quinta-feira, 14 de agosto de 2014

14 DE AGOSTO - ALJUBARROTA DAY*

 
Aqui no bairro tá tudo enfeitado e em grandes trabalhos, pudera, hoje é dia de Aljubarrota, que é aquela data em que parece que demos uma tareia nos espanhóis, até dizem que houve uma padeira que desancou bué deles espanhóis, coitados, já não viam a padeira, também aqui no bairro há muitas que não vêm a padeira, muito menos o padeiro, o que vale é que agora somos todos irmãos, até vamos comprar caramelos a Espanha, os gajos agora são fixes, e por isso estamos alegres, embora não se veja o padeiro, pronto, olha, como o meu papá, por exemplo, comprou A Bola, e quando leu que o Jesus ia ficar sem o Enzo, ou lá o que é o gajo, foi logo à tasca emborcar uns bagaços, daqueles que o dono da coisa, o Ti Costa, diz que o Ricardito lhe deve seis garrafas, mas isso agora não conta, é mais do mesmo, o que nos vale é gritarmos pela padeira, como aquele espertalhão aqui do bairro, o brutamontes do Pintinho, que ia aos biscates nos notários, e quis ir a salto para lá fora, afinal diz que volta, que quer ir para presidente do clube recreativo, para o lugar do Silva dos Pastéis, e berra que se farta, só sabe berrar, berrar, que é para a gente não perceber nada, mete os pés pelas mãos e vice-versa, o Pintinho até berra  que bancários e banqueiros é tudo igual, deve ter apanhado sol na cachimónia com a historia dos bagaços do Ricardito, mas pronto, o que interessa para o povo do bairro é beber vinho, que é dar de comer a um milhão de portugueses, lá diz o sacana do Coelho do contrabando, ou outro qualquer da sua pandilha, como o Paulinho das pochetes, festa é que conta, o que queremos é futebol, o bairro cada vez está mais feliz, olha o Luisinho, lembram-se?, o filho do Zé Manel, aquele que foi de frosques para o lado de lá, depois de apanhado a fazer batota na lerpa e na vermelhinha, os jogos que o Pedrito, o puto que tinha a mania que era guerreiro, assim como os de Aljubarrota, organizava à sorrelfa no vão de escada, até lhe chamava, à escada, a santa casa, pois, mas o Luisinho lá arranjou emprego na tasca do Ti Costa, que remédio, o Zé Manel apontou-lhe a naifa aos gorgomilos, e embora o raio do puto não saiba o que é um copo de três ou um abafado, nem um panaché ou uma imperial, isso sim, é que é para virar bejecas, viva Aljubarrota, viva o emprego do Luisinho.
Pronto!
(Boss AC, "Sexta Feira (Emprego Bom Já)") 
  



*-mais uma pequena homenagem às redacções da "Guidinha" e a Luís de Sttau Monteiro.

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