quinta-feira, 11 de julho de 2013

BANDALHEIRA - PARTE 2

BANDALHEIRA : Acção de bandalho; baixeza; indignidade; situação de grande confusão e desordem.
BANDALHO: Pessoa sem pundonor; indivíduo esfarrapado; trapo grande.
(Sinónimos retirados da Infopédia, Dicionários Porto Editora).

Sua Excelência, o Sr. Silva, lá para os lados de Belém, acabou de deitar gasolina na fogueira.
Anda o homem tão preocupado com os mercados, a credibilidade, a estabilidade, o compromisso, o interesse nacional que, ontem, lavou as mãos disso tudo, assobiou para o ar e passou a bola para o espectro partidário.
Todo? Não, dois partidos que representam ainda cerca de 20% do eleitorado (PCP e Bloco), foram desde logo excluídos pelo magnânimo raciocínio de S.Exª. É evidente que, antecipadamente, se adivinhariam as respostas dos dois quanto aos "pilares" presidenciais. Mas a democracia não pode excluir ninguém.
Por outro lado, e face ao descalabro do actual des-Governo e à situação caótica da coligação no poder, vamos chamar ao compromisso o PS, também subscritor do famigerado memorando de entendimento, PS que foi sistematicamente excluído de qualquer entendimento nos últimos dois anos, enxovalhado publicamente por S. Exª. a 25 de Abril. Só se António José Seguro fosse o inseguro que, de facto, aparenta, poderia cair em tal armadilha.
Restam os dois da coligação. O recurso a uma personalidade de reconhecido prestígio, e assim de caras, parece mais um pastor que irá reunir o rebanho tresmalhado (PSD e CDS), com recauchutagem das respectivas lideranças, muito designadamente Paulo Portas, cujo exacerbado narcisismo, frio maquiavelismo e insaciável ambição de poder poderão ter enganado o ignorante Passos Coelho, mas não o mesquinho e vingativo Silva, que terá visto uma excelente ocasião para se vingar dos editoriais do "Independente".
O compromisso a que o Sr. Silva quer amarrar o PS também refere que eleições antecipadas só depois de Junho de 2014, e resultantes do chamado compromisso. Isto é, os partidos substituir-se-ão numa decisão que é soberana da Presidência da República. Mais uma vez, o passar as responsabilidades para outros.
No fundo, o Sr. Silva quer "Salvação Nacional" ou "União Nacional"?
E o povo português assiste a estes jogos sem perceber as razões para tal, vendo autênticos bandalhos a gozarem à sua custa!
Os argumentos do Sr. Silva são um balão vazio!
Os ditos "mercados" nunca se oporiam a eleições antecipadas em Setembro, não só porque o actual governo é um factor de instabilidade, como o provável vencedor de tais eleições ( o PS) é um dos subscritores do tal "memorando", Além disso, um país soberano(?), se as circunstâncias a tal o obriguem, pode realizar eleições quando entender. Os mercados entenderam tal, mais inteligentemente que o Sr. Silva.
E quanto a mercados, veja-se o que hoje (11/07) está a suceder, após a "lúcida" verborreia do Sr. Silva!
No que à aplicação do programa de ajustamento, um governo  legitimado por eleições, teria uma capacidade de actuação e de negociação muito maior do que o actual des-governo, humilhado, desacreditado, partido, disfuncional, apesar de S.Exª. dizer que o mesmo mantém a plenitude de funções.
Um governo saído de eleições a realizar, possivelmente, em Setembro, e em situação de emergência, como S.Exª. gosta muito de repisar, poderia tomar posse em Outubro e, desde logo, preparar o Orçamento de Estado para 2014, o qual poderia estar pronto para ser aplicado a partir de 1/02/2014, assim S.Exª. o aprovasse com a mesma presteza com que aprovou a trituração do subsídio de férias.
Também este novo governo estaria muito melhor preparado para enfrentar as 8ª. e 9ª. avaliações da troika.
E quanto à famigerada "crispação política" a que as eleições poderiam conduzir, estamos conversados. Quer S. Exª. maior crispação que o milhão de desempregados, que os milhares que emigram, sem perspectivas de futuro, que a queda brutal da procura interna e do investimento, que o corte brutal de ordenados e prestações sociais?  
S.Exª. quer reunir urgentemente com os tais "partidos do arco da governação", para tentar o compromisso do "governo de salvação nacional"...Então as reuniões com os partidos, os parceiros sociais, o senhor do Banco de Portugal (só faltou o Patriarca...), que ocorreram nos últimos dias (à excepção do sacrossanto fim de semana)? Serviram para quê?
Para S.Exª. querer balizar a democracia e os seus intervenientes?
Para querer forçar um partido da oposição a branquear a "governação" de Pedro e Paulo?
Para delegar as suas responsabilidades e culpas próprias em terceiros?
Para passar para o lado e, depois, dizer que "em bem avisei" e fugir?
Ou para criar uma cortina de fumo e, sob a capa de "personalidades de prestígio" remendar a coligação, sabendo-se da posição até agora assumida pelo PS, e dos "recados" que chegam de Bruxelas e Bona, em descarada ingerência? Quase certo que este des-governo não aguentaria muito tempo (até ao orçamento?) e S.Exª. seria confrontado, de facto, com a necessidade de eleições inadiáveis. Por razões de credibilidade e interesse nacional!
S.Exª., de facto, não acerta uma e, mais do que uma vez, aliás como sempre, não assume as suas responsabilidades.  
Como, de resto, a União Europeia não assume nem quer assumir, e aqui quase tudo começa a tomar forma, a forma de destruir a Europa.
E nós a vê-los e a topá-los. E a raiva, e também a frustração, a crescerem...
Tudo isto seria para rir, se não fosse o nosso futuro que estivesse em jogo.
É uma tragédia. 
Grega! 
Irrevogavelmente!
Estamos entregues aos bichos...(sem ofender estes últimos, claro!)


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