terça-feira, 23 de setembro de 2014

O SALSICHÃO DE S.BENTO


No seu jeito profundo e pensado, o Coelho de São Bento atirou para o ar que: "...Aumentar a salsicha educativa não é a mesma coisa que ter um bom resultado educativo".
É d'homem!
Com tal brejeirice, para não dizer mais, o que quis dizer Coelho?
Que a escolaridade obrigatória até ao 12º. ano é encher chouriços?
Que a tentativa de generalizar o acesso à Universidade é produzir mortadela?
Que facilitar o acesso à investigação e à ciência é fabricar salsichões?
Que promover o desenvolvimento da cultura e colocá-la ao serviço do país é embalar presuntos?
Insultando, assim, de uma penada,
Cientistas, investigadores, institutos, faculdades, universidades.
Ou será que, nas palavras melifluamente escondidas,
Passos Coelho quer dizer que
Não interessam muitos doutorados, investigadores, cientistas, biologias, humanidades, geografias, artes.
Abrir os olhos e as mentalidades à inovação, ao futuro.
Só conta aquilo que interessa ao inepto e predador capitalismo português,
Aos "empreendedores" de vistas curtas que colocam as sedes das empresas em paraísos fiscais,
Que terão a seus pés doutorados, mestres, cientistas de mão estendidas pela tença,
Ou corridos a pontapé para as terras da estranja. 
Que espalhar a ciência, a investigação, a cultura,
É viver acima das nossas possibilidades,
Que Berlim, Bruxelas e Frankfurt não toleram.
Que os portugueses não podem comer cozido à portuguesa,
Mas só sandes de couratos,
Produzidos e embalados em São Bento,
Distribuídos pelo Silva de Belém.
Mudar de governo e de políticas já não é só uma luta ideológica, cultural e, realmente, política.
É uma urgente medida de higiene pública.

(José Mário Branco - "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades")
 

Sem comentários:

Enviar um comentário