sexta-feira, 1 de agosto de 2014

GAZA - PIETÁ!


Nasceu junto a um lago, numa terra de seu nome Palestina,
Terra que, desde sempre foi dos seus antepassados.
Ali cresceu, aprendeu, começou a trabalhar,
Carpinteiro se dizia, e se dizia que convivia com outros rapazes e raparigas da Palestina,
Fossem quais fossem as suas ideias, os seus credos.
Acreditava na paz e na bondade, na defesa dos fracos, no amor.
Um dia, leu um escrito de um senhor inglês, que dizia que a sua Palestina poderia abrigar outras gentes.
Gentes com raízes de séculos na Europa mas que queriam a Palestina como seu lar.
E que juravam ir viver com ele e o seu povo, e respeitar toda a gente e todos os credos.
Anos depois, as diversas nações ignoraram promessas antigas, e enviaram esses europeus para a sua terra, a sua Palestina. Sua desde séculos. E não deles.
Escoltados e protegidos pelo maior Império dessa época.
Armas aperradas e prontas a matar-
E, ao contrário do solenemente prometido, jurado, assinado, escorraçaram-no e ao seu povo, prenderam, assassinaram, concentraram, solução final!
Empurram-nos para uma pequena faixa de 365 Km2, onde enfiaram 1.700.000 pessoas da sua gente.
Porque eram diferentes, porque ele e o seu povo não eram "puros".
Bem pregou a paz, a concórdia, o entendimento com o inimigo feroz.
Só queria a sua Palestina livre, convivendo com todos, incluindo o cordeiro com o lobo.
Desconfiaram de tanta paz, tanta serenidade.
E aí, os donos do Templo, que se julgam únicos e infalíveis, prenderam-no, com o apoio constante do Império.
Forjaram  um julgamento, uma sentença.
O Império encolhia os ombros, lavavas as mãos, mascava pastilhas, apoiava o massacre.
E condenaram-no à morte!
Pregado na cruz!
Antes de morrer, o carpinteiro que amava a paz e a humanidade, o menino de sua mãe, de todas as mães, de todos os pais, que expiou encolheres de ombros, mãos lavadas e vergonhas que tais, com o sangue a chorar-se sobre a terra da Palestina, ainda teve tempo de voltar os olhos aos céus e exclamar:
"PAI, NÃO LHES PERDOES, PORQUE ELES SABEM O QUE FAZEM!"

 
("Shalom Palestina" - José Mário Branco)

  

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