quarta-feira, 10 de abril de 2013

ERA UMA VEZ NO OESTE


O pó levantava-se na pequena cidadezinha de Europe, no meio do deserto, restos de plantas mortas volteavam na rua principal, a poeira invadia as casas, os habitantes moviam-se quase como autómatos, desalentados, impávidos.
Ao longe, na direcção do pôr-do-sol, Lucky Luke cavalgava ronceiramente, entoando "I'm a lonesome cowboy/ And a far away from home,,,".
A porta do saloon "Port & Gal's" abriu-se com um guinchante barulho de madeira, e um homem desengonçado, apatetado, de olhar distraído, entrou. Era o ajudante de xerife Peter "Steps" Rabbit, que se dirigia a uma mesa.
-Casper, Casper, já tens o budget do saloon pronto? Olha que temos de o submeter ao juiz.
-C-a-l-m-a, c-a-l-m-a, Rabbit. Está aqui tudo pronto. É o plano A, e é único, já que não tenho pachorra para plano B.
-E se o juiz refilar?
-Deixa-o refilar...
-Ah é?
-Daaaa! És mesmo tanso! A falta que te faz o Michael Grass!
-Lá isso...
-Ninguém o mandou fazer batota ao poker e ter de abandonar a cidade coberto de alcatrão e penas.
-Até foi muito altamente, ih, ih.
-Chega estúpido. Pois como te dizia, é o plano A ou nada!
-E o juiz...?
-Outra vez? Se o gajo refilar, vais fazer birras e queixinhas ao xerife Wood "Chips" Blackberry, mais conhecido por Silva, que te bate nas costas e te assoa o nariz, e segues em frente.
-E se o A for considerado ilegal pelo juiz, faço o quê? Não tens B...
-Logo isto havia de me sair na rifa! É a nossa oportunidade para aplicar o plano secreto de quem nos paga.
-Quem?
-Anjinho! A Angel, a dona do bordel, que é onde está a guita, e o seu manga-de-alpaca, o Wolf Gang, o que ficou coxo na guerra.
-Sendo assim...
-Sendo assim, oxalá o juiz diga não, que logo de seguida aplicamos o plano do Fred Mark Ink, o adjunto do Gang, com o apoio especializado dos desperados da troika dos Irmãos Dalton, isto é, cortamos o whisky no saloon, a aveia no estábulo, o ferro nas ferraduras, a pólvora nas pistolas, a corda nos laços, os pastos no gado, o feijão no restaurante, as fronhas no hotel, o tudo em tudo.
-Mas depois...
-Mas depois ficam sem nada, mais desertos que o deserto, vão implorar e chorar, nós dizemos que estamos em estado de emergência e tomamos conta disto e mais ninguém abre o pio! Anjinhos...
-Boa Casper!
-Já percebeste?
-Sim...quer dizer...Podes contar-me tudo outra vez, assim como se eu fosse loiro?
Oh Rabbit!!!

(Nota: esta é uma ficção, nada tem a ver com as teorias da conspiração, e muito menos com o excelente "Era uma vez no Oeste" de Sergio Leone e com a música de Ennio Morricone)  

Sem comentários:

Enviar um comentário