terça-feira, 26 de agosto de 2014

MULHER - IGUALDADE (?)

 
Hoje, dia 26 de Agosto, comemora-se o Dia Internacional da Igualdade Feminina e, simultâneamente, o dia em que, em 1789, em França, foi votada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Portanto, não faltarão por aí excelentes e sinceras almas a declarar que hoje é dia de comemorar a igualdade entre mulheres e homens?
Será?
Os dados da PORDATA, relativos a 2013 desmentem-no:
Taxa de actividade por sexo - Homens (H) 65 % ; Mulheres (M) 54,1%
Taxa de inactividade por sexo - H  34,8%  ; M 45,8%
Ou, por exemplo, indicador de 2012:
Remuneração média de "profissionais qualificados" - H  940,00 euros ; M 805,00 euros
Ganho médio por sexo: H  1.212,30 euros ; M 955,80 euros.
Igualdade?
Não obstante todos os avanços conseguidos, nomeadamente nos últimos 40 anos, o certo é que a discriminação aumenta. 
As mulheres continuam com menor possibilidade de acesso a situações profissionais mais qualificadas, à carreira política e diplomática, a uma série de posições sociais e laborais que ainda são uma coutada de machos, não obstante, como é constatado, que a maior parte da população mais qualificada em termos académicos é mulher!
E, com o arrastar da crise, verifica-se que muito do desespero, da ansiedade, da frustração, é descarregada sobre as mulheres, não só restringindo a acesso à profissão, à remuneração igual, a direitos iguais, fruto de uma conjuntura de desemprego sufocante,  mas, muito mais grave, no aumento preocupante da violência doméstica, que é outro e disfuncional sintoma da existência de desigualdades.
E, não saindo deste cantinho, e preocupantemente, aparece uma nova geração que parece querer voltar a comportamentos que se julgavam ultrapassados, como o assédio sexual, o léxico insultuoso e humilhante, até a "bofetada", a praxe, a menorização da mulher. Sinais de tempos que destroem todas as esperanças a quem ainda agora abriu os olhos para a vida.
E, por favor, não falem em igualdade quando, no que à mulher trabalhadora diz respeito, se esquece que sobre 8 ou 10 horas de trabalho diário, teremos que acrescentar as horas incontadas de trabalho na família, no lava, arruma, cozinha, passa. 
Em quantas famílias existe, de facto, divisão de tarefas domésticas?
É que, ilustres senhores, a igualdade começa na consciência de cada um e na mudança de uma mentalidade que, infelizmente, custa a evoluir e que, nas presentes condições, custará ainda mais, com um discurso do poder que convida à invenção de "bodes expiatórios".
Que podem ser as "fadas do lar".
Que triste fado o nosso...
Apesar de tudo, mulheres do meu país, levantemo-nos, lado a lado.
Talvez ainda haja lugar à esperança!
 
("Woman" - John Lennon)

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