quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

GRÉCIA : RESSURGIRÁ!


A Grécia tem eleições legislativas marcadas para o próximo dia 25 de Janeiro.
O partido "Syriza", de esquerda, encontra-se à frente das sondagens conhecidas e apresenta, lucidamente, como prioridade, a renegociação da sua dívida soberana.
Dívida que, tal como Portugal ou Irlanda, foi engordada com a transferência da dívida especulativa, manobrada por bancos alemães e/ou franceses, e outras instituições financeiras especialistas em agiotagem, para a população e o estado gregos Ou portugueses. Ou irlandeses. Ou espanhóis. Ou italianos.
Estes povos não "viveram acima das suas possibilidades", como dizem os colaboracionistas.
Sofreram uma brutal desvalorização do factor trabalho para o capital, maquinação orquestrada pela Alemanha, como principal beneficiária dessa transferência, com a conivência de outros "satélites", como o triste François Hollande e outros "sociais-democratas" que desistiram de o ser.
E agora que a Grécia, pelas posições do "Syriza", parece assustar o statu quo daquilo a que se chama União Europeia, cai sobre ela a descarada ingerência da Sra. Merkel, com o fiel Hollande pela trela, ameaçando, chantageando o povo grego que, parece, está proibido de exercer o seu direito.
E isto vindo de uma Alemanha que viu, sucessivamente, renegociadas e perdoadas as suas próprias dívidas.
E que obrigou e obriga a pagar os custos da sua reunificação, aproveitando para converter o Marco em Euro...
É esta a "democracia" que querem para a União Europeia?
É esta a arquitectura do euro?
Até Mario Draghi já coloca em causa o funcionamento da união monetária...
A Grécia é a pátria europeia da Democracia e da Cultura.
Sejamos com ela solidária, e que isto não se transforme numa...tragédia grega.
E já agora...por onde anda a dívida alemã, pelas atrocidades cometidas pelos nazis na Grécia e que, em 2013, foi avaliada em 162 mil milhões de Euros?

Quem amou a Grécia foi a nossa imortal Sophia de Mello Breyner Andresen.
É seu o poema seguinte, "Ressurgiremos":

Ressurgiremos ainda sob os muros de Cnossos
E em Delphos centro do mundo
Ressurgiremos ainda na dura luz de Creta
Ressurgiremos ali onde as palavras

São o nome das coisas
E onde são claros e vivos os contornos
Na aguda luz de Creta
Ressurgiremos ali onde pedra estrela e tempo

São o reino do homem
Ressurgiremos para olhar para a terra de frente
Na luz limpa de Creta

Pois convém tornar claro o coração do homem
E erguer a negra exactidão da cruz
Na luz branca de Creta

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