quinta-feira, 4 de abril de 2013

CAPITÃO DE ABRIL

Fernando Salgueiro Maia faleceu a 4 de Abril de 1992.
Fica para a história, além do muito que fez, como o exemplo dos integrantes do Movimento das Forças Armadas que recusaram medalhas, honrarias, promoções, colocações bem remuneradas.
Cumpriu, com êxito e brilhantismo, a sua missão e retirou-se com a mesma discrição com que subiu à ribalta.
O poder venal não lhe perdoou a postura vertical e demorou anos a conceder à viúva a pensão a que tinha direito, por serviços relevantes prestados à Pátria por Salgueiro Maia.
Recorda-se a famosa frase proferida na parada da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, perante os recrutas perfilados, na madrugada de 25 de Abril:

"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!"

Nenhum ficou para trás!

E fica-nos a recordação, num poema de Manuel Alegre:


Salgueiro Maia

Ficaste na pureza inicial
do gesto que liberta e se desprende
havia em ti o símbolo e o sinal
havia em ti o herói que não se rende.

Outros jogaram o jogo viciado
para ti nem poder nem a sua regra
conquistador do sonho inconquistado
havia em ti o herói que não se integra.

Por isso ficarás como quem vem
dar outro rosto ao rosto da cidade
Diz-se o teu nome e sais de Santarém
trazendo a espada e a flor da liberdade.


Salgueiro Maia, em pleno 25 de Abril de 1974

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