terça-feira, 30 de julho de 2013

AS SANDÁLIAS DO PESCADOR

 
No início, e no fim, da visita papal ao Brasil, tivemos a oportunidade de ver um homem vestido de branco, sorridente e afável, carregando uma pasta preta, como qualquer contabilista, administrativo ou secretário.
Era Jorge Maria Bergoglio, eleito a 13/03/2013 como 266º. Papa da Igreja Católica, com o nome de Francisco, como S. Francisco de Assis.
Até agora, e tendo em conta o que  tem sido o papado nos últimos anos, o trajecto deste homem não deixa de surpreender.
Humilde, modesto, extremamente comunicativo, nas Jornadas da Juventude, no Rio de Janeiro, terá revelado facetas para muitos inesperadas.
Apelou aos bispos para que não se comportassem como "príncipes autoritários", aliando, também, à palavra "príncipe" as noções de poder, riqueza e ostentação.
Aos jovens, para além de pedir de deixassem de perseguir sonhos "provisórios", com tudo o que de volátil o consumismo e o capitalismo selvagem convidam a possuir.
Para além do mais, afirmou que "Os jovens nas ruas querem ser actores de mudança. Por favor, não deixem que sejam os outros os actores da mudança. Não fiquem à margem da vida. Não foi (à margem) que Jesus permaneceu. Ele comprometeu-se. Comprometam-se tal como Jesus".
Estas palavras foram proferidas na América Latina, no Brasil, onde se verificou e verifica um grande surto de contestação e  convulsão social. Brasil que foi pioneiro da Teologia da Libertação, cujo principal teólogo, o ex-padre Leonardo Boff, não se coibiu de elogiar este Papa.
Leonardo Boff que tinha sido condenado pela Congregação para a Doutrina da Fé, presidida por um sinistro Joseph Ratzinger, pelas suas opções teológicas e sacerdotais.
Mais adiante, e referindo-se à comunidade "gay", Francisco diria que "Os gays não devem ser julgadpos nem marginalizados", mas sim "integrados na sociedade".
E, numa frase digna do Evangelho, remataria, "Se uma pessoa que procurou Deus de boa vontade, e é gay, quem sou eu para a julgar?". Apetece acrescentar que quem estiver isento de culpas que atire a primeira pedra.
Salvo melhor opinião, parece que Habemus papa.  
Francisco, o homem da pasta preta, é bem digno de calçar as sandálias do pescador, do pescador Pedro, o primeiro Papa.   

 

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