pronto, o Golpe de Estado no Rossio é fixe e damos cabo disto tudo, até prometemos as Lajes ao Putin, o gajo cheio de vodka deve arrotar Portugal? Não é na Ucrânia, pois não?
E pronto!       

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