quarta-feira, 3 de abril de 2013

A LISTA DE SOUSA MENDES

A 3 de Abril de 1954 morria em Lisboa, em condições de extrema pobreza, uma das maiores figuras da resistência na 2ª. Guerra Mundial: Aristides de Sousa Mendes, nascido a 19/07/1885 em Cabanas de Viriato.
Aristides estava colocado em Bordéus, como Cônsul-Geral quando eclodiu o conflito.
Ao arrepio das ordens de Salazar, que exigira a todos os consulados e embaixadas a recusa de vistos de entrada em Portugal a "...estrangeiros de nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio; os apátridas; os judeus, quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos...", o cônsul, de acordo com a sua consciência, mau grado as ameaças, e com a ajuda de filhos, sobrinhos e amigos, afirmando que "A partir de agora, darei vistos a toda a gente, já não há nacionalidades, raça ou religião", concede vistos a mais de 30.000 refugiados, dos quais 10.000 judeus, com início a 16/06/1940 em Bordéus, e terminando a 23/06/1940 em Hendaye, passando também por Bayonne.
Salazar demite-o a 23/06.
A 8/07/1940 regressa a Lisboa, sendo-lhe cortado metade do salário, passando depois à reforma, é-lhe retirada a licença para exercer advocacia e, até, a carta de condução.
Sobrevive, é o termo, graças ao apoio da comunidade judaica em Lisboa, que lhe paga também os estudos dos filhos. Dois deles desembarcarão, a 6/06/1944 na Normandia.
Morre no hospital dos franciscanos, tendo já vendido  todos os seus bens após a morte da esposa.
Não tendo fato próprio, foi enterrado com o hábito dos franciscanos.
Sousa Mendes resgatou para a vida 30.000 pessoas, muito mais que os 1,200 de Oskar Schindler, que passou para o cinema ("A Lista de Schindler", Steven Spielberg, 1993).
Se é bem verdade que "quem salva uma vida, salva o mundo" (ditado judaico), a obra e a vida de Aristides de Sousa Mendes merecia muito mais que as homenagens que, postumamente lhe foram feitas, com justiça e que só a democracia permitiria.
Não vamos pedir a Spielberg para passar a história para o cinema mas, pelo menos, até porque não seria assim tão caro, porque não restaurar a sua casa de Cabanas de Viriato, instalando um museu do Holocausto, interactivo, para memória perpétua desse vulto maior da nossa História.
Aristides Sousa Mendes merece-o. E merece todos os dias.
Até ao dia em que ninguém, em qualquer canto do mundo,  seja perseguido pelas suas ideias, posição social, habilitações, raça ou credo.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/51/Aristides20I.jpg

 

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