segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

GRÉCIA : E AGORA, EUROPA?


A clarissima vitória do Syriza não é, só, a vitória do povo grego.
De um povo que pode voltar a sonhar.
Das praias de Mykonos às fragas do Cabo Sounion.
Da rocha sagrada da Acrópole às ruas calcetadas de Rodes.
É muito mais do que isso.
É perguntar, olhos nos olhos, à Europa, nome dado por gregos, o que esta quer.
Se vai ignorar a decisão soberana de iodo um povo.
De toda uma Civilização que nos deu Platão e Homero, Filosofia, Cultura, Democracia.
Se vai, como o fez antes das eleições, chantagear, humilhar, violentar.
Como o fizeram Schlaube, Merkel, Juncker, até Hollande, inclusive José Rodrigues dos Santos.
Ou se, enfrentando a realidade, respeitando os valores da Europa, invocando os princípios fundadores da União Europeia, vai realizar a grega catarse, a kátharsis, que purifique o actual marasmo.
Entendendo, respeitando a Grécia, a Europa do Sul, transformando este continente que, actualmente, permite o Capital apropriar-se do que é do Trabalho, num todo solidário e cooperante.
Talvez seja pedir demais...
Mas ignorar o que ontem se passou na eterna Grécia, castigando-a, até, substituindo panzers e Luftwaffe por escravidão e asfixia, é o caminho mais fácil e rápido para o abismo e para a tragédia de uma Europa que, inevitavelmente, se fragmentaria, desuniria, desapareceria.
No meio dos incêndios assassinos ateados por loucos fanáticos, cegos, intransigentes, num verdadeiro crepúsculo dos deuses.
A Europa só tem que ser inteligente.
Os gregos, e os europeus, também têm direito a viver a vida. Bem vivida. E com alegria, por muito que custe aos ideólogos e serventuários da narrativa actual, que diz não haver alternativa.
Mas há. A Natureza, incluindo a humana, encontra sempre o seu caminho...
Obrigado, Grécia!

(Recordando o grande Anthony Quinn, amigo indefectível da Grécia, em "Zorba o Grego" dançando nas praias de Creta, com a música inesquecível de Mikis Theodorakis)
 
  



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