terça-feira, 17 de setembro de 2013

O PRINCÍPIO DE PORTAS


Paulo Portas foi ao Parlamento, dia 11/09/2013.
Mais especificamente para ser ouvido na Comissão Eventual para Acompanhamento das Medidas do Programa de Assistência Financeira.
Na qualidade de Vice-Primeiro Ministro e responsável pelas negociações com a troika.
Cargos pelos quais se bateu, denodadamente.
Com a birra de Julho.
Com a passagem, impávido, sem remorsos ou escrúpulos, da linha vermelha, encarnada, rubra, escarlate, tal Rubicão.
Irrevogavelmente.
Paulo Portas que, também, é responsável pela apresentação da Grande Reforma.
A do Estado.
A dos preguiçosos funcionários públicos e dos empecilhantes reformados.
A reforma que era para ser apresentada em Fevereiro.
Estamos em Setembro.
O que são 7 meses para um país que, está visto, não é a urgência deste governo? Nem de Portas!
Nunca foi!
E Paulo Portas foi ao Parlamento.
Amparado por Maria Luís Albuquerque e Carlos Moedas.
Paulo Portas abriu a boca, articulou palavras, e foi questionado.
E começou a gaguejar e a passar a bola para o lado, para os parceiros. 
Como sempre fez ao longo da sua vida política
Maria Luís socorreu com os números e o discurso copy paste de Gaspar.
Moedas sacou da esponja de água e, qual treinador, limpou o rosto dorido de Portas e berrou-lhe a táctica.
A Comissão parlamentar não é o Bolhão nem a Ribeira.
O discurso populista e demagogo não era para ali chamado.
Para desgosto de Paulo Portas.
Paulo Portas viu-se acima da sua competência, irrevogavelmente incompetente.
O princípio de Peter suspenso sobre a sua cabeça!
E nessa noite Paulo Portas teve pesadelos, suores frios.
Viu-se numa cruz, entre Maria Luís e Carlos Moedas.
Em baixo, Passos Coelho, de sorriso cínico, enterrava-lhe no flanco a lança afiada.
Ao longe, no palácio, Cavaco Silva lavava, lentamente, as mãos.
Na água tépida.
Aquecida com a fogueira formada por antigos exemplares de "O Independente".
E no Largo do Caldas, qual templo, o seu retrato rasgou-se e as portas cerraram-se-lhe.
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário