sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

GRÉCIA, BASTIÃO DA DEMOCRACIA

 
"The isles of Greece, the isles of Greece!
Where burning Sappho loved and sung.
Where grew the arts of war and peace, —
Where Delos rose, and Phoebus sprung!
Eternal summer gilds them yet,
But all, except their sun, is set.  
.........................................................."
(Poema "Don Juan"-1818/24- Canto III, estrofe 86, de Lord Byron)

No próximo domingo, o povo grego elege o novo Parlamento e, concomitantemente, o partido que irá governar nos próximos anos, sendo, neste momento, o Syriza, de esquerda, o principal favorito. 
Estas eleições foram anunciadas em Dezembro.
Desde essa altura, a gloriosa Grécia, pátria da Democracia, da Cultura, farol de toda a nossa Civilização, foi vítima dos mais despudorados e nojentos ataques e chantagens por parte daquilo a que se convenciona chamar de União Europeia, de que União nada tem, e de Europa muito pouco.
O que está em jogo, no fundo, é o temor de que a vontade dos gregos venha a consagrar uma solução política que ponha em causa o actual statu quo ultra-liberal e austeritário, sob a batuta do diktat alemão, e com a cobardia e rendição dos partidos sociais-democratas e socialistas, e que obrigue a Europa a sentar-se, a pensar, a conjugar o verbo "reestruturar", a gerar ideias perigosas como, por exemplo, utilizar a palavra "Solidariedade", que faz parte da matriz fundadora da União, e hoje tão esquecida, ou atirada para o caixote do lixo.
Ainda agora, quando o BCE anuncia o seu plano de "quantitative easing", a Grécia é excluída do mesmo por sucessivos défices excessivos. Défices e dívida que resultam, como já muito boa gente percebeu, da transformação das dívidas privadas de bancos e especuladores institucionais em dívida pública suportada pelos países de economia mais fracas, empurrados, também, por uma moeda demasiado cara para as suas possibilidades. A célebre arquitectura do Euro...Euro do qual, sem vergonha na cara, querem expulsar a Grécia, como castigo e exemplo para outros (Olá Portugal, olá Espanha...).
O que a Europa, pelo menos esta Europa ocupada por Berlim, "exige" ao povo grego é que este tenha juízo e esteja quieto e calado e vote naqueles que baixam a cabeça e seguem a voz do dono. Já bem basta a "chatice" de ter de haver eleições...
E não falem, como já se escreveu, que a Grécia gerou a dívida porque se quis desenvolver e a Alemanha pagou a dívida porque se desenvolveu. Que se saiba, era ponto de honra da União ajudar os países mais vulneráveis a desenvolver-se e, por outro lado, a Alemanha não pagou dívida nenhuma  (basta "Googlar" nos Acordos de Londres de 1953), como, até, obrigou a Europa a pagar os custos da reunificação, inventando uma moeda para tal.
Por todas as razões, principalmente pelo abalo que, forçosamente, provocará no actual marasmo europeu, a vitória do Syriza é mais do que bem vinda.   

(Melina Mercouri - "Ta Paidia Tou Pirea")



    





















Sem comentários:

Enviar um comentário