quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A GAIOLA DOURADA

Mais de 450.000 espectadores em Portugal, onde já é o filme mais visto em 2013
Quase 1.200.000 espectadores em França.
Diga-se desde já: quem vá à espera de uma "obra-prima", não verá aqui um "Couraçado Potemkine" ou "O Mundo a Seus Pés", sequer "Casablanca".
"A Gaiola Dourada", do francês Ruben Alves, filho de emigrantes portugueses, é um retrato agridoce da emigração portuguesa em França, e das questões e conflitos naturais que se colocam na relação entre os pais vindos de Portugal e os filhos nascidos e criados noutra sociedade, noutra cultura, noutros horizontes e, também, entre a comunidade portuguesa e a sociedade francesa que os acolheu, sociedade retratada por francesas e franceses que se cruzam, no dia-a-dia, com os emigrantes.
E nunca chauvinista!
Obra honesta, conseguida, com um ritmo que prende o espectador, diálogos perceptíveis e directos, atmosfera convincente, pitadas de humor e drama em dose própria e nunca exagerada.
Estereótipos, dirão alguns. Claro!
Só quem nunca conversou com uma porteira portuguesa em Boulogne-Billancourt, viu quiosques com "A Bola" em Cergy-Pontoise, ou entrou num café português, em Ivry-sur-Seine, com bandeiras do Benfica, Sporting ou Porto, é que não consegue distinguir o que aqui há de verdadeiro. Se retratar a realidade é ser esteriotipado, que seja.
Por fim, uma palavra para os actores, os franceses e os luso-descendentes, em bom plano, com destaque para Chantal Lauby (Mme. Caillaux), que agarra todas as cenas em que participa e, claro, os portugueses, com uma sempre fulgurante Maria Vieira, e os superlativos Rita Blanco e Joaquim de Almeida.
Sem esquecer a "special guest star" Pedro Pauleta!
Querem aproveitar bem 90 minutos do vosso tempo? Vejam "A Gaiola Dourada". 
E que este filme seja devidamente preservado para gerações futuras, numa Cinemateca Nacional cuja conservação é prioritária e, para a qual, todo o investimento é pouco.
Austeridade não pode, nunca, significar a morte da cultura, a morte da memória.

Sem comentários:

Enviar um comentário