sexta-feira, 12 de julho de 2013

BANDALHEIRA - PARTE 3

BANDALHEIRA : Acção de bandalho; baixeza; indignidade; situação de grande confusão e desordem.
BANDALHO: Pessoa sem pundonor; indivíduo esfarrapado; trapo grande.
(Sinónimos retirados da Infopédia, Dicionários Porto Editora.


"Não podemos permitir que os nossos carrascos nos criem maus costumes".
Esta frase de Simone de Beauvoir foi dirigida aos carrascos e torcionários nazis, durante a ocupação da França em plena II Guerra Mundial.
A mesma frase foi ontem, 11/07, aplicada pela presidente da Assembleia da República e 2ª. figura do Estado, Assunção Esteves, referindo-se aos manifestantes que estavam nas galerias da Assembleia.
Desde já convém distinguir entre uma pessoa com a estatura moral e intelectual de Simone de Beauvoir e Assunção Esteves, que não tem qualquer estatura.
Com medo de novas formas de protesto, esta até sugeriu que as normas de acesso ao plenário deveriam ser revistas.
Ora a Assembleia da República, tal como todos os Parlamentos de todas as nações democráticas são, pela sua natureza e simbolismo, as verdadeiras "Casas do Povo".
Por alguma razão, uma das primeiras acções de Hitler, logo que eleito chanceler, foi mandar incendiar o Reichstag, o parlamento alemão.
A atitude da 2ª. figura da República Portuguesa é, aliás, idêntica à da 1ª. figura, o Sr. Silva.
No fundo, é um idêntico desprezo e medo da vontade popular.
Encerra-se o parlamento com medo da reacção daqueles que são atingidos por leis iníquas;
Encerram-se as eleições porque o pobre povo só pode "escolher" um único programa, que é o da troika, que o Sr. Silva quer impor ad aeternum ao país;
Encerram-se os debates ideológicos entre as forças políticas, porque o pensamento deve ser único, deve ser, não a salvação nacional, mas a "União Nacional";
Encerra-se a Presidência da República, nomeando-se uma "figura de prestígio" para moderar compromissos, fugindo das responsabilidades e atribuições presidenciais;
No fundo, bem lá no fundo, o que se quer é encerrar a Constituição, a Democracia, o Direito (e os direitos) para, durante décadas, não só continuarmos a ser um protectorado económico e financeiro da troika, de Bruxelas, da Banca, dos "Mercados", e das classes dominantes que ali dominam mas, também, um protectorado ideológico.
O desejo profundo do Sr. Silva e sequazes.
Porque, mais uma vez, é de uma batalha ideológica e de luta de classes que se trata.
Mas isso é areia a mais para a camioneta inculta e iliterata desta gente abandalhada.
Para incluir um pouco de dignidade, aqui e agora, recorda-se que, há 50 anos, no Mosteiro de S.Jorge de Milreu, em Coimbra, José Afonso, esse sim um exemplo de hombridade e dignidade, gravava uma canção que viria a ser uma pedrada num outro charco de bandalheira e marasmo e que, passados estes anos, mantém-se actualissima, dir-se-ia mesmo, cruelmente actual: "Os Vampiros".
  


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