segunda-feira, 4 de agosto de 2014

ALCÁCER-QUIBIR DA DESESPERANÇA


Foi a 4 de Agosto de 1578, rezam os livros.
Alcácer-Quibir viu D.Sebastião desaparecer.
Desaparecer na batalha, mas aparecer no nevoeiro.
No nevoeiro que cobre um país, que molda uma mentalidade.
Quinhentos anos à espera que o nevoeiro se dissipe,
Que o Encoberto apareça, e defenda Portugal.
Povos que acreditam em homens providenciais, salvadores da pátria,
Não têm Pátria, ignoram o passado, temem o futuro,
Mas sem passado não há futuro.
Sobra a desesperança, o desejo do Desejado, venha do nevoeiro ou não.
D.Sebastião é África, Índias, Brasis,
Areia escorrendo entre os dedos.
D.Sebastião é Europa, União, Euro, Troika,
Dignidade roubada, esperança assassinada.
Era Quinto Império, não estamos em tempo de imperadores.
Dizia Fernando Pessoa que falta cumprir Portugal,
Sebastianista, muito mais alto que Sebastião.
Mas para cumprir Portugal,
Temos de enterrar D.Sebastião,
Esconjurar fantasmas, miragens,
E enfrentar, peito aberto, todos os nevoeiros.
Especialmente os que temos dentro de nós!

("Demónios de Alcácer Quibir" - Sérgio Godinho)

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